CARTA AOS HEBREUS
Cristo, o resplendor da glória de Deus CAP 1
Cristo, o resplendor da glória de Deus CAP 1
A Epístola aos Hebreus compara Jesus Cristo com o Antigo Pacto,
e o apresenta como o cumprimento de todas as promessas messiânicas.
Tal comparação visa demonstrar a superioridade de Cristo sobre tudo quanto o
Antigo Testamento tem a oferecer. O tema que percorre a carta do princípio ao
fim é: “Jesus Cristo é superior a ...”. Ele é superior aos anjos, aos profetas,
ao sacerdócio levítico e etc. É descrito como o Criador de todas as coisas,
resplendor da glória e imagem de Deus; aquele que tudo sustém com o seu poder,
que nos purificou de todo o pecado e está assentado à destra de Deus.
A epístola aos Hebreus contém alguns enigmas. Não esclarece quem
foi seu autor; a quem foi realmente destinada, nem a data em que foi escrita.
No primeiro século, os chamados pais da Igreja não esclareceram tais detalhes.
Clemente de Alexandria e Orígenes entenderam que Paulo escrevera Hebreus. No
Século II, Tertuliano discordava da autoria paulina, e cria que Barnabé era o
autor da epístola. Agostinho, de início, julgou que fosse Paulo mas, depois,
afirmou que ela era anônima. Martinho Lutero sugeriu que a carta poderia ter
sido escrita por Apolo (At 18.24). Quanto à data, os estudiosos situam-na entre
68 a 70 d.C. Com relação aos destinatários da carta, Hebreus deve ter sido
inicialmente dirigida a judeus helenistas convertidos ao Cristianismo. O
propósito deste comentário não é discutir tais pormenores, pois a resposta só
teremos no céu, quando nos encontrarmos com o escritor. É fundamental que
nestas lições sobre a Epístola aos Hebreus, vejamos a pessoa de Jesus Cristo
como o resplendor da glória de Deus, o Salvador perfeito.
DEUS FALOU DE MODO DEFINITIVO
A antiga revelação. No versículo primeiro, o escritor
assevera que, “antigamente”, Deus falou “muitas vezes, e de muitas maneiras aos
pais, pelos profetas”. Moisés foi um profeta especial. No Salmo 103.7, lemos:
“Fez notórios seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel”. Na
galeria dos profetas, destacam-se Isaías, que recebeu a revelação do
nascimento, vida, ministério, morte e ressurreição do Messias; Jeremias,
Ezequiel, Daniel, Joel, Malaquias, e outros, foram instrumentos da revelação,
não só para Israel, mas para a Igreja e para o mundo. (Ver 1 Pe 1.12.)
Deus falou de muitas maneiras (v.1b). Nas páginas do Antigo
Testamento, vemos que Deus não falou de modo uniforme pelos profetas. A uns,
como a Moisés, Ele falou direto, “cara a cara”; a outros, como Daniel, falou
por sonhos; a Jonas, em voz audível, e por meio do vento, do mar e do peixe.
Por esses meios, Deus se revelou de modo progressivo, nas diversas
dispensações, até que chegasse “...a posteridade, a quem a promessa tinha sido
feita” (Gl 3.19), e a posteridade era Cristo.
A última e definitiva revelação. Deus, “a nós
falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (v.1b). Essa afirmação é fundamental
para a fé cristã. Primeiro, porque Deus falou. Segundo, porque nos falou “pelo
Filho”. A revelação pelos profetas foi divina e progressiva. Eles, com
convicção, diziam: “Assim diz o Senhor” (Êx 5.1; Is 7.7; Jr 2.5; Ez 3.11). A
revelação pelo Filho, Jesus, é divina e superior, visto ser conclusiva e
definitiva. Em Hebreus, vemos a melhor e mais perfeita comunicação do Altíssimo.
Ele, nestes “últimos dias”, falou pelo seu próprio Filho, de modo completo,
direto e definitivo (cf. Lc 21.33; Mc 13.31). Os ímpios não entenderam esta
revelação: os espíritas dizem que o espiritismo é a “terceira revelação”,
depois de Moisés e Cristo. Os adeptos da “Nova Era” dizem que virá a “Era de
Aquários”, para substituir o Cristianismo. Com esse engodo, o Diabo engana os
incrédulos, a fim de que sejam lançados no inferno (cf. Sl 9.17). Jesus é a
última e definitiva revelação de Deus aos homens. Ele falou e está falado!
“Cale-se diante dele toda a terra” (Hc 2.20). Nós cristãos, precisamos estar
seguros, fundamentados na Palavra de Deus, para refutar toda e qualquer
doutrina falsa, que apresente qualquer outra revelação divina.
O PERFIL MAJESTOSO DE CRISTO
Herdeiro de tudo e criador do mundo. No v.2, lemos que
Deus constituiu Jesus como “herdeiro de tudo e criador do mundo”.
a) Todas as coisas foram feitas por Jesus. No evangelho segundo
João (1.1), temos uma declaração profunda da divindade de Cristo, quando lemos:
“Todas as coisas foram feitas por ele, e nada do que foi feito sem ele se fez”.
Ele foi o agente de Deus na Criação, fazendo vir à luz as coisas criadas pelo
poder do Espírito Santo.
b) Todas as coisas foram feitas para Ele. Jesus teve do Pai a
outorga para criar todas as coisas, e também para ser o herdeiro de todas as
coisas criadas. Paulo, escrevendo aos Colossenses, diz: “Tudo foi criado por
Ele e para Ele” (Cl 1.16). O Diabo usurpou parte da criação, mas, na sua vinda,
Jesus tomará posse de tudo o que lhe pertence por direito de criação, de
autoria e por direito de herança.
Cristo, o resplendor da glória de Deus (v.3). Esta é uma revelação
da maior transcendência. No Antigo Testamento, Deus manifestou a sua glória, em
certas ocasiões, de modo terrível e aterrador. Em alguns momentos, a glória de
Deus se manifestou sobre o povo de Israel, deixando-o atordoado. Ezequiel viu a
glória de Deus junto ao rio Quebar de modo estranho e terrível. E concluiu,
dizendo: “Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso,
caí sobre o meu rosto e ouvi a voz de quem falava” (Ez 1.1-28). Tudo isso que o
profeta viu foi apenas a “semelhança da glória do Senhor”. Mas em Cristo, Deus
revelou “o esplendor da sua glória”.
Cristo, “a expressa imagem” de Deus (v.3). Essa revelação, no
texto, amplia a visão de Cristo, dada ao escritor. Mostra que Ele não é só o
resplendor da glória de Deus, mas tem a mesma natureza, o mesmo caráter. O
termo, no grego, para “expressa imagem” ou “a expressa imagem de seu ser”
é charakter,
que dá idéia de um carimbo, uma gravação, de gravura indelével. Sendo o Filho
do Homem quanto à sua condição humana, Cristo apresentou-se ao mesmo tempo com
a natureza do Pai, divina. Ele disse: “eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).
Cristo sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (v.3). Jesus é o agente da
criação de Deus. Sua palavra criadora teve efeito não apenas imediato, mas
transformou-se em lei, executada no momento em que, como Deus, Ele disse: “Haja
luz”; “haja uma expansão...”; “façamos o homem...” (Gn 1.1-26). O poder da
palavra de Deus foi tão grande, que sua eficácia continua por todos os séculos.
O salmista diz: “tu coroas o ano da tua bondade, e as tuas veredas destilam
gordura” (Sl 65.11). No Gênesis, lemos: “Enquanto a terra durar, sementeira e
sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” (Gn 8.22).
Devemos agradecer a Deus por todos os dias que despertamos, pois, vendo a luz
do sol, sentindo o ar que respiramos, vendo as pessoas à nossa volta, cada
animal que nasce, e cada ser humano que vem à luz, constatamos que isso é obra
da criação de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo.
Cristo, o Salvador, fez a purificação dos nossos pecados (v.3). O escritor aos
Hebreus recebeu a revelação da obra redentora de Cristo, como aquele que, pelo
seu sangue, nos purifica de todo o pecado (cf. 1 Jo 1.7). As religiões feitas
pelos homens e seus líderes não têm esse poder. Pelo contrário, as religiões
orientais, como o Budismo, o Hinduísmo e o Islamismo, pregam uma salvação que
pretende purgar os pecados, através de reencarnações, dum carma, ou de obras,
levando o homem a crer na mentira da salvação efetuada pelo próprio homem. Com
Cristo é diferente. Ele é o agente eficaz da salvação, remindo o homem que o
aceita como Salvador.
Assentado à direita de Deus (v.3). Nos antigos impérios
e reinos, o lugar de honra era ao lado do monarca, ou do imperador. A
comunicação sobre a posição de Cristo, quando elevado aos céus, evoca essa
metáfora. Após sua ascensão, Jesus foi recebido à direita de Deus (Mc 16.19);
Estêvão viu Jesus à destra de Deus, no momento de seu martírio (At 7.55); (ver
ainda Rm 8.34) Alegremo-nos por não servirmos a um deus qualquer, produto
da mente humana, ou da necessidade imanente de se acreditar em algo ou em
alguém superior, como os indígenas e outros povos tidos como primitivos. O
nosso Deus é o excelso Criador. O nosso Cristo é o Verbo Divino, o Salvador,
que, cumprida sua missão, assentou-se “à direita da majestade nas alturas”.
“‘Falou-nos...
pelo Filho’ (Hb 1.1,2). Estes dois primeiros versículos estabelecem
o tema principal deste livro. No passado, o instrumento principal de Deus para
sua revelação foram os profetas, mas agora Ele tem falado, ou se revelado pelo
seu Filho Jesus Cristo, que é supremo sobre todas as coisas. A Palavra de Deus
falada mediante seu Filho é final: ela cumpre e transcende tudo o que foi
anteriormente falado da parte de Deus. Absolutamente nada, nem os profetas
(v.1) nem os anjos (v.4) têm maior autoridade do que Cristo. Ele é o único
caminho para a salvação eterna e o único mediador entre Deus e o homem. O
escritor de Hebreus confirma a supremacia de Cristo ao enumerar dEle sete
grandes revelações (vv.2,3).
‘Assentou-se à
destra’ (1.3). Depois de Cristo ter efetuado o perdão dos nossos
pecados mediante a sua morte na cruz, assumiu o seu lugar de autoridade à
destra de Deus. A atividade redentora de Cristo no céu envolve seu ministério
de mediador divino (8.6; 13.15; 1 Jo 2.1,2), de sumo sacerdote (2.17,18; 4.14-16;
8.1-3) de intercessor (7.25) e de batizador no Espírito (At 2.33)” (Bíblia de Estudo Pentecostal,
CPAD, pág.1899).
“Por designação divina, herdeiro de todas as coisas (1.1,2).
Deus, desde a eternidade, predestinou seu Filho para ser Possuidor e Soberano
de todas as coisas. Mas foi pela encarnação que Cristo alcançou o senhorio
messiânico. Como resultado da encarnação, Ele veio tomar posse de algo antes
não necessariamente disponível por sua condição de Filho. Era o seu direito de
primogenitura, mas foi de sua humanidade, morte e ressurreição que surgiu o
tipo de soberania que se tornou sua somente em razão de seu triunfo sobre o
pecado na carne (v.3), e como resultado de sua identificação com os homens numa
condição de irmandade. O senhorio messiânico não lhe poderia pertencer enquanto
estivesse no seu estado pré-encarnado, visto ser uma questão relativa à função
e não a poder e majestade inerentes. Em essência, sempre foi o ‘Filho de Deus’,
mas isto não o fazia Messias; era necessário que se tornasse o ‘Filho do
Homem’” (Comentário Bíblico
Hebreus, CPAD, págs.116,117).
Cristo, superior aos anjos CAP 2
Os anjos tiveram importantes momentos na história dos judeus,
tanto no âmbito nacional como na vida de indivíduos. Em sua natureza, mesmo
atuando em favor dos que hão de herdar a vida eterna, são criaturas com
limitações se comparadas ao Senhor Jesus Cristo. Ele é declarado como Filho
pelo próprio Deus, é o Messias. Criador e está à direita do Pai.
O escritor, ainda demonstrando a superioridade de Jesus sobre os
anjos, lembra aos leitores que, se o que foi dito pelos anjos foi válido ao
ponto de toda desobediência às palavras angelicais receber punição, maior pena
receberá aqueles que desprezarem, em Jesus, “tão grande salvação”. Apenas Ele,
como verdadeiro Sumo Sacerdote, pode se compadecer dos que são tentados e
salvá-los.
Na Antiga Aliança, os anjos eram muito considerados. Na epístola
aos Hebreus, o escritor ressalta, de modo enfático, a superioridade de Cristo em
relação aos seres angelicais e, ao mesmo tempo, afirma que Ele, ao se encarnar,
fez-se “um pouco menor que os anjos” (Hb 2.9). Nesta lição, estudaremos alguns
aspectos importantes dessa superioridade, entendendo esse paradoxo numa análise
exegética simples.
MAIS EXCELENTE EM SUA NATUREZA E NO SEU NOME
Os anjos na Bíblia. Os anjos tiveram papel muito importante
entre o povo de Deus no Antigo Testamento. Ver Gn 19.1,15; 28.12; Êx 3.2;
23.20; Sl 103.20. No Novo, não foi diferente. Um anjo apareceu a José,
revelando o nascimento sobrenatural de Jesus (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra
do sepulcro de Jesus, após sua ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há uma verdadeira
idolatria em torno desses seres celestiais. A Bíblia adverte: “Ninguém vos
domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl
2.18).
Outras referências demonstram claramente a ação dos anjos, não
só em favor de Israel, mas de todos os servos de Deus, em todo o mundo (cf. Sl
34.7).
A natureza dos anjos (vv.7,14). O texto bíblico nos
revela alguns aspectos relativos à natureza dos anjos. No v.7, lemos que Deus
“de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo”. É uma
citação de Salmos 104.4. Eles são ministros usados por Deus segundo a sua
vontade, submissos a cada convocação sua, portanto, ficam muito aquém da
natureza e das funções do Filho de Deus. Por maiores que sejam os anjos, em
comparação com Cristo são apenas bafos de ventos e fagulhas de fogo. Eles são
criaturas. Jesus é Criador, inclusive dos anjos (ver Jo 1.3). No v.14, os anjos
são chamados “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles
que hão de herdar a salvação”.
A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO AOS ANJOS
Declarado Filho de Deus, gerado pelo Pai. No v.5, o escritor
indaga: “a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra
vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?”. Estas perguntas trazem em
seu bojo a afirmativa de que Cristo é superior aos anjos, por ter sido gerado
pelo Pai. Ver também Rm 1.4. O escritor sacro reporta-se a Salmos 7.2, que diz:
“Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”.
Essa questão é realmente difícil de entender. Sendo Deus, em que sentido Jesus
poderia ser gerado? A resposta está no grandioso milagre e mistério da sua
encarnação, incompreensível à mente humana, que só entende um pouco das coisas
terrenas.
O Filho pela ressurreição. O escritor Lucas, no
Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos
pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também
está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32,33).
Sem ter deixado jamais de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo
publicamente, como Filho de Deus, na ressurreição. Veja o que Paulo diz:
“Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela
ressurreição dos mortos — Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4). De fato, se
Jesus tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado, ninguém poderia
crer que fosse o divino Filho de Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm 1.4). Seria como
Buda, Maomé, Chrisna, etc.
O Filho deve ser adorado pelos anjos (v.6). “E quando outra vez
introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”;
“...por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os
reis da terra” (Sl 89.26,27).
Jesus está à direita de Deus (v.13). Esta é a posição de
honra, dada somente a Cristo, e a ninguém mais: “E a qual dos anjos disse
jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por escabelo de
teus pés?”. Estêvão, quando estava sendo martirizado, contemplou Jesus à
direita de Deus (cf. At 7.55).
Jesus é Rei, Messias e Criador. No v.8, lemos: “Mas
do Filho diz: ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de
eqüidade é o cetro do teu reino”. Aqui o Filho é chamado Deus, como de fato Ele
o é, além de ser também Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é de
retidão. Os anjos não têm poder de reino ou soberania. Nos vv.9-12, vemos que
Jesus é apresentado como o Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como aquEle de
quem a terra e “os céus são obra” de suas mãos. O v.13 prossegue exaltando a
superioridade de Cristo como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus
pés.
A GRANDE SALVAÇÃO EM JESUS
Advertência contra o desvio (vv.1-3). Depois de apresentar
o quadro da superioridade de Cristo em relação aos anjos, o escritor aos
Hebreus é levado a advertir os destinatários da carta (e a nós, também), quanto
“às coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas”
(v.1). E explica que, se “a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda
a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”, indaga
solenemente: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande
salvação...?” (v.3). Esta salvação, trazida por Jesus Cristo, não foi efetivada
por meras palavras, e sim, autenticada por Deus, por meio de “sinais e
milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo...” (v.4). Quem se desvia
da sua fé em Cristo, corre o risco de perder-se para sempre (v.3).
Jesus, homem, um pouco menor que os anjos (2.7-9). Esse é um aparente
paradoxo encontrado na carta aos Hebreus, relacionado à encarnação de Cristo.
“Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um
pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça
de Deus, provasse a morte por todos”. A dedução é simples: Jesus, feito homem,
despojou-se voluntariamente de parte de seus atributos, e sujeitou-se a morrer,
na cruz, para que “provasse a morte por todos”. Nessa condição, em sua natureza
humana, tornou-se “um pouco menor que os anjos”. Se não fosse assim, a sua
natureza divina não o permitiria morrer, pois Deus não morre.
JESUS, O FIEL SUMO SACERDOTE (2.9-18)
Tudo existe em função dEle (v.10a). Para Jesus são todas
as coisas, visto que elas existem por Ele e para Ele (Cl 1.16). E assim é, para
que Ele traga “os filhos à glória”, e, pelas aflições, se tornasse “o príncipe
da salvação deles” (v.10b). Os filhos, ou seja, os que o receberam, deu-lhes o
poder (o direito) de serem feitos “filhos de Deus” (Jo 1.12), e são chamados
por Cristo de “irmãos” (v.11). É sublime a declaração de Cristo, em relação aos
que são salvos por Ele. No v.13, Ele diz: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que
Deus me deu”. Esses são livres do “império da morte, isto é, do Diabo” (v.14),
e da servidão (v.15).
