sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

RAIZ DE AMARGURA


“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados”(Hebreus 12:14-15).
queda – grego, “para que nenhum (ou seja, através de preguiça em execução) falhando”, ou “aquém da graça de Deus … incomodar você”. A imagem é tirada de uma companhia de viajantes, um dos quais fica para trás, e assim nunca chega ao fim da longa e laboriosa jornada [Crisóstomo].
raiz de amargura – não apenas uma “raiz amarga”, que possivelmente traria frutos doces; isso, uma raiz cuja essência é “amargura”, nunca poderia. Paulo aqui se refere a Dt 29:18: “Para que não haja entre vós uma raiz que produz fel e absinto” (compare At 8:23). A raiz da amargura compreende cada pessoa (compare Hb 12:16) e todo princípio de doutrina ou prática é tão radicalmente corrupto a ponto de espalhar a corrupção por toda parte. A única segurança é erradicar essa raiz de amargura.
muitos – sim, “os muitos”, isto é, toda a congregação. Enquanto estiver oculto debaixo da terra, não pode ser remediado, mas quando “surge”, deve ser tratado com ousadia. Ainda lembre-se da cautela (Mt 13: 26-30) como erradicar as pessoas. Nenhum perigo desse tipo pode surgir na erradicação de princípios ruins.

Quando deparamos com a frase “raiz de amargura”, uma leitura superficial ou uma interpretação subjetiva pode nos levar a perder o ensinamento rico dessa expressão no seu contexto. Confesso que li esse trecho muitas vezes antes de perceber o seu verdadeiro sentido. Sabendo que a amargura é um mal que deve ser expulso da vida do cristão (Efésios 4:31), eu via nesse versículo de Hebreus mais uma instrução contra essa atitude venenosa. Mas o estudo mais cuidadoso da expressão conforme sua origem e o contexto desse trecho nos leva a outra conclusão e reforça alguns fatos importantes para nosso estudo e para a vida de cada pessoa que procura agradar a Deus.

A expressão “raiz da amargura” foi introduzida na Bíblia séculos antes de aparecer no Novo Testamento. Entre as palavras finais de Moisés encontramos esta admoestação para o povo de Israel: 
“Porque vós sabeis como habitamos na terra do Egito e como passamos pelo meio das nações pelas quais viestes a passar; vistes as suas abominações e os seus ídolos, feitos de madeira e de pedra, bem como vistes a prata e o ouro que havia entre elas; para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga, ninguém que, ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração, para acrescentar à sede a bebedice” (Deuteronômio 29:16-19).

O contexto desse uso original da expressão lhe atribui seu significado importante. O ponto não é de amargura profunda no coração, uma raiz da qual brotam outros pecados, e sim de uma raiz que produz um resultado amargo, o castigo divino previsto nas maldições do capítulo anterior. A amargura vem de Deus, mas é provocada por atos humanos. Moisés avisou especificamente sobre o perigo de se desviar da vontade de Deus, cobiçando os ídolos e os prazeres carnais que os outros povos buscavam. Ele frisou o risco de uma falsa sensação de segurança, alguém achando que poderia seguir práticas pecaminosas e ficar impune. Mesmo participando da aliança especial que Deus fez com Israel, nenhum homem, mulher, família ou tribo tinha uma garantia de permanecer em comunhão com o Senhor.
Esse entendimento esclarece o ponto de Hebreus 12 e se ajusta perfeitamente ao contexto desse trecho do Novo Testamento. Esse livro frisa a superioridade de Jesus Cristo como Mediador de uma nova e superior aliança, o Novo Testamento. Repetidamente, o autor de Hebreus alerta sobre o perigo de se desviar de Jesus e participar de práticas profanas e inúteis.

Com base na linguagem de Deuteronômio e suas semelhanças com o contexto de Hebreus, devemos aproveitar duas lições importantes do aviso sobre a raiz de amargura:
(1) Deixar de servir a Cristo, optando por qualquer outro sistema religioso ou prazer carnal, trará o amargo castigo de Deus;
(2) Acreditar que o fato de ter entrado em comunhão com o Senhor seja garantia da salvação eterna é tolice.

