quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O que significa abandonar o primeiro amor? (Série: Igrejas de Apocalipse – Éfeso)

O que significa abandonar o primeiro amor? (Série: Igrejas de Apocalipse – Éfeso)
O que significa abandonar o primeiro amor?
Éfeso era o lugar de situação da primeira congregação que Jesus abordou no Apocalipse e o Novo Testamento nos diz mais acerca da história dessa igreja do que acerca de qualquer das demais. Plantada por Paulo durante uma breve visita, essa congregação foi alimentada por Priscila e Áquila, cooperadores de Paulo, e depois pelo eloquente expositor Apolo (Atos 18.19-28). Em seguida, Paulo retornou a Éfeso para um extenso período de ministério (três anos), marcado pela vitória do evangelho e do Espírito de Cristo sobre os poderes demoníacos e os aguerridos interesses comerciais em torno do mundialmente famoso templo de Ártemis que havia na cidade (19.1-41). Depois, despedindo-se dos presbíteros efésios, Paulo os convocou a serem vigilantes em proteger as ovelhas de Deus dos “lobos vorazes” e falsos pastores (20.29-30). Escrevendo da prisão ainda mais tarde, Paulo convocou essa igreja à “unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus”, uma maturidade que os capacitaria a permanecer firmes contra a “artimanha dos homens” e a “astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4.13-14). O apóstolo insistiu para que a igreja exercesse o discernimento teológico: “Ninguém vos engane com palavras vãs” (5.6).
Agora, em sua revelação a João, o Senhor da igreja se identifica como aquele que “conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro” (Apocalipse 2.1), governando as suas igrejas e habitando nelas por meio do seu Espírito, à medida que elas mantêm acesa a luz do evangelho em um mundo espiritualmente anoitecido.
Ao andar por entre as suas igrejas, muito do que Jesus vê em Éfeso atrai a sua aprovação. A igreja guardou no coração as advertências de Paulo quanto aos predadores de fora e os enganadores de dentro; por isso, Jesus elogia a igreja por seu discernimento teológico em expor apóstolos fraudulentos (v. 2) e recusar-se a tolerar os nicolaítas, cujo comportamento o próprio Cristo odeia (v. 6). A perspectiva dos nicolaítas, sem dúvida, era bem conhecida das igrejas do primeiro século, mas nós hoje devemos ser cautelosos em descrever o seu erro. A partir da reprovação de Jesus à igreja em Pérgamo (a qual, diferente da igreja efésia, tolerava o seu ensino), nós inferimos que os nicolaítas, assim como Balaão muito tempo antes, seduziam o povo de Deus à prática da imoralidade sexual e aos banquetes idólatras (vv. 14-15).
A recusa dos efésios em tolerar as práticas nicolaítas pode estar relacionada a outra qualidade pela qual Cristo os elogia: por causa do nome de Jesus, eles suportaram o sofrimento, sendo marginalizados em uma cidade na qual a vida econômica era governada pelo crescente turismo religioso e pelo setor bancário, ambos associados ao Templo de Ártemis, assim como pela fama de Éfeso como um centro de artes ocultas (ver Atos 19.19-41). Recusar-se a participar das celebrações pagãs das corporações de ofício de Éfeso e de seu celebrado marco era arriscar-se à ruína financeira, mas esses cristãos estavam “[suportando] provas por causa do [seu] nome” (Apocalipse 2.3).
Contudo, Jesus também encontrou uma falha em sua congregação “valente pela verdade”: “abandonaste o teu primeiro amor” (v. 4). Alguns pensam que o “primeiro amor” do qual Éfeso havia caído era a sua devoção ao próprio Cristo. Todavia, diferentemente das problemáticas igrejas em Pérgamo, Tiatira, Sardes e Laodiceia, a igreja efésia não era culpada de flertar com os inimigos de Cristo nem de esfriar em seu zelo por seu Rei. Faz mais sentido concluir que o “teu primeiro amor”, que havia esmorecido, era o seu amor uns pelos outros. Paulo havia ensinado àquela igreja que a sua saúde enquanto corpos de Cristo dependia de “falar a verdade em amor” (Efésios 4.15). Mas parece que aquele importante qualificador – “em amor” – havia sido menosprezado em sua zelosa defesa da verdade. As suas palavras eram fiéis à Palavra, mas eles estavam falhando em “[voltar] à prática das primeiras obras” (Apocalipse 2.5).
Manter-se firmemente agarrado a ambos os pilares – verdade e amor – é um desafio constante para pecadores redimidos, que oscilam como pêndulos de um extremo a outro. Com muita frequência, igrejas e seus líderes ou permanecem firmes em favor da verdade bíblica de um modo vigoroso, mas sem amor, ou então preservam uma aparente unidade e amor, porém à custa da verdade. Certamente, quando a verdade do evangelho verdadeiramente alcança nosso coração, isso resulta em amor pelos outros; e, do mesmo modo, o amor que agrada a Jesus cresce apenas no solo fértil da fidelidade à verdade divina. A solene ameaça de Jesus de remover o candeeiro efésio – de apagar o testemunho de amor pela verdade daquela congregação em meio à sua comunidade pagã – nos mostra quão seriamente ele considera a sua ordem de unirmos a fidelidade doutrinária à Bíblia ao amor sacrificial pelos santos.
Contudo, a sua palavra final não é de ameaça, mas de promessa. Falando não apenas a uma igreja, mas a todas, ele faz uma promessa “ao vencedor”. Assim, “vencer” o maligno é combinar o compromisso com a verdade de Cristo a um ardente amor por sua família. A esses vencedores, o descendente da mulher, que foi ferido mas venceu, há de abrir o paraíso, dando do fruto da árvore da vida àqueles que falam a verdade em amor (2.7).