Em tudo, foi semelhante aos irmãos (v.17). Para poder cumprir
sua missão salvadora, Jesus, “em forma de Deus, não teve por usurpação ser
igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens, e, achado na forma de homem, humilhou-se até à morte, e
morte de cruz” (Fp 2.6-8). Assim, “feito um pouco menor que os anjos”,
entregou-se a Deus para, como “fiel sumo sacerdote”, expiar os pecados do povo
(v.17)
Em tudo foi tentado (v.18). Em sua condição
humana, Jesus, o Filho do Homem, suportou a tentação, “para socorrer aos que
são tentados”. Esta é uma afirmação consoladora para nós, os crentes, que
durante a caminhada na Terra, somos acossados e ameaçados por várias tentações.
Nosso Deus, Jesus, não foi em sua missão um deus alienado dos seus adoradores e
fiéis, como prega o deísmo. Pelo contrário, Ele se colocou no meio dos
pecadores e, como eles, foi tentado até à cruz para lhes dar vitória sobre as
tentações. Na verdade, Ele, “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb
4.15). Glória a Deus, por isso!
A superioridade de Cristo em relação aos anjos excede em muito a
ideia distorcida, e difundida entre os incrédulos, de que os seres angelicais
têm papel místico, ao ponto de serem venerados ou mesmo adorados pelos adeptos
das falsas doutrinas. O autor da carta aos Hebreus, iniciando seu escrito, fala
acerca de três tipos de emissários que Deus enviou ao mundo para transmitir a
sua revelação: os profetas, os anjos e o Filho.
Comparando-se os profetas e os anjos, deve-se deixar claro que
os primeiros foram muito usados por Deus, falando com autoridade e convicção.
Entretanto, seus oráculos, mesmo sendo da parte de Deus, nem sempre eram bem
recebidos. A rebeldia dos ouvintes fez com que diversos profetas fossem
assassinados, desprezados e passassem por adversidades. No caso dos anjos, não
há relatos de terem sido desprezados ou apedrejados, pois eram tidos em grande
temor por serem figuras sobrenaturais. (Note que as diversas aparições dos
seres celestes causavam muito medo, motivo este que levava os anjos a começarem
seus diálogos com a expressão “Não temas”). Comunicações que exigiam decisão de
uma pessoa eram transmitidas por anjos (veja os exemplos de Abraão, Gideão e
Ló).
Se o povo ouvia os anjos com certo grau de temor, mais temor
deveriam ter diante do Filho de Deus, por ser este maior do que os anjos. Ele
criou todas as coisas, inclusive os anjos. Se o povo reverenciava os
mensageiros celestes, estes, por sua vez, reverenciavam o Filho. O mundo
vindouro não foi deixado sob os cuidados dos anjos, mas de Jesus. Eles são
“espíritos ministradores”, que labutam em prol dos que “hão de herdar a
salvação”, enquanto o Filho é o próprio executor da salvação. Até na forma de
tratamento, a designação “anjos” é inferior ao “Filho”, pois são eles servos,
criaturas, e Jesus é Senhor e Criador. Partindo desses argumentos, o escritor
anuncia a superioridade de Jesus tanto sobre os profetas como sobre os anjos.
O autor conclui que, se as palavras ditas pelos anjos foram
firmes e, no caso de transgredidas, receberam punição, maior responsabilidade
haverá para os que rejeitarem as palavras do Filho de Deus, sem o qual não há
salvação.
Cristo, superior a Moisés CAP 3
Você já resistiu à voz do Espírito Santo alguma vez na em sua
vida?
Resistir à voz de Deus tem sido a prática de muitos em nosso
meio, que semelhantemente aos hebreus no deserto, tornaram-se insensíveis e
desobedientes aos preceitos do Todo-Poderoso: habituaram-se com as bênçãos, sem
contudo, reverenciar, obedecer e servir ao Doador e Provedor de todos os
benefícios. Ouvir a voz de Deus e abster-se do mal são procedimentos de um
coração bom e fiel. O Senhor está sempre pronto para agraciar seu povo com o
suficiente “maná diário”, garantindo sobrevivência e crescimento
espiritual.
Os crentes destinatários da epístola, são chamados de “santos”,
e devem, por serem participantes da “vocação celestial”, considerar Jesus não
apenas como apóstolo (um enviado de Deus), mas também Sumo Sacerdote, ao qual
devem confessar suas dificuldades. Se Moisés foi fiel em seu ministério, Jesus
muito mais, pois foi o autor, não somente do ministério, mas também da família
de Moisés. O Grande Libertador dos hebreus, por ser homem, não pôde ser
perfeito. Entretanto, Jesus deu-nos o exemplo de irrefutável perfeição.
O sacro escritor relembra a seus leitores que o povo de Israel
peregrinara no deserto por muitos anos, por não ter ouvido a voz de Deus
através de Moisés, e roga-os que não ajam da mesma forma, endurecendo seus
corações às ordens divinas.
CONVOCAÇÃO DOS SANTOS À ADORAÇÃO A CRISTO (v.1)
“Irmãos santos”. A palavra santo vem do latim, sanctu, que, originalmente,
quer dizer aquele ou aquilo que “era estabelecido segundo a lei”, passando
depois a significar aquele ou aquilo “que se tornou sagrado”. No Antigo
Testamento, a palavra hebraica para santo é qodesh e seus derivados, que significam
santo, santificado, santificar, separar, pôr à parte. No Novo Testamento, a
palavra “santo”, no grego hagios,
tem sentido semelhante ao da língua hebraica; santos, segundo o ensino bíblico,
são somente aqueles que têm comunhão com Deus e com seu Filho, Jesus. Estes são
convocados para adorarem a Cristo, separados do mundo.
“Participantes da vocação celestial”. Os santos que vivem
aqui na terra não são apenas os mártires, ou os que fizeram algum milagre, como
ensina o Catolicismo. Os santos são pessoas de carne e osso, “participantes da
vocação celestial”, por aceitarem a Cristo como seu Salvador ao ouvirem o seu
convite através do evangelho.
Cristo, Apóstolo e Sumo Sacerdote. Os santos são
convocados para considerar “Jesus, apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão”. Ele foi, de fato, o Apóstolo por excelência. Jesus foi enviado por
Deus ao mundo, “não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse
salvo por Ele” (Jo 3.17).
No Antigo Testamento, os sacerdotes intercediam pelo povo, tendo
que oferecer, por todos os pecantes, sacrifícios com sangue de animais, que
apenas encobriam o pecado. Na Nova Aliança, Jesus é o Sumo Sacerdote perfeito,
pois ofereceu o seu próprio sangue para nos salvar e nos apresentar a Deus com
a nossa confissão.
MAIOR GLÓRIA DO QUE MOISÉS
Moisés, fiel como servo (v.5). Moisés foi fiel em
sua casa, como acentua o escritor, na condição de servo, sendo o mensageiro que
testemunhou das “coisas que haviam de vir”. Ele foi o porta-voz de Deus ao
receber as tábuas da Lei no Sinai, transmitindo, com fidelidade, a palavra que
de Deus ouviu no monte. Ele nada alterou do que recebeu do Senhor. Foi servo em
sua casa, no âmbito do que lhe foi confiado, e desincumbiu-se muito bem de sua
tarefa na “casa” de Deus. Por isso, foi considerado um modelo entre os homens
(cf. Jr 15.1).
Jesus, fiel sobre sua própria casa (v.6). Jesus foi superior a
Moisés. Este foi servo. Aquele é o Filho, o Sumo Sacerdote constituído por
Deus, posição que não foi confiada a mais ninguém. Moisés, mesmo sendo fiel
como homem, não foi perfeito. Falhou em algum momento. No episódio em que Deus
mandou que ele falasse à rocha pela segunda vez, descontrolou-se emocionalmente
e feriu-a, ao invés de falar (Nm 20.11). Jesus, no entanto, nunca falhou. “Em
tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15).
A casa somos nós (v.6). Em nossa imperfeição, como poderíamos
ser chamados “casa” de Cristo para que Ele, nessa “casa”, fosse sumo sacerdote?
Só a graça de Deus pode explicar. A condição para que sejamos “casa” do Senhor,
é que tão-somente conservemos “firme a confiança e a glória da esperança, até o
fim”. O apóstolo Paulo teve de Deus revelação semelhante. Na primeira Epístola
aos Coríntios 6.19,20, lemos: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do
Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós
mesmos?”. Diante disso, é grande a nossa responsabilidade para com essa “casa”,
em que, ao mesmo tempo, habitam Cristo, nosso Sumo Sacerdote, e o Espírito
Santo, nosso intercessor, que nos tem como seu templo.
ADVERTÊNCIA QUANTO AO ENDURECIMENTO CONTRA DEUS
Ouvindo a voz do Espírito. A advertência é grave
e solene: “Portanto, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos
corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto...” (vv.7,8).
Citando o Salmo 95.8-11 o escritor admoesta os destinatários da carta
valendo-se de fatos constrangedores, relativos ao povo de Israel. Na
advertência, o Espírito Santo os lembra para não fazerem como seus pais, que provocaram
a Deus no deserto com graves atitudes:
1) Tentaram a Deus;
2) Provaram a Deus, mesmo tendo visto suas obras por 40 anos
(v.9; Êx 15.22-25; 17.1-7). Esse aviso quanto a ouvir o Espírito Santo é
significativo e oportuno para nós em nosso tempo, pois há crentes tão
insensíveis, em todos os sentidos, que suas consciências já se encontram
irremediavelmente cauterizadas (cf. 1 Tm 4.2).
Não endurecer o coração (v.8). O povo israelita, não
obstante presenciar as maravilhas do poder miraculoso de Deus no deserto, a
começar pela passagem do Mar Vermelho, rebelou-se contra o Senhor. Em consequência,
Deus se indignou. Manifestou a sua ira e decretou seu juízo: “Não entrarão no
repouso de Deus”. Daquela geração rebelde, todos os que tinham mais de 20 anos
não entraram na Terra Prometida. O endurecimento do coração é um obstáculo para
o recebimento da bênção de Deus.
Um coração mau e infiel (v.12). Outra advertência é
dada pelo Espírito Santo através do escritor da Epístola aos Hebreus, para que
neles não houvesse “um coração mau e infiel”, que viesse afastá-los “do Deus
vivo”. O verbo afastar, no texto, é apostenai (gr.),
palavra que dá origem ao termo apostasia. No versículo seguinte vem um conselho
divino: “Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se
chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (v.13).
Muitos, por falta de orientação e advertência (exortação), endurecem o coração
para Deus, desviam-se e até negam a fé, aceitando falsas doutrinas e envolvendo-se
em práticas extra-bíblicas, semelhantes às do espiritismo, incluindo “regressão
espiritual” e outras invencionices.
Como nos tornamos participantes de Cristo (v.14). O escritor nos mostra
como nos tornamos participantes de Cristo: “Se retivermos firmemente o
princípio da nossa confiança até o fim”. Essa afirmação é corroborada pelo que
Jesus asseverou: “...mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt
10.22). “Até o fim...”. O homem só alcança a salvação plena quando aceita a
Cristo como Salvador e permanece em santidade, até a “redenção do nosso corpo”
(Rm 8.23b). Se por um lado é difícil iniciar a carreira cristã, mais difícil
ainda é continuar e terminá-la. Porém, todas as promessas futuras na eternidade
estão reservadas para os vencedores, os que completam a carreira, como diz o
apóstolo Paulo (2 Tm 4.7). A superioridade de Cristo em relação a Moisés é
incontestável. Moisés era homem imperfeito e falho, mesmo tendo de Deus uma
missão tão grande. Jesus, nosso Salvador, mesmo na condição humana, em face de
sua missão salvífica, “em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Nós, cristãos,
precisamos honrar a Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote da nossa confissão.
“Havendo declarado o pensamento central do sacerdócio de Cristo,
e antes de desenvolvê-lo nos capítulos 5 a 7, o autor interrompe o assunto, a
fim de estabelecer, sob outro ponto de vista, a superioridade do Novo Concerto
sobre o Antigo. Ele já demonstrou que Cristo é superior aos anjos, os
mediadores espirituais da Lei; agora demonstra que também é superior a Moisés,
o homem que promulgou a Lei.
O autor, ao abordar o assunto, emprega a expressão ‘o mundo
futuro’, ou ‘o século que há de vir’ (2.5; 6.5) — que no grego écukoumenen (literalmente
‘o mundo vindouro habitado’). Ele se refere ao reino de Deus que será
estabelecido entre os habitantes da Terra. Isso leva, naturalmente, à
comparação entre os fundadores da velha teocracia judaica, sob Moisés e Josué,
e Jesus, do novo Reino. A posição de Moisés para com o sistema judaico torna
necessário o argumento, porque os cristãos hebreus estavam confusos sobre esse
ponto.
O ponto de comparação, no versículo 2, prende-se ao fato de que
tantos Moisés como Cristo se ocuparam da administração de economia divina:
aquele, sob a velha ordem da Lei; este, sob a nova ordem da graça de Deus,
tendo ambos cumprido fielmente suas responsabilidades. Mas o autor apresenta em
seguida uma série de contrastes que demonstram a glória muito superior de
Jesus.” (Comentário Bíblico
Hebreus, CPAD, págs. 129-131).
Repouso para o povo de Deus CAP 4
A sorte daqueles que foram resgatados do Egito teve amplo e
direto sentido para os destinatários da epístola em estudo. Foram libertados
mas não entraram no “descanso de Deus”, e pereceram no deserto. Mesmo a segunda
geração, que conseguiu entrar em Canaã, não alcançou a plenitude da promessa
divina. Só pela vinda do Messias seria alcançada; e isto por apropriação,
mediante a fé. Tanto Israel como esses primitivos cristãos ocupavam posição
semelhante de ter recebido o evangelho e ter a oportunidade de apropriar-se do
mesmo. Israel falhou. Agora, o perigo para esses primitivos cristãos judeus era
que, por causa da incredulidade e falta de firmeza, deixassem de entrar no
descanso espiritual de Deus, o qual não foi cumprido por Josué, mas que agora
estava ao alcance de todos, em Cristo.
Em consequência da desobediência do povo de Israel durante sua
peregrinação, os que pecaram, rebelando-se contra o Todo-Poderoso, morreram, e
seus corpos caíram no deserto. De acordo com o juramento de Deus, os
desobedientes não entraram no seu repouso. Que isto jamais venha a acontecer
conosco!
Nesta lição, veremos em que consiste o repouso espiritual
reservado aos crentes fiéis.
AS BOAS NOVAS FORAM PREGADAS
Ouviram mas não obedeceram. Segundo cálculos
razoáveis, os israelitas tirados do Egito pela poderosa mão de Deus foram cerca
de três milhões de pessoas. Somente os homens de guerra somavam 600.000 (Êx
12.37). Desses, só entraram em Canaã, dois: Josué e Calebe (Dt 1.36,37). Por
causa da desobediência e da incredulidade, o juízo de Deus prostrou-os no
deserto, impedindo-os de chegar à Terra Prometida. Isso mostra que Deus dá mais
valor à qualidade do que à quantidade. No Dilúvio, só oito escaparam. Na
destruição de Sodoma e Gomorra, somente três ficaram vivos.
A pregação sem proveito (v.2). Os israelitas ouviram
as “boas novas”. A razão pela qual muitos não entraram no “repouso”, ou seja,
em Canaã, é que “a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não
estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (v.2). Aí, vemos a
importância da fé para a salvação. A Bíblia assevera que sem fé é impossível
agradar a Deus (Hb 11.6).
Hoje, em todo o mundo, é grande a provocação ao Senhor. Os
ímpios estão em rebelião aberta e declarada contra Deus. Infelizmente, também
há crentes que ouvem a Palavra nas igrejas, mas preferem continuar
desobedecendo aos preceitos do Senhor.
O DESCANSO PARA O POVO DE DEUS
A ilustração do descanso de Deus. O escritor, no v.10,
relembra o que está escrito em Gn 2.2, quando Deus, no sétimo dia, descansou de
suas obras: “Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de
suas obras, como Deus das suas”. Obviamente que aqui não se trata de descanso
físico, pois por ser Espírito, Deus não sofre desgaste.
O descanso dos israelitas. O sofrimento dos
israelitas no Egito após a morte de José foi cruel. Por mão de Moisés e pelo
poder de Deus, o povo foi libertado milagrosamente. Entretanto, por causa da
incredulidade e rebeldia, grande parte deles não pôde entrar na Terra
Prometida. Foram obrigados a passar 40 anos caminhando no deserto (Hb 3.19;
4.6,11; 1 Co 10.1-11). Somente por misericórdia, Deus lhes destinou a terra de
Canaã, onde enfim encontraram o descanso de seus sofrimentos.
O descanso (repouso) do povo de Deus (v.9). Aqui o descanso
prometido não é físico, mas espiritual, celestial, mirífico, indizível e pleno
para os salvos: “Ainda resta um descanso para o povo de Deus”.
Trata-se do bendito estado da alma e do espírito, em que os
crentes, obedientes e santos, que ouvem a Palavra e a obedecem, terão direito à
paz e a tranquilidade perene, na comunhão com o Senhor. Lembremo-nos de que o
descanso espiritual só se obtém através da nova vida em Cristo (ver Mt
11.28,29). É preciso ouvir e obedecer a Palavra de Deus. “Procuremos pois
entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de
desobediência” (v.11).
O PODER PENETRANTE DA PALAVRA DE DEUS
Ela é viva. A Palavra de Deus mostra quem vai entrar no repouso
eterno. Ela não se constitui de meras argumentações humanas ou filosóficas, que
atingem o intelecto, mas não penetram no coração, no mais íntimo do ser humano.
