O Que é
Idolatria na Bíblia?
Idolatria
é a adoração a ídolos que implica em tudo aquilo que se coloca no lugar da
adoração a Deus. Quando estudamos o que é idolatria,
percebemos que sua pratica é um pecado claramente repreendido e punido por Deus
em toda a Bíblia.
O que significa
idolatria?
A palavra idolatria significa “culto a
ídolos”. Essa palavra é uma transliteração do termo
grego eidololatria, que é formado por duas palavras: eidolon e latreia.
A primeira palavra, eidolon, significa “imagem” ou “corpo”, no sentido de
representação da forma de algo ou alguém, seja imaginário ou real. Essa palavra
deriva do grego eido, que significa “ver”,
“perceber com os olhos”, “conhecer” ou “saber a respeito”, sobretudo
transmitindo a ideia de “olhar para algo” e “saber por ver”.
A segunda palavra é latreia, e significa “serviço sagrado” no sentido de
“prestar culto” ou “adorar”. Quando unimos esses conceitos, podemos
entender o significado da palavra idolatria.
Assim, a idolatria implica no
culto ou adoração a algo ou alguém, tanto material como imaterial, real ou
imaginário, que caracteriza a atribuição de honra a falsos deuses, sobretudo
pela materialização de tais objetos de adoração em produtos fabricados pelo
próprio homem.
O que é um ídolo? É
apenas uma imagem de escultura?
Apesar da imagem de escultura ser a
principal representação das práticas idólatras, a idolatria vai muito além do
que simplesmente adorar imagens. ´
Qualquer coisa pode se tornar um ídolo
para o homem caído no pecado, como por exemplo,
um estilo de vida, um emprego, um carro, uma marca comercial, o dinheiro,
filosofias humanas (como o naturalismo, o humanismo e o racionalismo), práticas
ocultas e espiritualistas, etc.
Assim, devemos entender que um ídolo é tudo aquilo que obtém a lealdade e a honra que
pertencem exclusivamente a Deus (Is 42:8).
Falando especialmente sobre imagem de
escultura, a Bíblia ensina que qualquer imagem é uma simples obra humana, uma
mera imitação formada a partir de matéria sem vida, que não pode ouvir, falar,
enxergar ou se mover (Sl 115; Am 5:26; Os 13:2; Is 2:8), e, portanto, sua
adoração é uma loucura perante Deus.
A adoração a ídolos reflete tamanha
ignorância humana que, em Isaías 41:6, lemos que as pessoas ajudam umas às
outras na fabricação de ídolos em sua rebelião contra Deus, porém tais ídolos
são impotentes diante do Deus Soberano, e não podem livrar tais pessoas do
juízo divino.
No Antigo Testamento, o povo de
Israel, por exemplo, chegou a levantar imagens e eleger símbolos como alvos de
adoração em representação a Deus, mas tal prática não foi aprovada pelo Senhor
(cf. 1Rs 12:26-33; 2Rs 18:4; Am 4:4,5; Os 10:5-8).
O apóstolo Paulo escreveu dizendo que
o ídolo “nada é no mundo”, mas que por traz da adoração ao
ídolos existe uma adoração demoníaca (1Co 8:4; 10:19,20).
O homem como um ser
idólatra
Depois da Queda do homem, a idolatria passou a ser um pecado constante na humanidade decaída.
Desde muito cedo o homem busca por manifestações materiais da presença divina.
Por sua natureza deprava e
corrompida, o homem começou procurar substituir a adoração ao verdadeiro Deus
pela adoração a um deus falso, fabricado para satisfazer sua própria concupiscência pecaminosa.
Assim, ao longo do tempo a humanidade
já adorou uma enorme quantidade e variedade de falsos deuses, como por exemplo:
·
O culto à elementos naturais: pedras,
montanhas, rios, árvores, fontes, etc. Aqui também vale menção à adoração às
forças da natureza, como as tempestades, água, fogo, ar e a própria terra.
