quinta-feira, 28 de maio de 2015

Amigo de Deus

Amigo de Deus

"Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer" (João 15:13-15)

Jesus nos coloca aqui o tipo de relacionamento que Ele quer ter conosco. Ele se deu a conhecer, através de Sua Palavra, para que fosse possível ao homem construir esse relacionamento de amizade, de intimidade, de confiança.

Deus não é um amigo imaginário, pois o amigo imaginário tem a personalidade que a pessoa que o criou inventa. Ele não existe de forma independente, depende dos valores e dor princípios de quem o inventou. Deus é uma pessoa independente, com caráter próprio, vontade própria, e a Bíblia nos revela sua personalidade, seus valores, sua ética, seu modo de pensar. Os valores distorcidos do ser humano se chocam com o caráter íntegro e sempre bem certinho de Deus. Então só consegue ter um relacionamento sincero com Ele quem realmente estiver disposto a mudar.

Se eu procuro conhecer o caráter e a personalidade de Deus, entender o que Ele quer de mim, tenho condições de construir essa amizade com Ele. Ao perceber Seu cuidado em minha vida, Seu amor, o amor que tenho por Ele cresce mais e mais, e cresce também em mim a vontade de ser quem Ele quer que eu seja, de obedecê-lo, de fazer Sua vontade, porque eu sei que do jeito que tenho levado minha vida até então só consegui sofrimento. A menos que eu ache o sofrimento uma coisa legal e queira continuar a viver eternamente com uma pedra gigantesca nas costas (sei lá, tem gosto para tudo, né?), terei toda a disposição para entregar minha vida nas mãos dEle e dizer: "Deus, me ensina a viver segundo a Tua vontade".

A melhor coisa da minha vida foi ter buscado essa amizade com Deus. Logo quando eu acordo, a primeira coisa que faço é ter uma conversa com Ele, como quem conversa com um amigo, entregando um a um dos meus afazeres do dia, entregando minha vida, minha vontade, minha saúde, meus planos, meu dia e cada uma das pessoas da minha família nas mãos dEle, pedindo a Ele que seja feita apenas a Sua vontade em minha vida. Leio a Bíblia, faço minhas anotações e só então, depois de alimentar o espírito, me levanto e vou alimentar meu corpo, com o café da manhã.

Durante o dia, converso com Ele. Se fico preocupada ou ansiosa com algo, logo conto para Ele o que está me incomodando e peço a Ele que cuide desse problema. Então descanso, porque sei que Ele já está providenciando a resposta. Se não sei o que fazer, entrego para Ele e peço que me dê a direção. Paro de me preocupar e pouco tempo depois já tenho a certeza do que devo fazer, e sei que foi Ele quem me mostrou. Procuro estar sempre conectada com Ele, como quem tem um amigo muito amado, super confiável, hiper inteligente, bem intencionado, poderoso, muito rico e mega sábio no msn o tempo inteiro. Imagine só poder baixar o msn em sua cabeça e ter esse amigo conectado contigo o dia inteiro. Qualquer coisa, você pergunta para ele, você repassa seu problema para ele e sabe que ele vai resolver. Então fica tranquilo, porque quando você menos esperar, a resposta vem.

Não faz muito tempo que eu faço isso, mas já tive muitas respostas, muitas vitórias e me sinto uma idiota por não ter abraçado essa amizade antes, porque a melhor coisa que existe é sentir-se amada, cuidada e segura por esse contato irrestrito com Deus. Muito melhor do que perder tempo na religiosidade vazia, buscando a voz de Deus em profecias de terceitos ou caçando respostas e "melhores interpretações" do texto bíblico, como se a Bíblia não fosse o suficiente.

A parte difícil, no entanto, é negar a minha vontade de agir por impulso, de resolver as coisas pela minha cabeça, de agir de acordo com meus sentimentos. Ter o controle sobre as emoções, negar minha própria vontade (que só me colocou em enrascada, diga-se de passagem. Não sei por que raios a gente se apega tanto ao nosso jeito de fazer as coisas se ele nunca dá resultados plenamente satisfatórios) para depender única e exclusivamente de Deus é o maior sacrifício de todos.

Por isso Ele diz "obediência quero, e não sacrifícios", porque não adianta só cumprir os rituais religiosos, tem de obedecer ao que Deus manda. Obedecer é melhor do que sacrificar simplesmente porque a obediência é o maior sacrifício. É sacrificar a si mesmo, assumir que a vontade de Deus é melhor do que a sua. A obediência não exclui o sacrifício, pelo contrário, ela inclui diversas formas de sacrifício. Ela inclui a entrega absoluta, irrestrita, do controle de sua vida a Deus.

Admito que não sou nada, que não sei nada sem Deus, entrego a direção de minha vida a Ele e vivo na dependência de Sua Palavra. Meu objetivo diário é fazer o que Ele quer que eu faça, é buscar ser quem Ele quer que eu seja. É só assim que a vida passa a fazer sentido, passa a ser realmente prazerosa, divertida. É só assim que a gente se sente realmente livre e começa a ser feliz de verdade.

Porque não se engane, enquanto a direção de sua vida está em suas mãos, e você está sujeito a todas as reações naturais, não é você quem está dirigindo, de verdade, nem está livre. Você é escravo de tudo o que não pode controlar, você é escravo do medo, da angústia, da ansiedade, da depressão, da falta de esperança, da fadiga, da exaustão, da sobrecarga, da dúvida, da culpa, da mágoa, do ódio, do rancor, dos vícios, da solidão, do sistema. A Liberdade está em devolver a quem nos criou o controle de sua criatura, pois só Ele sabe exatamente como a gente funciona e pode orientar nossas escolhas.