A Palavra de Deus é viva, poderosa e vivificante. Jesus afirmou: “as palavras
que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6.63). Somente Ele tem palavras de
vida eterna (Jo 6.68).
Ela é eficaz. A palavra de Deus sempre produz efeitos: “Porque, assim
como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra e
a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim
será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes,
fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei” (Is 55.11). Ninguém
ouve a palavra de Deus sem ser alcançado por seus resultados. Quem ouve e crê
“tem a vida eterna” (Jo 5.24). Quem ouve e não crê “já está condenado” (Jo
3.18).
Ela é penetrante. É comparada a uma espada cortante, que “penetra até à
divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas”. Sendo “espírito e vida”,
a palavra de Deus atinge a parte sensorial do homem. O espírito, a alma e o
corpo são alcançados pelo poder penetrante da palavra divina. Por quê? Quando o
homem ouve a Palavra e crê, no seu interior ocorrem modificações
extraordinárias que beneficiam inclusive o funcionamento orgânico do seu corpo.
Ela discerne pensamentos e intenções. Muitos filósofos, com
seu intelectualismo frio e racionalista, têm confundido os homens afastando-os
ainda mais do seu Criador. A Bíblia, no entanto, sendo a Palavra de Deus, tem
transformado a vida de inúmeras pessoas, elevando-as à condição de salvas e
remidas pelo sangue de Jesus.
No v.13 o escritor adverte que diante do poder penetrante da
palavra de Deus, “não há criatura alguma encoberta diante dele”, e todas as
coisas estão “nuas e patentes aos seus olhos”, ou seja, não há nada velado
diante do Todo-Poderoso.
NOSSO GRANDE SUMO SACERDOTE (vv.14-16)
“Jesus, Filho de Deus”. Ele é grande, no sentido absoluto. Os
“sumo sacerdotes” de outras religiões jamais chegaram aos céus. Buda pregou que
chegaria ao Nirvana (no budismo, estado de ausência total de sofrimento);
Chrisna, mentor do Hinduísmo, também não foi aos céus; para seus adeptos, deve
estar reencarnando por aí. Os seguidores de Maomé imaginam que ele esteja num
“paraíso”, onde há muitas mulheres e tâmaras.
Os sumo sacerdotes do Antigo Testamento só adentravam uma vez
por ano, no lugar Santíssimo, onde era manifestada a glória de Deus. Eles não
podiam permanecer lá. Mas Jesus, nosso Sumo Sacerdote por excelência, “penetrou
nos céus”, “está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34b).
Sacerdote compassivo. Em seu ministério terreno, Jesus sempre
se preocupou com as multidões sofredoras (Mt 9.36; 14.14). Em sua missão
sacerdotal, demonstra grande compaixão por nós: sendo “longânimo e grande em
benignidade” (Sl 103.8), Ele suporta as nossas fraquezas, não querendo que
ninguém se perca (2 Pe 3.9).
Não perecemos unicamente em razão de sua infinita misericórdia.
Em tudo foi tentado. Mesmo com a natureza divina, Jesus “em
tudo foi tentado”, diz a Palavra de Deus. Só conhece o que é tentação quem já
passou por ela. As tentações de Jesus não partiam de seu íntimo, como ocorre
com o “homem natural” (1 Co 2.14). Elas foram provações e provocações externas,
advindas do tentador e seus agentes. Além das tentações no deserto, o Mestre
certamente experimentou a opressão do Maligno em outras ocasiões. Para nós é
muito significativo saber que Jesus, como homem, foi tentado em todas as
coisas, “mas sem pecado”. A Bíblia nos assegura: “Àquele que não conheceu
pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”
(2 Co 5.21). Diante disso, compreendemos o grande amor de Jesus por nós: Ele
sofre conosco, colocando-se sempre ao nosso lado.
Acheguemo-nos ao trono da graça (v.16). Tendo Jesus como
nosso Sumo Sacerdote, podemos pela fé adentrar ao trono da graça, à sua santa
presença a qualquer momento, e sermos “ajudados em tempo oportuno”. Glória a
Ele para todo o sempre.
Três das grandes mensagens da lição estudada são:
a) Deus tem preparado um verdadeiro descanso espiritual em
Cristo para os que a Ele vêm;
b) Deus tem um prometido lugar de descanso celestial para seu
povo, em sua presença, na eternidade. Para chegarmos lá, só precisamos ser
fiéis, obedientes e santos e
c) Jesus é o nosso Sumo Sacerdote perfeito, que, como homem, “em
tudo foi tentado, mas sem pecado”. Que o Senhor nos ajude a servi-lo conforme a
sua vontade; e que jamais venhamos a dar lugar à desobediência.
“‘Pareça que
algum de vós fique para trás’ (4.1). Deixar de perseverar na fé e
na obediência a Jesus resulta em deixar de alcançar o prometido repouso eterno
no céu (cf. 11.16; 12.22-24).
(1) A expressão ‘pareça que algum de vós’ é falada à luz dessa
possibilidade terrível e do juízo de Deus.
(2) A perseverança na fé exige que continuemos a nos aproximar
de Deus, por meio de Cristo, com sincera resolução (v.16; 7.25).
‘Entramos no repouso’ (4.3). Somente nós, que temos crido na mensagem
salvadora de Cristo, entramos no repouso espiritual de Deus. Isto é, Cristo
carrega nossos fardos e nossos pecados, e nos dá o ‘repouso’ do seu perdão, da
sua salvação e do Espírito Santo (Mt 11.28) Mesmo assim, nesta vida, o nosso
repouso é apenas parcial, porque somos como peregrinos que caminham com dificuldade
na penosa estrada deste mundo. Ao morrermos no Senhor, entramos no seu repouso
perfeito no céu.
‘Resta... um repouso’ (4.9). O repouso prometido por Deus não é
somente o terrestre, mas também o celestial (vv.7,8 cf. 13.14). Para os
crentes, resta ainda o repouso eterno no céu (Jo 14.1-3; cf. Hb 11.10,16).
Entrar nesse repouso final significa cessar do labor, dos sofrimento e das
perseguições, tão comuns em nossa vida nesta terra (cf. Ap 14.13); significa
participar do repouso do próprio Deus e experimentar eterna alegria. Deleite,
amor e comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim
(Ap 21,22). (Bíblia de
Estudo Pentecostal, CPAD, págs. 1902,1905)
Cristo, Sumo Sacerdote superior
a Arão CAP 5
Por não conhecerem a Cristo sob a figura de Sumo Sacerdote e por
não ser Ele da linhagem de Arão, os cristãos hebreus não compreendiam a
aplicação deste título e ofício à sua pessoa e, consequentemente, tinham
dificuldades em aceitá-lo e honrá-lo nessa função. Daí, a necessidade do
escritor resumidamente apresentar as características e atribuições do sumo
sacerdote, demonstrando que as mesmas são perfeitamente satisfeitas em Cristo. O
texto mostra a superioridade de Cristo sobre os demais sumo sacerdotes,
destacando que Ele não apenas satisfez as exigências do sistema levítico para a
vocação sacerdotal, mas distinguiu-se pelo fato de, sem pecado, entregar-se a
si mesmo por nossos pecados.
Segundo o sistema levítico, todo sumo sacerdote é escolhido
entre os homens e constituído a favor deles. Ele traz ao altar sacrifícios sem
sangue e de sangue (v.1). É exigido dele que possa “condoer-se” ou “ter
compaixão” do povo, ou seja, em seu julgamento, não deve ser severo demais e
nem tolerante ao ponto de transigir com o mal (vv.2,3).
Os sumos sacerdotes do Antigo Testamento, apesar de serem
santos, eram limitados e imperfeitos. Arão, por exemplo, ainda que grandemente
honrado ao ser separado para o ofício de sumo sacerdote, cometeu uma falha
indecorosa: levantou um ídolo em forma de bezerro de ouro e levou o povo a
pecar. Mas Cristo, nosso Sumo Sacerdote, é superior a Arão, não somente por sua
infalibilidade e perfeição, mas porque cumpriu cabalmente o plano divino de
redenção de toda a humanidade.
O SUMO SACERDOTE DO ANTIGO TESTAMENTO
Características básicas (v.1).
a) “Tomado dentre os homens”. O sumo sacerdote na Antiga Aliança era
uma pessoa comum que, apesar de separada por Deus, levava para o sacerdócio
suas virtudes e defeitos. Ele não era tomado dentre anjos ou espíritos, mas
“dentre os homens”. E essa é uma característica muito importante.
b) “Constituído a favor dos homens”. O sumo sacerdote não
era eleito pelos seus pares, nem pelo povo em geral. Sua investidura no cargo
era por nomeação direta da parte de Deus. Hoje, há diversas formas utilizadas
na escolha e consagração de um pastor, porém, acima de tudo é indispensável que
o pastor seja constituído por Deus.
c) “Nas coisas concernentes a Deus”. O sacerdote falava e
agia em nome de Deus, no que concernia à sua expressa vontade. Por outro lado,
ouvia os homens e intercedia por eles diante do Altíssimo. Em tudo, a missão
sacerdotal era cuidar dos interesses de Deus em relação ao povo e os do povo em
relação a Deus. Era um mediador, um representante do Eterno.
Funções primordiais. De modo geral as principais funções do
sumo sacerdote eram ensinar a lei de Deus e interceder pelo povo.
a) Oferecer dons e sacrifícios pelos pecados (v.1b). Na Antiga Aliança os
oferentes não podiam dirigir-se diretamente a Deus. Traziam suas dádivas e
ofertas e as apresentavam ao sacerdote. Segundo estudiosos do Antigo
Testamento, os dons eram ofertas de cereais e os sacrifícios eram “ofertas de
sangue”. No Novo Testamento, Jesus, nosso Sumo Sacerdote quanto a nossa
salvação, é tanto o oferente como a própria oferta vicária: “ofereceu-se a si
mesmo [por nós] a Deus”.
b) “Compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados” (v.2). O sumo sacerdote
deveria ter simpatia, ou seja, capacidade para compartir as alegrias ou as
tristezas das pessoas que lhe procuravam e, ao mesmo tempo, ter empatia,
capacidade para se colocar na situação do outro. Só quem tem essas qualidades
pode de fato ser um intercessor. Da mesma forma devem proceder os obreiros do
Senhor no trato com os que erram por ignorância ou por fraqueza.
DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE CRISTO E ARÃO
Jesus, sacerdote perfeito. A Lei previa a
possibilidade de erro ou pecado por parte dos sacerdotes (v.3; Lv 4.3). O
próprio sumo sacerdote Arão tinha a orientação de Deus para oferecer sacrifícios
não só pelo povo (Lv 16.15ss.), mas por si próprio (Lv 16.11-14). Enquanto o
sumo sacerdote do Antigo Testamento estava sujeito a pecar, Jesus nunca pecou.
Ele é perfeito. Satisfez todas as condições para o perfeito sacerdócio. Foi
ungido como Rei, como Filho (Sl 2.6,7); e Sacerdote Eterno (Sl 110.4); foi
enviado por Deus (Jo 5.30); veio em nome do Pai (Jo 5.43). Jesus não se
glorificou a si mesmo para fazer-se sumo sacerdote (v.6). Diante de todas essas
qualificações, o Mestre nunca ofereceu sacrifícios por si próprio. Ele deu-se a
si mesmo por nossos pecados (Gl 1.4).
Sacerdote eterno (v.6). O escritor aos hebreus faz referência a
dois textos bíblicos no livro de Salmos para demonstrar o caráter especial do
sacerdócio de Cristo: um sacerdócio que não tem fim: “Tu és meu filho; hoje te
gerei” (Sl 2.7); e “Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de
Melquisedeque” (Sl 110.4).
A MISSÃO TERRENA DE JESUS
“Nos dias de sua carne” (v.1). É uma referência
direta à vida humana de Jesus. O escritor já houvera acentuado esse aspecto no
cap. 2.14-17. Aqui, mais uma vez, ele demonstra que o nosso Sumo Sacerdote,
mesmo provindo de uma linhagem especial, encarnou-se, tomando a forma de homem,
como vemos no Evangelho de João (1.14): “E o verbo se fez carne...”. O Verbo
refere-se a Jesus Cristo (cf. Ap 19.13).
Os gnósticos ensinavam que o corpo é intrinsecamente mau. Mas
Jesus, o Verbo divino, provou o contrário. Ele se fez carne, “e habitou entre
nós”, tornando-se homem completo, pleno, perfeito. E não apenas se fez carne,
mas tomou a “forma de servo” (Fp 2.7); na semelhança da “carne do pecado” (Rm
8.3), suportou a “paixão da morte” (Hb 2.9).
Clamor, lágrimas, orações e súplicas (v.7). A Escritura diz que
Jesus clamou a Deus, com “lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da
morte”. No Evangelho segundo João 11.35 está escrito que Jesus chorou, mas
aquela não foi a única vez, como atesta o v.7. É por isso que Jesus entende de
lágrimas e, um dia, como Deus, enxugará dos olhos toda a lágrima (Ap 7.17; 21.4).
Aprendeu a obediência (v.8). Haverá prova mais
autêntica da humanidade de Jesus? “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência,
por aquilo que padeceu” (Hb 5.8). Ele, sendo divino, obedeceu a Deus. A mente
humana é, por vezes, levada a indagar: “Afinal, se Ele era Deus, porque deveria
obediência a alguém?”. Esse é um mistério que só a fé pode aceitar.
Jesus como ser humano teve um desenvolvimento humano normal: “E
crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os
homens” (Lc 2.52). Como Filho de Deus, Ele obedeceu ao Pai.
“Por aquilo que padeceu” (v.8b). A prova suprema da
obediência de Cristo foi a sua paixão e morte. O Diabo tudo fez para que Jesus
não executasse o plano da salvação. Na tentação no deserto, seu objetivo era
que o Senhor obedecesse suas sugestões (Mt 4.1-11); na crucificação, o inimigo
usou alguém para lhe sugerir que “provasse” que Ele era o Filho de Deus,
descendo da cruz (Mt 27.40).
Trouxe eterna salvação (v.9). “E, sendo ele
consumado, veio a ser a causa de eterna
salvação para todos os que lhe obedecem”, (grifo nosso) Jesus
declarou ao Pai: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me
deste a fazer” (Jo 17.4). Na cruz, no momento supremo de seu sacrifício em
favor dos pecadores, Ele exclamou: “Está consumado...” (Jo 19.30).
Nesse aspecto, é oportuno lembrar que alguns teólogos, baseados
no versículo em foco e em outras referências, pregam a doutrina da
predestinação absoluta, resumida na sentença “uma vez salvo, para sempre
salvo”. Entretanto, o versículo mostra inequivocamente que a salvação não é
eterna a priori,
mas sim condicional. Ela é eterna para “todos
os que lhe obedecem”. Desse modo, exclusivamente é salvo quem crê e
segue a Cristo em obediência.
Chamado por Deus (v.10). Jesus pertenceu a uma ordem sacerdotal
singular, diferente da de Arão. Nisto, vemos mais uma importante distinção
entre o sacerdócio de Cristo e o sacerdócio arônico. Jesus, como diz o v.10,
foi “chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (v.10).
Como podemos constatar no capítulo cinco de Hebreus, o texto
revela com clareza meridiana a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação
ao de Arão. Outro ponto importante diz respeito a humanidade de Cristo: o
escritor assevera que Jesus foi humano o suficiente para buscar a Deus, o Pai,
em oração, súplicas e lágrimas, sendo obediente como Filho. Trata-se de um
exemplo inigualável e uma lição incomparável para nós, mortais, que, às vezes
somos relapsos em fazer a vontade do Senhor, em obediência irrestrita.
“‘Todo sumo sacerdote’ (Hb 5.1). Duas qualificações são
necessárias para um verdadeiro sacerdócio.
(1) O sacerdote deve ser compassivo, manso e paciente com
aqueles que se desviam por ignorância, por pecado involuntário e por fraqueza
(v.2; 4.15; cf. Lv 4; Nm 15.27-29).
(2) Deve ser designado por Deus (vv.4-6). Cristo satisfaz ambos
os requisitos. A origem de Melquisedeque (5.6). Melquisedeque é uma personagem
misteriosa do Antigo Testamento, que aparece em Gn 14 como o sacerdote de Deus
em Salém (que é Jerusalém, Gn 14.18; Js 18.28; Sl 110.1-4; Hb 7.1), antes dos
tempos do sacerdócio levítico. O sacerdócio de Cristo é do mesmo tipo que o de
Melquisedeque” (Bíblia de
Estudo Pentecostal, CPAD, págs. 1905, 1906).
“Em relação a Cristo, os cristãos hebreus não o reconheciam sob
a figura de Sumo Sacerdote. Por isso, não compreendiam a aplicação desse título
e ofício à sua pessoa. Não sendo Ele da linhagem de Arão, naturalmente não o
contemplariam como sacerdote. Seu ministério também não lhes despertara tal pensamento,
uma vez que não reivindicou nenhum privilégio de acesso ao templo, nem executou
nenhuma função sacerdotal, e sempre criticou o concerto judaico do sacerdócio
(Vicent).
O autor resumidamente apresenta as características e atribuições
do sumo sacerdote (5.1-4), demonstrando que são perfeitamente satisfeitas em
Cristo (5.5-10).
Segundo o sistema levítico, todo sumo sacerdote é escolhido
entre os homens e constituído a favor dos homens. Ele traz ao altar tanto
sacrifícios cruentos como sem sangue (5.1). Exige-se dele que possa condoer-se
ou ter compaixão do povo. A expressão significa ser ‘moderado’ ou ‘tenro’ em
seu julgamento, nem severo demais nem tolerante demais. Não deve ser homem que
se irrita diante do pecado e da ignorância, nem transigente com o mal (vv.2,3)
Ele deve ser chamado por Deus (v.4)” (Comentário
Bíblico Hebreus, CPAD, pág. 135)
Perigo da apostasia CAP 6
Os cristãos hebreus haviam sido uma vez iluminados através da
revelação de Deus em Cristo. Haviam experimentado o dom celestial, o Espírito
Santo, e a boa Palavra de Deus, o evangelho de Cristo, pregado entre eles com
toda manifestação de poder e milagres. Para essas pessoas, caso se desviassem,
seria impossível serem renovadas outra vez para arrependimento, uma vez que
deliberadamente rejeitaram a Cristo, declarando que a sua crucificação não
possuía mais o sentido que antes lhe atribuíam.