O que significa abandonar o primeiro amor? (Série: Igrejas de Apocalipse – Éfeso)

O que significa abandonar o primeiro amor? (Série: Igrejas de Apocalipse – Éfeso)


O que significa abandonar o primeiro amor?
Éfeso era o lugar de situação da primeira congregação que Jesus abordou no Apocalipse e o Novo Testamento nos diz mais acerca da história dessa igreja do que acerca de qualquer das demais. Plantada por Paulo durante uma breve visita, essa congregação foi alimentada por Priscila e Áquila, cooperadores de Paulo, e depois pelo eloquente expositor Apolo (Atos 18.19-28). Em seguida, Paulo retornou a Éfeso para um extenso período de ministério (três anos), marcado pela vitória do evangelho e do Espírito de Cristo sobre os poderes demoníacos e os aguerridos interesses comerciais em torno do mundialmente famoso templo de Ártemis que havia na cidade (19.1-41). Depois, despedindo-se dos presbíteros efésios, Paulo os convocou a serem vigilantes em proteger as ovelhas de Deus dos “lobos vorazes” e falsos pastores (20.29-30). Escrevendo da prisão ainda mais tarde, Paulo convocou essa igreja à “unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus”, uma maturidade que os capacitaria a permanecer firmes contra a “artimanha dos homens” e a “astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4.13-14). O apóstolo insistiu para que a igreja exercesse o discernimento teológico: “Ninguém vos engane com palavras vãs” (5.6).
Agora, em sua revelação a João, o Senhor da igreja se identifica como aquele que “conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro” (Apocalipse 2.1), governando as suas igrejas e habitando nelas por meio do seu Espírito, à medida que elas mantêm acesa a luz do evangelho em um mundo espiritualmente anoitecido.
Ao andar por entre as suas igrejas, muito do que Jesus vê em Éfeso atrai a sua aprovação. A igreja guardou no coração as advertências de Paulo quanto aos predadores de fora e os enganadores de dentro; por isso, Jesus elogia a igreja por seu discernimento teológico em expor apóstolos fraudulentos (v. 2) e recusar-se a tolerar os nicolaítas, cujo comportamento o próprio Cristo odeia (v. 6). A perspectiva dos nicolaítas, sem dúvida, era bem conhecida das igrejas do primeiro século, mas nós hoje devemos ser cautelosos em descrever o seu erro. A partir da reprovação de Jesus à igreja em Pérgamo (a qual, diferente da igreja efésia, tolerava o seu ensino), nós inferimos que os nicolaítas, assim como Balaão muito tempo antes, seduziam o povo de Deus à prática da imoralidade sexual e aos banquetes idólatras (vv. 14-15).
A recusa dos efésios em tolerar as práticas nicolaítas pode estar relacionada a outra qualidade pela qual Cristo os elogia: por causa do nome de Jesus, eles suportaram o sofrimento, sendo marginalizados em uma cidade na qual a vida econômica era governada pelo crescente turismo religioso e pelo setor bancário, ambos associados ao Templo de Ártemis, assim como pela fama de Éfeso como um centro de artes ocultas (ver Atos 19.19-41). Recusar-se a participar das celebrações pagãs das corporações de ofício de Éfeso e de seu celebrado marco era arriscar-se à ruína financeira, mas esses cristãos estavam “[suportando] provas por causa do [seu] nome” (Apocalipse 2.3).