·
O culto aos animais: cobras, touros,
águias, bezerros, etc. Às vezes também combinava-se figuras de animais com
formas humanas, o que é conhecido como teriomorfismo.
·
O culto à elementos astrais: sol, lua
e estrelas.
·
O culto a homens do passado:
antepassados que foram heróis locais para um determinado povo.
·
O culto à conceitos abstratos: a
sabedoria, justiça, etc.
·
O culto à pessoas poderosas: reis e
imperadores eram adorados por seus súditos como um tipo de divindade. No
primeiro século, por exemplo, o culto ao imperador romano foi instituído, e tal
prática representou grande perseguição para a Igreja. O livro do Apocalipse revela muito desse fundo histórico.
A idolatria na
Bíblia
Do Antigo ao Novo Testamento vemos como
as pessoas sempre se envolveram com a idolatria. Na história do povo de Israel, vemos que as práticas idólatras
foram adotadas pelos israelitas principalmente por influência de nações
vizinhas, como os egípcios, cananeus e os povos assírio-babilônicos.
De forma geral, essas nações
eram politeístas e adoravam os mais diversos deuses,
enquanto o povo hebreu deveria ser inegociavelmente monoteísta. Vemos esse princípio logo na convocação de Abraão, quando Deus lhe ordenou que saísse do meio da idolatria tipicamente
politeísta que havia em Ur dos Caldeus.
Mais tarde, enquanto o povo hebreu
esteve no Egito, houve um grande interesse pelos ídolos egípcios (Js 24:14; Ez
20:7,8). As próprias pragas enviadas pelo Senhor também representavam juízos
contra os deuses egípcios (Nm 33:4).
A idolatria após
Israel sair do Egito
Os dois primeiros mandamentos proíbem
expressamente a prática da idolatria (Êx 20:1-5;
Dt 5:7,8; Lv 19:4), onde inclusive a confecção de qualquer tipo de imagem de
escultura é explicitamente reprovada pelo Senhor.
Existem vários exemplos de práticas
idólatras entre o povo hebreu que desagradou ao Senhor, como por exemplo, o
bezerro de ouro, um ídolo criado por Arão a pedido do povo como um tipo de
representação de Jeová enquanto Moisés estava na montanha do Sinai (Êx 32).
Obviamente a figura do bezerro estava
fundamentada na ideia de divindade que eles tinham adquirido durante os anos no
Egito, onde touros sagrados eram comumente honrados.
Na verdade, essa passagem expressa
muito bem o real propósito e significado da idolatria,
que consiste em desviar a honra e adoração do verdadeiro Deus a um ídolo
qualquer, atribuindo até mesmo as obras de Deus a esse ídolo.
Perceba que o povo pediu para que
Arão fizesse “um deus que nos conduza” (Êx
32:1), e depois do ídolo já estar pronto, os israelitas começaram prestar-lhe
culto alegando ter sido ele que os tirou da terra do Egito (Êx 32:4,8).
A adoração prestada a esse bezerro de
ouro possuía os elementos de um culto pagão. O povo
se despiu e começou a dançar e cantar diante daquela imagem (Êx 32:6,18,19,25).
O termo saheq, empregado em Êxodo 32:6 e traduzido como
“folgar”, transmite a ideia de atos e gestos sexuais (cf. 1Co 10:7,8).
Em Deuteronômio 17 lemos que a
idolatria era uma ofensa tão abominável que deveria ser punida com a morte do
transgressor. É interessante que o texto inclui não apenas a adoração de
imagens de ídolos, mas também a adoração ao sol, à lua ou “a todo o exército do céu” (Dt 17:3).
A idolatria no
tempo dos juízes
Após a morte de Josué e da geração
que com ele entrou na Terra Prometida, surgiu uma nova geração que não conhecia
o Senhor, e começou a prestar culto a outros deuses (Jz 2:10-13).
