AS ESCRITURAS COMO REVELAÇÃO
No Cristianismo estão o verdadeiro culto e serviço do verdadeiro Deus,
Criador e Redentor da humanidade. É uma religião que descansa sobre revelação:
ninguém conheceria a verdade a respeito de Deus, nem seria capaz de
relacionar-se com ele de um modo pessoal, se Deus não tivesse primeiro agido
para fazer-se conhecido. Porém Deus fez-se conhecido, e os sessenta e seis livros da Bíblia – trinta e nove escritos antes da vinda de
Cristo e vinte e sete depois de Cristo – são, juntos, o registro, a
interpretação e a expressão de sua auto-revelação. Deus e santidade são os
temas que dão unidade à Bíblia.
De certo ponto
de vista, as Escrituras são o fiel testemunho que os piedosos deram a
respeito do Deus que eles amavam e a quem serviam; de outro ponto de vista –
pelo fato de terem sido redigidas por meio de um exercício singular de
supervisão divina, chamada de “inspiração” – eles constituem o testemunho e o
ensino do próprio Deus, em linguagem humana. A Igreja ja dá a esses escritos o
nome de “Palavra de Deus”, porque a autoria e conteúdo deles são de origem
divina.
A certeza decisiva de que as Escrituras procedem
de Deus e de que todas elas consistem inteiramente de sua sabedoria e verdade
nos vem de Jesus Cristo e seus
apóstolos, que ensinaram em seu nome. Jesus, Deus encarnado, considerou sua
Bíblia (o nosso Antigo Testamento) como instrução escrita de seu Pai Celestial,
que ele, não menos do que outros, precisava obedecer (Mt 4.4,7,10; 5.17-20;
19.4-6; 26.31,52-54; Lc 4.16-21; 16.17; 18.31-33; 22.37; 24.25-27,45-47; Jo
10.35) e que ele veio cumprir (Mt 26.24 e Jo 5.46). Paulo descreveu o Antigo
Testamento como totalmente inspirado ou “soprado por Deus” – produto do
Espírito de Deus, como também o é toda a criação (Sl 33.6; Gn 1.2) – e escrito
para nossa instrução (Rm 15.4; 1 Co 10.11; 2Tm 3.15-17). Em sua segunda carta,
1.21, e em sua primeira carta, 1.10-12, Pedro afirma a origem divina do ensino
bíblico. O mesmo faz o autor da Carta aos Hebreus, por sua maneira de citar as
Escrituras (Hb 1.5-13; 3.7; 4.3; 10.5-7, 15-17; cf. At 4.4.25; 28.25-27).
Visto que o ensino dos apóstolos a respeito de
Cristo é, em si mesmo, verdade revelada em palavras ensinadas por Deus (1 Co
2.12-13), a Igreja considera que o Novo Testamento
– registro do testemunho apostólico – completa as Escrituras. Durante o próprio
período do Novo Testamento, Pedro se refere às cartas de Paulo como Escrituras
(2 Pe 3.15-16), e Paulo, aparentemene, chama o Evangelho de Lucas de Escrituras
(1 Tm 5.18; cf. Lc 10.7).
A idéia de orientações
escritas vindas do próprio Deus como base para a vida piedosa
remonta à inscrição dos Dez Mandamentos sobre tábuas de pedra e à ordem dada a
Moisés a que escrevesse as leis de Deus e a história do que
Deus fez com o seu povo (Êx 32.15-16; 34.1,27-28; Nm 33.2; Dt
31.9). Assimilar essas leis e viver por elas foi sempre central à verdadeira
devoção tanto para os líderes de Israel como para o povo (Js 1.7-8; 2 Rs 17.13;
22.8-13; 1 Cr 22.12-13; Ne 8; Sl 119), e o princípio de que tudo deve ser
governado pelas Escrituras passou para o Cristianismo.
Aquilo que a Escritura diz Deus diz; pois, de um
modo só comparável ao mistério mais profundo da Encarnação, a Bíblia é tanto
plenamente humana como plenamente divina. Assim, todo o seu múltiplo conteúdo –
histórias, profecias, poemas, cânticos, escritos de sabedoria, sermões,
estatísticas, cartas e tudo o mais – deve ser recebido como procedente de Deus,
e tudo aquilo que os escritos bíblicos ensinam deve ser reverenciado como
instruções autorizadas da parte de Deus. Os cristãos devem ser gratos a Deus
pelo dom de sua Palavra escrita e conscienciosos ao basearem sua fé e sua vida
inteira e exclusivamente nela.
Bibliografia: Bíblia de Genebra
“Anunciando o Evangelho de Cristo”
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