Contudo, Jesus também encontrou uma falha em sua congregação “valente pela verdade”: “abandonaste o teu primeiro amor” (v. 4). Alguns pensam que o “primeiro amor” do qual Éfeso havia caído era a sua devoção ao próprio Cristo. Todavia, diferentemente das problemáticas igrejas em Pérgamo, Tiatira, Sardes e Laodiceia, a igreja efésia não era culpada de flertar com os inimigos de Cristo nem de esfriar em seu zelo por seu Rei. Faz mais sentido concluir que o “teu primeiro amor”, que havia esmorecido, era o seu amor uns pelos outros. Paulo havia ensinado àquela igreja que a sua saúde enquanto corpos de Cristo dependia de “falar a verdade em amor” (Efésios 4.15). Mas parece que aquele importante qualificador – “em amor” – havia sido menosprezado em sua zelosa defesa da verdade. As suas palavras eram fiéis à Palavra, mas eles estavam falhando em “[voltar] à prática das primeiras obras” (Apocalipse 2.5).
Manter-se firmemente agarrado a ambos os pilares – verdade e amor – é um desafio constante para pecadores redimidos, que oscilam como pêndulos de um extremo a outro. Com muita frequência, igrejas e seus líderes ou permanecem firmes em favor da verdade bíblica de um modo vigoroso, mas sem amor, ou então preservam uma aparente unidade e amor, porém à custa da verdade. Certamente, quando a verdade do evangelho verdadeiramente alcança nosso coração, isso resulta em amor pelos outros; e, do mesmo modo, o amor que agrada a Jesus cresce apenas no solo fértil da fidelidade à verdade divina. A solene ameaça de Jesus de remover o candeeiro efésio – de apagar o testemunho de amor pela verdade daquela congregação em meio à sua comunidade pagã – nos mostra quão seriamente ele considera a sua ordem de unirmos a fidelidade doutrinária à Bíblia ao amor sacrificial pelos santos.
Contudo, a sua palavra final não é de ameaça, mas de promessa. Falando não apenas a uma igreja, mas a todas, ele faz uma promessa “ao vencedor”. Assim, “vencer” o maligno é combinar o compromisso com a verdade de Cristo a um ardente amor por sua família. A esses vencedores, o descendente da mulher, que foi ferido mas venceu, há de abrir o paraíso, dando do fruto da árvore da vida àqueles que falam a verdade em amor (2.7).

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Minha breve confissão cristã. Respostas para aluns argumentos.



Por Klarystone P. Leal


1° - Com base nas Escrituras Sagradas, tenho menção e entendimento que o "Amor" que foi ensinado e dito por Jesus Cristo é amar a Deus de toda a alma, coração e entendimento; semelhantemente, amar ao próximo (Mt 22.37-40). Amar também é julgar e ponderar erros contrários aos ensinamentos das Escrituras, isto é, não é discórdia condenar algo que se contradiz aos ensinamentos de Cristo. Saibamos que amar é o mesmo que se colocar ao pé de justiça, porque o amor não é omisso e nem se comporta de modo inconveniente (1Co 13.5,6).