Por conta disso, o Senhor permitiu
que invasores castigassem aquele povo, e sempre que os israelitas partiam para
uma batalha, a mão do Senhor era contra eles (Jz 2:14,15).
Foi nesse cenário que Deus levantou os juízes de Israel para libertar o povo das mãos das nações inimigas e chamá-lo ao arrependimento. No
entanto, mesmo assim o povo não ouviu os juízes, e continuaram a se prostituir
com outros deuses (Jz 2:16,17).
A Bíblia diz que sempre que o Senhor
levantava um juiz, Ele estava com aquele juiz e o povo de Israel era liberto
das mãos dos opressores, mas quando o juiz morria novamente o povo voltava à idolatria de uma forma ainda mais perversa (Jz
2:18,19).
Por esse motivo Deus permitiu que as
nações vizinhas não fossem expulsas daquela terra, fazendo delas um instrumento
de juízo contra Israel (Jz 2:20-23).
A idolatria no
tempo dos reis e profetas
No tempo dos reis de Israel houve grande idolatria. Após a morte de Davi e Salomão, o reino de
se dividiu em duas partes, o Reino do Norte (Israel) e o Reino do Sul (Judá).
Ainda nos dias do rei Salomão, a prática da idolatria pôde ser notada em Israel. As
fortes práticas de comércio internacional fizeram com que, pelo contato com
outros povos, a idolatria entrasse no meio do povo.
Até mesmo o próprio rei Salomão, o
homem que recebeu a incumbência de construir o Templo do Senhor, em sua velhice
começou a praticar a adoração mista,
seguindo outros deuses para satisfazer suas esposas estrangeiras (1Rs 11:4).
Já com o reino dividido, as práticas
idólatras foram frequentes entre o povo. Talvez o melhor exemplo que podemos
usar aqui é a idolatria introduzida por Jezabel durante o reinado de seu marido, Acabe.
O rei Acabe reinou sobre o Reino do
Norte, mas as praticas idólatras de sua família contaminaram também o Reino do
Sul, quando sua filha casou-se com o filho do rei Josafá de Judá, e esse casamento trouxe graves consequências que quase extinguiram a
casa de Davi.
No tempo do rei Acabe e Jezabel, a
adoração a outros deuses levou a um massacre dos profetas do Senhor, e até mesmo os altares a Jeová foram destruídos. Tais práticas foram
duramente confrontadas pelo profeta Elias.
No entanto, a idolatria em Israel foi
tão grande que até mesmo as gerações posteriores foram influenciadas por ela.
Podemos notar claramente a repreensão
do Senhor a tais práticas pelo ministério dos profetas, que chamavam o povo ao
arrependimento e anunciavam o juízo iminente, como fez, por exemplo, os
profetas Oseias, Miqueias, Amós, Habacuque, Isaías, Jeremias
e outros.
Finalmente, por conta de toda
desobediência aos mandamentos do Senhor e da idolatria praticada, o povo de
Israel foi entregue nas mãos de outras nações. O Reino do Norte caiu perante a
Assíria, e o Reino do Sul caiu perante o Império Babilônico do rei Nabucodonosor.
Assim, a Bíblia claramente aponta
para o fato de que o cativeiro assírio e o cativeiro babilônico foram consequências da idolatria dos israelitas e de sua
prostituição no paganismo.
Tanto o povo babilônico quanto o povo
assírio cultuavam uma grande variedade de deuses, tendo para praticamente tudo
uma divindade representante, isso porque para eles também não havia nenhum
problema em absorver as divindades das nações que eles próprios subjugavam, e
adicioná-las à suas próprias práticas religiosas.
Durante todo esse período, desde a
época dos juízes até os tempos de exílio, alguns dos deuses cultuados pelo povo
foram: os muitos baalins dos cananeus, Ishtar dos babilônios e assírios, Astarote e Baal
dos sidônios, a deusa cananita Aserá, Quemos dos moabitas, Moloque dos
amonitas, dentre outros.