A doutrina da perseverança ou preservação dos santos, um ponto fundamental do Calvinismo que influencia a teologia de muitas denominações evangélicas, é um exemplo desse perigo. Tanto Moisés quanto o autor de Hebreus ensinaram a necessidade de continuar vivendo conforme a vontade do Senhor para manter a comunhão com ele. Quem prega a doutrina de “uma vez salvo, salvo para sempre” distorce as Escrituras e cria a raiz da amargura.
A amargura no coração é má, e deve ser excluída da vida do cristão. Mas o significado da “raiz da amargura” é bem mais amplo e nos adverte sobre a consequência desastrosa de qualquer desvio da vontade do Senhor Jesus.

Vamos seguir a Jesus e perseverar até ao fim!





O Que Significa Raiz de Amargura na Bíblia?

Raiz de amargura é uma expressão que aparece na Epístola aos Hebreus para se referir a um comportamento perigoso e extremamente prejudicial à Igreja. Apesar de ser uma expressão muito comum entre os cristãos, muitos possuem um entendimento completamente equivocado sobre o que é raiz de amargura.

A raiz de amargura na Bíblia
O texto mais conhecidos mais conhecido onde aparece a expressão “raiz de amargura” está registrado em Hebreus 12:6, onde lemos:

Tendo cuidado de que ninguém seja faltoso, e se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.
(Hebreus 12:15)

Nem todos sabem, mas ao escrever essa frase, o escritor do livro de Hebreus estava de citando outro texto presente no Antigo Testamento. Na verdade o autor dessa epístola era um profundo conhecedor do Antigo Testamento, e fez uso exaustivo dele em toda sua carta.
Seus destinatários eram crentes judeus da Diáspora, isto é, que viviam fora da Palestina, e estes também conheciam bem as Escrituras através de sua tradução grega, a Septuaginta. Assim, o texto citado pelo autor, e que obviamente foi compreendido pelos seus leitores, encontra-se no livro de Deuteronômio, onde Deus, através de Moisés, exortou ao povo de Israel que não houvesse entre eles “nenhuma raiz que produza esse veneno amargo” (Dt 29:18).

Para que entre vós não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo, cujo coração hoje se desvie do Senhor nosso Deus, para que vá servir aos deuses destas nações; para que entre vós não haja raiz que dê veneno amargo.
(Deuteronômio 29:18)

Qual o significado da raiz de amargura?
A palavra amargura significa literalmente “sabor amargo”, porém no sentido figurado pode se referir aos sentimentos relacionados à angústia, ou seja, transmitindo a ideia de que a alegria é doce enquanto a tristeza é amarga.
Com base nisso, a interpretação mais popular entre os cristãos diz que a raiz de amargura é um tipo de rancor alimentado por alguém, ou seja, uma mágoa ou sentimento odioso que está no coração e que impede que o ofendido perdoe quem lhe ofendeu.
No entanto, esse não é o verdadeiro significado da raiz de amargura a qual o escritor de Hebreus se referiu. Para entendermos o que realmente é a raiz de amargura na Bíblia, basta olharmos para o texto que foi citado no Antigo Testamento, e analisá-lo à luz do contexto do capítulo 12 de Hebreus.

A raiz de amargura em Deuteronômio 29
Uma leitura simples do capítulo 29 de Deuteronômio nos revela que o povo de Israel estava sendo exortado por Deus, através de Moisés, contra o terrível perigo da Idolatria que afasta as pessoas do verdadeiro Deus.

Moisés então lembrou o povo sobre da adoração aos falsos deuses que havia no Egito, onde ídolos feitos de madeira, de pedra, de prata e de ouro eram cultuados, e como aquela prática era uma abominação diante do Senhor.

Essa advertência era muito propícia, pois o povo de Israel entraria na Terra Prometida, onde os povos que habitam aquela região também praticavam a idolatria tal como os egípcios. Então, os israelitas foram exortados para que não houvesse entre eles ninguém “cujo coração se afaste do Senhor, do nosso Deus, para adorar os deuses daquelas nações” (Dt 29:18).

É nesse contexto que Moisés utilizou a figura da erva daninha, isto é, a raiz amarga e venenosa para ilustrar a idolatria em conexão com a apostasia. Esse alerta era tão sério que o escritor enfatizou que se alguém se afastasse do Senhor e abraçasse a idolatria, achando que estaria em paz e em segurança, na verdade estaria trazendo maldição sobre si mesmo (Dt 29:19).