Mar do Esquecimento

Mar do Esquecimento

Olhando as estatísticas deste blog, me deparei com as palavras-chave mais utilizadas para chegar até aqui. Curiosamente um número relativamente grande de pessoas procuraram no google "mar do esquecimento", "qual livro da Bíblia fala sobre mar do esquecimento", "onde está o versículo que diz que Deus lança nossos pecados no mar do esquecimento", "mar do esquecimento está na Bíblia?", entre outras coisas semelhantes.

Curioso imaginar que tanta gente faça esse tipo de pesquisa. Talvez alguém tenha lhe dito: "ih, mar do esquecimento nem está na Bíblia", na intenção de mostrar que a pessoa está sendo ludibriada, ou ela mesma quer provar aos cristãos que eles inventam coisas, ou quem sabe seja alguém genuinamente preocupado em saber se seus pecados serão realmente lançados no mar do esquecimento, pois quer ser perdoado por Deus.

Em todo caso, achei que seria pertinente escrever sobre isso aqui, para que, seja qual for a intenção da busca, quem chegar aqui encontre uma resposta a respeito do tal "mar do esquecimento".

Costumamos dizer que Deus lança nossos pecados no mar do esquecimento, e deles não se lembra mais, quando realmente nos arrependemos de nossos erros e pedimos a Ele perdão sincero. Isso é verdade. Mas se você busca o termo completo "mar do esquecimento" na Bíblia, o encontra? Vou explicar a origem desse termo.

Em Miquéias 7:18,19 diz: "Quem, oh Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquiadades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar."

Esta passagem maravilhosa fala a respeito do caráter misericordioso de Deus. Mesmo no Antigo Testamento, antes do tempo da Graça, Deus não era o ser cruel e implacável que muita gente até hoje acredita que Ele é (essas pessoas, obviamente, não o conhecem). Quando diante do verdaeiro arrependimento, Ele não pensa duas vezes antes de perdoar a iniquidade e esquecer da transgressão do Seu povo. Volta a ter compaixão de nós e lança nossos pecados nas profundezas do mar.

Em Isaías 43:2 o próprio Deus diz: "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro"

Não me lembro de ter lido o termo exato "mar do esquecimento", mas como a pessagem de Miquéias diz que Deus esquece de nossas transgressões e lança todos os nossos pecados nas "profundezas do mar", Isaías diz que Ele não se lembra de nossos pecados, e já sabendo que Deus não tem nenhum problema crônico de memória, e sabendo também que nenhuma expedição submarina encontrou toneladas de pecados incrustados de corais no fundo do mar, entendemos, de uma forma até mesmo bem poética, que este é o "mar do esquecimento".

Deus, que não se esquece de nada, pois é perfeito (e não, não tem problemas de memória), se permite não lembrar, ignorar, todos os nossos pecados, nos dando a chance de, diante dEle, começar de novo. O "mar do esquecimento" é, então, figura do grande perdão de Deus. Quando você lança algo nas pofundezas do mar, teoricamente aquilo nunca mais será encontrado (não entremos na discussão sobre as expedições submarinas existentes hoje. Quem, em sã consciência, sairia em busca de pecados submersos??? Só se procura algo que tenha valor. Se você jogar uma coisa insignificante no fundo do oceano - acredite - ninguém irá ver, nem procurar), nem visto.

Quando pensamos em "perdoar", geralmente não temos em mente essa idéia de desaparecer com aquela iniquidade. Perdoamos nossos irmãos, mas sempre podemos visualizar o que nos fizeram. O perdão, humanamente falando, não costuma estar atrelado ao esquecimento. Mas o perdão divino inclui o desaparecimento daquela iniquidade. Deus a lança em um lugar de onde ela nunca mais voltará e no qual ela não poderá mais ser vista por Ele. Por isso o reforço nesta idéia de esquecimento, dizendo que Ele lança nossos pecados nas profundezas do mar.

Não me interessa saber se o mar do esquecimento existe ou não, não faz a menor diferença, pois de qualquer maneira o Mar do Esquecimento é uma metáfora que me faz ver o quanto Deus é maravilhoso, a ponto de escolher não se lembrar dos meus erros, quando eu realmente me arrependo e peço perdão a Ele, decidindo nunca mais cometer aquele pecado.

E se Deus é tão misericordioso a ponto de escolher se esquecer de meus pecados, quem sou eu para ficar me torturando ao me lembrar deles, dando ouvidos ao diabo, que é o acusador? E também se Deus, o Criador, o único Santo e puro, que é o principal ofendido pelos pecados dos homens, escolhe não se lembrar mais do erro de alguém, quem sou eu para apontar o dedo e julgar uma pessoa por atos que ela cometeu no passado, e dos quais já se arrependeu? Sou eu maior do que Deus?

Além de mostrar a grandeza de Deus e o caráter perdoador do nosso Senhor, essas passagens deixam claro que o homem deve ser grato por essa misericórdia e recolher-se à sua insignificância, deixando essa mania arrogante de querer se apegar às picuinhas para tentar provar que está certo e que Deus - veja só - está errado.

Ainda escreverei novamente sobre pecado, arrependimento e perdão. Espero ter esclarecido as dúvidas do pessoal do Mar do Esquecimento. :-)