A idolatria no Novo
Testamento
Se no Antigo Testamento a idolatria é
fortemente censurada e reprovada, o mesmo acontece no Novo Testamento. Com o
avanço da pregação do Evangelho entre as nações gentílicas, os cristãos precisaram discutir questões relacionadas à idolatria (At
15:20; 1Co 8; 10; 1Pe 4:3; Ap 2:14,20).
No capítulo 1 da Carta aos Romanos, Paulo escreveu sobre as vãs filosofias humanas que muda “a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de repteis” (Rm
1:23).
No Novo Testamento, qualquer um que
adora deuses pagãos ou que coloca qualquer outra coisa numa posição mais
elevada do que Senhor, depositando uma confiança que só deve ser demonstrada a
Ele, é chamado de idólatra.
Existem várias exortações para que os
cristãos não se associem com as práticas idólatras e fujam terminante da
idolatria (1Co 10:7,14; 1Jo 5:21).
O Senhor Jesus alertou também para o
perigo da adoração às riquezas, que personifica o dinheiro como um
senhor, mamom, e torna o
homem infiel. Jesus foi claro ao dizer que não se pode servir a Deus e as
riquezas (Mt 6:24; Lc 16:13), e o mesmo também foi ensinado pelo apóstolo Paulo que colocou a avareza e a idolatria em conexão (Cl 3:5; Ef 5:5).
A idolatria é apontada por Paulo como
sendo uma obra da Carne, associada também a outras concupiscências e práticas malignas, como a
bruxaria e a imoralidade sexual de todo tipo (Gl 5:19,20; cf. Rm 16:18; Fp
3:19).
Qual o perigo da
idolatria?
Se no Antigo Testamento podemos ler
sobre as duras punições que o povo de Israel sofreu devido a sua idolatria, no
Novo Testamento lemos exortações claras sobre o grande perigo da idolatria.
De forma bem direta, a Palavra de
Deus nos diz que quem pratica a idolatria não herdará o reino
de Deus (1Co 6:10; Ap 22:15), bem como que a punição para os
idólatras será a condenação no lago de fogo por toda a eternidade (Ap 21:8).
Existe idolatria
nas igrejas?
Infelizmente sim. Um falso evangelho
tem sido pregado e seu principal fundamento é a idolatria. As pessoas estão
procurando amuletos na tentativa de materializar o poder de Deus, e com isso
introduzem misticismos e superstições entre os cristãos.
É fácil encontrar pessoas que se
apegam a rosas, líquidos supostamente consagrados como água e azeite, lugares
que alegam ser sagrados, e uma infinidade de outros produtos desenvolvidos para
abastecer o poderoso mercado gospel, que sustenta verdadeiros artistas e
animadores de palco.
As pessoas idolatram também seus
próprios líderes, que reivindicam sobre si uma espécie de unção especial de
Deus para guiar tais pessoas a uma vida de milagres.
Claro que a Palavra de Deus esclarece
que tais líderes são “doutores” levantados pelos homens conforme suas próprias
concupiscências, pois não suportam a sã doutrina. Tais pessoas estão com os
ouvidos desviados da verdade, e o evangelho que seguem não passa de fábulas
(2Tm 4:3,4).
É comum também encontrar alguém que,
muitas vezes por falta de ensinamento, idolatra coisas legítimas que não
deveriam ser idolatras, como por exemplo, os próprios elementos da Ceia do Senhor.
É possível fugir da
idolatria?
Vivemos em uma sociedade
completamente contaminada por práticas pagãs. As pessoas elegem como deus
qualquer coisa que lhes satisfaça. Diante disso, muita gente se pergunta se é
possível se abster completamente das práticas idólatras, num tempo em que até
mesmo o próprio estilo de vida é cultuado.
A resposta bíblica para esse pergunta
é muito clara. E possível sim não se envolver em práticas
idólatras!
