quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A CAUSA DA SALVAÇÃO

A CAUSA DA SALVAÇÃO

EF. 1:3-6
Deus como Causa - Ap. 1:8
‘Somente Deus pode causar a salvação pois apenas Ele pode causar o que lhe apraz’
A salvação começa com Deus, e isso, “antes da fundação do mundo” (Ef. 1:3,4; II Ts. 2:13; Ap. 13:8). Por causa de não existir no princípio um homem sequer, junto com a sua vontade, nem o ministério dos anjos ou a pregação da Palavra de Deus - a salvação começou com o que era no princípio: Deus (Gn. 1:1). Deus é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim (Ap. 1:8, 11). Deus é a primeira causa de tudo, um conceito reservado para o divino (Rm. 11:36). Porque? “Ó Pai, porque assim te aprouve.” (Lc. 10:21).
Entendendo a situação deplorável do homem (Gn. 6:5; Rm. 3:10-18) podemos entender que a fé em Cristo é “obra de Deus” (Jo. 6:29). É necessário lembrar-nos que o assunto deste estudo é a salvação e não a condenação. Os condenados pela justiça santa de Deus só podem culpar a sua própria cegueira espiritual e amor pelo pecado. Nunca podem responsabilizar a Deus pela condenação (Ec. 7:29). Os salvos, de outra maneira, somente têm Deus para louvar pela salvação (II Ts. 2:13).
O Bom Prazer da Sua Vontade - Ef. 1:11
A vontade de Deus é a expressão do prazer de Deus. A vontade de Deus não pode ser diferente da Sua natureza, portanto, ela é soberana (não influênciada pelas forças terceiras), santa (pura, imaculada, inocente), poderosa (Ele pode desejar o que Ele deve) e imutável (nada impendido ou mudando a Sua vontade).
A Sua vontade motiva as Suas ações (Ef. 1:11, “faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”). Na esfera dos deuses o verdadeiro Deus se destaca, pois, somente Ele faz “tudo o que lhe apraz” (Sl. 115:3). O que foi criado, nos mares e em todos os abismos, é atribuído a ser criado por que Deus quis (Sl. 135:6, “tudo o que o SENHOR quis, fez”). A eleição em Cristo que foi programada antes da fundação do mundo e a predestinação para os Seus serem filhos de adoção por Jesus Cristo são tidos como sendo “segundo o beneplácito de Sua vontade” (Ef. 1:4,5); “segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” (II Tm. 1:9). Tudo o que é envolvido no assunto da salvação é “segundo a Sua vontade” (Tg. 1:18). Deve ser notado que o amor e a graça de Deus fazem parte de Deus e conseqüentemente a salvação, mas não serão tratados como causas da salvação em particular pois podem ser considerados melhor num estudo detalhadamente sobre a própria vontade de Deus.
É lógico que seja a vontade de Deus uma causa da salvação pois a vontade de Deus é uma parte essencial da sua natureza expressando-a e sendo tudo que Deus é. “Falhamos em entender a origem de qualquer coisa quando não voltamos à vontade soberana de Deus” (Pink, The Atonement, p. 22). Se Deus é antes de todas as coisas (Cl. 1:17), a sua vontade é também antes de tudo que existe e acontece. Aquele que sucede e é efetuado no mundo é o que o SENHOR dos Exércitos pensou e determinou (Is. 14:24, “O SENHOR dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará”). Muito além da Sua vontade ser um tormento, é confortadora. Deus fazendo as Suas obras conforme o bom prazer da Sua vontade conforta o santo na sua tribulação. O servo Jó confiou na vontade de Deus na sua tristeza e foi confortado (Jó 23:13, “O que a Sua alma quiser, isso fará”). A mesma vontade que nos salva nos garante o aperfeiçoamento da salvação até o memento que estamos na presença do Salvador no céu (Jo. 6:39,40). Tal conhecimento da vontade de Deus traz paz ao salvo.
Tudo que Cristo precisava fazer pessoalmente para efetuar a salvação foi em submissão à vontade de Deus (Hb. 10:7; Mt. 26:39). Tudo que os outros fizeram com Jesus durante o Seu tempo na terra, sim, até a traição de Judas, o julgamento injusto e a crucificação vergonhosa foi “pelo determinado conselho” de Deus (At. 2:23). Ninguém fez mais nem menos do que a completa vontade de Deus. Podemos não entender este ponto, mas a verdade revelada pela Palavra de Deus pode ser maior que a nossa capacidade de entende-la. Devemos acata-la pela fé (Hb. 11:1,6).
Mesmo que incluímos a vontade de Deus como parte da causa da salvação devemos frisar que a vontade de Deus não é a própria condenação ou a salvação mas uma parte íntegra de ambas. Há meios que Deus usa para efetuar a sua vontade e estes meios serão tratados posteriormente.
