quarta-feira, 10 de junho de 2015

Relação entre a Revelação e as Escrituras

Relação entre a Revelação e as Escrituras

Nosso conhecimento da revelação, tanto da geral quanto da especial, vem a nós através das Escrituras.

E importante entender a relação entre a revelação e a Escritura. Por um lado, há uma diferença importante entre elas. A revelação, por exemplo, precedeu o seu registro em alguns casos por um longo tempo. Dessa forma, embora certamente houvesse revelação antes de Moisés, ainda não havia Escritura. Além disso, a revelação continha muito mais do que foi posteriormente registrado. Os livros dos profetas, como por exemplo, o do profeta Amos, são geralmente um resumo do que ele falou pessoalmente aos seus contemporâneos. Alguns profetas do Velho Testamento e alguns profetas do Novo Testamento — e eles eram canais da revelação especial — não deixaram registros escritos. E nos somos ate mesmo informados de que Jesus realizou muitos outros sinais, tão numerosos que se cada um deles fosse escrito o mundo não poderia conter os livros (Jo 20.30; 21.25). E por outro lado Deus pode ter revelado algo aos Seus profetas e apóstolos que eles não sabiam até o momento em que começaram a escrever, e portanto, algo sobre o que eles ainda não tinham pregado. Isso é verdade, pelo menos em parte, sobre a revelação que João teve em Patmos com relação ao futuro.

Portanto, a Escritura não é a revelação em si, mas a descrição, o registro que pode ser conhecido da revelação. Todavia, quando se diz que a Escritura é o registro da revelação, nos devemos evitar cair em outro erro.

Inspiração, revelação e iluminação

Inspiração, revelação e iluminação - Estes três conceitos caminham bem juntos, mantendo uma estreita ligação entre si, e são necessários para uma melhor compreensão do ensino das Escrituras. A declaração de W. C. Taylor, missionário batista pioneiro no Brasil, irá nos ajudar a entender a relação destes conceitos entre si e o sentido de cada um:
"Três doutrinas vão sempre juntas, na inteligente apreciação do valor da Escritura: revelação, inspiração e iluminação. Para o autor (do texto bíblico) veio a Revelação; para a Escritura que ele transmite, veio a Inspiração; para o leitor, que busca saber por meio dela a verdade e a vontade de Deus, virá, nas condições de espiritualidade, a Iluminação. Os profetas e os apóstolos foram Movidos. Suas Escrituras foram Inspiradas. Nós somos Iluminados".
O Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, em sua apostila Teologia Sistemática I, define:
Inspiração - O termo vem do latim inspiro, que significa "soprar para dentro". "Inspiração" significa que Deus soprou para dentro do autor bíblico a Sua verdade. O conteúdo das Escrituras não é uma especulação ou uma descoberta humana após uma longa e cansativa pesquisa filosófica. Mas seja qual for o método que o autor usou, ou o que Deus usou com o autor, isto é inspiração. Foi Deus quem colocou na mente e no coração do escritor bíblico a capacidade de apreender e de registrar Sua Palavra. Assim dizemos que a Bíblia nasceu no coração e na mente de Deus. E Ele soprou Suas idéias para o homem. Isto é inspiração.
Na realidade, o que é inspirado não é o escritor humano, mas sim o texto bíblico; "Toda Escritura é inspirada". O termo "inspirada" (theopneustos), de 2 Tm 3.16, expressa mais do que qualquer outra coisa, que o "produto final" de todo o processo - a Escritura, é o que possui a qualidade de ser Palavra de Deus e, portanto, autoridade divina. Os escritores humanos foram "conduzidos" (pheromenoi) pelo Espírito Santo para registrarem o texto "soprado por Deus", o qual possui a autoridade de Palavra de Deus e cuja prerrogativa é ser obedecido (2 Pe 1.21, cf. 1.19).
Revelação - O termo significa "tirar o véu" e mostrar algo que estava encoberto. Neste sentido, "revelação" é o conteúdo registrado pela inspiração. A relação entre os dois termos pode ser definida assim: a inspiração é o automóvel e a revelação é o passageiro. Quando dizemos que "Deus se revelou" estamos dizendo que Ele tirou o véu que O encobria diante dos homens e Se deu a conhecer à humanidade. O propósito da Bíblia é trazer a auto-revelação de Deus aos homens. Ele não revelou o futuro ao homem, nem fatos e questões pessoais. O propósito da Bíblia é falar de Deus. Ele revelou-Se a Si mesmo. Já sabemos que Jesus é o clímax da revelação de Deus: "Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer" (Jo 1.18). Jesus é a maior revelação de Deus e a finalidade da revelação é tornar Deus conhecido dos homens.
"Revelação e inspiração estão estreitamente ligadas, mas distinguem-se em aspectos da verdade bíblica. Nas Escrituras, a inspiração e a revelação, se combinam para assegurar que a Bíblia é a Palavra de Deus, revelando com exatidão fatos sobre o Senhor. A revelação foi o ato da divina comunicação aos escritores da Escritura. Inspiração foi a obra de Deus em guiar e dirigir os escritores da Bíblia para que eles escrevessem a verdade absoluta, mesmo quando ela estivesse além do seu entendimento. A inspiração foi limitada à Bíblia em si, e é mais adequado dizer que as Escrituras foram inspiradas do que dizer que os escritores foram inspirados" (Lewis Chafer).
Iluminação - Esta palavra significa "fazer a luz brilhar". Não somos inspirados simplesmente porque não recebemos a revelação, mas somos iluminados para conhecê-la: "sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança da vossa vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos" (Ef 1.18). A iluminação é para que os crentes descubram as grandes verdades reveladas por Deus na Sua Palavra e a aplicação para as suas vidas. É através da iluminação que o Espírito Santo concede aos cristãos a capacidade intelectual de compreenderem o que foi inspirado e revelado nas Escrituras. É impossível entendermos a situação de pecado sem intervenção do Espírito Santo, que produz luz em nossa consciência. A Iluminação acontece porque o homem natural não pode discerni-la (1 Co 2.14); a obra de Cristo na cruz faz sentido (1 Co 1.18); e o Espírito Santo ensina (Jo 14.26).


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