O que é a raiz amarga?
De acordo com a informação acima, é bem fácil entender porque Moisés recorreu à raiz amarga que produz veneno para ilustrar o que estava falando. Além do gosto horrível e amargo, esse tipo de erva daninha, quando colocada no alimento, poderia matar uma família inteira.
Além disso, as ervas daninhas prejudicavam grandemente as plantações, pois se disseminavam com muita rapidez, e prejudicavam a absorção de nutrientes das demais plantas. Assim, fora o gosto horrível e amargo dessa raiz, ela causava doença, morte e prejuízo nas lavouras.

A raiz de amargura em Hebreus 12
Vimos que o escritor de Hebreus utilizou exatamente esse exemplo dado por Moisés. Quando olhamos para o contexto do capítulo 12, podemos perceber que a raiz de amargura se encaixa perfeitamente com o tema que está sendo discutido.
O escritor da epístola estava exortando os irmãos a não desanimarem, mas apoiarem uns aos outros. Aqui vale dizer que aqueles cristãos estavam sofrendo muito. Por conta de sua fé em Jesus Cristo, eles estavam sendo perseguidos, perdendo seus negócios, tendo seus bens confiscados, sendo presos e alguns até mesmo mortos.
Diante desse cenário, constantemente eles eram pressionados a abandonar a fé e retornar ao judaísmo. Então o autor de Hebreus mostrou a superioridade de Cristo frente ao caráter temporário do judaísmo, e os instruiu dizendo que recuar não é uma opção.
No capítulo anterior (11), ele forneceu vários exemplos de pessoas que sofreram e venceram através da fé verdadeira, e no capítulo 12 ele apresentou Jesus como o “autor e consumador da fé”, aquele suportou a dor maior no Calvário (Hb 12:2-4). Depois disso, ele ensinou como os cristãos devem agir diante da disciplina de Deus (Hb 12:5-11).
Entre os versículos 14 e 17, o autor, como um pastor preocupado com a situação de suas ovelhas, escreveu aos seus leitores sobre como viver uma vida que agrada a Deus. Ele fez isso dizendo o que deve ser feito, isto é, seguir a paz com todos e a santificação (Hb 12:14), bem como o que não se deve fazer, nesse caso, negligenciar o cuidado mútuo uns para com os outros, pois essa falha representa um perigo muito grande, já que pessoas faltosas separam-se da graça de Deus e contaminam, como raízes amargas e venenosas, a comunidade cristã, trazendo consequentemente grande perturbação.
É por isso que ele aconselhou que os cristãos cuidassem uns dos outros, estando atentos para que “ninguém se prive da graça de Deus”. Como o sofrimento é um tema que está sendo tratado nesse capítulo, o escritor está aconselhando os cristãos a estarem alertas sobre como os demais estão lidando com seus problemas e sofrimentos, para que seja possível identificar alguém esteja ficando para trás, sendo faltoso, e, consequentemente, separando-se da graça de Deus.
É possível que as pessoas que o autor estivesse em mente quando escreveu esse texto fossem aquelas que diante das calamidades se revoltavam contra Deus, que se esqueciam de todas as bênçãos que já lhes foram dadas, que rejeitavam a verdade a qual foram instruídas, que negavam a fé que um dia disseram professar, que mostravam não desfrutar da verdadeira paz e, obviamente, falhavam no processo da santificação, e, ainda por cima, na sua loucura e perversidade, acreditavam estar em segurança.
É esse tipo de pessoa que se enquadra na figura da raiz de amargura. Em outras palavras, a raiz de amargura é aquela pessoa que se privou da graça de Deus, ou seja, a amargura produzida por essa raiz não é o ressentimento ou a mágoa, mas é o pecado da incredulidade e do desprezo com as coisas de Deus.
A raiz de amargura expressa o estado de rebelião das pessoas que mesmo com seus corações mergulhados na perversidade se iludem com uma falsa segurança quando buscam refugio longe de Deus.
É por isso que a raiz de amargura é tão perigosa, pois ela causa problemas dentro da comunidade cristã, gerando perturbação e podendo contaminar outras pessoas. Com seu comportamento corrompido, e suas palavras amargas, tais pessoas se esforçar para privar os cristãos da santidade.

A raiz de amargura é um veneno contagiante, que serve de canal para que o pecado se espalhe entre o povo como erva daninha. A raiz de amargura transmite o mau testemunho e o escândalo, e ridiculariza a fidelidade a Deus, assim como fez Esaú, que por um prato de ensopado desprezou sua herança como primogênito e, consequentemente, a bênção de Deus, banalizando as promessas da aliança feitas a Abraão e Isaque. É por isso que o escritor o chamou de profano (Hb 12:16).

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