A Sua Presciência - I Pedro 1:2
A palavra ‘presciência’ (em grego: prognosis, #4268. Usada somente em Atos 2:23 e I Pe. 1:2) não é idêntica à palavra ‘conhecer’ (em grego: proginosko, # 4267. Usada em At. 26:5; Rm. 8:29; 11:2; I Pe. 1:20 e II Pe. 3:17) mesmo que seja relativa a ela. A palavra ‘presciência’ tem mais do que um mero conhecimento prévio de fatos embutido nela. É claro que Deus conhece todas as coisas e todas as pessoas pois ele é onisciente. Todavia a palavra ‘presciência’ também tem um entendimento de preordenação ou uma preparação prévia (Thayer’s Léxico. Citado em Simmons, p. 211, Inglês). A presciência de Deus não somente conhece tudo, mas determina tudo em relação à salvação: O nascimento de Cristo (Gl. 4:4), a morte de Cristo pelas mãos injustas (At. 2:23; 4:28), as pessoas a serem salvas (I Pe. 1:2, “os eleitos”), o envio da mensagem a estes (At. 18:10) e a hora que crêem (At. 13:48). Tudo foi segundo a Sua ordenação explícita que, por sua vez, é segundo a Sua vontade que é eterna (II Ts. 2:13,14; Rm. 9:15,16). É nesse sentido de preordenação, que a salvação é segundo a presciência de Deus.
Deus conhece os Seus intimamente com um amor especial e a palavra ‘presciência’ indica isso. A presciência que Deus tem do Seu próprio povo quer dizer Sua complacência peculiar e graciosa para com Seu povo” (Comentário de Jamieson, Fausset, e Brown, citado pelo Simmons, p. 241, Português). Por ter um amor especial, Deus age para com os Seus de maneiras especiais (Dt. 7:7,8; Jr. 31:3; Rm. 9:9-16; I Jo. 4:19). No sentido de preordenação, os eleitos são especialmente e intimamente amados de antemão. É dessa maneira que eles são determinados em I Pedro 1:2 de serem eleitos “segundo a presciência de Deus”.
Há os que determinam que a vontade eterna de Deus é baseada naquilo que vem livremente do homem: a sua vontade. Isso seria basear a salvação divina no conhecimento anterior que Deus tem de algumas ações do homem. Se a vontade de Deus é baseada na ação que Deus conhecia antemão que um homem faria ensinaria que o conhecimento da ação do homem veio antes da própria vontade de Deus. Mas como temos estudado, Deus é antes de todas as coisas, e, em verdade “todas as coisas subsistem por Ele” (Cl. 1:17). A salvação do pecador não é baseada na vontade do homem, mas na de Deus (Ef. 1:11). O novo nascimento “não vem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo. 1:13; Rm. 9:16). Por isso, quando consideramos a causa da salvação, a vontade soberana e a presciência de Deus são contempladas. Os eleitos “segundo a presciência” de Deus são os que foram eleitos ‘na’ presciência de Deus (Simmons, p. 211, Inglês). Os eleitos são chamados não segundo as suas obras, mas, “segundo o Seu próprio propósito e graça” que lhes foi dado em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos (II Tm. 1:9).
A presciência, contudo, não anula que o homem tenha uma escolha na salvação. Os mandamentos de Deus para com o homem e as promessas de Deus em resposta às ações do homem confirmam que o homem tem responsabilidade pessoal. Todavia, a presciência garanta que os eventos preordenados serão feitos, até mesmo pela ação livre do homem. A referencia de Atos 2:23 e as múltiplas profecias sobre a vinda, vida, morte, ressurreição de Cristo, a implantação da sua igreja no mundo e os eventos que chamamos ainda de ‘futuros’ são provas que a presciência garante eventos predeterminados sem anular a ação livre do homem.
Aqueles que Deus não conheceu intimamente (Mt. 7:23) são os condenados. Devemos frisar que estes não são condenados por não serem especialmente conhecidos antemão por Deus, mas por praticarem a iniqüidade. São eternamente julgados por não buscarem a justiça de Deus pela fé (Rm. 9:31-33). O inferno é para os que “não se importaram de ter conhecimento de Deus” (Rm. 1:28). A Bíblia diz claramente que “o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá” (Pv. 1:25-32). Os “entenebrecidos no entendimento” são verdadeiramente separados da vida de Deus. Essa separação não é pela eleição, mas, biblicamente, “pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração” (Ef. 4:17-19). Os salvos são recipientes da misericórdia e da graça de Deus dispensadas segundo a Sua vontade e trazidos ao arrependimento e a fé em Cristo (Jr. 31:3; Rm. 9:14,15; Ef. 2:5-9). Os salvos têm somente a Deus, Seu amor e a Sua vontade para louvarem eternamente. Os não salvos não são recipientes da misericórdia e da graça especial de Deus e são condenados pelos seus pecados (Rm. 6:23). Eles somente podem culpar o seu próprio pecado pois este é o que os separam de Deus (Is. 59:1-3). Os condenados têm somente a sua incredulidade para os acompanharem pela eternidade (Jo. 3:18,19). Devemos le1mbrar-nos que o propósito da salvação, que já estudamos, não é nem a salvação ou a condenação do homem, mas a própria glória de Deus. Tanto a salvação quanto a condenação operam para este fim (Pv. 4:16). A presciência faz parte da causa da salvação e não da condenação.