O escritor aos hebreus sentiu bem de perto o perigo que aqueles
crentes nessas circunstâncias enfrentavam, por isso os advertiu.
1. O crente por sua falta de
fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações, advertências,
promessas e ensinos da Palavra de Deus (Jo 5.44,47).
2. Quando as realidades do mundo chegam a ser maiores do que
as do reino de Deus, o crente deixa paulatinamente de aproximar-se de Deus
através de Cristo (Hb 7.19,25).
3. Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se
torna cada vez mais tolerante com ele na sua própria vida (1 Co 6.9,10).
4. Por causa da dureza do seu coração (Hb 3.8,13) e da sua
rejeição dos caminhos de Deus, não faz caso da repetida voz e repreensão do
Espírito Santo (1 Ts 5.19-22).
5. O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30); seu fogo se
extingue e seu templo é profanado (1 Co 3.16). Finalmente, Ele afasta-se daquele
que antes era crente (Hb 13.14) (Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD, pág. 1903).
Quando o cristão estaciona na fé e não se aprofunda no
conhecimento das coisas de Deus, corre o risco de ser levado por ventos de
doutrinas (Ef 4.14) e apostatar, vindo a perder-se eternamente por não se
arrepender. O tema desta lição, por seu expressivo conteúdo doutrinário, merece
cuidadosa análise à luz da Palavra de Deus.
INFÂNCIA ESPIRITUAL
Negligentes para ouvir (5.11). É próprio das
crianças em geral serem negligentes para ouvir. Faz parte da sua estultícia (Pv
22.15). Aqui o escritor dirige-se aos cristãos que já deviam “ser mestres pelo
tempo”, ou seja, pessoas que não eram mais neófitas na fé. Aliás, os novos
convertidos, vistos como crianças espirituais, normalmente são os melhores
ouvintes.
Necessitados de leite (vv.12,13). O crente “menino” não
se desenvolve por não saber ouvir a Palavra de Deus. Os leitores da Epístola
aos Hebreus ainda careciam dos ensinamentos rudimentares da fé cristã:
precisavam “de leite, e não de sólido alimento”. Aliás, em nossos dias,
observa-se muita “meninice” em diversas igrejas. Trata-se de “movimentos
estranhos”, embusteiros e perigosos, que não têm base na Palavra de Deus. Essa
gente precisa, se quer mesmo crescer e ser adulto na fé, do leite puro da
Palavra de Deus para crescimento, fortalecimento e imunização espiritual.
OS RUDIMENTOS DA DOUTRINA
Arrependimento e fé (6.1). Constituem os dois
pilares da doutrina da salvação. São elementos fundamentais que não podem faltar
no ensinamento e formação do novo convertido.
O escritor fala de “arrependimento de obras mortas”. Sendo eles
judeus convertidos ao cristianismo, provavelmente ainda queriam reviver os
velhos conceitos da lei, tais como a guarda do sábado, a implementação dos
sacrifícios, a observância das luas novas, etc, esquecendo-se da salvação
somente pela graça, mediante a fé.
Batismos e imposição de mãos (v.2). A doutrina dos
batismos faz parte do início da fé, e não dos estágios mais avançados do
desenvolvimento espiritual. Hoje, ainda há “meninos”, ensinando que só se deve
batizar em nome de Jesus, e não na forma trinitariana como Jesus ordenou (cf.
Mt 28.19). Quanto à imposição das mãos, nos moldes do Antigo Testamento, que
consistia num gesto simbólico de transmissão de bênçãos (como fez Jacó), os
crentes daquela ocasião não deveriam mais preocupar-se. Agora, com Cristo, o
gesto de impor as mãos, no nome de Jesus, propicia a cura divina (Mc 16.18; At
28.8).
Ressurreição e juízo (v.2). Todo crente em Jesus,
desde o início de sua fé, em seu discipulado básico, deve saber que Cristo
morreu por nossos pecados, mas ressuscitou para nossa justificação (Rm 4.25), e
para um dia julgar o mundo com justiça (At 17.31).
O GRAVE PERIGO DA APOSTASIA
O que é apostasia. Do gr. apostásis,
afastamento, abandono da fé. Apostatar significa abandonar a fé cristã de modo
premeditado e consciente. No texto em apreço o escritor adverte quanto ao
perigo da apostasia.
O arrependimento impossível (vv.4,5). O capítulo em estudo
contém uma solene advertência contra a apostasia deliberada e insensível. Nele
são apresentados cinco motivos pelos quais um apóstata empedernido não pode
mais arrepender-se:
a) “Já uma vez foram iluminados”. Jesus é a luz do
mundo (Jo 8.12); os que o aceitam de verdade, experimentam seu perfeito fulgor,
e reconhecem que outrora encontravam-se nas trevas, no mundo, sem Deus e sem
salvação. Agora não são mais novos convertidos. São crentes que sabem
diferençar as trevas do Diabo da luz de Cristo.
b) “Provaram o dom celestial”. O texto não se refere
a neófitos na fé, com limitada convicção do evangelho. Refere-se, sim, a
crentes que tiveram uma experiência real com Cristo (ver 1 Pe 2.1-3), provando
a salvação que, pela fé, é dom de Deus (Ef 2.8,9).
c) “E se fizeram participantes do Espírito Santo”. Aqui a advertência é
severa para aqueles que foram pelo Espírito Santo imersos no corpo de Cristo. O
apóstolo Paulo diz que “todos temos bebido de um Espírito” (1 Co 12.12,13).
Fica claro que o escritor dirigia-se a pessoas que conheciam muito bem o
significado da comunhão com o Espírito Santo.
d) “E provaram a boa palavra de Deus”. O escritor repete o
verbo provar, referindo-se a crentes que tiveram um conhecimento mais que
superficial das verdades de Deus, expressas em sua Palavra. Não apenas sentiram
o “cheiro”, mas “comeram” a Palavra, experimentando-a e confirmando-a como
verdadeira (cf. Jo 17.17).
e) “E (provaram) as virtudes do século futuro”. Os leitores da carta
eram crentes que além da vasta experiência espiritual, puderam, ainda no
presente, experimentar as bênçãos e as virtudes do porvir. Jesus disse: “E
curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de
Deus” (Lc 10.9); “... o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.21).
A recaída no fosso da apostasia (v.6). O escritor diz que
para aqueles que possuíam as experiências descritas nos vv. 4 e 5, e recaíssem,
seria “impossível” (v.4a) serem “outra vez renovados para arrependimento”
(v.6a). Não se trata de um crente que se afasta da igreja local por pecados
relativamente comuns entre os homens. Quase sempre essas pessoas se arrependem
e pedem perdão a Deus e à igreja. A impossibilidade de arrependimento referida
pelo escritor, diz respeito a crentes que, mesmo providos das experiências
mencionadas acima, abandonam a Cristo, negando-o e renegando-o de modo
proposital e deliberado. Trata-se de uma pessoa que chegou a um estágio tão
escrachado de desvio, que sua consciência encontra-se cauterizada (conforme 1
Tm 4.2), ficando insensibilizado a qualquer advertência por parte do Espírito
Santo.
É uma situação tão difícil que a pessoa acaba blasfemando contra
o Espírito de Deus, não tendo mais condições de obter o perdão do Pai (cf. Mt
12.31). Este é o “pecado para a morte” de que trata o apóstolo João em sua
epístola (1 Jo 5.16b).
Expondo Cristo ao vitupério.a) Voltam a crucificar o
Filho de Deus. A morte de Cristo foi por Deus preordenada para ocorrer
apenas uma vez, como de fato aconteceu. Os sacerdotes do Antigo Testamento
ofereciam muitas vezes sacrifícios, inclusive por si mesmos (Hb 9.26). Mas
Cristo ofereceu-se uma única vez “para tirar os pecados de muitos” (Hb 9.28).
Quem o conhece, experimentou sua salvação, e mesmo assim, peca proposital e
deliberadamente, volta a crucificá-lo, expondo-o ao vitupério.b) Terra maldita. Usando
uma trágica metáfora, o escritor dá a entender que o coração de quem tem
conhecimento de Cristo e o despreza, apostatando da fé, é como uma terra antes
boa, mas tornando-se reprovada, “produz espinhos e abrolhos”, e só presta para
ser queimada.
FIDELIDADE DE DEUS
Deus não é injusto (v.10). O escritor considera
os destinatários de sua carta como pessoas amadas, de quem espera “coisas
melhores, e coisas que acompanham a salvação...”. Isso prova que, embora a
apostasia os ameaçasse constantemente, eles não tinham caído nela: estavam
sendo advertidos. Em seguida, ele diz que “Deus não é injusto” para se esquecer
da obra, do trabalho e da caridade deles para com os santos, a quem serviam.
Deus cumpre suas promessas (v.13). Deus fez promessa a
Abraão e, como não tinha alguém maior por quem jurasse, jurou por si mesmo,
prometendo abençoá-lo e multiplicá-lo na terra, ainda que sua esposa fosse
estéril. E o patriarca alcançou a bênção, porque esperou com paciência
(vv.14,15).
É impossível que Deus minta (vv.16-20). Deus quis mostrar a
“imutabilidade de seu conselho aos herdeiros da promessa”, fazendo um
juramento. Certamente Deus não precisa jurar, mas para que os homens não
tivessem dúvida, Ele “se interpôs com juramento”. O escritor enfatiza que “é
impossível que Deus minta” e, por isso, devemos “reter a esperança proposta, a
qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do
véu”, onde está Jesus, nosso mui amado e eterno Sumo Sacerdote. Aqueles
que têm a experiência gloriosa da salvação precisam cuidar-se para não caírem
no engano do Diabo. É indescritível o prejuízo de quem apostata da fé, negando
a eficácia do sangue de Cristo para a salvação dos pecadores. Tais
desafortunados podem chegar à situação de arrependimento impossível, e se
perderem eternamente.
“Neste ponto, o autor poderia ter procedido a comparação
de Cristo com Melquisedeque. Mas, temendo que o leitor não alcançasse o seu
significado, uma vez que seria contrária às opiniões correntes judaicas, ele
formula um aviso e só retoma o argumento a partir do capítulo 7.
Nos versículos 11-14 (Cap. 5), o autor alerta quanto aos perigos
de estacionar na vida espiritual e menciona as possíveis consequências. A vida
espiritual é semelhante à natural: em todos os seus estágios depende de fatores
sem os quais não poderá ser mantida. Um crescimento sadio dá ao cristão
condições de se apropriar do que seria impossível num estágio anterior e
inferior. Contudo, essa constatação traz sérias responsabilidades:
a) O período de infância espiritual pode ser prorrogado de forma
abusiva, como fizeram os hebreus, mantendo-se como ‘criancinhas’ — estágio esse
que já deveriam ter passado (vv.11,12).
b) Como consequência do primeiro item, a pessoa pode não estar
preparada para a instrução mais madura (‘sólido mantimento’), em tudo
necessária, quando ministrada a seu tempo (vv.13,14).
Os hebreus eram ainda ‘criancinhas’ quando, pelo tempo de
convertidos, deveriam ter alcançado certa maturidade. Já era tempo de serem
mestres e não de estarem buscando instrução elementar. Eram inexperientes,
imaturos e despreparados para participar das discussões sobre problemas de
grande vulto do pensamento cristão. Segue-se uma exortação para avançarem na
busca de um conhecimento mais elevado a que o autor os conduz, convicto de que
o acompanharão (6.1-3): ‘Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de
Cristo, prossigamos até a perfeição’. Os crentes hebreus precisarão de maior
percepção espiritual, uma vez que o autor irá demonstrar que o sacerdócio de
Cristo significa a abolição da Antiga Aliança.
Não se consegue a maturidade cristã retornando aos padrões dos
primeiros estágios da instrução cristã. Para que o edifício espiritual seja
concluído, é mister ir além dos alicerces — o arrependimento das obras mortas
pela fé em Deus” (Comentário
Bíblico Hebreus. CPAD, págs. 136,137).
Cristo, Sacerdote eterno e perfeito CAP 7
Melquisedeque é descrito, em poucas palavras, como uma figura
singular na história do Antigo Testamento. Sua genealogia é desconhecida, como
também não é registrado nada depois do seu aparecimento até Abraão. O que se
sabe de Melquisedeque é que era sacerdote do Deus Altíssimo, rei de justiça e
que recebeu os dízimos de Abraão. Se esse sacerdote foi honrado pelo patriarca,
maior honra deve ter o Senhor Jesus, que é infinitamente superior a
Melquisedeque. O autor da epístola aos hebreus demonstra a insuficiência da
lei, que não podia salvar nem aperfeiçoar os homens em Deus. Jesus Cristo por
sua vez, como sacerdote perfeito e definitivo, proveu-nos mediante a nossa fé a
eterna salvação.
O autor da epístola agora reverte ao argumento deixado no
capítulo 5, versículo 10, no qual se referia a Cristo como Sumo Sacerdote de um
serviço divino, de ordem mais elevada do que aquela estabelecida sob a lei
mosaica. Esta ordem sacerdotal é de origem divina e segundo a ordem de
Melquisedeque. A descrição histórica desse personagem singular, encontra-se em
Gênesis 14.17-20. Ele surge nas páginas sagradas qual estrela nova, no
firmamento. Logo desaparece para só o encontrarmos na epístola aos hebreus.
O fato de as Escrituras não apresentarem o registro genealógico
do nascimento de Melquisedeque ou sua morte, já o torna tipo perfeito do
sacerdócio eterno de Cristo.
São poucas, mas profundas as informações da Epístola sobre
Melquisedeque, as quais fazem deste uma personagem enigmática, de difícil
compreensão quanto à sua origem, desenvolvimento e consumação de sua obra.
Cristo Jesus, ao contrário, sendo Deus, revelou-se de tal forma à humanidade,
que dEle se pode conhecer o que Deus quis revelar, tornando-se nosso sacerdote
eterno, perfeito e imaculado.
I. QUEM ERA MELQUISEDEQUE
A Bíblia não provê detalhes sobre a pessoa de Melquisedeque; daí
haver muitas especulações a seu respeito.
Era rei de Salém. “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho...” (Gn
14.18a; Hb7.1); “e este era sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18). Esta é a
primeira referência bíblica a Melquisedeque. Ele aparece nas páginas do Antigo
Testamento, quando foi ao encontro de Abraão, após este haver derrotado
Quedorlaormer, rei de Elão, e seus aliados. Salém veio a ser Jerusalém após a
ocupação da terra prometida por Deus a Abraão e seus descendentes (Gn 14.18; Js
18.28; Jz 19.10). Rei de Salém que dizer “rei de paz” (v.2b).
Era sacerdote do Deus Altíssimo. “... e este era
sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18b; Hb 7.1). As funções de rei e sacerdote
conferiam-lhe grande dignidade perante os que o conheciam. Estas duas funções
são relembradas em Hb 7.1: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e
sacerdote do Deus Altíssimo...”.
Era de uma ordem sacerdotal diferente. Estudiosos da Bíblia
supõem que Melquisedeque pertencia a uma dinastia de reis-sacerdotes, que
tiveram conhecimento do Deus Altíssimo pela tradição oral inspirada,
transmitida desde o princípio, quando a religião era única e monoteísta e que
conservava a esperança do Redentor da raça humana, conforme Gn 3.15. Ele não
pertencia à linhagem sacerdotal arônica, proveniente da tribo de Levi.
Recebeu dízimos de Abraão (Hb 7.2). Isto nos mostra que a
instituição do dízimo remontava ao período bem anterior à Lei. Esse fato indica
“quão grande” era Melquisedeque (v.4). Ele abençoou Abraão, como detentor das
promessas (vv.5,6).
Era rei de justiça (v.2). Como um tipo de Cristo, Melquisedeque
tinha as qualidades de um rei justo e fiel.
Sem genealogia (v.3). O texto afirma ter sido Melquisedeque
“sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de
vida...”. O que o sacro escritor quer dizer é que não ficou registrada sua
ascendência e sua descendência, bem como os dados referentes a sua morte. Pelo
contexto, entende-se que ele era um homem com características especiais diante
de Deus.
A MUDANÇA DO SACERDÓCIO E DA LEI
O novo e perfeito sacerdócio (v.11b). O sacerdócio levítico
era imperfeito (v.11a). Nele, os sacrifícios, as ofertas, o culto e a liturgia
eram apenas sombra do verdadeiro sacerdócio, que veio por Cristo. O sacerdócio
de Cristo, não da ordem de Arão ou de Levi, mas “segundo a ordem de
Melquisedeque”, trouxe a perfeição no relacionamento do homem com Deus.
O primeiro sacerdócio, com suas imperfeições, não era capaz de
salvar, mas Cristo como Sumo Sacerdote, mediante o seu próprio sangue deu-nos
acesso a Deus, garantindo-nos a salvação plena.
Mudança de lei (v.12). “Porque, mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz também mudança da lei”. Com Cristo, de fato, houve uma
mudança não só do sacerdócio, mas também da lei. Antes, era a lei da justiça, a
lei das obras. Com Cristo, veio a lei da graça, a lei do amor.
A lei era ineficaz. “O precedente mandamento”, ou seja, a
antiga lei, foi “ab-rogado por causa de sua fraqueza e inutilidade” (v.18).
Ab-rogar quer dizer anular, cessar, perder o efeito, revogar. Foi o que
aconteceu quando Cristo trouxe o evangelho, ab-rogando a antiga lei, a Antiga
Aliança.
