quarta-feira, 10 de junho de 2015

CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA A COMPREENSÃO DAS ESCRITURAS

CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA A COMPREENSÃO DAS ESCRITURAS
   Antes de mais nada, quero explicar alguns pontos básicos que são fundamentais para a compreensão das Escrituras, e que espero possam aclarar um pouco a confusão que existe a hora de ler e interpretar.
   A Bíblia não é um livro, mas um conjunto de livros, e se bem a mesma foi escrita por muitos autores humanos, o único autor verdadeiro por trás da trama é Deus. Isso fica comprovado porque, justamente apesar de tantos autores diferentes em tantos aspectos através de tantos séculos, a Bíblia não contém contradições e toda ela é uma maravilhosa peça de encaixes, obra de Mestre.
   Digo isto muito a despeito dos descrentes que possam reclamar de suas supostas contradições e erros. Para eles, minha resposta: em primeiro lugar, leiam a Bíblia de capa a capa pelo menos duas vezes com um entendimento literal e histórico, e depois disso mais uma vez com a ajuda do Espírito Santo. Se depois dessas três leituras não começam vislumbrar a perfeição na arquitetura da Bíblia, lamento informá-los que muito provavelmente nunca chegarão a entendê-la... e conseguintemente, nunca serão salvos.
   Pela sua própria estrutura, a Bíblia não é um livro de fácil leitura, ou pelo menos isso afirmam as pessoas como desculpa para não lê-la. Em grande medida estão certas. A maioria dos que decidem ler a Bíblia começam com grande vontade no Gênesis, mas quando chegam a Números e Levítico abandonam, desalentados pelas longas listas de nomes e de ordenanças. Poucos são os corajosos que avançam até o fim, ao Apocalipse. E muitos menos ainda são os que obtêm verdadeiros conhecimentos.
   Como nossa sociedade NÃO FOMENTA O AMOR PELA LEITURA E MUITO MENOS A COMPREENSÃO DOS TEXTOS, o 99% dos cristãos desistem de ler a Bíblia por si mesmos, delegando o análise e estudo das Escrituras aos líderes das congregações, e esperando que eles lhes entreguem suas próprias conclusões pré-mastigadas e pré-digeridas na boca, como a bebês. Essas pessoas serão as que, no dia do seu juízo, se desculparão tentando colocar a culpa sobre seus líderes, acusando-os de serem eles os que lhes ensinaram as coisas erradas. Todavia, e mesmo que estes carreguem com essa culpa, estes cristãos-bebês serão tidos como culpados por si mesmos, porque Deus dá entendimento a quem assim o pede [1]. Ninguém será desculpado por não ter procurado pela Verdade por si mesmo.

DIFERENÇAS ENTRE ALMA, CORPO E ESPÍRITO
   Sendo que o homem foi feito a imagem e semelhança de Deus, ele também consta de três partes separadas e ao mesmo tempo unificadas: corpo, alma e espírito, segundo as próprias Escrituras o testificam: ...e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Ts 5.3).
   Muitos alegam que alma e espírito são a mesma coisa, pois na própria Bíblia muitas vezes estas palavras são utilizadas para um mesmo aparente fim. Todavia, uma leitura cuidadosa dos versículos que se referem à palavra "alma" (demasiados para ser aqui citados, remito aos interessados a uma busca bíblica, hoje muito facilitada pelos programas de computador) demonstrará que ela é sempre utilizada como sinônimo de "vida do corpo" ou até mesmo de "coração" (no sentido tanto dos sentimentos como do órgão que centraliza a função corporal da vida humana). A palavra alma vem do grego psique, de onde surgem palavras como psicanálise e outras referidas àquela parte humana invisível e interna.
   E uma leitura cuidadosa dos versículos onde se utiliza a palavra "espírito" (com minúscula) demonstrará que a mesma é sempre utilizada se referindo a distintos tipos de espírito (como exemplos, o espírito de ciúmes, o espírito de sabedoria, o espírito de aflição, entre muitos outros), mas nunca no sentido da própria vida orgânica. A palavra espírito vem do grego pneuma, que significa "sopro, fôlego".
   A alma, portanto, se refere a vida mesma (como fonte de energia), a mente humana propriamente dita (pensamentos) e as qualidades inerentemente humanas (sentimentos), enquanto que o espírito refere-se àquilo que torna o homem diferente dos animais: a mente espiritual e os sentimentos ligados ao Espírito, a Vida com maiúscula. Para clarificar mais ainda, diremos que a TODO ser vivo tem alma, enquanto que somente os homens podem ter espírito: "Na sua mão está a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda a carne humana" (Jó 12.10), e também "Assim diz Deus, o SENHOR... que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela" (Is 42.5).

   Depois da criação, Deus deu uma única ordem a Adão e Eva: "Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17). A serpente, no entanto, discutiu essa ordem: "Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis" (Gn 3.4). E depois de terem comido do fruto proibido, nem Eva nem Adão caíram mortos, como teria sido de esperar.
   É bem sabido que isto é assim porque essa morte se refere à morte do espírito, e não a morte da alma e do corpo, a morte física. Ora, se depois de pecar o espírito que há no homem morre, mas seu corpo continua vivendo, isto significa que a vida da alma é a vida orgânica, enquanto o espírito corresponde àquela parte que faz do homem um ser superior, que o liga com Deus, a parte que hoje toda a humanidade não nascida de novo tem morta.
   Resumindo:

Corpo
Parte física e visível do ser humano, a "casca" exterior, a qual vive enquanto a alma permanece nela, dando funcionamento aos órgãos internos e gerando as necessidades básicas da vida humana (respiração, alimentação, evacuação, reprodução, etc.)
Alma (psique)
Parte incorpórea e invisível do ser humano, a força vital interior, a mente racional (não abstrata) e os sentimentos humanos.
Quando a alma morre, o corpo morre com ela.
Espírito (pneuma)
Parte incorpórea e invisível do ser humano, a mente abstrata, os sentimentos ligados à divindade.
Quando o espírito morre, a alma e o corpo podem continuar vivendo, mas separados de Deus.

   O humanismo se baseia na satisfação das necessidades corporais e no enaltecimento das qualidades da alma, enquanto ignora completamente todo tipo de atividade espiritual. Isto tem gerado o comportamento de nossa sociedade atual (através da evolução da humanidade durante séculos, é claro), a qual é basicamente niilista [2]: "Paulo pinta um pavoroso retrato da sociedade dos tempos do fim em 2 Timóteo 3:1-5. Ele diz que ela será caracterizada por três amores: o amor a si mesmo (Humanismo), o amor ao dinheiro (Materialismo) e o amor aos prazeres (Hedonismo). Ele então aponta que o pagamento por esse estilo de vida carnal será o que os filósofos chamam niilismo, isto é, a sociedade se atolando em desespero. A mente dos homens se tornará depravada (Romanos 1:28), e as pessoas chamarão ao mal de bem e ao bem de mal (Isaías 5:20)" [3].
   Não estranha, portanto, que a maioria das pessoas diga que a Bíblia é um livro cheio de erros ou difícil de entender, pois a mesma se compreende por meio da mente espiritual e não da mente carnal ou mente da alma. Todavia, que podemos fazer os seres humanos se já nascemos com a nossa parte espiritual virtualmente morta por causa do pecado herdado? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! [4]

FORMAS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
   Agora, vejamos algumas coisas acerca da interpretação das Escrituras.
Assim como acabamos de ver a divisão do homem em três partes, também existem três formas diferentes de interpretação, baseadas nessa mesma divisão e com diferentes níveis de compreensão:
1)      Interpretação histórica e cronológica, de leitura lineal e aplicação física ou corporal, no sentido de que se refere aos acontecimentos na história do povo de Deus, praticamente em ordem cronológica, desde a criação até os futuros dias do Juízo Final (leitura lineal desde Gênesis até Apocalipse). Podemos dizer que esta interpretação é a mais básica, a nível corporal, porque é apreendida com o entendimento humano e se refere aos fatos propriamente ditos.
2)      Interpretação individual, de leitura alegórica e aplicação no nível do crescimento pessoal interno de cada pessoa, no sentido em que o que os acontecimentos são interpretados simbolicamente como se referindo às ocorrências dentro da alma humana, a respeito do seu desenvolvimento. A leitura não precisa ser lineal (pois se bem o crescimento se desenvolve numa forma normalmente lineal, sempre pode-se voltar atrás sobre tópicos que não foram aprendidos em seu momento, ou para aprofundar em algumas coisas de difícil compreensão ou complexidade). Podemos dizer que este tipo de leitura se aplica à alma e seu crescimento. É aquele tipo de leitura que busca "lições pessoais" para aplicar à vida cotidiana.
3)      Interpretação espiritual, de leitura também alegórica, mas de aplicação no nível do espírito humano. Esta é a leitura mais difícil da Bíblia, por ser a mais "escondida" aos olhos humanos, sendo que pelo pecado temos os olhos e ouvidos do coração fechados a semelhante entendimento. Só podem aceder a ela as almas nascidas de novo, aquelas que ressurgem da morte causada pelo pecado, e a mesma é indispensável para o verdadeiro crescimento da alma, e não à inversa, como sustenta o humanismo (que requer o crescimento da alma para alcançar o crescimento espiritual). É o tipo de leitura menos praticado, mais desconhecido e mais desvirtuado pelos falsos profetas.
   Queria que vocês pudessem ver as coisas como meu Pai as vê. Tudo neste plano corporal e material é sombra para nosso aprendizado, o que importa em verdade é o plano espiritual, que é mais real que o material. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar [5]. Deus é espírito, mais é muito mais real do que nós (que em verdade existimos pela Sua graça). Todavia, os homens insistem em interpretar o mundo físico e o abstrato com suas mentes finitas... mas isso não passa de sabedoria de homens, uma sabedoria que não cresce com o passar do tempo porque não é verdadeira sabedoria, mas só um acúmulo de conhecimentos. É como uma pessoa que conheça todas as letras do alfabeto de cor, mas que nem por isso saiba ler e escrever.


INTERPRETAÇÃO DE PROFECIAS 
   Os eruditos determinam duas formas de interpretação profética, a alegórica e a literal, mas eu afirmo que eles não conhecem meu Pai. Precisam entender, quando falamos de profecias não interessa tanto o método de interpretação (pois ambos os métodos têm a sua validade, quando aplicados corretamente e sob a guia constante do Espírito Santo), senão a forma de cumprimento das profecias.
   Ora, existe uma dura briga entre os defensores de cada método de interpretação. Posso compreender e validar até certo ponto as defesas que fazem de seus respectivos métodos: os defensores do método alegórico acusam os literais de serem excessivamente "realistas", não dando margem para interpretações simbólicas como, por exemplo, já que o Egito representa o mundo (como a própria Bíblia aclara), podemos também alegorizar o cruzamento do rio Jordão como o novo nascimento, a conquista de Canaã como a luta do cristão contra os poderes demoníacos do pecado em sua vida, etc. Por sua parte, os defensores da interpretação literal acusam os alegóricos de serem excessivamente espiritualizantes, assumindo atitudes além do espiritual, muito mais próximas da fantasia.
   É verdade que dentro dos primeiros podemos encontrar correntes excessivamente limitadoras do poder de Deus, no sentido que só Lhe permitem uma aplicação concreta, realista, visível e comprovável dos fatos, numa atitude absolutamente "tomeana" (do tipo "ver para crer"), descartando qualquer coisa que implique uma segunda intenção, enquanto dentro dos segundos podemos encontrar algumas correntes que chegam a conclusões que não são absolutamente bíblicas.
   Aos primeiros digo: não limitem o poder de meu Pai. E aos segundos aclaro: não inventem coisas em Seu nome, aprendam a distinguir os espíritos como nos pede João.
   As profecias têm:
1)            Cumprimento parcial. As profecias têm um cumprimento parcial em algum momento da história, pois são somente sombras para que saibamos reconhecer os fatos na sua manifestação cabal, quando esses tenham o seu cumprimento total. São como exemplos que nos são dados, mas elas nunca cumprem com todos os requisitos, para que a gente saiba que essa profecia ainda vai se cumprir no futuro.
2)            Cumprimento total. É quando a profecia cumpre com todos os detalhes da mesma, e ninguém pode ter dúvida alguma que a mesma está cumprida. Por sobre todas as coisas, as profecias cumpridas encaixam no Plano de Deus, no plano espiritual, não no físico.
   Nem todas as profecias tiveram um cumprimento parcial antes de ter o seu total. Jesus cumpriu muitas profecias de forma total e absoluta que nunca antes tiveram seu cumprimento parcial, mas isso foi sempre no caso das profecias messiânicas. Já nas profecias escatológicas, todas elas têm um cumprimento parcial para nosso aprendizado, e um cumprimento total (muitas já tiveram, outras ainda estamos esperando). Isso porque não existe ninguém que possa representar, sequer por sombra, a Nosso Senhor, mas muitos homens podem representar as forças do mal que agirão nos tempos apocalípticos (o Anticristo, a Prostituta ou o Falso Profeta, entre outros). 

[1] Mateus 24.35, Marcos 13.31, Lucas 21.33
[2] Niilismo é um conceito filosófico que implica a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao "porquê". Os valores tradicionais depreciam-se e os "princípios e critérios absolutos dissolvem-se". (fonte: Wikipédia).
[3] Uma Visão Geral dos Sinais dos Tempos, Dr. David R. Reagan (Fonte: http://olharprofetico.com.br)
[4] Tendo em conta estas definições, recomendo a leitura completa do capítulo 7 de Romanos com novo entendimento.
[5] Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. (Tg 1.5)
O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. (Os 4.6)

Autora: ANUNCIADORA DE SIÃO









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