A Soberania de Deus - Ef. 1:11
A palavra soberania significa: 1. Qualidade de soberano. 2. Poder ou autoridade suprema de soberano. 3. Autoridade moral, tida como suprema; poder supremo. 4. Propriedade que tem um Estado de ser uma ordem suprema que não deve a sua validade a nenhuma outra ordem superior. 5. O complexo dos poderes que formam uma nação politicamente organizada (Dicionário Aurélio Eletrônico).
Quando falamos da soberania de Deus entendemos a qualidade de Deus desejar e fazer o que lhe apraz. É o exercício da Sua supremacia (C. D. Cole, citado em Leaves, Worms .., p. 120) ou a expressão da sua santa independência. A soberania de Deus deve ser considerada como parte da causa da salvação juntamente com a sua vontade e preordenação. É a vontade soberana que é relacionada com a Sua presciência, e, é o Seu poder soberano que determina que a Sua vontade seja realizada (Is. 46:10,11, “O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”; 55:10,11, “fará o que me apraz”; Dn. 4:35; At. 2:23). Que Deus é tido como soberano é claro pelos versículos seguintes (Jó 23:13; Sl. 115:3; 135:6; Lm. 3:37,38; Is. 14:24; 45:7; Is. 46:9,10; Jo. 19:11; Rm. 11:33-39). Deus é soberano na salvação pois Ele não é obrigado a salvar qualquer das suas criaturas rebeldes. A Sua soberania na salvação é entendida em Romanos 9:18, “Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.” (Veja também Ef. 2:7-11). Deus, pela Sua soberania, faz o Teu povo chegar a Si (Sl. 65:4) e isso, voluntariamente (Sl. 110:3).
“Deus não é somente soberano, mas também é amor. Soberania isolada pode ser fria e dura. Amor isolado pode ser fraco. Deus não é frio e duro nem fraco. Ele é tanto Todo-Poderoso quanto cheio de amor. A soberania de Deus assegura que tudo que aconteça a nós é para Sua glória e o amor de Deus assegura que tudo que aconteça a nós é para o nosso bem.” (Maggie Chandler, Leaves, Worms, Butterflies and T. U. L. I. P. S., p. 70)
A soberania de Deus, em relação a causa da salvação junto com a sua vontade e presciência, é um assunto que vai além do entendimento do homem. A soberania de Deus pode ser considerada uma parte daquilo que é encoberto e que pertence somente ao SENHOR. Porem, aquela parte da soberania de Deus que é revelada pela Palavra de Deus, é para nós e deve ser abordada (Dt. 29:29). Mesmo assim que deve ser estudada, nem tudo revelado nas Escrituras é entendido facilmente. Há coisas para nós inescrutáveis (Jó 42:3), insondáveis (Rm. 11:33) e mais do que podemos contar (Sl. 40:5). Mesmo que nunca alcançaremos os caminhos de Deus ou chegaremos à perfeição do Todo-Poderoso (Jó 11:7), toda essa glória não deve nos cegar de ter fé no que as Sagradas Escrituras revelam de Deus. O homem pode não entender tudo sobre a Deus junto com a Sua vontade, a Sua presciência e Soberania (Mt. 20:13-15), mas em nenhum instante isso justifica o homem julgar ou replicar a Deus (Rm. 9:14-21) e nem ser ignorante do assunto. Se vamos andar da maneira reta diante de Deus, precisaremos andar pela fé com os fatos revelados (Hb. 11:1,6). O assunto da soberania de Deus pede que exercitamos essa fé.
A justiça e o amor de Deus são envolvidos na salvação mas não propriamente como a causa dela. A justiça pede a condenação dos pecados (Gn. 2:7; Ez. 18:20; Rm. 6:23) e não a salvação. O amor de Deus é o que trouxe Cristo para ser o Salvador (Jo. 3:16; Rm. 5:6-8), todavia estamos tratando não o ato da salvação mas a sua causa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário