sexta-feira, 13 de abril de 2018

Perseverança e fé em tempo de apostasia


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD ADULTOS 1º Trimestre de 2018

Título: A supremacia da Cristo — Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus – Comentarista: José Gonçalves
Lição 6: Perseverança e fé em tempo de apostasia


TEXTO ÁUREO

Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas” (Hb 6.12).

VERDADE PRÁTICA

Contra o perigo da apostasia, a Palavra de Deus revela a necessidade de ânimo e perseverança de fé.

LEITURA DIÁRIA

Hebreus 6 
King James Atualizada
Hb 6.1,2 A necessidade do crescimento espiritual em Cristo
1Sendo assim, considerando conhecidos os ensinos básicos a respeito de Cristo, prossigamos rumo à maturidade, sem lançar novamente o fundamento do arrependimento de atitudes inúteis e que conduzem à morte; da fé em Deus, 2da instrução acerca de batismos, da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno. 
3Sigamos, pois, avante! E, se Deus o permitir, faremos isso. O grave perigo de rejeitar a fé 
Hb 6.4 Apostasia, um perigo na vida de quem foi regenerado
4Ora, é impossível para aqueles que uma vez foram iluminados, experimentaram o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo, 
Hb 6.5 Apostasia, um perigo na vida de quem viveu as realidades do Reino
5e provaram os benefícios da Palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, 6mas apostataram da fé, sim, é impossível que tais pessoas sejam reconduzidas ao arrependimento; tendo em vista que contra si mesmos estão crucificando outra vez o Filho de Deus, e zombando publicamente dele. 7Porquanto a terra que absorve a chuva que cai de tempo em tempo, e dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus. 8Todavia, a terra que produz espinhos e ervas daninhas é inútil, e logo será amaldiçoada. Seu fim é ser lançada ao fogo. Vivendo como herdeiros de Deus
9Quanto a vós outros, no entanto, ó amados, estamos convencidos de que a vossa situação é muito melhor, sendo beneficiados com as bênçãos decorrentes da salvação. 
Hb 6.10 O serviço cristão, a obra de Deus e a justiça divina
10Porquanto Deus não é injusto para se esquecer do vosso trabalho e do amor que revelastes para com o seu Nome, pois servistes os santos, e ainda os servis. 11Desejamos, contudo, que cada um de vós demonstre o mesmo esforço dedicado até o fim, para que tenhais a plena certeza da esperança, 
Hb 6.12,13 Abraão, um exemplo de perseverança e fidelidade
12de maneira que não vos torneis negligentes, mas imiteis aqueles que, por intermédio da fé e da longanimidade, recebem a herança prometida. A promessa de Deus é imutável
13Quando Deus fez sua promessa a Abraão, jurou por si mesmo, tendo em vista não haver outro maior por quem jurar; 14e declarou: “Esteja certo de que o abençoarei e farei numerosos os seus descendentes”. 15Sendo assim, havendo Abraão esperado com paciência certeira, alcançou a promessa. 16Ora, os homens juram por quem é maior que eles, e para eles o juramento confirma a palavra empenhada, pondo fim a toda discussão. 17Do mesmo modo, Deus, querendo demonstrar de forma mais clara aos herdeiros da promessa a imutabilidade de seu propósito, interveio com juramento, 18para que nós, que nos refugiamos no acesso à esperança proposta, sejamos grandemente encorajados por meio de duas afirmações imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta. 19Essa esperança é para nós como âncora da alma, firme e segura, a qual tem pleno acesso ao santuário interior, por trás do véu, 
Hb 6.20 Jesus, o nosso precursor na Eternidade com Deus
20onde Jesus adentrou por nós, como precursor, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. 








LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Hebreus 6.1-15.
1 — Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,
2 — e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.
3 — E isso faremos, se Deus o permitir.
4 — Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo,
5 — e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro,
6 — e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério.
7 — Porque a terra que embebe a chuva que muitas vezes cai sobre ela e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada recebe a bênção de Deus;
8 — mas a que produz espinhos e abrolhos é reprovada e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.
9 — Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos.
10 — Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis.
11 — Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança;
12 — para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas.
13 — Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo,
14 — dizendo: Certamente, abençoando, te abençoarei e, multiplicando, te multiplicarei.
15 — E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.



Conceito maduro sobre a superioridade do sacerdócio de Cristo (4:14-7:28)

Paulo insta os hebreus a se apegarem à confissão de Jesus, o grande Sumo Sacerdote que passou pelos céus, para que achem misericórdia. O Cristo não glorificou a si mesmo, mas foi o Pai quem disse: “Tu és sacerdote para sempre à maneira de Melquisedeque.” (Heb. 5:6; Sal. 110:4) Primeiro, Cristo foi aperfeiçoado para o cargo de sumo sacerdote por aprender obediência através do sofrimento, a fim de tornar-se responsável pela salvação eterna de todos os que o obedecem. Paulo tem “muito a dizer e difícil de explicar”, mas os hebreus ainda são criancinhas necessitando de leite, quando, efetivamente, deviam ser instrutores. “O alimento sólido . . . é para as pessoas maduras, para aqueles que pelo uso têm as suas faculdades perceptivas treinadas para distinguir tanto o certo como o errado.” O apóstolo insta-os a ‘avançar à madureza’. — Heb. 5:11, 14; 6:1.

 

É impossível que os que chegaram a conhecer a palavra de Deus e se desviaram sejam revivificados para o arrependimento, “porque eles de novo pregam para si mesmos o Filho de Deus numa estaca e o expõem ao opróbrio público”. Apenas pela fé e paciência podem os crentes herdar a promessa feita a Abraão — promessa tornada segura e firme por duas coisas imutáveis: a palavra e o juramento de Deus. A esperança deles, que é “âncora para a alma, tanto segura como firme”, foi estabelecida por Jesus entrar até o “interior da cortina” como Precursor e Sumo Sacerdote à maneira de Melquisedeque. — 6:6, 19.