Na Palavra de Deus temos vários
exemplos de homens que não sucumbiram à idolatria. Mesmo em tempos onde a
idolatria predominou sobre o povo, Deus sempre teve um remanescente fiel que
não dobrou os joelhos perante os falsos deuses (1Rs 19:18).
Assim como Abraão ouviu o chamado do
Senhor e entendeu que só há um Deus sobre os céus e a terra, o criador de tudo,
e que somente Ele é o único digno de ser adorado, o profeta Daniel, em plena Babilônia no centro do paganismo, nos mostrou que é possível adorar o verdadeiro Deus sem se corromper (Dn
1; 6).
O mesmo também fez seus amigos Misael, Hananias e Azarias que preferiram a fornalha de fogo a se dobrar perante a estátua
levantada por Nabucodonosor (Dn 1; 3).
Com isso, aprendemos que muitas vezes
se opor e denunciar a idolatria pode nos
custar uma fornalha, uma cova de leões ou um período de isolamento (cf. 1Rs
17), mas o mais importante é sempre podermos viver a verdade presente nas
palavras do salmista: “Eu te louvarei, de todo o meu
coração; na presença dos deuses a Ti cantarei louvores” (Sl
138:1).
O Que é Abominação?
Abominação é uma palavra utilizada para
designar algo repulsivo e repugnante, ou seja, ser abominável significa “ser detestável”, “odioso” ou
“execrável”. Esse termo vem do latim abominatio.
Na
Bíblia, a palavra “abominação” (ou abominável) é utilizada para traduzir pelo
menos doze termos originais hebraicos e gregos, que aparecem aplicados em
diversos contextos diferentes com um significado amplo, porém bastante
centralizado num sentido principal, conforme veremos a seguir.
Significado
de abominação no Antigo Testamento
No
Antigo Testamento, alguns termos hebraicos são traduzidos com a palavra
abominação. De forma geral, tais termos expressam a ideia de aversão e repugnância diante de comportamentos ofensivos,
especialmente com relação a assuntos religiosos.
O
termo hebraico to’ebah é o principal para
designar o sentido de abominação no Antigo Testamento, tanto referente a
praticas religiosas reprováveis, como alimentos impuros, idolatria, casamentos mistos, quanto à imoralidade e a afronta ao sentido ético,
como por exemplo, a impiedade.
Um
exemplo do uso desse termo pode ser visto na repreensão do Senhor através do
ministério do profeta Jeremias, ao dizer que o povo judeu praticava
toda sorte de pecados e imoralidades e depois achava que estava livre de
qualquer juízo, pois em Jerusalém estava edificado o Templo de Deus, e assim
continuavam a praticar tais abominações (Jr 7:7-10).
O
verbo ta’ab, “detestar”, “ser abominável”, que inclusive é a
raiz do termo to’ebah, também é aplicado de uma
forma muito semelhante, apesar de ele possuir um significado mais amplo (Dt
7:26; Sl 107:18).
O
hebraico sheqets aparece sendo utilizado especialmente com
relação alimentos impuros, tanto para o consumo como para o sacrifício (Lv
11:10-42). Outro termo relacionado a este é o hebraico shiqus, que geralmente é empregado com a finalidade
de designar o desprezo à idolatria (Is 66:3; Jr 4:1;
Ez 7:20).
Ambos
os termos derivam do verbo shaqats, que
significa “detestar”, “tornar detestável”, “abominar” ou “considerar vulgar”, e
basicamente se refere à reprovação que deveria haver diante de tudo considerado
eticamente ou religiosamente errado.
Outro
termo hebraico traduzido em algumas versões como abominação é a palavra pigguwl, que é utilizada muito raramente para expressar
a ideia de “coisa estragada e impura”, como por exemplo, a carne dos
sacrifícios deixada por muito tempo conforme Levítico 7:18.