O SACERDÓCIO PERPÉTUO E PERFEITO DE CRISTO
Jesus trouxe salvação perfeita (v.25). Os sacerdotes do
antigo pacto pereceram (v.23). O sacerdócio arônico foi constituído por
centenas de sacerdotes, que se sucediam constantemente, visto que “pela morte
foram impedidos de permanecer”. Os sacerdotes arônicos apenas intercediam pelos
homens a Deus, mas não os salvavam. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, não só “vive
sempre para interceder” por nós, como nos assegurou uma perfeita salvação por
seu intermédio (v.25; Rm 8.34). Jesus garante salvação plena (Jo 5.24), sem
depender de um suposto purgatório ou de uma hipotética reencarnação.
Jesus, sacerdote perfeito (v.26). A Palavra de Deus
indica aqui as qualificações de Cristo, que o diferenciam de qualquer sacerdote
do antigo pacto. “Porque nos convinha tal sumo sacerdote”:
a) Santo. O sacerdote do Antigo Testamento teria que ser santo,
separado, consagrado. Até suas vestes eram santas (Êx 28.2,4; 29.29). Contudo,
eram homens falhos, imperfeitos, sujeitos ao pecado. Jesus, nosso Sumo
Sacerdote, era e é santo no sentido pleno da palavra.
b) Inocente. Porque nunca pecou, Jesus não tinha qualquer culpa. Ele
desafiava seus adversários a acusá-lo (Jo 8.46).
c) Imaculado. O cordeiro, na antiga Lei, tinha que ser sem mancha (Lv
9.3; 23.12; Nm 6.14). Jesus, como o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.29), não tinha qualquer mancha moral ou espiritual.
d) Separado dos pecadores. Jesus viveu entre os homens, comeu com
eles, inclusive na casa de pessoa de baixa reputação, como Zaqueu, mas foi
“separado dos pecadores”. Ele não se misturou, nem se deixou influenciar pelo
comportamento dos homens maus.
e) Feito mais sublime do que os céus. Tal expressão fala da
exaltação de Cristo, como dele está predito na Bíblia: “Pela minha vida, diz o
Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus”
(Rm 14.11).
f) Ofereceu-se a si mesmo, uma só vez (v.27). Os sumos sacerdotes
do Antigo Testamento necessitavam de oferecer sacrifícios, muitas vezes,
primeiro por eles próprios e, depois, pelo povo. Mas Jesus, por ser imaculado,
sem pecado, não precisou fazer isso por si. Tão somente ofereceu-se num
sacrifício perfeito, uma vez, pelos pecadores.
“Melquisedeque (Hb 7.1). Melquisedeque, contemporâneo de Abraão,
foi rei de Salém e sacerdote de Deus (Gn 14.18). Abraão lhe pagou dízimos e foi
por ele abençoado (vv.2-7). Aqui, a Bíblia o tem como uma prefiguração de Jesus
Cristo, que é tanto sacerdote como rei (v.3) O sacerdócio de Cristo é ‘segundo
a ordem de Melquisedeque’ (6.20), o que significa que Cristo é anterior a
Abraão, a Levi e aos sacerdotes levítico, e maior que todos eles.
“Sem pai, sem mãe (Hb 7.3). Isso não significa que Melquisedeque,
literalmente, não tivesse pais nem parentes, nem que era anjo. Significa tão
somente que as Escrituras não registram a sua genealogia e que nada diz a
respeito do seu começo e fim. Por isso, serve como tipo de Cristo eterno, cujo sacerdócio
nunca terminará.
Vivendo sempre para interceder (Hb 7.25). Cristo vive no céu,
na presença do Pai (8.1), intercedendo por todos os seus seguidores,
individualmente, de acordo com a vontade do Pai (cf. Rm 8.33,34; 1 Tm 2.5; 1 Jo
2.1).
(1) Pelo ministério da intercessão de Cristo, experimentamos o
amor e a presença de Deus e achamos misericórdia e graça para sermos ajudados
em qualquer tipo de necessidade (4.15; 5.2), tentação (Lc 22.32), fraqueza
(4.15; 5.2), pecado (1 Jo 1.9; 2.1) e provação (Rm 8.31-39).
(2) A oração de Cristo como sumo sacerdote em favor do seu povo
(Jo 17), bem como sua vontade de derramar o Espírito Santo sobre todos os
crentes (At 2.33) nos ajudam a compreender o alcance do seu ministério de
intercessão (ver Jo 17.1).
(3) Mediante a intercessão de Cristo, aqueles que se chegam a
Deus (i.e., se chega continuamente a Deus, pois o particípio no grego está no
tempo presente e salienta a ação contínua) podem receber graça para ser salvo
‘perfeitamente’. A intercessão de Cristo como nosso sumo sacerdote é essencial
para a nossa salvação. Sem ela, e sem sua graça e misericórdia e ajuda que nos
são outorgadas através daquela intercessão, nos afastaríamos de Deus, voltando
a ser escravos do pecado e ao domínio de satanás, e incorrendo em justa
condenação. Nossa esperança é aproximar-nos de Deus por meio de Cristo, pela fé
(ver 1 Pe 1.5)” (Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD, págs. 1907-1909).
Cristo, mediador de uma
melhor aliança CAP 8
Jesus Cristo é o Mediador da Nova Aliança. Que significa isso? Qual a
importância desse fato? A aliança dada por Moisés deveria ser desprezada? Se
todos os rituais e cerimônias do judaísmo haviam perdido o seu valor, o que
existia para tomar o seu lugar? Qual seria a base para alguém se comunicar com
Deus? Estas eram as interrogações daqueles crentes hebreus. O presente estudo
declara-nos a resposta: a base agora deveria ser Jesus Cristo. Ele é o Ministro
do “verdadeiro tabernáculo” (v.2); o Mediador de superior aliança (v.6). O
tabernáculo é a morada de Deus. Sendo Ministro, Jesus Cristo nos leva à própria
presença de Deus, onde temos plena comunhão com Ele.
Nós, os crentes do Novo Concerto, possuímos um Sumo Sacerdote de
classe única e proeminente: Alguém que em si mesmo é a realidade, que
corresponde e cumpre o padrão estabelecido por Deus para o sacerdócio; Alguém
cujo ministério, por conseguinte, é cumprido na esfera celestial, e não na
terrena; Alguém cuja obra foi consumada pela entronização à mão direita de
Deus; e Alguém que, por isso mesmo, é apto para cumprir um mais excelente
ministério na qualidade de mediador de um novo e melhor Concerto: Cristo, nosso
amado Salvador, tornou-se ministro do verdadeiro tabernáculo, tendo entrado em
nosso lugar não em algum santuário terreno, mas na própria presença de Deus,
efetuou eterna redenção.
A Antiga Aliança implicava mandamentos, estatutos e juízos, os
quais não foram observados pelo povo escolhido. Era um concerto transitório,
como indica o escritor: “Porque se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca
se teria buscado lugar para o segundo” (v.7). Diante disso, Jesus trouxe uma
Nova Aliança, que se estabeleceu, não em atos exteriores, rituais, mas no
interior do homem, no entendimento e no coração. Por isso, é um melhor
concerto. Que o Senhor nos faça entender esse tema, e que o valorizemos em
nossa vida cristã!
A POSIÇÃO DE CRISTO NO CÉU
“Um sumo sacerdote tal...” (v.1a). Com esta expressão, a
Palavra de Deus visa mais uma vez enfatizar a singularidade de Cristo como Sumo
Sacerdote, destacando-o e diferenciando-o dos sumo sacerdotes comuns, frágeis,
mortais, da Antiga Aliança. A expressão “tal”, aqui, evidencia a incapacidade
das palavras humanas para descrever a grandeza de Cristo. É o que ocorre também
em Jo 3.16 (de “tal” maneira).
“Assentado nos céus”. Esta expressão que também aparece em
1.3; 10.12 e 12.2, indica Cristo, como Sumo Sacerdote perfeito, que realizou
sua obra de tal forma que tem o direito de assentar-se no seu trono, ao lado
direito do Pai. Já os sacerdotes do Antigo Pacto não podiam assentar-se, pois
sua obra nunca terminava. Por isso nunca são descritos como sentados.
“À destra do trono da majestade” (v.1b). Cristo, à direita de
Deus, está na posição da mais alta honra, nos céus. Em Mc 16.19, está escrito:
“Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à
direita de Deus”. Jesus Cristo é o único ser que tem essa posição de extremo
destaque nos céus. Tal verdade nos é transmitida, para que saibamos que o nosso
mediador não é um ser celeste qualquer, mas aquele que tem posição de honra,
única e destacada, diante de Deus. As nossas orações são levadas a Ele, que por
nós intercede junto ao Pai.
O SACERDÓCIO DE CRISTO NOS CÉUS
Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo”. Não obstante estar
Cristo assentado à destra de Deus, e tendo concluído sua obra, quando do seu
ministério terreno, Ele é aqui descrito como “ministro do santuário e do
verdadeiro tabernáculo” (v.2). Nos céus, o Mestre amado continua a executar seu
ministério ou serviço divino, como nosso mediador, intercessor, advogado e Sumo
Sacerdote perante o Pai, pois entrou no Santo dos Santos.
O que cristo faz nos céus. Abrindo um pouco o
véu da eternidade, a Bíblia revela-nos algo sobre o trabalho de Cristo nos
céus. De lá, Ele controla todas as coisas, tanto as que estão nos céus, quanto
as que estão na terra, no universo, enfim. Ele está assentado “à destra da
majestade”, “sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (1.3). É
muita coisa!
Em relação a nós, diz a Bíblia, que “ele está à direita de Deus,
e também intercede por nós” (Rm 8.34b). Há milhões de crentes, orando todos os
dias, em todos os lugares, em todas as mais de 6.000 línguas conhecidas, e
Jesus está ouvindo essas orações, e intercedendo por nós. Glória a Deus! Jesus
contempla todos os seus servos e trabalha em favor deles. (Leia Is 64.4).
Constituído por Deus (vv.2-4). Jesus, como Sumo
Sacerdote constituído por Deus, no céu, exerce seu trabalho no verdadeiro
tabernáculo, fundado pelo Senhor, e não pelo homem. O antigo tabernáculo,
montado no deserto, deixou de existir. Sua exuberante glória desapareceu.
Salomão construiu o majestoso templo, que substituiu o tabernáculo (2 Cr
7.1,11). Mais tarde, esse templo foi destruído e substituído por outro, que
também desapareceu. Mas o tabernáculo celeste, no qual Cristo está, é eterno e
indestrutível.
UM NOVO CONCERTO
“Um ministério mais excelente” (v.6a). Mais do que um
sacerdote, na terra, Jesus foi o “cordeiro de Deus”, oferecendo-se a si mesmo
como holocausto, entregando sua vida em nosso lugar (cf. Jo 10.15,28). Agora
Ele exerce as funções sumo sacerdotais lá no céu: “ministério mais excelente”
(1.4), que o realizado por todos os sacerdotes e sumo sacerdotes terrenos, da
Antiga Aliança.
“Mediador dum melhor concerto” (v.6b). Numa aliança, existem
três elementos envolvidos. As partes, no mínimo duas, e um mediador. No Antigo
Pacto, vemos Deus de um lado e o povo de Israel de outro. O mediador era o
sacerdote ou o sumo sacerdote. Foi Deus quem propôs e estabeleceu a Antiga
Aliança. Os sacerdotes fizeram seu trabalho, mas fracassaram. Foram mediadores
deficientes e falhos. O lado humano, representado por Israel, arruinou-se
apostatando. Mas Deus, por sua infinita misericórdia, proveu-nos um Novo e
melhor Concerto, “confirmado em melhores promessas” (v.6), através de Cristo.
O novo concerto aboliu o antigo (v.7). “Porque, se aquele
primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o segundo”. Em
Jeremias, lemos: “Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois
daqueles dias, diz o SENHOR: porei a minha lei no seu interior e a escreverei
no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jr 31.33). Ver
Ez 36.25,26. Isto é muito significativo. No Antigo Pacto, o culto era mais
exterior: havia os sacrifícios de animais, os rituais, a guarda dos sábados,
das luas novas, etc. O Novo Concerto trazido por Cristo, em tudo é superior. A
lei de Cristo é colocada no coração do homem. Em lugar de todos os sacrifícios
do Antigo Pacto, Cristo, entregando-se na cruz, efetuou um único e suficiente
sacrifício, expiador e redentor. Não devemos ter nenhuma dúvida quanto à
validade da Nova Aliança, perpetrada por Cristo. O apóstolo Paulo escrevendo
aos Coríntios, asseverou: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura
é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Isso se
refere a quem aceitou a Cristo, deixando os velhos pecados e costumes, e que
deve valorizar a cada dia a salvação em Cristo Jesus, não voltando às velhas práticas.
É preciso ter firmeza na fé.
“O novo santuário e a nova aliança (Cap. 8). Antes de considerar
detalhadamente a obra sacerdotal de Cristo (cap. 9; 10.1-18), o autor apresenta
um panorama geral, quanto à natureza, da relação entre o novo santuário (8.1-6)
e a Nova Aliança (8.7-13).
O novo santuário
O autor inicia o argumento dizendo: ‘Quanto ao assunto em
discussão, este ponto é principal (a essência do que temos dito) porque agora
possuímos um Sumo Sacerdote, e Ele já está exercendo a obra sacerdotal condigna
à sua posição no santuário celeste’. Este santuário foi divinamente
estabelecido sobre o trono da majestade nas alturas (vv.1,2).
A obra de Cristo como Sumo Sacerdote, nas regiões celestiais, de
maneira nenhuma poderia cumprir-se na terra, pois no tempo que foi escrita a
epístola ainda havia uma ordem sacerdotal (ultrapassada, contudo ainda
funcionando) estabelecida pela lei mosaica. Uma vez que Cristo não pertencia à
tribo de Levi (7.13,14), naturalmente não podia atuar com eles (vv.5,6).
A nova aliança
O sistema levítico baseava-se numa aliança que até os profetas
reconheceram imperfeita e transitória, pois falavam do propósito divino de
estabelecer uma nova. Se a primeira fosse perfeita, não haveria procura por uma
segunda aliança (v.7). Daí entendemos que havia no coração do povo santo que
viveu no Antigo Testamento um senso de satisfação. Procuravam algo superior. E
essa aliança melhor já fora prometida, como provam as Escrituras (Jr 31.31-34;
Ez 36.25-29; vv.8-12).
Características da Nova Aliança:
Inclui todo o povo da Antiga Aliança - Israel e Judá - e mais os
gentios (v.8).
É distinta da Antiga Aliança, instituída no tempo do Êxodo
(v.9), através da qual Deus ordenou uma nação em tudo separada e exclusiva,
para testemunho do seu poder. A nação de Israel veio servir de tipo à ‘nação
santa’ (assim representada pela igreja, 1 Pe 2.9), que seria levantada pela
Nova Aliança.
Possui características positivas, de ordem espiritual e
subjetiva. Sua eficiente operação transformaria o coração daqueles que cressem,
de um modo tão definitivo que os mandamentos fariam parte da personalidade
deles (v.10).
É universalmente eficaz em favor de todos os povos, incluindo a
‘casa de Israel’, de quem o Senhor seria individualmente conhecido
(v.11).
Apoia-se na graça de Deus, suficiente para prover um perdão
absoluto. O pecado seria removido até da memória divina (v.12)”. (Comentário Bíblico — Hebreus. CPAD,
págs.145-147)
Cristo trouxe maior glória
na adoração a Deus CAP 9
Deus ordenou ao povo de Israel que construísse um santuário, e
orientou-o em cada detalhe desta construção. Em razão de ser a habitação de
Deus no deserto, o povo o venerava. Entretanto, o tabernáculo e seus elementos
eram passageiros e inferiores a Cristo.
Sob a ordem mosaica entendia-se que não havia livre acesso à
presença de Deus. Somente uma vez por ano, e isso por meio dum representante.
Somente mediante sacrifício cruento podia o povo aproximar-se de Deus. A lição
que aprendemos é que devido ao pecado, o propósito do homem de acercar-se
diretamente de Deus era frustrado. Toda a economia levítica era provisória, não
passando de sombra ou tipo da realidade celestial. Os sacrifícios anuais jamais
poderiam resolver o problema da consciência. Por serem provisórios, eles aguardavam
um tempo de “reforma”, uma ocasião melhor.
O CULTO DIVINO EM SANTUÁRIO TERRESTRE
O culto no lugar santo do tabernáculo (9.1,2). O tabernáculo, onde
as atividades do culto eram intensas, dividia-se em três partes: o Pátio, o
Lugar Santo e o Santo dos Santos. O v.2 refere-se à segunda parte — o lugar
santo, chamando-o “o primeiro”, pelo fato dele ser a primeira das duas partes
cobertas: o Lugar Santo e o Santo dos Santos. O Pátio era descoberto.
Os elementos do Lugar Santo. Após o véu da
entrada, viam-se três elementos importantes na segunda parte do tabernáculo: “o
candeeiro, a mesa e os pães da proposição” (v.2). O tabernáculo revelava que
Deus queria manifestar-se no meio de seu povo (Êx 25.8). Hoje, devemos
valorizar o ambiente do templo, na igreja local, pois é consagrado ao culto a
Deus.
a) O candeeiro, castiçal ou candelabro. Era uma peça maciça,
de ouro puro, cujas lâmpadas eram acesas diariamente (Êx 25.31; Lv 24.1-4),
representando Cristo, a luz do mundo (Jo 8.12);
b) Os pães da proposição. Ficavam sobre a mesa, que era um móvel
de madeira de cetim, revestida de ouro. Os pães da proposição eram um tipo de
Cristo, o pão da vida (Jo 6.35).
c) O altar do incenso. O escritor não fala do altar do incenso, mas este também
estava no Lugar Santo (ver Êx 30.1-3) representando Cristo, nosso intercessor
(Jo 17.1-26; Hb 7.25). Ele ocupava uma posição central no santuário, indicando
que a vida de oração é fundamental no culto a Deus. A negligência à oração
revela imaturidade espiritual.