Este Melquisedeque era tanto “rei de Salém” como “sacerdote do Deus Altíssimo”. Até mesmo o chefe de família Abraão pagou-lhe dízimos e, por seu intermédio, também Levi, que ainda estava nos lombos de Abraão. A bênção de Melquisedeque sobre Abraão estendeu-se pois a Levi ainda por nascer, e isto indicou que o sacerdócio levítico era inferior ao de Melquisedeque. Ademais, se a perfeição viesse por meio do sacerdócio levítico de Arão, haveria necessidade de outro sacerdote “à maneira de Melquisedeque”? Outrossim, visto que há mudança de sacerdócio, “necessariamente há também mudança da lei”. — 7:1, 11, 12.

A Lei, de fato, não aperfeiçoou nada, mas mostrou ser fraca e ineficaz. Visto que continuavam a morrer, houve muitos sacerdotes, mas Jesus “por continuar vivo para sempre, tem o seu sacerdócio sem quaisquer sucessores. Por conseguinte, ele é também capaz de salvar completamente os que se aproximam de Deus por intermédio dele, porque está sempre vivo para interceder por eles”. Este Sumo Sacerdote, Jesus, é “leal, cândido, imaculado, separado dos pecadores”, ao passo que os sumos sacerdotes designados pela Lei são fracos, precisando primeiro oferecer sacrifícios pelos seus próprios pecados antes de poderem interceder pelos outros. Portanto, a palavra do próprio juramento de Deus “designa um Filho, que é aperfeiçoado para sempre”. — 7:24-26, 28.

 

 

Explicação de Hebreus 6:6
 “Gostaria de uma explicação, referente à Hebreus 6:4-8. É impossível o arrependimento para quem se apostatou?”
Em Hebreus 6:4-6 lemos: “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia”.
Estes versos, através dos séculos, têm deixado seus leitores angustiados e perplexos, por que a primeira vista parecem ensinar que não há esperança de arrependimento ou de aceitação divina para aqueles que aceitaram a Cristo e depois o rejeitaram. Para melhor compreensão do problema, Hebreus 6:4 deve ser estudado juntamente com as declarações que tratam do mesmo assunto em Hebreus 10:26-31 e 12:15-17; 25-29.
Há várias interpretações sugeridas para solucionar os aparentes paradoxos desta passagem com as demais doutrinas escriturísticas, destacando-se entre estas as arminianas e as calvinistas, apresentadas por Russell Champlin em o novo Testamento Interpretado, vol. 5, págs 537 e 538. Em uma coisa os comentaristas estão de acordo, há neste trecho referências ao pecado da apostasia.
O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia declara: “Entre as várias opiniões que têm sido sugeridas, duas são dignas de consideração: 1) Que a apostasia aqui referida é o ato de cometer o pecado imperdoável (Mateus 12:31-32), uma vez que esta é a única forma de apostasia que é sem esperança; 2) Que a passagem corretamente compreendida não ensina a absoluta desesperança da apostasia aqui descrita, mas uma desesperança condicional (Hebreus 6:6). A maioria dos comentaristas aceita a primeira alternativa, embora a segunda tenha méritos e possa ser baseada no grego.”
Como bem salientou Cotton: “nada pode existir nesta passagem que nos leve a duvidar da total misericórdia de Deus, pois do contrário, esta passagem destruiria o evangelho”. Deduzimos da leitura de Hebreus 6:4-6 e das outras passagens correlatas, que “o autor” fala de pessoas que propositadamente rejeitaram a Cristo e os princípios do evangelho. As afirmações aqui consignadas … trouxeram sérios problemas para a igreja cristã, especialmente durante as perseguições, quando alguns fraquejaram e posteriormente arrependidos de terem sido tíbios na fé quiseram voltar, muitas comunidades cristãs não queriam aceitá-los escudados em Hebreus 6:6.
A seguinte verdade não pode ser esquecida: Cristo está sempre de braços abertos para receber o mais indigno pecador, que reconhece o erro e apela pelo perdão, como nos relata Mateus 18:22 e se comprova na triste experiência de Pedro. Em contrapartida, outra verdade escriturística deve ser lembrada: não há esperança para quem consciente e deliberadamente rejeita os ensinamentos de Cristo e o seu sacrifício vicário em nosso favor.
Algumas ponderações esclarecedoras: “caíram (v.6) significa não pecados grosseiros, mas antes, nada menos que apostasia deliberada, uma completa rejeição e execração à fé de Cristo. No que lhes diz respeito (isto é para si mesmos) tais pessoas expulsam Cristo de suas próprias vidas, ou rejeitam sua reivindicação de ser o Filho de Deus, por ação similar à daqueles que procuraram livrar-se dele ao crucificá-lo. Desse modo expõem Cristo publicamente à vergonha”. (O Novo Comentário da Bíblia Editado em Português por Russell P. Shedd).
“Há aqui referências aos apostatados do cristianismo, àqueles que rejeitaram todo o sistema cristão e seu autor, o Senhor Jesus”. O “autor” se refere também àqueles que se uniram com os judeus blasfemos, chamando a Cristo de impostor, sustentando que sua morte na cruz foi consequência de ser um mal feitor. Este procedimento tornou impossível sua salvação, porque de maneira obstinada e maliciosa rejeitaram o Senhor que os resgatara. Ninguém, que creia em Cristo como o grande sacrifício pelo pecado e conhece o cristianismo como uma revelação divina está aqui incluído, embora ele possa ter desventuradamente apostatado de algum aspecto da salvação de Deus.
Estão crucificando novamente a Jesus Cristo, isto é, eles mostram abertamente que julgam a Cristo como digno da morte que Ele sofreu, tornando-se um exemplo público por ter sido crucificado. “Isto mostra que é a apostasia final, pela total rejeição do Evangelho e blasfêmia ao Salvador dos homens, que o apóstolo tem em vista neste relato.” (Notas de Adão Clarke sobre Hebreus 6:4 a 6).
“Algumas pessoas ficam perturbadas com estes textos, pensando que é possível que eles se refiram ao apostatado comum, que em seu coração jamais rejeitou ao Senhor, e que está constantemente pensando que algum dia voltará a servi-lo novamente. E muitas vezes, quando ele começa a penar seriamente em fazer isto o mais depressa possível, então o inimigo das almas confronta com estes textos, da mesma forma que confrontou o próprio Cristo com textos da Escritura, procurando dar-lhes uma aplicação errônea.
O texto fala de indivíduos verdadeiramente iluminados. Verdadeiramente provaram o dom celestial, e sabem por experiência o que ele significa. Tornaram-se participantes do Espírito Santo. Provaram a Palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro. Sua experiência alcançou as profundezas de um conhecimento definido, de forma que conheceram os explícitos fundamentos do divino dom. E então esses indivíduos se afastam de tudo isto, e, segundo o texto citado do décimo capítulo de Hebreus, consideram o sangue da aliança, pelo qual foram sacrificados, como coisa profana, comum. Desprezaram o Espírito da graça.
O texto fala de uma deserção real que leva um homem a renunciar as coisas que ele realmente sabe serem a verdade, e a tratar com desrespeito e desprezo ao Espírito Santo, cujas influências em toda a sua bendita realidade ele sentiu no próprio coração e vida. E tendo desertado desta maneira pode ser prontamente visto que ele se desligou de todas as influências que o atrairiam ao céu, e propositada e determinadamente se colocou numa posição sem esperança e fora do alcance de Deus. O texto mostra que ele fez isto voluntariamente – exercitou sua vontade para fazê-lo.
Mas o pobre apostatado, em vez de exercitar qualquer poder de vontade simplesmente deixou que sua vontade fosse vencida e destronada pelos persistentes ataques de Satanás; e para todos estes, o Senhor envia muitos apelos gracioso em sua Palavra, como Jeremias 3:12-14,22. De todos os benditos atributos de Deus, há um que ele destacou como preeminente: “O Senhor… tem prazer na misericórdia” (Miquéias 7:18)”. (Questions and Answers. F. M, vol. II, págs. 210-212).