2° - Ser verdadeiro servo de Deus, não é o mesmo que basear-se em crer nEle somente, e sim, testificar os frutos da fé. Acreditar que Deus existe e dizer que Ele é Senhor, até os próprios demônios creem e se estremecem (Tg 2.18-26), fé é muito mais além do que simplesmente acreditar em Deus, fé é produzir frutos.

3° - Condenar de "discórdia" uma refutação sem antes ter base no conhecimento da mesma é pretensioso. Cristo não deixou de julgar de maneira veemente os fariseus, escribas, saduceus e mestres da lei quando eles não estavam em conformidade com as Escrituras, primeiro como base, eles não tinham amor a Deus de todo o entendimento e também não amavam ao próximo, mas eles se colocavam como superiores aos demais (Mt 15.1-6; 23.1-7; Lc 18.10-13). Quando as Escrituras dizem (Mateus 7.22,23): "Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal!"

Com base nos estudos das Escrituras, por meio de oração e amor, argumentar isso contra um irmão é excelente, a partir do momento que ele estiver dando total valor ao pecado e praticando heresias, pois acredito que eu como os demais seres humanos somos imerecedores da graça de Deus porque somos pecadores, mas por meio de Cristo, os seus são justificados, salvos e vivem para a justiça e retidão sem querer se vangloriar (Sl 53.2,3; Rm 3.23,24; Rm 8.29). Não esqueçamos que antes dos versículos 22 e 23 de Mateus 7, também tem os versos 21 e 24, isto é, "observar os mandamentos de Deus e os por em prática", aqueles que isto não fazem e se dizem "servos de Cristo", realmente, serão comparados a aqueles que Cristo dirá: "Apartai-vos de mim, vocês que praticam o que é mal".

4° - Sobre o evangelismo, as Escrituras são claríssimas; para evangelizar não depende da permissão do pastor ou de algum líder para isso fazer, a partir do momento que me foi anunciado o evangelho e eu cri, e conheço as coisas acerca do Reino de Deus e de Cristo, é meu dever quanto aos demais ir evangelizar. As Escrituras não dizem: "Peça permissão ao seu pastor ou líder, e, se ele te autorizar, vá por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura." na verdade, as Escrituras dizem: "Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado." e mais, "Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!" (Mc 16.15-16; 1Co 9.16).

5° - Dizer ser homem ou mulher mais do que alguém, exaltar as suas obras e não conhecer as Escrituras, nas quais nos falam acerca da vontade de Deus e de Cristo, não só é um absurdo como também é uma terrível tolice. Primeiro é que tanto Cristo como os demais cristãos, conheciam e tinham acesso as Escrituras (Mt 4.3-10; At 6.3; At 8.4,30-35; At 17.11). O servo de Deus exala sabedoria, e para ser realmente sábio, é necessário antes temer a Deus; quem realmente é servo do Senhor, também o teme (pois o temor é o que faz o homem andar em retidão e integridade para com o próprio Deus) e quem teme, torna-se sábio (Jó 28.28; Sl 19.9; Pv 1.2-7; Pv 2.5; Pv 9.10; Pv 14.27; Pv 15.33; Pv 16.6).

Fazer as coisas para o serviço de Deus envolve de tudo, e não se pode haver restrição; limitar a caprichos é completamente tolice.