O lugar Santo dos Santos (vv.3-7). No seu interior,
estava a arca do concerto,
com a sua cobertura ou propiciatório,
com querubins entalhados nas extremidades (Êx 25.10). A arca representava a
presença de Deus ou Cristo, nosso Emanuel,
que é Deus conosco (Mt 1.23). Na arca, estavam o maná, em memória da provisão
de Deus, ou Cristo, o “pão que desceu do céu” (Jo 6.58); a vara de Arão, lembrando a
fidelidade de Deus; e as
tábuas do concerto, para que o povo não se esquecesse da
importância da lei. Mas havia um véu, separando o Lugar Santo do Lugar
Santíssimo (vv.3,7,8). Aquele véu indicava “que ainda o caminho do Santuário
não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo”
(v.8). Quando oramos, não devemos ficar “no Pátio” (oração monótona). Precisamos
passar ao “Lugar Santo” (oração objetiva) e chegar ao “Santo dos Santos”
(oração no Espírito).
UM MAIOR E MAIS PERFEITO TABERNÁCULO
Cristo, Sumo Sacerdote dos bens futuros (v.11). Esses “bens futuros”
ainda não estão plenamente ao nosso alcance. A salvação é presente, mas depende
de nossa perseverança até o fim (Mt 10.22; 24.13; cf. Rm 13.11). O reino
absoluto de Cristo e a feliz eternidade com Deus nos aguardam. Os céus nos
esperam. A Nova Jerusalém está preparada para os santos do Senhor.
Um perfeito tabernáculo (v.11). O tabernáculo
celestial, “não feito por mãos”. Os utensílios do antigo tabernáculo
desapareceram. Onde estará a arca? O altar do incenso? Não se sabe. Porém
Cristo, ao morrer, fez com que o véu do templo (em Jerusalém) se rasgasse de
alto a baixo, demonstrando que o caminho para o verdadeiro santuário, que é a
presença de Deus, estava definitivamente aberto para o homem que nEle crê.
Mediador de um Novo Testamento.
a) O Velho Testamento foi superado. O Velho Testamento
era a sombra das coisas celestes, providas por Deus para a redenção do homem. A
lei, que orientava o culto no antigo santuário, não justificou ninguém (Gl
3.11). Pelo contrário, os que estavam debaixo das obras da lei estavam sob
maldição, por não poderem cumprir todas as suas cláusulas (Gl 3.10).
b) O Novo Testamento é superior. Cristo tornou-se
“Mediador de um Novo Testamento” (v.15), que contém as cláusulas marcantes e
definitivas do novo relacionamento de Deus com o homem, e deste com Deus. Ele
“entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (v.12).
c) A morte do testador. O testamento só tem validade com a morte
do testador (v.16). Uma vez que Cristo morreu, o Novo Testamento passou a ter
validade, garantindo-nos uma “herança eterna” (v.15). No antigo tabernáculo, a
expiação dos pecados era temporária e parcial. No novo, com a garantia do Novo
Testamento, a redenção é perfeita, definitiva e perene.
d) Sacerdote imaculado (v.14). Os sacerdotes eram
imperfeitos. Cristo, nosso Sumo Sacerdote, com seu sangue, “pelo Espírito
eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus”, purificando as consciências
“das obras mortas” para que sirvamos ao Deus vivo (v.14). O Velho Testamento
era validado pelo sangue de animais (v.19). O Novo legitimou-se pelo sangue de
Cristo, derramado em nosso lugar.
O SACRIFÍCIO PERFEITO DE CRISTO
“Sem derramamento de sangue não há remissão” (v.22). A Bíblia ressalta
que, no antigo tabernáculo, “quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam
com sangue”, enfatizando que “sem derramamento de sangue não há remissão” (cf.
Lv 17.11). Aqui, vemos a importância do sangue para a expiação do pecado, no
Velho Testamento. Isso quer dizer que, quando um animal era oferecido em
sacrifício pelo pecado, Deus aceitava a oferta por atribuir a ela o valor
provisório do resgate do pecador ofertante. O sangue era símbolo da outorga da
vida, que era dada em expiação. Tal sacrifício apontava para o sangue de
Cristo, que seria derramado em nosso lugar.
“Sacrifícios melhores” (v.23). O escritor diz que
“era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se
purificassem”, ou seja, deviam purificar-se com sangue. Cada animal morto,
substituto do pecador, apontava para o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.29). Os sacrifícios antigos eram repetitivos. O de Cristo foi
efetuado uma única vez, por ser superior e perfeito.
A entrada de Cristo no céu (v.24). Cristo entrou “uma
vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (v.12). O sacerdote
entrava todos os dias no santuário, isto é, no Lugar Santo, mas só conseguia a
remissão parcial e temporal do pecado. O sumo sacerdote entrava somente uma vez
por ano no Santo dos Santos e oferecia sacrifícios pelo povo e por si próprio,
pois também era pecador (cf. v.7). No entanto, Cristo entrou “no mesmo céu,
para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus”. Ele é nosso
intercessor perfeito (Rm 8.34), juntamente com o outro maravilhoso intercessor,
que é o Espírito Santo (Rm 8.27).
Cristo aparecerá pela segunda vez (vv.27,28). Aqui a Bíblia diz que
Cristo “uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si
mesmo”, oferecendo-se para “tirar os pecados de muitos”, e que Ele voltará,
pela segunda vez, “aos que o esperam para a salvação”.
O Novo Concerto trazido por Cristo realizou-se através de um
sacrifício perfeito e único, que não precisa repetir-se, em substituição aos
sacrifícios imperfeitos do antigo concerto. Assim, sejamos gratos a Deus pela
morte de Cristo na cruz do Calvário, o qual por nós efetuou uma eterna
redenção.“ A
expiação da Nova Aliança (9.11-22). O tema de reforma introduz
um santuário melhor, um sacrifício eficiente e uma salvação mais completa. O
serviço do sumo sacerdote judaico no Dia da Expiação representava o clímax do
sistema levítico. Nesse dia, todo ano, ele entrava na presença divina, num
tabernáculo terreno, levando o sangue expiatório de animais. Sob a Nova
Aliança, Cristo, ‘o sumo sacerdote dos bens futuros’, entrou uma vez para
sempre no próprio tabernáculo, levando o seu próprio sangue como expiação.
O sangue de touros e de cabras efetuava apenas purificação
ritualística e simbólica, de alcance limitado, mas o sangue de Cristo,
oferecido como sacrifício espiritual e vivo, executa a purificação interior,
que traz comunhão com o Deus vivo (vv.13,14).
O bispo Westcott observa os seguintes itens pelos quais o sangue
de Cristo é superior, partindo da análise de seu sacrifício, que foi:
a) voluntário, ao contrário dos sacrifícios exigidos pela
Lei;
b) racional, e não como o dos animais (irracionais);
c) espontâneo, e não em obediência a ordens superiores;
d) moral, como oferta de si próprio por ação do supremo poder
nEle residente (o Espírito Eterno), pelo qual mantinha comunhão com Deus. Não
seguiu meramente um rito, um esquema predeterminado. Não! Ele detinha os mais
puros motivos.” (Comentário
Bíblico - Hebreus, CPAD, págs. 148,149).
A eficácia do sacrifício de
Cristo CAP 10
Instituído por Deus, os sacrifícios de animais eram a única
forma de se aplacar a ira divina contra o pecado e aproximar o homem do seu
Criador. Entretanto, tais sacrifícios demonstraram ser ineficazes porque apenas
aplacavam temporariamente a ira de Deus, mas não removiam o pecado. Desta
forma, havia a necessidade de um sacrifício único e perfeito, que propiciasse
aos homens a certeza da reconciliação com Deus. O autor da epístola em estudo
não apenas apresenta Cristo como o último Sumo Sacerdote, mas como o sacrifício
perfeito diante de Deus; sacrifício que tira definitivamente os pecados.
Antigo Testamento, os sacrifícios eram repetidos todos os dias
por sacerdotes comuns. O sumo sacerdote entrava todos os anos no lugar
santíssimo para oferecer sacrifícios por si mesmo e pelo povo. Mas, como tudo
isso era “sombra dos bens futuros”, tais sacrifícios não aperfeiçoavam ninguém.
Com Cristo, nosso Sumo Sacerdote, temos a certeza da plena salvação que nos
aperfeiçoa, até que um dia cheguemos “a varão perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo” (Ef 4.13). E isso só ocorrerá no céu.
SACRIFÍCIOS INEFICAZES
A sombra dos bens futuros (v.1). O Antigo Pacto se
constituía de sacrifícios, holocaustos, oblações e oferendas, que eram figuras
“dos bens futuros”, ou seja, do evangelho de Cristo, que nos trouxe as riquezas
da graça de Deus, a começar pela salvação de nossas almas, através do
sacrifício vicário de Jesus. Por serem sombras e não a realidade, os
sacrifícios de animais não puderam aperfeiçoar “os que a eles se chegam”.
O sangue de animais não tirava os pecados (vv.2-4). Para que serviam
aquelas ofertas, se o escritor diz que “é impossível que o sangue dos touros e
dos bodes tire pecados” (v.2)? Os sacrifícios não levavam os homens a Deus, mas
serviam, por antecipação, de meio para expiação. A palavra expiação no hebraico
tem o significado de “cobrir” os pecados, num delito contra a Lei.
Deus preparou um corpo para Jesus (v.5). Somente no corpo
humano (encarnação), Ele poderia ser aceito por Deus como oferta perfeita no
lugar do homem pecador. No Antigo Testamento, os sacrifícios eram substitutos
imperfeitos. O corpo de Cristo foi a solução de Deus para substituir todos os
sacrifícios imperfeitos do Antigo Testamento. Seu sangue, derramado na cruz,
não apenas cobriu os pecados, mas tirou-os, e lançou-os nas profundezas do mar
(Mq 7.19). João exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”
(Jo 1.29).
O PRIMEIRO FOI TIRADO PARA O ESTABELECIMENTO DO SEGUNDO
Cristo obedeceu a Deus (v.9). Jesus foi obediente
até à morte (Fp 2.8). Ele cumpriu todos os desígnios divinos no intuito de
salvar o homem da perdição eterna. Sua morte foi prova inconteste da sua total
resignação, obediência e submissão à vontade de Deus. Ele afirmou: “Eis aqui
venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade”. Trata-se de uma lição de valor
espiritual inigualável para todos nós: Jesus, sendo Deus, voluntariamente
despojou-se de sua glória, e apresentou-se ao Pai na disposição irrestrita de
cumprir cabalmente o plano divino de redenção da humanidade (ver Fp 2.5-8).
O Velho Pacto substituído pelo Novo (v.9). Ao dizer a Escritura
“tira o primeiro para estabelecer o segundo”, vemos a substituição definitiva
do antigo sistema legal mosaico, no qual os sacrifícios eram ineficazes para
salvação, pelo Novo Pacto, estabelecido por Cristo, com seu sacrifício
perfeito.
Comparação entre o velho e o Novo Concerto. A lei não
transformava o homem em termos morais; o evangelho de Cristo transforma, pois
“é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16); a lei
apenas condenava o culpado; a graça de Deus o liberta. A lei consistia de
símbolos da realidade; a graça consiste na realidade dos símbolos; a lei era “o
ministério da morte” (2 Co 3.7); a graça é “lei do Espírito de vida, em Cristo
Jesus” (Rm 8.2).
UM SACRIFÍCIO PERFEITO
Santificados pela oblação do corpo de Cristo (v.10). Oblações eram ofertas
incruentas (sem sangue), inanimadas, oferecidas a Deus tais como: vinho,
azeite, flor de farinha, etc.
Se de um lado, Cristo ofereceu seu próprio sangue como
holocausto em nosso favor, por outro, Ele foi aceito como oferta de cheiro
suave a Deus, “feita uma vez”, de modo que, em Cristo, somos aceitos por Deus.
Sacrifício único (vv.11-14). O escritor lembra que
os sacerdotes, no Velho Pacto, diariamente ofereciam sacrifícios que não podiam
tirar pecados. E acentua que Cristo ofereceu “um único sacrifício pelos
pecados”, demonstrando a eficácia do seu auto oferecimento a Deus pelos
pecadores. Acrescenta que Cristo está “assentado para sempre à destra de Deus”
“...esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés”.
Sacrifício que aperfeiçoa. Diferente dos
sacrifícios do Antigo Pacto, que apenas cobriam temporariamente o pecado, mas
não transformava o pecador, o sacrifício de Cristo constituiu-se “numa só
oblação”, que “aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (v.13; ver
v.10). Aqui temos algo que a lei não podia fazer: santificar as pessoas. Com o
advento da graça, somos santificados pela Palavra (Jo 17.17), pela fé em Cristo
(At 26.18) e pelo sangue de Jesus (1 Pe 1.2).
PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES DO CRENTE EM JESUS
Entrar no santuário de Deus (v.19). No Antigo Pacto, as pessoas
comuns do povo não podiam adentrar no santuário propriamente dito. Só chegavam
até ao pátio, que era a parte exterior do tabernáculo. Em Cristo, no entanto,
homens e mulheres salvos são “sacerdotes reais” (1 Pe 2.9), e têm “ousadia para
entrar no Santuário pelo sangue de Jesus”. Este é um privilégio que só os fiéis
lavados e remidos pelo sangue de Cristo podem ter. Tais crentes não precisam de
medianeiros, guias, orixás ou gurus. Jesus é “o único mediador entre Deus e o
homem” (1 Tm 2.5).
Como chegar a Deus (vv.22-25). Não se pode chegar a Deus
de qualquer maneira. O escritor, em sua incisiva exortação, nos mostra os
cuidados que devemos ter para chegarmos à presença de Deus:
a) “Com verdadeiro coração”. Só podemos ter acesso ao Pai e ser
aceitos por Ele se tivermos um coração sincero, limpo e puro (Mt 5.8).
b) “Em inteireza de fé”. O crente, ao buscar a presença de Deus,
não pode ter dúvida alguma de sua existência, do seu poder e de sua graça.
c) “Tendo o coração purificado da má consciência”. Para Deus não valem
as aparências. Ele vê o interior do homem. O salmista disse que Deus nos sonda
e entende o nosso pensamento (Sl 139.1,2). Se dermos lugar à iniquidade, Ele
não nos ouvirá (Sl 65.18).
d) “O corpo lavado com água limpa”. Certamente, o texto
bíblico aqui refere-se à purificação do crente pela Palavra, como se lê em Ef
5.26: “purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra”, isto em relação à
Igreja.
e) Retendo firmes a confissão da esperança. Em Hb 3.6 somos
exortados a “conservar firme a confiança e a glória da esperança até ao fim”. A
confissão da esperança indica a nossa fé nas gloriosas e infalíveis promessas
de Deus, “porque fiel é o que prometeu”.
f) Considerando uns aos outros, estimulando-nos “à caridade e às
boas obras”. O
bom relacionamento entre os crentes é condição importante para o acesso a Deus.
A caridade (amor em ação) é a marca do cristão. Boas obras são dever do salvo
(Ef 2.10).
g) “Não deixando a nossa congregação”. Aqui não se refere ao
sentido físico: deixar a igreja local para ir congregar-se em outro bairro; mas
sim, que não devemos deixar de congregar-nos, de nos reunirmos, tendo em vista
a necessidade da comunhão coletiva. Somos membros uns dos outros (Rm 12.5). É
equivocada e carnal a ideia de que alguém pode ser “crente em casa”, a menos
que esteja doente.
h) “Admoestando-nos uns aos outros”. Admoestar, aqui, tem
no original o sentido de animar, encorajar. Essa prática, quando realizada com
amor, tem grande efeito no fortalecimento e encorajamento espiritual da
comunidade cristã.
“O sangue dos touros (Hb 10.4). O sangue de animais
era apenas uma provisão ou expiação temporária pelos pecados do povo; em última
análise, era necessário um homem para servir como substituto da humanidade. Por
isso, Cristo veio à terra e nasceu como homem a fim de que pudesse oferecer-se
a si mesmo em nosso lugar (2.9,14). Além disso, somente um homem isento de
pecado poderia tomar sobre si nosso castigo pelo pecado (2.14-18; 4.15) e,
assim, de modo suficiente e perfeito, satisfazer as exigências da santidade de
Deus (cf. Rm 3.25,26).
Aperfeiçoou para sempre os... santificados (Hb 10.14). A oferenda única de
Cristo na cruz e seu resultado (i.e., a salvação perfeita) são eternamente
eficazes todos quantos estão santificados ao se chegarem a Deus por meio de
Cristo (v.22; 7.25) Note que a palavra no grego ‘santificar’, aqui e no
versículo 10, são particípios presentes que enfatizam a ação contínua no tempo
presente.
Quando vedes que se vai aproximando aquele dia (Hb 10.25). O dia da volta de
Cristo para buscar os seus fiéis está se aproximando. Até chegar esse dia,
enfrentaremos muitas provações espirituais e muitas falsificações na doutrina.
Devemos congregar-nos regularmente para encorajarmos mutuamente e nos firmarmos
em Cristo e na fé apostólica do novo concerto.” (Bíblia de Estudo Pentecostal,
CPAD, págs. 1914, 1915).
O pecado imperdoável
cap 10 v.26 a seguir
Há situações específicas em que o pecador se coloca
deliberadamente contra Cristo, num estado tão tenebroso de iniquidade que se
torna impossível sua restauração. Os homens precisam aceitar o sacrifício de
Cristo, senão sofrerão o juízo eterno. Não há alternativa. O escritor aos hebreus
apresenta a salvação como presente para os que esperam a Cristo; mas para os
que rejeitam o seu sacrifício, há apenas uma expectação terrível de juízo
“prestes a consumir os adversários”. O apóstolo Pedro diria a essas pessoas:
“Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que,
conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado”.
O sacrifício de Cristo nos faculta o acesso a Deus. Entretanto,
Deus exige de nós responsabilidade no uso de seus dons, mas deseja
principalmente de nós uma vida de santidade. Pode haver na igreja pessoas que,
mesmo tendo experimentado os presentes de Deus — a salvação, o perdão dos
pecados, a inclusão na igreja — queiram pecar voluntariamente, não havendo para
os pecados de tais pessoas qualquer sacrifício. Pelo fato de retornarem à vida
de pecados e pisarem o Filho de Deus, resta-lhes a expectação de algo ruim,
pois cairão nas mãos do Deus Vivo.
Essas palavras devem ser entendidas em dois sentidos a saber: 1)
Não pode haver outro sacrifício, além daquele que já foi feito — o de Cristo —,
que possa conferir perdão de pecados. Os sacrifícios levíticos foram abolidos;
não têm valor para fazer expiação e não pode haver um novo sacrifício
expiatório. 2) Mas além disso, o escritor sagrado indica que o pecado da
apostasia é fatal; está fora do alcance do perdão divino.
PECADO VOLUNTÁRIO
No capítulo 3 de Hebreus, está escrito: “Vede irmãos, que nunca
haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo”
(v.12). “O termo gr. aphistemi,
traduzido ‘apartar’ é definido como decaída, deserção, rebelião, abandono,
retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado” (Bíblia de Estudo
Pentecostal). Trata-se de apostasia. “Esse pecado consiste na rejeição
consciente, maliciosa e voluntária da evidência e convicção do testemunho do
Espírito Santo, com respeito à graça de Deus manifesta em Jesus Cristo”
(Oliveira). É nesse contexto que devemos entender o presente tema.
Tendo conhecido a verdade (v.26). O texto sagrado
refere-se a um tipo de pecado espontâneo, consciente. O conhecimento da verdade
aqui mencionado não é o rudimentar, experimentado pelo novo convertido, ou por
aquele crente de vida cristã superficial, mas o conhecimento da verdade divina
no sentido amplo (epignosis).
Não resta mais sacrifício. “Já não resta mais
sacrifício pelos pecados”, assevera o texto sagrado. Trata-se dos pecados
insolentes, que se constituem numa afronta inominável a Deus. Pecar assim é um
atentado à santidade do Altíssimo. É loucura que trará sérias consequências.
A verdade divina liberta (Jo 8.32) quando o pecador a recebe de
coração. No entanto, quando a verdade é desprezada de modo deliberado,
consciente, doloso, reincidente e ofensivo, por quem a conhece bastante,
torna-se impossível o perdão porque tal pessoa repudia e repele para longe de
si a graça de Deus, que pode levá-la ao arrependimento. No contexto iníquo já
descrito, tal pessoa peca não somente contra o Filho, mas também contra o Pai,
que o enviou, e contra o Espírito Santo, que nos convence do pecado. Quem então
convencerá tal pessoa do seu pecado?
Só resta uma expectação horrível (v.27). Não havendo mais
sacrifício pelo pecado, o que resta? Só resta “a expectação horrível de juízo e
ardor de fogo, que há de devorar os adversários”. Só lhe espera uma sentença:
“Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (v.31).
DESPREZANDO O ÚNICO SACRIFÍCIO QUE SALVA
Pisando o Filho de Deus (v.29). Na lei de Moisés, a
palavra de duas ou três pessoas era válida para que um sacrílego fosse
condenado sem misericórdia (Dt 17.2-6). Para aquela pessoa, não havia mais
apelação: a morte era certa. Quem pisar o Filho de Deus, um “maior castigo” lhe
sobrevirá. Desprezar o evangelho é considerar sem valor o sacrifício de Cristo;
é zombar da salvação, desprezar tudo o que há de sagrado na igreja de Cristo
depois de ter conhecido a verdade proveniente dos Santos Oráculos.
Profanando o sangue do testamento (v.29b). Significa considerar
o sangue do Filho de Deus como sangue comum, profano, sem nenhum valor sagrado
ou redentor. A Bíblia diz que “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
purifica de todo o pecado” (1 Jo 1.7). É por seu sangue que nos aproximamos
dEle (Ef 2.13); o sangue de Cristo purifica (Hb 9.14); resgata (1 Pe 1.19);
lava de todo o pecado (Ap 1.5). Assim, se o deliberado transgressor profana o
sangue de Cristo, não há nada mais que o possa renovar ou purificar.
Agravo ao Espírito Santo (v.29). Trata-se de um pecado
múltiplo em sua prática: enquanto pisa o Filho de Deus, profana o seu sangue e
faz agravo ao Espírito Santo (literalmente, insulto, insolência, ultraje). Para
esse tipo de pecador, o Calvário não passa de uma encenação, de uma farsa.
a) Blasfêmia contra o Espírito Santo. Com o coração
endurecido, o pecador ultraja conscientemente o Espírito Santo. Quanto a isso
Jesus advertiu severamente: “Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito
Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo” (Mt 12.32; Mc 3.29;
Lc 12.10). No texto de Marcos, depreende-se que blasfemar contra o Espírito de
Deus é o mesmo que atribuir a Satanás a obra de Cristo. Como vemos, a Epístola
aos Hebreus apenas corrobora o que Jesus já ensinara anteriormente.
b) O pecado imperdoável não é a simples incredulidade. O incrédulo de fato,
se não aceitar a Cristo, está condenado (Jo 3.18). No caso em questão, não se
trata de um incrédulo qualquer, mas de alguém que já teve amplo conhecimento da
verdade. O Espírito Santo é que tem o poder de convencer o pecador de seus
pecados (Jo 16.8). Se o miserável o despreza e lhe faz agravo, não há mais
esperança para o tal.
c) Arrependimento impossível. No estudo referente ao capítulo 6 de
Hebreus, já aprendemos que se torna impossível a renovação para arrependimento
daqueles que “uma vez foram iluminados”; “provaram o dom celestial”; “se
fizeram participantes do Espírito Santo”; “provaram a boa palavra de Deus, e as
virtudes do século futuro” (vv.5,6). Qual a razão de tal impossibilidade? A
resposta está claramente estampada no texto: por que “de novo crucificaram o Filho
de Deus, e o expõem ao vitupério”. Mais uma vez constatamos que o pecado
imperdoável não é cometido por um desobediente desavisado qualquer; não se
trata de pecado por ignorância.
O JUÍZO DE DEUS É SEVERO E TOTAL
“Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. Essa advertência nos
mostra o quanto Deus é severo em seu juízo: nenhum suborno poderá alterar seus
propósitos; nem fama, nem riquezas e nem vantagens terrenas de qualquer espécie
farão qualquer diferença no juízo celestial.
Lembrando dos dias passados (v.32). Aqui a admoestação
aos destinatários da Epístola é para que se lembrem “dos dias passados”, nos
quais eles deram seu testemunho diante de seus perseguidores. Aqueles crentes
compadeceram-se dos que foram presos e perderam bens, sabendo que teriam “nos
céus uma possessão melhor e permanente” (vv.33,34).A apostasia, o abandono
deliberado da fé em Cristo, é algo de indescritível gravidade espiritual. Se
rejeitarmos o sacrifício de Cristo como paga pelos nossos pecados, nenhuma
outra provisão haverá para a nossa salvação (v.26). O relativismo religioso e o
secularismo que debilitam a igreja, afrouxando as regras e os limites entre o
santo e o profano, constituem um sinal de alerta a todos nós. Não rejeitemos a
Cristo!
“Aviso contra a apostasia. O pecado voluntário que ameaçava os
hebreus consistia em abandonar o Cristianismo e voltar ao judaísmo. Não há
nenhum sacrifício em favor dos que apostatam da fé em Cristo - pela alma do
homem só existe um único sacrifício, o de Cristo (v.26). Ora, se o sacrifício
de Cristo é definitivo, também é o último. Rejeitá-lo voluntariamente implica
‘uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo’ (v.27). O autor não
limita a eficácia da obra de Cristo em favor do penitente. Essa passagem deve
ser estudada em conjunto com o capítulo 6.4-8.
Sob a Antiga Aliança, quem desprezasse a Lei de Moisés era
punido com a morte (v.28). O mesmo princípio está em vigência, e com maior
rigor ainda para quem apostatar da fé, pois constitui afronta a Cristo, à
eficácia do seu sangue e um insulto ao Espírito Santo, através de quem a graça
de Deus se manifesta. Sobre os tais pesa o juízo de Deus, do qual ninguém pode
escapar (vv.29-31)” (Comentário
Bíblico - Hebreus, CPAD, pág. 156).
“Se pecarmos voluntariamente (Hb 10.26). O escritor de Hebreus
volta a advertir seus leitores sobre o caso de abandonar a Cristo, como fizeram
em 6.4-8.Pisar o Filho de Deus
(Hb 10.29). Continuar a pecar deliberadamente depois de termos
recebido o conhecimento da verdade (v.26) é: (1) tornar-se culpado de pisar
Jesus Cristo, tratá-lo com desprezo e menosprezar sua vida e morte; (2) ter o
sangue de Cristo como indigno da nossa lealdade; e (3) insultar o Espírito
Santo e rebelar-se contra Ele, o qual comunica a graça de Deus ao nosso
coração.
O justo viverá da fé (Hb 10.38). Este princípio
fundamental, afirmado quatro vezes nas Escrituras (Hc 2.4; Rm 1.7; Gl 3.11; Hb
10.38), governa o nosso relacionamento com Deus e a nossa participação na
salvação provida por Jesus Cristo.
(1) Esta verdade fundamental afirma que os justos obterão a vida
eterna por se aproximarem fielmente de Deus com um coração sincero e crente
(ver 10.22).
(2) Quanto aquele que abandona a Cristo e deliberadamente
continua pecando, Deus ‘não tem prazer nele’ e incorrerá na condenação eterna
(vv.38,39)” (Bíblia de
Estudo Pentecostal, CPAD, pág. 1915).
Elementos essenciais da fé
CAP 11
A fé, conforme a Palavra de Deus, é a condição básica para ser
salvo e receber de Deus auxílio em todos os aspectos. É a base — “firme
fundamento” — , a esperança — “das coisas que se esperam” — e a convicção —
“prova das coisas que não se veem”. O escritor, recorrendo à história
judaica, mostra diversas personagens que, pela fé, e não por seus próprios
méritos, puderam obter da parte de Deus vitórias marcantes. Tais personagens
viram de longe as promessas de Deus, e morreram crendo no cumprimento delas.
Deus considera esses heróis como pessoas “dos quais o mundo não era digno”,
exemplos de fé a serem seguidos por todos nós.
CONCEITO DE FÉ
O escritor sacro não pretendeu simplesmente definir a fé, mas
sim descrevê-la como elemento fundamental da vida cristã.
O firme fundamento. Fundamento aqui significa muito mais que
a mera certeza humana, fruto da lógica, ou do exercício da futurologia. Na
visão cristã, tem o sentido de certeza inabalável, ou seja, temos convicção de
que servimos a um Deus onipotente, onisciente e onipresente, que vela por sua
Palavra para a cumprir (cf. Jr 1.12; Is 43.13). Significa também certeza
absoluta a respeito da nossa salvação. Ver 1 Jo 3.2. Assim, a certeza é o
primeiro elemento essencial da verdadeira fé, isto é, “a fé que é por Ele” (At
3.16).
Das coisas que se esperam. “A fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam...”. O segundo elemento essencial da fé é
a esperança.
Esta é consubstanciada na forte convicção de que aquilo que se espera da parte
de Deus há de acontecer sempre, independente das circunstâncias. Abraão creu
que teria um filho segundo a promessa divina, fruto de sua união com Sara,
mesmo quando a lógica humana dissesse o contrário.
A prova das coisas que não se veem. A “prova” tem o
significado de “convicção”,
que é o terceiro elemento da fé. Aqui temos um ponto muito importante a
considerar. Pessoas há que manipulam este texto para justificar a prática
mística do que eles chamam de visualização mental para obtenção do que se
deseja. Nesse meio estão certas ramificações da Confissão Positiva. Tal prática
não tem apoio nas Escrituras Sagradas. No contexto do capítulo 11 de Hebreus,
“as coisas que não se veem” são as coisas de Deus, “os bens futuros” (Hb 9.11),
“as melhores promessas” (Hb 8.6). Isso porque tais “coisas” foram prometidas
por Deus em sua Palavra, e esta não pode falhar em nenhuma hipótese. Há
“crentes” que, iludidos pelo seu próprio coração, asseveram que podem aplicar
esse texto (v.1) a qualquer coisa. Por exemplo: “eu creio que Deus vai me dar
um carro novo, e uma bela casa”. Ora, isso é um desejo, mas não uma promessa de
Deus. Pode tornar-se real ou não. É algo condicional e circunstancial.
EXEMPLOS MARCANTES DE FÉ
Abel. Foi exemplo de fé sacrificial. A Bíblia não diz em Gênesis
4 por que Deus aceitou seu sacrifício e não o de seu irmão, o homicida Caim.
Mas em Hebreus 11.4 podemos constatar o final da história: enquanto a oferta de
Abel foi movida pela fé em Deus (ver Jd v.11), Caim trilhou seu “caminho” sem
fé.
A ideia de que a oferta de Abel foi aceita por tratar-se de
oferta com sangue (apontava para o sacrifício de Cristo) apesar de correta, é
parcial, uma vez que a oblação de Caim, mesmo sendo de vegetais, também seria
aceita por ser produto do seu trabalho como lavrador (Gn 4.3; ver v.7).
Caim tinha má índole; era iracundo e “suas obras eram más” (1 Jo
3.12), por essas razões suas ofertas não foram aceitas pelo Senhor.
Enoque. Exemplo de fé agradável. O pouco que a Bíblia fala sobre
esse homem de Deus encerra a grandeza de seu caráter e de sua fé: “E andou
Enoque com Deus; e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou” (Gn 5.24).
Se ele “andou com Deus”, ou seja, viveu em íntima comunhão com o Eterno e no
centro da sua vontade, diante da extrema incredulidade de seu tempo, foi porque
tinha uma fé viva, que via o mundo melhor. Por isso, ainda na terra, antes da
sua trasladação, “alcançou testemunho de que agradara a Deus”. Sem fé não
agradamos a Deus (Hb 11.6).
Noé. Exemplo de fé obediente e justa. Nunca ouvira falar de
dilúvio, todavia, “divinamente avisado das coisas que não se viam, temeu” e
obedeceu, preparando uma arca “para salvação da sua família”. Noé foi o
primeiro homem na Bíblia a ser chamado justo. Isso nos traz uma lição de
extremo valor: o homem de fé precisa ser justo diante de Deus e dos homens.
Abraão. É considerado o pai da fé provada. Quando foi chamado por
Deus, sequer imaginava para onde iria (v.8). Passou anos habitando em tendas,
peregrinando “como em terra alheia” (v.9) e recebeu a promessa de que seria
“uma grande nação” (Gn 12.2). O Todo-Poderoso mandou que ele olhasse para os
céus e contasse as estrelas, se pudesse, dizendo que assim seria sua semente:
“e creu ele no Senhor e foi-lhe imputado isto por justiça”. Mais tarde Deus
pediu-lhe em sacrifício seu único filho, Isaque. Sem relutar, o grande
patriarca obedeceu piamente à voz do Altíssimo, crendo “que Deus era poderoso
para até dos mortos o ressuscitar” (vv.17,18). O Deus de Abraão é o nosso Deus.
Ele é fiel em cumprir sua palavra (cf. Jr 1.12).
VIRAM AS PROMESSAS DE LONGE
Todos estes morreram na fé. Após destacar os
quatro primeiros heróis da fé, o escritor declara que eles morreram na fé, “sem
terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe...”. Como Paulo, combateram
o bom combate, acabaram a carreira e guardaram a fé (2 Tm 4.7).
Viram as promessas de longe. Era a fé fazendo-os
olhar para o horizonte ao longe, sem chegar lá, porém contemplando
o cumprimento das promessas. Certamente eles usufruíam a salvação em
Cristo porque criam na vida eterna, na entrada nos céus, na vitória sobre o mal
e, sobretudo, no reinado eterno de Deus.
Crendo nas promessas, abraçando-as e confessando-as (v.13). A fé daqueles homens
era tão forte e poderosa que, mesmo sem verem o cumprimento das promessas de
Deus, nelas creram e as abraçaram (cf. v.1). Eles consideravam-se “estrangeiros
e peregrinos na terra”, porque esperavam uma pátria melhor, definitiva, no futuro,
sendo aclamados por Deus, “porque já lhes preparou uma cidade” (vv.13-16).
HOMENS DOS QUAIS O MUNDO NÃO ERA DIGNO
Na última parte do texto em estudo, a Palavra de Deus fala de
forma comovente sobre dois tipos de heróis da fé. São eles:
Os lutadores. As Escrituras apresentam vários exemplos
de lutadores. Eles “venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram
promessas, fecharam as bocas dos leões, neutralizaram a força do fogo,
escaparam do fio da espada”, tudo isso pela fé no Todo-Poderoso.
Os martirizados. Foram os que, na luta pela fé, foram açoitados,
apedrejados, presos, aflitos, torturados e mortos: “não aceitando o seu
livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição” (vv.35-37). A história da
Igreja registra outros grandiosos exemplos de fé e coragem entre os mártires do
cristianismo.
Foram homens “dos quais o mundo não era digno”. O “mundo” que não é
digno dos homens de Deus é aquele que se opõe ao bem, e que dificulta a
inquirição espiritual. Foi para esse mundo que Jesus apontou ao falar sobre a
inevitabilidade das perseguições: “Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro
do que a vós, me aborreceu a mim” (Jo 15.18).
Os homens dos quais o mundo não era digno viram de longe as
promessas, mas não as alcançaram, “provendo Deus alguma coisa melhor a nosso
respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (vv.39,40).
Hoje para muitos, principalmente crianças e adolescentes que não
conhecem a Deus, os heróis são os ídolos humanos ou virtuais da TV e do cinema.