Significado de Hebreus 6 
Hebreus 6
6.1, 2 — O autor insiste em que os leitores de sua carta deixem o que é primário e prossigam até a perfeição, no sentido de maturidade. Ele lista então seis pontos doutrinários, que chama de os rudimentos da doutrina de Cristo (os primeiros rudimentos, em Hb 5.12): (1) Arrependimento de obras mortas se refere à mudança de pensamento quanto às exigências da Lei de Moisés (Hb 9.14).

Embora a Lei seja boa (1 Tm 1.8), era fraca, por causa da fraqueza de nossa natureza pecaminosa (Rm 8.3). (2) O que é necessário para a salvação não são as obras mortas, que não podem salvar, mas a fé em Deus. (3) Batismos pode referir-se aos vários batismos citados no Novo Testamento (o batismo de Cristo, o de João, o batismo do crente nas águas, e o espiritual, do crente pelo Espírito Santo), ou também aos diversos ritos de purificação praticados pelos judeus. (4) No livro de Atos, a imposição das mãos era usada para transmitir o Espírito Santo (At 8.17,18; 19.6), assim como para ordenação ao ministério (At 6.6; 13.3). Essa prática é encontrada também no Antigo Testamento, para a delegação de poderes a alguém para serviço público (Nm 27.18,23; Dt 34.9) e no contexto de apresentação do holocausto ao Senhor (Lv 1.4; 3.2; 4.4; 8.14; 16.21).

(5) Ressurreição dos mortos se refere à doutrina da ressurreição de todos no final dos tempos (Ap 20.11-15). E um ensinamento do Antigo Testamento (Is 26.19; Dn 12.2), amplamente difundido no judaísmo do século 1, principalmente pelos fariseus. Para os cristãos, tornou-se essencial a crença na ressurreição de Jesus, sem a qual não existiria o perdão dos pecados (1 Co 15.12-17).

(6) Juízo eterno se refere à crença de que todos seremos julgados pelo grande Juiz. As Escrituras indicam que existirão dois tipos de julgamento final: o dos cristãos, no qual Jesus determinará a recompensa de cada um (1 Co 3.12-15), e o juízo dos descrentes (Ap 20.11-15).

6.3 — O autor inclui ainda a si mesmo na ação que deva ser realizada pelos cristãos. Se Deus permitir — ou seja, se for da vontade de Deus (Tg 4.15) — indica o imperativo necessário da autoridade divina para que algo aconteça.

6.4-6 — Esta passagem, tão difícil com respeito a recair, tem sido interpretada de diversas maneiras.

Alguns afirmam que o autor de Hebreus está falando de cristãos nominais, que ouvem a verdade e aparentam crer em Cristo, mas, por fim, demonstram sua superficialidade em relação a Ele, renunciando-o publicamente. Outros interpretam estes versículos como argumento hipotético que o autor de Hebreus estaria usando para advertir àqueles espiritualmente imaturos (v. 1-3) que não rejeitem a oferta de salvação de Deus (v. 6; Hb 3.12). Os que postulam essas duas posições citam, caracteristicamente, as diversas passagens bíblicas que falam da verdadeira segurança eterna do crente (Jo 6.39,40; 10.27-29; Rm 8.28-30).

Uma vez que Deus nos salvou, nada pode separar-nos do Seu amor (Rm 8.35-39). Outros ainda, porém, preferem que o autor esteja falando de cristãos genuínos que renunciam a Cristo e deixam de ser cristãos. Alegam ser esta uma leitura clara deste texto, citando várias advertências no Novo Testamento para resistirmos aos enganos de falsos mestres, como evidência adicional a esta sua interpretação (2 Co 11.1-4,13-15; 2 Tm 2.17,18; 1 Jo 2.21-25). É mais provável que a passagem diga respeito a judeus, verdadeiros crentes em Jesus, que, ao sofrerem perseguição, vejam-se tentados a novamente se envolver com a religião judaica e seus ritos, de que haviam sido libertos em Cristo. Em vez de falar da perda da justificação, a passagem se refere ao fracasso de um crescimento à maturidade. O crente que, tentado, é levado a cair (como traduz melhor o grego), depois de já haver obtido progresso na caminhada cristã, como se evidencia nas características do crescimento cristão indicadas nos versículos 4 e 5, após a queda (o abandono não de Cristo, mas da corrida cristã) coloca-se em risco de ficar estagnado no crescimento cristão.

6.6 — A expressão e recaíram pode ser traduzida de forma melhor por e caíram de lado, representando um corredor que cai ao lado da pista durante uma corrida. A expressão, neste caso, pode ser entendida aqui como referindo-se a pessoas para as quais é impossível ter uma mudança de opinião, ou arrependimento, por estarem envolvidas em atividades que contrariam sua confissão de Cristo como seu Salvador.

Renovar (gr. anakainizõ) significa restaurar, restabelecer. É impossível ao empenho de quem quer que seja na comunidade cristã restabelecer a comunhão de alguém com Deus. Este, o motivo da forte advertência em Hebreus 3.13 de que exortemos uns aos outros, a fim de evitarmos um coração endurecido.

A imaturidade constante é sempre perigosa. Pense em pessoas que você possa ter conhecido, exultantes testemunhas de Cristo, que se desviaram do caminho e se tornaram frias como pedra. Para o autor, essas pessoas de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. Ao se afastarem do crescimento cristão, tais apóstatas se colocariam na posição dos que, na prática, crucificaram Jesus e o expuseram à humilhação pública.

Em outras palavras, se os leitores originais são cristãos judeus que estão pensando em retornar ao judaísmo, estarão se juntando às fileiras daqueles que crucificaram Cristo, pois sua atitude corresponde, em importância, a uma rejeição pública, a uma nova crucificação (simbólica) do Senhor.

6 .7 ,8 — Aqui, uma ilustração baseada na natureza transmite duas verdades:
(1) um pedaço de terra que recebe chuva (um dom celestial, v. 4) e que é produtiva e útil para muitos e abençoada por Deus (v. 7);
(2) um pedaço de terra (v. 8) que recebe chuva (um dom celestial, v. 4), mas é improdutiva, é reprovada (gr. adokimos), palavra que significa desqualificada, usada em relação a cristãos desqualificados para receber recompensas (1 Co 9.27; 2 Co 13.5,7). Essa terra não é amaldiçoada, mas perto está da maldição (1 Co 11.29-31).

A consequência é ser queimada, o que não significa o inferno, mas um juízo temporal de Deus. No Antigo Testamento, o juízo de Deus sobre Seu povo está associado a queima dos campos (Is 9.18-19; 10.17), o que representa morte física, mas não morte espiritual. Talvez exista aqui também uma alusão ao fogo do juízo, quanto ao fundamento de Cristo (1 Co 3.11-15). Existia uma prática antiga de queimar a terra para destruir as ervas daninhas e fazer que o campo fosse útil novamente. Se essa é a alusão pretendida, então a passagem ensina que, embora todas as tentativas humanas de restaurar os apóstatas sejam inúteis (v. 6), existe a esperança de que possam voltar a produzir novamente. E possível a uma pessoa naufragar na fé e aprender, então, com essa ruinosa experiência (1 Tm 1.18-20).

6.9 — Com o calor e a afeição do título amados, o autor garante aos hebreus que espera coisas melhores deles. Suas boas obras são sinais, para o autor, de que eles teriam recebido Cristo verdadeiramente (v. 10).

6.10 — Serão então recompensados, porque Deus não é injusto. Ele os recompensará pelo que tiverem realizado.

6.11 — Os cristãos correm constantemente o perigo de não permanecer inteiramente fiéis na esperança que devem ter em Cristo. Devemos manter nosso compromisso com Cristo firme até o fim.

6.12 — Negligentes é a mesma palavra usada em Hebreus 5.11, que deu início a esta exortação para que os hebreus crescessem na fé em Cristo (Hb 5.11—6.12).

6.13-15 — Abraão é um exemplo de fé e paciência para com a promessa de Deus (v. 12). Ele esperou 25 anos desde que foi feita a promessa até Isaque, o filho prometido, nascer (Gn 12.4; 21.5).

6.16,17 — Confirmação significa garantia. O juramento é usado para garantir o cumprimento do acordo.

6.18 — O Senhor confirmou Seu juramento a Abraão ao jurar por si mesmo (v. 13) porque Ele, por si só, é maior do que tudo. As duas coisas imutáveis são a Palavra de Deus e o juramento de Deus. Como Deus não mente e é todo-poderoso, há de cumprir todas as Suas promessas. Essa natureza imutável de Deus é a consolação e o fortalecimento do crente.

6.19 — A esperança do crente em Cristo é segura como uma âncora. Essa âncora não está na areia, mas na presença do Todo-poderoso. Interior do véu se refere ao Santo dos Santos, o lugar onde Deus habita.

6.20 — A palavra grega para precursor era usada no século 2 d.C. com relação a barcos menores enviados para o porto pelos grandes navios impossibilitados de lá atracar devido ao mau tempo. Esses barcos carregavam a âncora através da arrebentação para o porto e a prendiam lá, segurando assim o navio maior. Precursor pressupõe que outros o seguirão. Deste modo, Jesus é não somente a própria âncora do crente, mas também o barco que leva a âncora para o porto e a segura firmemente. Não há dúvida de que o nosso navio está indo para o porto. A única questão é se está indo com a tranquilidade de um navio bem posicionado nas águas. Os cristãos que conservam sua esperança na presença de Deus hão de chegar com confiança ao trono da graça (Hb 4.14-16). Como a esperança dos cristãos é segura e não pode ser abalada, devem usá-la com perseverança.

Hebreus 6 — Interpretação Bíblica

Hebreus 6
6.1 ensinamento de adultos O autor está pensando no ensinamento a respeito do Grande Sacerdote Jesus (caps. 7—8).

6.2 dos batismos Ou “das cerimônias de purificação”. Nesse caso, o autor estaria falando sobre as cerimônias de purificação dos judeus (Mc 7.1-4). cerimônia de pôr as mãos sobre os cristãos Provavelmente, a cerimônia em que uma pessoa era separada para o serviço cristão (At 6.6; 1Tm 5.22; 2Tm 1.6); ou, então, pôr as mãos sobre a pessoa para que ela receba o Espírito Santo (At 8.17; 19.6).

6.4 Como... pessoas que abandonaram a fé podem se arrepender de novo? Esta severa advertência vem acompanhada de lembretes a respeito de tudo de bom (vs. 4b-5) que Deus tem preparado para aqueles que crêem e têm paciência (v. 12). o dom do céu Isto é, a salvação dada por Deus.

6.6 É impossível levar essas pessoas a se arrependerem de novo Não se trata de pessoas que cometeram pecados de fraqueza, comuns na vida do cristão, mas de pessoas que abandonaram a fé (Ver Hb 5.11—6.12, n.; ver também Hb 10.26,29). Sem o arrependimento, não podem receber o perdão de pecados (Mt 12.32; Mc 3.29; 1Jo 5.16). O autor diz isso não porque deseja levar seus leitores ao desespero, mas porque quer evitar que se tornem preguiçosos na fé (v. 12).

6.8 a terra que produz mato e espinhos Gn 3.17-18. A certeza da promessa de Deus 6.13-20: Desejando que seus leitores sejam como os que crêem e têm paciência, para que recebam o que Deus prometeu (v. 12), o autor apresenta Abraão, que teve paciência e recebeu o que Deus havia prometido (v. 15). A promessa de Deus é certa, pois, junto com a promessa, fez o juramento (v. 17).

6.13 não havia ninguém maior do que ele mesmo Quando alguém fazia uma promessa, sempre jurava em nome de alguém mais importante (v. 16). Deus só podia jurar “pelo seu próprio nome” (Gn 22.15-18).

6.14 Ele disse a Abraão Gn 22.16-17; ver também Gn 12.2-3; 15.5; 17.5-6.

6.18 há duas coisas A promessa e o juramento que Deus fez de que vai cumpri-la. Deus não pode mentir Nm 23.19; 1Sm 15.29.

6.19 passa pela cortina... e entra no Lugar Santíssimo O autor compara o céu com a Tenda da Presença de Deus (Hb 9.1-14; ver também Êx 26.31-33; Mt 27.51, n.).

6.20 Foi lá que... Jesus entrou Ver Hb 4.14, n. na ordem do sacerdócio de Melquisedeque Ver Hb 5.6, n.

















 

Hebreus 6 – FIEL

1 Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,
2 E da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.
3 E isto faremos, se Deus o permitir.
4 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo,
5 E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro,
6 E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.
7 Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus;
8 Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.
9 Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos.
10 Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis.
11 Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança;
12 Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas.
13 Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo,
14 Dizendo: Certamente, abençoando te abençoarei, e multiplicando te multiplicarei.
15 E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.
16 Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda.
17 Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento;
18 Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;
19 A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu,
20 Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

 

Hebreus 6 – NVI

1 Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade, sem lançar novamente o fundamento do arrependimento de atos que conduzem à morte, da fé em Deus,
2 da instrução a respeito de batismos, da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno.
3 Assim faremos, se Deus o permitir.
4 Ora para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo,
5 experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir,
6 e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública.
7 Pois a terra que absorve a chuva, que cai freqüentemente e dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus.
8 Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada. Seu fim é ser queimada.
9 Amados, mesmo falando dessa forma, estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês, coisas próprias da salvação.
10 Deus não é injusto; ele não se esquecerá do trabalho de vocês e do amor que demonstraram por ele, pois ajudaram os santos e continuam a ajudá-los.
11 Queremos que cada um de vocês mostre essa mesma prontidão até o fim, para que tenham a plena certeza da esperança,
12 de modo que vocês não se tornem negligentes, mas imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida.
13 Quando Deus fez a sua promessa a Abraão, por não haver ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo,
14 dizendo: "Esteja certo de que o abençoarei e farei seus descendentes numerosos".
15 E foi assim que, depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa.
16 Os homens juram por alguém superior a si mesmos, e o juramento confirma o que foi dito, pondo fim a toda discussão.
17 Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito para com os herdeiros da promessa, Deus o confirmou com juramento,
18 para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta.
19 Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu,
20 onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.

Hebreus 6 – O LIVRO

1 Por isso não continuemos sempre com as noções elementares da doutrina cristã, mas avancemos no sentido do amadurecimento. Não fiquemos como que a lançar de novo os mesmos alicerces, do arrependimento do pecado e das obras mortas, da necessidade da fé em Deus,
2 do ensino referente ao baptismo, da imposição das mãos, da ressurreição de mortos e do julgamento eterno
3 Mas, com a ajuda de Deus, avancemos agora para um conhecimento mais amadurecido.
4 Se alguém já recebeu a luz de Deus, se provou das coisas celestiais, se participou do Espírito Santo,5
5 se viu como é boa a palavra de Deus e conheceu o poder do mundo que há-de vir, e,
6 depois disto tudo, se afastou de Deus, não encontrará uma segunda oportunidade para arrependimento. É como se crucificassem novamente o Filho de Deus, expondo-o publicamente à afronta.
7 Quando a terra lavrada recebe chuvas que caem com frequência sobre ela e produz boas colheitas para os que a cultivam, tem a bênção de Deus.
8 Mas, se uma terra cria espinhos e cardos, não presta, e o lavrador queimá-la-á.
9 Mas de vocês, meus queridos amigos, ainda que falemos assim, contamos que as vossas vidas produzam sempre os melhores frutos, que devem ser o resultado normal da vossa salvação.
10 Deus não é injusto. Ele não se esquece do vosso trabalho e do amor que têm mostrado pelo Senhor, até pelos serviços que têm prestado - e continuam a prestar - aos crentes.
11 E o nosso desejo é que cada um continue mostrando o mesmo zelo até ao fim da vida, até ao momento em que verão completamente realizada a vossa esperança.
12 Não se tornem descuidados, mas procurem seguir o exemplo de todos aqueles que pela fé, e pela sua persistência, têm recebido o cumprimento das promessas de Deus.
13 Quando Deus fez a promessa a Abraão, garantiu-a com um juramento feito sobre o seu próprio nome, visto que não havia ninguém maior do que ele.
14 E disse: Garanto-te que te abençoarei efetivamente, e que terás uma descendência abundantíssima.
15 Abraão então esperou com paciência, e viu a promessa concretizar-se.
16 É evidente que os homens, quando prestam juramento, procuram fazê-lo por alguém que lhes seja superior, para que sirva de garantia e não haja assim nenhuma hipótese de desentendimento.
17 Assim também Deus confirmou aquilo que disse com um juramento, a fim de que os que iriam receber a promessa ficassem com a certeza de que ele nunca mais mudaria os seus planos.
18 Assim vemos que, por dois fatores imutáveis - a promessa e o juramento - nós podemos confiar inteiramente nele. É pois impossível que Deus diga uma coisa que afinal não cumpra; e isso nos dá muita segurança, a nós para quem a esperança da vida eterna é como um refúgio
19 é para a alma uma âncora segura e firme, que nos mantém ligados a Deus, no santuário mesmo da sua presença,
20 onde Cristo entrou antes de nós e a favor de nós, agora na sua dignidade de supremo sacerdote da mesma linha de Melquisedeque.

OBJETIVO GERAL

Conscientizar que para perseverarmos na fé precisamos crescer em Cristo, estar em constante vigilância e confiar nas promessas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

·   I. Afirmar a necessidade do crescimento espiritual;
·   II. Sinalizar a necessidade de vigilância espiritual num tempo de apostasia;
·   III. Conscientizar acerca da necessidade de confiarmos nas promessas de Deus.





INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Apostasia remonta a ideia de decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastamento daquilo que antes se estava ligado. Em relação à nossa fé, apostasia significa romper o relacionamento salvífico com Cristo. Geralmente esse fenômeno se manifesta na esfera moral e ética, bem como na esfera doutrinária. Neste tempo de apostasia, à luz da Carta de Hebreus, somos chamados a perseverar na comunhão com Cristo e a viver em fé na esperança renovada de que um dia estaremos para sempre com o Senhor.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

O autor já havia dito que os crentes deveriam ser mestres, mas em vez disso necessitavam que alguém lhes ensinasse de novo os primeiros rudimentos da fé (Hb 5.12 12 Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. ). A vida cristã é dinâmica e exige que o discípulo vá além dos primeiros passos. Mas isso não estava acontecendo com a comunidade com a qual o autor sacro se correspondia. Em vez disso, dava sinais de cansaço, indolência, negligência e imaturidade espiritual, o que poderia trazer como consequência o esfriamento e o fracasso na fé. A graça não é irresistível e nem tampouco incondicional. A apostasia é retratada pelo escritor como algo real e não apenas como um perigo hipotético, por isso, ele mostra que para se evitar decair é necessário perseverança, fé e confiança nas promessas de Deus.


PONTO CENTRAL

Devemos ter uma vida de perseverança e fé em tempos de apostasia.


I. A NECESSIDADE DO CRESCIMENTO ESPIRITUAL

1. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre arrependimento e fé. Longe de dizer que a doutrina do arrependimento e da fé não é mais necessária, o autor quer mostrar que ela é importante sim, mas que constitui o “ABC doutrinário” da fé cristã. A vida cristã começa com o arrependimento e fé (Mc 1.15). De fato, a Bíblia mostra que para que uma pessoa possa ser salva, ela primeiro deve crer (Mc 16.16;
At 16.31
Rm 1.16
Ef 2.8
1Tm 1.16)
e não o contrário. Todavia não deve parar aí. Há um longo caminho a percorrer e os seus leitores, parece, haviam se esquecido desse fato, “estacionando” na jornada.

2. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre batismos e imposição de mãos. O segundo bloco de rudimentos doutrinários (Hb 6.2) mostrado pelo autor é formado pelos ensinamentos sobre batismos e imposição de mãos. O contexto mostra que em Hebreus 6.2 a referência é ao batismo cristão em contraste com outros batismos praticados no judaísmo. Na igreja primitiva o batismo em águas era feito em razão do “arrependimento para remissão de pecados”
(Mc 1.4;
At 10.47,48;
22.16). O batismo não possuía poder salvífico, isto é, não era um sacramento, mas um testemunho público da fé em Cristo. Por outro lado, a doutrina da imposição de mãos é evidenciada em vários lugares na Bíblia, mas era sempre demonstrada como um símbolo exterior da prática da oração
(At 6.6;
13.3;
1Tm 4.14).

3. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre ressurreição e juízo. Fica patente para o leitor do Novo Testamento que a pregação apostólica se fundamentava primeiramente no fato da ressurreição de Jesus
(At 4.33;
At 17.18).
Tanto a doutrina da ressurreição dos mortos como a do juízo vindouro são demonstradas pelo autor como fontes de esperança para os cristãos (Hb 10.36,37;
Hb 12.28,29).
Elas eram elementos indispensáveis para que o cristão mantivesse sua expectativa no porvir. Mas não deveriam parar aí, antes, tinham de avançar.


SÍNTESE DO TÓPICO (I)

Crescer espiritualmente significa ir além dos rudimentos doutrinários do arrependimento e da fé, do batismo, da imposição de mãos, da ressurreição e do juízo.