6° - O Cristão não interpreta a Bíblia para os seus meios próprios, jamais deve, e sim para exaltar o nome de Cristo e glorificá-lo; interpretar a Bíblia para falar com animais é a pior barbaridade já houvida, agora, compare essa confissão com a interpretação de "ler a Bíblia para falar com animais", como isto é incrivelmente diferente. Vamos lá, qualquer tipo de ensinamento, doutrina ou pregação que não condizer com o evangelho já ensinado pelos apóstolos e profetas de Cristo (At 2.42; Gl 1.6-9; Ef 2.20; Ef 3.5; Hb 1.1; Hb 3.1; 2Pe 3.2; Jd 1.17), isto é, a Bíblia, que esse herege seja maldito e mentiroso, seja ele anjo ou qualquer outro, quem permanece na heresia e aprova aos que fazem o mesmo, não lhe será em vão a condenação do fogo do inferno, não lhe será em vão esta maldição, porque as coisas que eles falam são do mundo e o mundo os houve (Gl 5.20; Rm 1.29,32; 2Pe 2.1; 2Ti 4.3,4; 1Jo 4.1-6; Jd 1.18; Ap 20.10).

Submetemo-nos a vontade de Deus por aquilo que Ele nos diz por meio de Sua Escritura, não sejamos ouvintes, mas praticantes da Palavra, porque se a vide não produz frutos ela é cortada e lançada fora ( Jo 15.1-6; Tg 1.21-24).

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A visão bíblica da consciência humana




Por R. C. Sproul


É vitalmente importante que os cristãos considerem a questão da consciência. Na visão clássica, a consciência foi considerada algo que Deus implantou dentro de nossa mente. Algumas pessoas chegaram a descrever a consciência como a voz de Deus dentro de nós. A ideia era que Deus nos criou de tal maneira, que havia um elo entre as sensibilidades da mente e a consciência, com sua responsabilidade intrínseca para com as leis eternas de Deus. Por exemplo, considere a lei da natureza que o apóstolo Paulo afirma estar escrita em nosso coração. Havia uma sensibilidade de consciência, muito antes de Moisés descer do monte Sinai com as tábuas de pedra.

O famoso filósofo Immanuel Kant era cético, no que diz respeito à capacidade humana de racionar, a partir deste mundo, sobre o mundo transcendente de Deus. Apesar disso, ele ofereceu o que chamou de argumento moral para a existência de Deus, um argumento que se baseou no que ele chamou de senso universal de dever implantado no coração de todo ser humano. Kant acreditava que toda pessoa carregava em si um senso genuíno do que deveria fazer em determinada situação. Ele chamou isso de imperativo categórico. Kant acreditava que há duas coisas que enchem a alma com admiração e reverência sempre novas e crescentes: os céus fascinantes, no espaço, e a lei moral, no íntimo do ser humano. É importante notar isto, porque até no âmbito da filosofia secular tem havido, historicamente, um reconhecimento da consciência.

Histórica e classicamente, a consciência foi vista como nossa ligação com a ética transcendente que reside em Deus. Todavia, com a revolução moral de nossa cultura, surgiu uma abordagem diferente da consciência, e esta abordagem se chama visão relativista. Estamos realmente na era do relativismo, na qual valores e princípios são considerados meras expressões de desejos e interesses de um grupo específico de pessoas, em determinado momento da história. Ouvimos, repetidas vezes, que não há absolutos no mundo de hoje.

No entanto, se não há nenhum absoluto, princípios transcendentes, como explicamos este mecanismo que chamamos de consciência? Dentro de uma estrutura relativista, vemos a consciência ser definida em termos evolucionários: as personalidades interiores subjetivas das pessoas estão reagindo a tabus evolucionários vantajosos, que lhes foram impostos por sua sociedade ou por seu ambiente. Havendo chegado a um tempo, em nosso desenvolvimento, em que esses tabus não servem mais para promover nossa evolução, podem ser descartados sem qualquer consideração às consequências.

Anos atrás, quando eu trabalhava como professor, aconselhei uma universitária que fora tomada por um profundo senso de culpa, porque se entregara a atividades sexuais com seu noivo. Eu lhe disse que o meio de vencer sua culpa era reconhecer a fonte da culpa. Ela argumentou que não fizera nada de errado; seus sentimentos de culpa foram resultado de haver sido vítima de viver numa sociedade regida por uma ética puritana. Explicou que fora condicionada por certos tabus sexuais que a fizeram sentir-se culpada, quando não devia, e que seu envolvimento sexual fora uma expressão madura e responsável de sua própria chegada à maioridade.

Apesar disso, ela me procurou chorando e exclamando que ainda se sentia culpada. Disse-lhe que é possível uma pessoa sentir-se culpada, porque tem uma consciência intranquila e perturbada quanto a algo que não é realmente uma transgressão da lei de Deus; mas que, naquele caso, ela quebrara a lei de Deus e devia se alegrar por se sentir culpada, visto que a dor, embora nos seja desagradável, é importante para a nossa saúde. No âmbito físico, o sentimento de dor indica que há algo errado no corpo. No aspecto espiritual, a dor de culpa pode indicar-nos que algo está errado em nossa alma. Há um remédio para isso, aquele que a igreja tem oferecido sempre, ou seja, o perdão. Culpa real exige perdão real.

O problema desta mulher ilustra o conflito entre o entendimento tradicional de pecado e consciência e o novo conceito de consciência. Este novo conceito vê a consciência meramente como um processo evolucionário condicionador da sociedade, que é um resultado de tabus impostos. Como o cristão lida com tudo isto? Há uma visão bíblica quanto à consciência?

O termo hebraico traduzido por “consciência” ocorre no Antigo Testamento, mas esparsamente. Entretanto, no Novo Testamento, parece haver um reconhecimento mais pleno da importância da função da consciência na vida cristã. A palavra grega que expressa consciência aparece 31 vezes, e parece ter uma dimensão dupla, como argumentavam os eruditos medievais. Envolvia a ideia de acusar e a ideia de justificar. Quando pecamos, a consciência fica perturbada. Ela nos acusa. A consciência é o instrumento que o Espírito Santo usa para nos convencer, trazer-nos ao arrependimento e recebermos a cura do perdão que flui do evangelho.

No entanto, há também um sentido em que esta voz moral, em nossa mente e coração, igualmente nos diz o que é certo. Lembre-se de que o cristão é sempre um alvo de críticas que podem ou não ser válidas. Até dentro da comunidade cristã, há grandes diferenças de opinião a respeito de comportamentos que são agradáveis a Deus, e que não o são. Um homem aprova dançar; outro o desaprova. Como sabemos quem está certo?

Vemos, no Novo Testamento, que a consciência não é a autoridade ética final para a conduta humana, porque a consciência é capaz de mudar. Enquanto os princípios de Deus não mudam, nossa consciência hesita e se transforma. Estas mudanças podem ser positivas ou negativas. Por exemplo, os profetas do Antigo Testamento anunciaram o juízo de Deus sobre o povo de Israel, que se acostumara com o pecado. Uma das grandes acusações que veio sobre Israel, nos dias do rei Acabe, foi que haviam se tornado tão insensíveis e acostumados com o mal, que o povo tolerava a impiedade do rei Acabe. A consciência dos israelitas estava calejada e cauterizada. Pense sobre esta realidade em sua vida, sobre as ideias que você tinha quando criança. Considere as pontadas de consciência que devem ter penetrado em sua vida, quando você experimentou, pela primeira vez, certas coisas que sabia serem erradas. Você ficou perturbado e abalado. Talvez, até ficou doente. Mas, o poder do pecado pode corroer a consciência até ao ponto de ela se tornar uma voz débil nos profundos recessos de sua alma. Por meio disto, nossa consciência se torna endurecida e cauterizada, condenando o que é certo e justificando o que é errado.

É interessante que podemos sempre achar alguém que oferecerá uma defesa convincente e bem formulada da legitimidade ética de algumas das atividades que Deus julga ofensivas a ele. Como humanos, nossa capacidade de defender a nós mesmos de culpabilidade moral é bem desenvolvida e acentuada. Somos uma cultura em problemas, quando começamos a chamar o mal de bem, e o bem de mal. Para fazer isso, temos de distorcer a consciência e, em essência, tornar o homem a autoridade final da vida. Tudo que alguém precisa fazer é ajustar sua consciência para se encaixar na ética do homem. Assim, podemos viver com paz na mente, pensando que estamos vivendo num estado de retidão.