Esses não passam de falsos ídolos e heróis que desencaminham seus admiradores
para o mal. Contudo, a Bíblia nos inspira fé e perseverança, necessárias para
que confiemos nas promessas de Deus. Ela nos mostra em suas páginas a vida de
homens e mulheres, crianças e adolescentes, jovens e adultos, que nos legaram
exemplos extraordinários da verdadeira fé em Deus.
“Encorajamento palas vitórias da fé (Cap.11). O autor,
neste capítulo, destaca a fé como sendo a grande característica e o denominador
comum do verdadeiro povo de Deus em todos os tempos (cf. 10.38,39). Ele
menciona detalhadamente os heróis da fé que viviam sob a antiga aliança e cujos
exemplos nos incentivam a sermos leais a Deus, hoje.O versículo 1 é muitas
vezes citado como uma definição de fé, porém, na realidade é mais uma
explicação das características da fé. Em poucas palavras, a fé é simplesmente
confiança em Deus e sua palavra (cf. Rm 10.17). Parafraseando o versículo,
poderíamos dizer: ‘A fé significa que somos confiantes; temos a certeza (algo
que serve de base ou apoio a qualquer coisa, como um alicerce, um fundamento,
uma promessa ou um contrato) daquilo quer esperamos receber, a convicção da
realidade das coisas invisíveis’.
Foi com essa atitude de fé que, naquele tempo, os heróis
enfrentaram o futuro e aprenderam as coisas invisíveis. Os antigos alcançaram
testemunho e o próprio Deus também testificou da fé que possuíam, a qual
superou todos os obstáculos, sendo seus feitos registrados na Bíblia como
homens de fé (v.2). A crença em Deus como Criador de todas as coisas do
universo é imprescindível para a vida de fé, qualquer que seja sua manifestação
(v.3). ‘Por isso, em primeiro lugar, o autor declara essa ação primária da fé,
pela qual chegamos à plena certeza de que o mundo - a História e as eras - não
resultou do acaso; é uma resposta à expressão da vontade de Deus’ (Westcott)” (Comentário Bíblico - Hebreus,
CPAD, pág.158).
“Creia que ele existe (Hb 11.6). Este versículo descreve as
convicções integrantes da fé salvífica.
(1) devemos crer na existência de um Deus pessoal, infinito e
santo, que tem cuidado de nós.
(2) Devemos crer que Ele nos galardoará quando o buscarmos com
sinceridade, sabendo que nosso maior galardão é a alegria e a presença do
próprio Deus. Ele é nosso escudo e nossa grande recompensa (Gn 15.1; Dt 4.29;
Mt 7.7,8 nota; Jo 14.21 nota).
(3) Devemos buscar a Deus com diligência e desejar ansiosamente
a sua presença e graça” (Bíblia
de Estudo Pentecostal, CPAD, pág.1916.).
Perseverança na fé e
santidade CAP 12
Os cristãos hebreus tinham à sua disposição muito mais vantagens
que as permitidas aos heróis que os antecederam. O autor se compara, juntamente
com seus irmãos em Cristo, a atletas disputando uma corrida, ao redor dos quais
está aquela numerosa plateia enfileirada, como nas arquibancadas de um grande
estádio. As testemunhas da grande prova são justamente osheróis da fé, cujos
feitos estão registrados no capítulo 11 da epístola em estudo. Tomando o
exemplo desses homens das gerações anteriores, o escritor procura nos encorajar
a correr a boa corrida da fé e ganhar, pela resistência e coragem, o prêmio que
nos é oferecido.
Os dois últimos capítulos de Hebreus encerram a epístola com
exortações e orientações aos crentes sobre como perseverar na fé e na doutrina,
com disciplina, amor e santidade. Estes temas atualmente são desprezados em
muitos lugares, por causa do “vírus” do relativismo. Mas a Palavra de Deus é
como um “martelo que esmiúça a penha” (Jr 23.29), e dissipa os “ventos”
contrários a sã doutrina, fortalecendo e edificando os que hão de concluir a
carreira cristã.
A CARREIRA COM PACIÊNCIA
Uma nuvem de testemunhas (v.1). O escritor nos leva a
outros aspectos da vida cristã, ressaltando que estamos rodeados de “uma tão
grande nuvem de testemunhas”. Quem são essas testemunhas? Pelo contexto
entendemos que aqueles são heróis diante do Todo-poderoso que testemunham a sua
fidelidade. Aqui, a palavra testemunha, originalmente martys, denota a
experiência dos antepassados da fé. Por outro lado, podemos dizer que em nossa
carreira cristã estamos sendo observados por muitas testemunhas. Umas visíveis:
os homens, crentes e descrentes; outras, invisíveis: os anjos e os demônios.
(Ver Sl 34.7; Hb 1.13,14; 1 Pe 5.8.) Diante dessa realidade devemos ter muito
cuidado com o nosso comportamento.
Deixando o pecado e o embaraço (v.2). Somos exortados a
deixar “todo o embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia”. O embaraço
certamente não é pecado, mas pode tornar-se num impedimento, ou num atraso à
nossa vida e carreira espiritual, e aí sim, conduzir-nos ao pecado. Um crente
embaraçado é facilmente atingido pelo Diabo. A televisão, por exemplo, mesmo
transmitindo programas de cunho informativo ou cultural, pode embaraçar o
crente se este deixar de ir à casa de Deus para prostrar-se diante dela. Há
crentes que se embaraçam com dívidas, amizades, esportes, lazer, etc. Ademais
disso, não podemos esquecer que a Bíblia nos manda remir o tempo (Ef 5.15,16).
Correndo com paciência. Aqui o escritor toma uma figura de
linguagem emprestada, provavelmente dos jogos olímpicos, para comparar a vida
cristã a uma maratona. Numa corrida, é necessário ter paciência para se
alcançar a chegada (cf. Hb 10.36). No caso da fé, a carreira não é escolhida
pelo cristão, e sim proposta por Deus. O crente precisa correr e chegar ao
final vitorioso. Para que isso aconteça só existe um segredo segundo as
Escrituras: perseverança e paciência (Rm 5.3-5).
Olhando para Jesus (v.2). Numa corrida de resistência, o atleta
precisa olhar para frente, caso contrário, poderá perder o tempo e o rumo. Na
vida cristã, mais ainda, o crente não pode perder de vista o alvo, Jesus. Ele é
o autor e também o consumador de nossa fé. Deu-nos o exemplo, suportando a
cruz, desprezando a afronta, até assentar-se à direita de Deus, “pelo gozo que
lhe estava proposto”. A história da Igreja está cheia de exemplos de homens e
mulheres, que corajosamente desprezaram os prazeres e as glórias do mundo por
amor a Cristo.
A correção com amor (vv.3-11). Nesta primeira parte
do texto, o escritor exorta os crentes hebreus à perseverança, dizendo que
ainda não haviam resistido “até o sangue no combate contra o pecado” (v.4).
Parece que o escritor tinha em mente que seus destinatários poderiam ignorar um
pouco da Palavra de Deus, e cita Provérbios 3.11-12, onde a Palavra de Deus
anima os crentes a não se esquecerem da exortação do Pai, e a não desanimarem
ao serem repreendidos.
No v.6, o autor diz que se alguém está sem disciplina não é
filho, mas bastardo, ou filho ilegítimo (vv.7,8). E conclui falando do valor da
correção: “porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que o recebe
por filho” (vv.10,11). Trata-se da correção com amor.
EXORTAÇÃO À SANTIFICAÇÃO
Levantando as mãos cansadas (v.12). Na vida cristã, pode
haver momentos de cansaço e esgotamento espiritual. Mas existe um remédio para
isso: Os que estão firmes pela graça de Deus, ao invés de dificultarem ainda
mais a caminhada dos mais fracos, devem ajudá-los a levantarem-se (cf. Jó 4.3;
Is 35.3). E, Deus tem o poder necessário para nos renovar e restaurar (Is
40.29-31).
Seguindo a paz e a santificação. Santidade é o estado
de quem se destaca pela pureza. Santificação é a prática. E só é possível
através da Palavra de Deus e mediante o sangue de Cristo (Jo 17.17; 1 Jo 1.7).
A santificação é a salvação em andamento, em processo. A doutrina equivocada de
que “uma vez salvo para sempre salvo” não passa de falácia, para justificar a
pretensiosa doutrina da predestinação absoluta, segundo a qual uns nascem
“carimbados” como “salvos” e outros como “perdidos”. Uma vez salvo, o cristão
precisa fazer sua parte: separar-se do mundo e dedicar-se totalmente ao serviço
do Reino de Deus.
Temos uma carreira a percorrer pacientemente, mas esta deve ser
livre de embaraços, pois eles, mesmo não sendo o pecado, podem conduzir-nos a
ele. Que possamos concluir esta carreira como santos filhos de Deus, e receber
do nosso Pai o galardão reservado a cada um de nós.
“‘A carreira que nos está proposta’. Esta corrida é o
teste neste mundo, que dura a vida inteira (10.23,38; 12.25; 13.13).
(1) A corrida deve ser efetuada com ‘paciência’ (gr. hupomone),
ou seja, com perseverança e constância (cf. 10.36; Fp 3.12-14). O caminho da
vitória é o mesmo que o dos santos no capítulo 11 - esforçando-se para chegar
até ao fim (cf. 6.11,12; 12.1-4; Lc 21.19; 1 Co 9.24,25; Fp 3.11-14; Ap 3.21).
(2) Na corrida, devemos deixar de lado os pecados que nos
atrapalham ou que nos fazem ficar para trás (v.1) e fixarmos os olhos, nossas
vidas e nossos corações em Jesus e no exemplo que Ele nos legou na terra, de
obediência perseverante (vv.1-4).
(3) Na corrida, devemos estar conscientes de que o maior perigo
que nos confronta é a tentação de ceder ao pecado (vv.1,4), de voltar àquela
pátria de onde haviam saído (11.15; Tg 1.12), e de nos tornar, de novo,
cidadãos do mundo (Mc 11.13; Tg 4.4; 1 Jo 2.15; ver Hb 11.10)” (Bíblia de Estudo Pentecostal,
CPAD, pág.1918).
Tal como a Cristo, há uma carreira proposta ao povo de Deus, um
alvo as ser alcançado, um caminho a ser percorrido. Jesus Cristo é o príncipe,
o Líder e o Aperfeiçoador da fé. AquEle que não se embaraçou com as coisas
materiais desta vida, pois contemplava a eternidade, sabendo discernir o valor
das coisas que não se viam. Tal deve ser a nossa paciência. A luta de Cristo
foi até a morte, e Ele a venceu. Animados por seu exemplo, podemos fazer o
mesmo” (Comentário Bíblico
Hebreus, CPAD, p.167).
Evidencias da vida cristã
CAP 13
Certas virtudes são consideradas essenciais à vida cristã, tais
como, amor, hospitalidade, pureza, compaixão, submissão, obediência, etc. O
escritor da Epístola aos Hebreus admoestou seus leitores a observá-las.
Devemos buscar com diligência tais qualidades, se pretendemos
genuinamente servir a Deus. Com certeza foi extremamente difícil para aqueles
crentes hebreus, que passaram por severa pressão diária aplicar essas
admoestações em suas vidas. Ora, se eles deviam obedecer a essas admoestações,
quanto mais nós, que conhecemos tão pouco de perseguição e oposição.
. VIRTUDES RELEVANTES A VIDA CRISTÃ
O amor fraternal (v.1). Essa virtude é tão
importante que representa a marca, ou distintivo, do verdadeiro discípulo (cf.
Jo 13.34,35). Sem o amor fraternal de nada servem os dons ou a realização de
boas obras (1 Co 13). Visto que nossos irmãos fazem parte da família de Deus,
devemos amá-los incondicionalmente; desprezá-los é o primeiro passo para quem
desconsidera a Cristo, nosso irmão mais velho.
A hospitalidade (v.2). A hospitalidade deve ser prestada não
somente aos estranhos (v.2), mas também aos pobres (Lc 14.13), e até mesmo aos
inimigos (Rm 12.20).
Na época em que foi escrita a Epístola aos Hebreus, muitos
cristãos haviam perdido todos os seus bens em consequência da perseguição que
lhes movia as autoridades constituídas. Neste aspecto, a hospitalidade trazia
alento a esses servos de Deus, e demonstrava que outros crentes poderiam servir
ao Senhor abrindo suas casas para lhes servirem de abrigo. Entretanto, essa
simpática atitude, principalmente em nossos dias, não deve ser confundida com a
de hospedar qualquer pessoa sem conhecê-la ou saber de suas reais intenções.
O valor do matrimônio (v.4). A expressão “venerado
seja” nesse texto, denota elevado grau de respeito e consideração para com o
matrimônio. Muitos desprezam o casamento para viverem uma vida desregrada,
dissoluta e descompromissada. A vida cristã exige compromisso sério não apenas
com Deus e a igreja, mas também com a sociedade e a família; e esta última
começa com o nosso cônjuge. Quaisquer comprometimentos sexuais ilícitos — a
prostituição, o adultério — são duramente condenados por Deus, e quem pratica
tais coisas receberá dEle o justo juízo. Deus quer que seus filhos tenham vida
sexual ilibada, não apenas por causa do testemunho, mas também por sermos o
templo do seu Espírito.
O valor da beneficência (vv.3,6). O escritor não se
esqueceu da importância da beneficência cristã. Exortou aqueles crentes a que
se lembrassem dos que estavam presos e dos maltratados como se estivessem no
lugar deles. Um crente perseguido facilmente seria lembrado por seus irmãos,
mas os que permaneciam presos por muito tempo poderiam ser esquecidos. Há
muitas pessoas que são perseguidas e presas por causa de sua fé em Cristo, como
há também aquelas que cumprem pena por terem transgredido a lei dos homens. Mas
tanto um como o outro não podem ser desprezados pela igreja do Senhor.
EXPRESSÕES DA FÉ: SUBMISSÃO E OBEDIÊNCIA
Submissão à liderança (vv.7,17). O escritor adverte a
seus leitores sobre a maneira correta de tratar os que pastoreiam o rebanho do
Senhor:
a) Lembrando-se deles e imitando-lhes a fé (13.7). É dever dos
membros da igreja lembrarem-se de seus pastores em suas orações diárias e não
apenas em épocas especiais como a data reservada à comemoração do “dia do
pastor”.Os pastores são modelos que precisam ser imitados, pois homens de fé
servem de exemplo e impulsionam outros homens a terem fé.b) Atentando para a sua maneira de viver (13.7).
A vida de um pastor sempre será observada: sua integridade, piedade, amor a
Deus e a sua obra servirão de exemplo principalmente para os novos obreiros.
Daí a grande responsabilidade do pastor.c)
Obedecendo-lhes (13.17a). A lembrança e a atenção dadas aos
pastores de nada valerão se não forem acompanhadas pela obediência aos mesmos.
Eles são responsáveis por trazer mensagens, orar por nós, administrar a igreja,
aconselhar, visitar, ter a família como exemplo e prestar contas a Deus do
rebanho que lhe foi confiado. Será que, com tantas responsabilidades, eles não
merecem a obediência de suas ovelhas?
“A obediência e a fidelidade aos líderes cristãos, aos pastores
e mestres, deve basear-se numa superior lealdade a Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal,
CPAD).Hoje em dia, muitos obreiros são desrespeitados. E essa é a estratégia de
Satanás para enfraquecer a liderança eclesiástica. Que possamos ter em alta
estima aqueles a quem Deus escolheu para zelar por nós.
Obediência a Cristo. “... Jesus Cristo,
grande pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade...”
(vv.20,21). (Grifo nosso.) Isso significa que aquele que nos salvou continua a
realizar sua obra em nós, tornando-nos sensíveis à sua vontade para que tudo
quanto fizermos seja agradável aos seus olhos. A obediência ao Senhor Jesus
deve ocupar o primeiro lugar na vida cristã.
Obediência à Palavra (v.22). O escritor exorta-nos
a “suportar a presente palavra”. “Tenham paciência comigo”, pede ele, “quanto
partilho a Palavra com vocês. Aceitem-na com paciência e digiram-na, porque a
carta não é muito comprida” Quando Deus fala, como o fez por meio desta
epístola, devemos ouvir e aplicar o que ouvimos. “O amor entre os irmãos
pode ser comparado à ‘vara’ que segurava as tábuas recobertas de ouro do antigo
Tabernáculo, servindo para dar unidade ao recinto em que se manifestava a
divina presença. O amor do cristão para com o seu próximo é universal. Que esse
amor continue sempre entre nós (v.1).
Nesse tempo era uma necessidade que houvesse hospitalidade
particular, devido à falta de hotéis. A hospitalidade não é necessariamente uma
virtude cristã, mas de qualquer maneira, a sociedade cristã deve provê-la
(v.2).De modo prático, o cristão deve procurar socorrer quem precisa dele, seja
tal necessidade resultado de perseguição ou decorrente das circunstâncias
adversas da vida (v.3).
Os avisos sobre o caráter sagrado do matrimônio eram
especialmente oportunos, devido à facilidade do divórcio entre os judeus, uma
vez sancionados pelos mestres da escola do grande rabino Hillel (Westcott).
Deus julgará e condenará as violações dos laços matrimoniais, quer dos
solteiros que vivem em fornicação, quer dos casados que praticam o adultério,
independente de qual seja a opinião tolerante da sociedade da época. Como é
necessária essa mesma exortação para os dias atuais (v.4).
Esta seção inicia com uma referência aos líderes da igreja (v.7)
e assim também se encerra (v.17). Da primeira vez, o autor ordenara aos crentes
reconhecerem com gratidão os seus pais na fé, os fundadores da igreja, que
possivelmente já haviam falecido, procurando seguir-lhes o exemplo. Agora ele
manda que obedeçam àqueles que estão atualmente na direção, seus pastores. Tais
homens não eram aventureiros inescrupulosos, mas homens de Deus, cônscios de
sua responsabilidade pastoral perante Deus e a igreja. Portanto, que não lhes
causassem tristeza, comportando-se como ovelhas desgarradas, pois isso não lhes
seria proveitoso” (Comentário
Bíblico — Hebreus, CPAD, págs.170-174).
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