SUBSÍDIO DIDÁTICO

Prezado(a) professor(a), faça um resumo do capítulo 6 de Hebreus para a classe, antes de introduzir este tópico. Se possível, reproduza o esquema abaixo:









CONHEÇA MAIS


Apostasia
“[Do gr. apostásis, afastamento] Abandono premeditado e consciente da fé cristã. No Antigo Testamento, não foram poucas as apostasias cometidas por Israel. Só em Juízes, há sete desvios ou abjuração da verdadeira fé em Deus. Para os profetas, a apostasia constituía-se num adultério espiritual. Se a congregação hebreia era tida como a esposa de Jeová, deveria guardar-lhe fielmente os preceitos, e jamais curvar-se diante dos ídolos”. Leia mais em Dicionário Teológico, de Claudionor Corrêa de Andrade, CPAD, p.48.














II. A NECESSIDADE DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL

1. Apostasia, uma possibilidade para quem foi iluminado e regenerado. As palavras do autor dão início ao versículo 4 do capitulo 6 de Hebreus com o vocábulo grego adynato, traduzido aqui como “impossível”. É a mais forte advertência em o Novo Testamento sobre o perigo de decair da graça. Os gramáticos observam que o seu sentido aqui é enfatizar o que vem colocado depois da conversão (Hb 6.4). O autor fala de pessoas crentes, porque nenhum descrente foi iluminado nem tampouco experimentou do dom celestial. No capítulo 10 e versículo 32 ele usa a expressão “iluminados” para se referir à conversão dos seus leitores. Além do mais, as palavras “uma vez”
(Hb 6.4)
contrastam com “outra vez”
(Hb 6.6),
mostrando o antes e o depois da conversão. Essas não são expressões usadas para pessoas não regeneradas. A apostasia, o perigo de decair da fé, é colocada pelo escritor de Hebreus como algo factível, um perigo real a ser evitado por quem nasceu de novo.

2. Apostasia, uma possibilidade para quem vivenciou a Palavra e o Espírito. A possibilidade de decair da graça é posta para aqueles que “se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus” (Hb 6.4,5).
O autor sacro já havia dito como uma pessoa se torna participante de alguma coisa.
Os crentes tornam-se participantes da vocação celestial (Hb 3.1);
participantes de Cristo (Hb 3.14) e,
dessa forma, participantes do Espírito Santo (Hb 6.4).
Mais uma vez o texto mostra que a mensagem é dirigida às pessoas regeneradas. Esses crentes haviam se tornado participantes do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Somente os nascidos de novo participam do Espírito Santo
(Jo 14.17)
e
provam da Palavra
(At 8.14; 1Ts 2.13).
Portanto, trata-se de uma advertência para os salvos.

3. Apostasia, uma possibilidade para quem viveu as expectativas do Reino. Esses crentes, aos quais o autor se referia, também experimentaram “as virtudes do século futuro”
(Hb 6.5).
Essa expressão é usada no contexto da cultura neotestamentária como uma referência a era messiânica. Ao receber a Cristo como Salvador, os crentes já participam antecipadamente das bênçãos do Reino de Deus. Vigilância mais uma vez é requerida para os salvos que ingressaram nesse Reino. Quem despreza a graça de Deus, não se torna um “cidadão real” desse Reino.


SÍNTESE DO TÓPICO (II)

Precisamos ter vigilância espiritual porque a apostasia é uma possibilidade para quem foi iluminado e regenerado, para quem vivenciou a Palavra, provou do Espírito e viveu a expectativa do Reino.






SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Alguns intérpretes combinam 5.11-6.20 como uma unidade exortativa. No entanto, há boas razões para dividir a passagem em duas advertências separadas (embora relacionadas). Enquanto 5.11-6.3 enfoca o perigo da lentidão e da regressão espiritual, com uma exortação para avançar em direção à maturidade, a segunda advertência enfoca a terrível possibilidade de uma apostasia irreparável, se tal regressão prosseguir de modo incontrolável (6.4-8). O autor então encoraja e desafia seus leitores a progredirem, prosseguindo em esperança e fé com perseverança (6.9-20).
Hebreus 6.4-6 constitui uma frase longa e complexa em grego, que adverte solenemente sobre a possibilidade de abandono (apostasia) da fé cristã e da impossibilidade desta vir a ser restaurada, uma vez que tal condição tenha ocorrido. [...] Quem são os sujeitos desta impossibilidade?
[...] O estudioso F. F. Bruce observa corretamente que o texto em 6.4-6 foi tanto ‘indevidamente minimizado’ quanto ‘indevidamente exagerado’. Foi indevidamente minimizado por aqueles que argumentam de uma forma ou de outra que as pessoas descritas 6.4,5 nunca foram cristãos completamente regenerados (por exemplo, Grudem, 1995, 132-182), ou que este foi somente um caso hipotético sendo apresentado pelo autor e não algo que pode realmente acontecer na prática (por exemplo, Hewitt, 1960, 110-11). A passagem também foi indevidamente exagerada por aqueles que ensinam que uma vez que uma pessoa tenha se convertido e sido batizada em Cristo, e em seu corpo, e então por um lapso cair novamente em sua antiga vida pecaminosa, não poderá haver um perdão futuro ou uma restauração ao convívio cristão (por exemplo, Tertuliano sobre o pecado pós-batismal). Estas interpretações estão sendo aplicadas à passagem sem uma consideração de seu contexto, e não fazem nenhuma distinção entre ‘desviar-se’ e ‘apostatar’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. RJ: CPAD, 2004, pp.1573-75).








































III. A NECESSIDADE DE CONFIAR NAS PROMESSAS DE DEUS

1. O serviço cristão e a justiça de Deus. O autor sabia que usou um tom exortativo forte deixando claro que não se pode brincar com a fé. Agora ele vê a necessidade de consolar os cristãos depois desse “tratamento de choque”
(Hb 6.9,10).
Aos crentes fiéis no seu serviço é dito que Deus, em sua justiça, os recompensará. É bom saber que mesmo não recebendo o reconhecimento dos homens, teremos o reconhecimento de Deus.