Entendendo
então o significado dos termos originais que são traduzidos geralmente como
abominação ou abominável, podemos perceber o quanto seu uso é extenso, como por
exemplo:
·
O ato
de Acaz sacrificar seu próprio filho foi comparado a “abominação dos gentios“ que também praticavam tal perversidade (2Rs 16:3).
·
Um
sacrifício oferecido a Deus com um espírito impróprio e intenções erradas é
considerado uma abominação (Pv 15:8; Is 1:13).
·
O uso
de magia e adivinhações, os pecados sexuais de toda natureza e uma conduta
ética reprovável, como por exemplo, ter “lábios mentirosos” ou
ser corrupto, também são práticas designadas como abomináveis (Lv 18:22; Dt
18:9-14; Pv 12:22; 20:23).
Significado
de abominação no Novo Testamento
No
Novo Testamento o principal termo grego traduzido como “abominação” ou
“abominável” é o grego bdelugma, que
significa “coisa horrível e detestável”. Esse termo foi aplicado por Jesus
quando reprovou o comportamento hipócrita dos fariseus que buscavam
justiça própria diante dos homens (Lc 16:15) e também em seu sermão
escatológico (Mt 24:15; Mc 13:14).
O
apóstolo João também aplicou esse termo no livro do Apocalipse para se referir ao caráter puro
da Nova Jerusalém, onde não pode entrar ninguém que
pratica coisas abomináveis (Ap 21:27).
Ainda
no livro do Apocalipse, o mesmo apóstolo utilizou o termo grego bdelusso, que significa “odioso”, “detestável” ou
“abominável”, como um dos adjetivos das pessoas ímpias que serão lançados
no lago de fogo e enxofre (Ap 21:8).
O apóstolo Paulo, ao escrever a Tito, utilizou uma palavra
correlata, bdeluktos, que significa
“abominável”, “detestável”, para designar aqueles que confessam conhecer a
Deus, entretanto o negam por suas obras perversas. Estes, o apóstolo chamou
de “abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tt
1:16).
Em
sua primeira epístola, o apóstolo Pedro, falando sobre a morte para o pecado
e a pureza da vida, exortando os cristãos a não mais viverem segundo as concupiscências carnais, utilizou o termo grego athemitos, que significa “ilícito”, “criminoso” ou
“contrário à lei e justiça”, mas que em algumas versões é traduzido como
“abominável”.
Significado
de “abominável da desolação”
Em
seu sermão escatológico, Jesus mencionou a “abominação da desolação” referindo-se uma
terrível profanação que serviria como um sinal. Jesus relacionou esse sinal com
algo profetizado pelo profeta Daniel.
Na
verdade a expressão grega bdelygma tes eremosos,
“abominação que causa desolação”, utilizada nessa passagem, é a mesma utilizada
pela Septuaginta para traduzir o hebraico shiquts shomem, que
significa literalmente algo como “abominação que causa horror”, encontrado em
Daniel 9:27 na chamada “profecia das 70 semanas de Daniel“.
O
profeta Daniel utilizou outras expressões muito semelhantes em seu livro, como
em Daniel 8:13, “transgressão assoladora”, e em
Daniel 11:31, “abominação desoladora”.
O
significado dessa referência feita por Jesus é bastante discutido entre os
estudiosos, existindo diversas interpretações diferentes. A interpretação que
parece ser a mais coerente defende que Jesus fez referência a terrível profanação do Templo promovida pelo rei
Antíoco IV Epifânio em aproximadamente 165 a.C., como uma tipificação da
destruição do Templo pelos romanos que ocorreu posteriormente em 70 d.C., e,
finamente, a um provável apontamento para o Anticristo escatológico que surgirá no período final da presente era (cf. 2Ts
2:3-10; Ap 13).
Como
pudemos ver, a palavra abominação, bem como
o adjetivo abominável, é bastante utilizado nas
Escrituras com um sentido bastante amplo, mas geralmente, no Antigo e no Novo
Testamento, o significado central permanece o mesmo, designando algo, alguém ou
uma prática repugnante.
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