A consciência pode ser sensibilizada de maneira distorcida. Lembre-se: a visão evolucionária e relativista, quanto à consciência, está fundamentada sobre o princípio de que ela é uma reação subjetiva a tabus impostos pela sociedade. Embora eu não creia que essa opinião seja convincente, tenho de reconhecer que há um elemento de verdade nessa opinião. Reconhecemos que pessoas podem ter consciência altamente sensibilizada, não porque estão sendo instruídas pela Palavra de Deus, mas porque têm sido informadas por regras e normas feitas por homens. Em algumas comunidades cristãs, o teste da fé de alguém é se ele dança ou não dança. Se uma pessoa cresce neste ambiente e decide dançar, o que acontece? Geralmente, a pessoa é dominada por culpa, por haver dançado. Como você responderia a isso? Diria à pessoa que dançar não é pecado, que sua consciência foi mal instruída? Essa pode ser uma abordagem normal, mas tal resposta pode ser problemática por esta razão: a consciência pode justificar, quando deveria estar acusando, e pode acusar, quando deveria estar justificando.

Devemos lembrar que agir contra a consciência é pecado. Martinho Lutero, na Dieta de Worms, esteve em agonia moral, porque se levantou sozinho contra os líderes da igreja e de estados, os quais exigiam que ele se retratasse de seus escritos. Mas Lutero estava convicto de que seus escritos se conformavam à Palavra de Deus; por isso, naquele momento de crise, ele disse: “Não posso retratar-me. Minha consciência está cativa à Palavra de Deus, e agir contra a consciência não é correto, nem seguro”. Esse não foi um princípio que Lutero inventou para a ocasião na Dieta de Worms. É um princípio do Novo Testamento: “Tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14.23).

Se alguém é criado em um ambiente que o persuadiu de que ler filosofia é pecado, mas, apesar disso, lê filosofia, ele está pecando. Por quê? É porque ler filosofia é pecado? Não, é porque ele está fazendo algo que acredita ser pecado. Se fazemos algo que pensamos ser pecado, ainda que sejamos mal instruídos, somos culpados de pecado. Agimos contra a nossa consciência. Esse é um princípio muito importante. Lutero estava certo em dizer: “Agir contra a consciência não é correto, nem seguro”.

Por outro lado, temos de lembrar que agir de acordo com a consciência pode, às vezes, ser pecado. Se a consciência é mal instruída, procuramos razões para esta má instrução. É mal instruída, porque a pessoa tem sido negligente em estudar a Escritura? Deus se agradou em nos revelar seus princípios, para que a consciência seja bem instruída. Posso achar que não há problema algum em realizar uma atividade específica que Deus proíbe totalmente, e não poderei dizer-lhe no último dia: “Eu não sabia que lhe desagradaria com esta forma de comportamento. Minha consciência não me acusava, e agi de acordo com minha consciência”. Nesse caso, você agiu de acordo com uma consciência que ignorava a Palavra de Deus que lhe estava disponível, a qual você foi chamado a estudar e a ser diligente em entender.

Devemos retornar ao primeiro princípio. Para o cristão, a consciência não é a autoridade final em sua vida. Somos chamados a ter a mente de Cristo, conhecer o bem e possuir mente e coração treinados na verdade de Deus, para que, nos momentos de pressão, sejamos capazes de permanecer firmes com integridade.

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domingo, 1 de fevereiro de 2015

Aviso aos que visualizam o nosso blog

Mudaremos o blog para


ALBERTTOARAUJO.BLOGSPOT.COM.BR


Continuaremos com estudos biblicos, politicos e demais assuntos de interesse para todos os que gostam da boa leitura e bons videos.



RUBER ALBERTO
Editor do blog alberttoaraujo.blogspot.com.br
Editor do blog viadidaque.blogspot.com.br