2. A perseverança de Abraão e a fidelidade de Deus. A exortação do escritor de Hebreus toma como parâmetro a pessoa de Abraão. O velho patriarca é o modelo do crente perseverante, que de posse da promessa de Deus, soube esperar com paciência
(Hb 6.12,13).
Por que voltar atrás se temos as promessas de Deus que nos motivam a caminhar à frente
(Hb 6.14,15)?

3. Cristo, sacerdote e precursor do crente. O autor sagrado volta-se para Jesus, o nosso exemplo maior de perseverança, fidelidade e esperança. Nessa jornada, Ele se adiantou e foi a nossa frente, tornando-se o nosso precursor
(Hb 6.20).
O termo “precursor” era usado na cultura antiga em referência a um batedor militar, a alguém que tomava a dianteira para abrir caminho. Jesus entrou na presença de Deus, como nosso sumo sacerdote para nos dar o direito de viver eternamente.






SÍNTESE DO TÓPICO (III)

Podemos confiar nas promessas do Senhor, pois à luz da perseverança de Abraão e da fidelidade de Deus, nos chegamos a Cristo, o sacerdote e precursor do crente.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A promessa que Deus fez a Abraão foi fundamento de todas as promessas da aliança e da atividade redentora de Deus (Gn 12.1-3), que foram repetidas em inúmeras ocasiões e de formas diferentes ao longo da história do Antigo Testamento (por exemplo, Gn 15.1-21; 26.2-4; 28.13-15; Êx 3.6-10). Porém, numa ocasião em particular, após Abraão quase ter sacrificado Isaque em obediência ao teste de Deus, Deus tornou a veracidade de sua promessa enfática por meio de um juramento (Gn 22.16: ‘Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor’). Hebreus 6.13,14 indica que este juramento mais tarde encorajou Abraão a esperar ‘com paciência’, e assim, posteriormente ‘alcançou a promessa’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. RJ: CPAD, 2004, p.1577).








CONCLUSÃO

O capítulo 6 de Hebreus contém uma das mais fortes exortações encontradas em todo o Novo Testamento — a necessidade de perseverança e vigilância para não se decair da fé. O processo da salvação não se dá de forma mecânica e nem compulsória, mas se firma na entrega e aceitação voluntária a uma dádiva divina. A tudo isso temos que responder com amor, cuidado e zelo
(1Co 10.7-13 7. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar.
8. E não nos forniquemos, como alguns deles fizeram; e caíram num dia vinte e três mil.
9. E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes.
10. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor.
11. Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.
12. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.
13. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.).
Essa exortação de forma alguma deve levar-nos ao medo, pavor ou pânico, mas conduzir-nos a confiar inteiramente no Senhor que é poderoso para guardar-nos até o dia final.








PARA REFLETIR

A respeito de Perseverança e Fé em Tempo de Apostasia, responda:

Como se inicia a vida cristã?
A vida cristã começa com arrependimento e fé (Mc 1.15).

O que fica patente para todo leitor do Novo Testamento?
Fica patente para o leitor do Novo Testamento que a pregação apostólica se fundamentava primeiramente no fato da ressurreição de Jesus (At 4.33; 17.18).

Segundo o autor sagrado, Hebreus 6.4 fala a respeito de quem?
O autor fala de pessoas crentes, porque nenhum descrente foi iluminado nem tampouco experimentou do dom celestial.

Segundo Hebreus, quem se torna participante do Espírito Santo e da Palavra de Deus?
Os crentes.

Em que sentido o autor de Hebreus usa o patriarca Abraão como modelo?
O velho patriarca é o modelo do crente perseverante, que de posse da promessa de Deus soube esperar com paciência (Hb 6.12,13).






SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Perseverança e fé em tempo de apostasia

ESBOÇO DA LIÇÃO

1. Introdução
Texto Bíblico: Hebreus 6.1-15

2. I. A Necessidade do Crescimento Espiritual
 1. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre arrependimento e fé.
 2. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre batismos e imposição de mãos.
 3. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre ressurreição e juízo.

3. II. A Necessidade da Vigilância Espiritual
 1. Apostasia, uma possibilidade para quem foi iluminado e regenerado.
 2. Apostasia, uma possibilidade para quem vivenciou a Palavra e o Espírito.
 3. Apostasia, uma possibilidade para quem viveu as expectativas do Reino.

4. III. A Necessidade de confiar nas Promessas de Deus
 1. O serviço cristão e a justiça de Deus.
 2. A perseverança de Abraão e a fidelidade de Deus.
 3. Cristo, Sacerdote e Precursor do crente.

5. Conclusão

A lição desta semana pode ser introduzida por intermédio das seguintes perguntas:
1. É possível o crente regredir espiritualmente?
2. É possível o crente apostatar-se da fé?
3. É possível o crente perder a salvação?

Segundo o teólogo pentecostal J. Wesley Adans, na obra Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, na seção de Hebreus 6.9-20, o autor epistolar encoraja e desafia os primeiros leitores da carta a “progredirem, prosseguindo em esperança e fé com perseverança”. Por que o autor sagrado inicia o capítulo seis assim? Por que o texto de Hebreus seis adverte solene e seriamente sobre a possibilidade de o crente abandonar, isto é, apostatar-se da fé uma vez provada. E com um agravante: além da apostasia da fé cristã, a o perigo da impossibilidade desse crente ser restaurado, uma vez imerso na apostasia.
Sobre o termo “impossível”, conforme consta no versículo 4 do capítulo seis de Hebreus, o teólogo J. Wesley Adans destaca: “a palavra ‘impossível’ (adynatos) ocorre quatro vezes em Hebreus. Em 6.18 ‘é impossível’ que Deus minta; em 10.4 ‘é impossível’ que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados; em 11.6 ‘sem fé é impossível’ agradar-lhe [a Deus]; e aqui (6.4) é ‘impossível’ que os apóstatas sejam restaurados através do arrependimento. Em cada caso a impossibilidade é absolutamente declarada” (p.1574).












Nenhum comentário:

Postar um comentário