terça-feira, 30 de janeiro de 2018

EBD Lição 3: Jesus é superior a Moises


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD ADULTOS – 1º Trimestre de 2018

Título: A supremacia da Cristo — Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus – Comentarista: José Gonçalves
Lição 3: A superioridade de Jesus em relação a Moisés
  
TEXTO ÁUREO

Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou” (Hb 3.3).

VERDADE PRÁTICA

Cristo em tudo foi superior a Moisés na Casa de Deus, pois enquanto o legislador hebreu foi um mordomo, o Salvador foi o dono.

LEITURA DIÁRIA

Lc 19.10 Uma missão superior que apenas Cristo poderia cumprir
10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.

1Tm 2.5 Cristo - O único Mediador entre os homens e Deus
5. Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, 6. o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos. Esse foi o testemunho dado em seu próprio tempo.

Hb 3.1 Uma vocação superior dada a Cristo por Deus Pai
Hb 3.1 Cristo - O único Mediador entre os homens e Deus
1 Portanto, santos irmãos, participantes do chamado celestial, fixem os seus pensamentos em Jesus, apóstolo e sumo sacerdote que confessamos.



Hb 3.2 Cristo, o edificador da Casa de Deus
2 Ele foi fiel àquele que o havia constituído, assim como Moisés foi fiel em toda a casa de Deus.

Hb 3.5,6 Cristo, não apenas servo, mas Filho
5. Moisés foi fiel como servo em toda a casa de Deus, dando testemunho do que haveria de ser dito no futuro, 6. mas Cristo é fiel como Filho sobre a casa de Deus; e esta casa somos nós, se é que nos apegamos firmemente à confiança e à esperança da qual nos gloriamos.

Hb 3.7,8 Cristo, superior em palavra à Lei
7. Assim, como diz o Espírito Santo: "Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, 8. não endureçam o coração, como na rebelião, durante o tempo de provação no deserto, 9. onde os seus antepassados me tentaram, pondo-me à prova, apesar de, durante quarenta anos, terem visto o que eu fiz.

















LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Hebreus 3.1-19.

3.1—4.16 — É esta a segunda exortação na epístola (Hb 2.1-41 1. Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. 2. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, 3. Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; 4. Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?) Por isso é preciso que prestemos maior atenção ao que temos ouvido, para que jamais nos desviemos.
2 Porque se a mensagem transmitida por anjos provou a sua firmeza, e toda transgressão e desobediência recebeu a devida punição, 3 como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação, primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram.
4 Deus também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade.). Irmãos santos a interliga ao conceito de santificação em Hebreus 2.11: 11 Ora, tanto o que santifica quanto os que são santificados provêm de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos.
Hebreus 3

Subtema: Ouvir a voz de Deus e nunca desistirmos das pessoas é a receita para entrarmos no descanso de Deus

1-6 -> Temos que ser separados para uso exclusivo de Deus e participarmos da vocação celestial. Note como não se trata de um chamado deste mundo (para fazermos coisas), mas a capacitação para uma tarefa espiritual (tratamento de caráter a fim de que as pessoas possam ser usadas por Deus para confirmar a Palavra de Deus na vida de outras pessoas (Ap 3.19)). Jesus é o enviado de Deus (apóstolo) para expiar os pecados do povo naquilo que é de Deus (e não no que é do homem – Hb 2.17). Ou seja, não adianta queremos o bem (o fruto do Espírito Santo) no nosso coração enquanto insistirmos em fazer a nossa vontade. Todas as coisas contribuem para o bem, quando somos chamados para amá-lO de acordo com o propósito Dele (Rm 8.28). Temos que esperar o chamado de Deus para depois irmos.
          Jesus foi superior a Moisés porque Ele foi fiel em Sua própria casa, que Ele mesmo edificou, para testemunho de tudo aquilo que Deus é (Hb 1.3).
          Detalhe: nós somos a casa a qual Deus fez a fim de poder oferecer Seus dons e sacrifícios (1Pe 2.5). E os dons que Jesus quer ofertar a Deus no altar do nosso coração (Nm 3.5,6) são as pessoas.

3.1,2 — Participantes é a mesma palavra grega traduzida por companheiros em Hebreus 1.9. A vocação celestial desses companheiros é a de herdar a salvação (Hb 1.14) e a glória futura em Cristo (Hb 2.10). O autor de Hebreus convida os cristãos judeus a considerar a fidelidade de Jesus Cristo. Apóstolo significa aquele que é enviado. Essa é a única passagem no Novo Testamento que designa Jesus como o Apóstolo. O título indica que Jesus foi enviado por Deus para revelar o Pai (Jo 4.34; 6.38; 7.28,29; 8.16).

A frase em toda a sua casa é retirada de Números 12.7, onde casa se refere à Casa de Deus, ao tabernáculo, centro da adoração israelita. Moisés havia obedecido fielmente às instruções de Deus em relação ao tabernáculo. Da mesma forma, Jesus obedeceu em tudo à missão que o Pai lhe dera. Como resultado de Sua obediência, Deus pôde estabelecer Sua nova casa, a igreja.

1 — Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão,
2 — sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa.
3 — Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.

3.3 ,4 — Mas o que edificou todas as coisas é Deus. O autor iguala Jesus a Deus. Deste modo, Ele, certamente, é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés (Hb 1.2,8,10). Conclui-se que o concerto estabelecido mediante a morte de Jesus é mais glorioso do que o estabelecido no monte Sinai.

4 — Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus.

3.5 — O autor de Hebreus continua a comparação entre Moisés e Jesus. Enquanto Moisés foi fiel como servo, a fidelidade de Cristo foi maior porque exercida pelo Filho. Coisas que se haviam de anunciar indica que o trabalho de Moisés apontava para Cristo (Hb 9.10; 10.1-3). Os preceitos da Lei de Moisés chamam a atenção tanto para o pecado humano quanto para a necessidade de um sacrifício perfeito, a fim de reconciliar o povo com o seu santo Criador.

5 — E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar;

3.6 — Como Filho sobre a Sua própria casa. O Filho se assentará no trono no Reino vindouro (Hb 1.8). No momento, reina sobre a Igreja. Reinará sobre toda a criação quando Seus oponentes forem completamente derrotados. Sua habitação consiste em todos os que nele creem. Conservarmos firme a confiança [...] até ao fim. Aqueles que perseverarem até o fim, colocando sua esperança firmemente no Filho, viverão com Ele na eternidade.

6 — mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.

7-11 -> Se tivermos o privilégio de ouvir a voz de Deus, não vamos endurecer o nosso coração (vs 8). Pelo contrário: procuremos conhecer o caminho de Deus ao invés de insistirmos nas tradições que herdamos dos pais ou do mundo (1Pe 1.18; Mt 15.8,9). Chega de erramos no coração (vs 10). Quem insiste nisto nunca experimentará Deus repousando em si.

3.7-11 — O autor de Hebreus cita Salmo 95.7-11 para alertar os cristãos judeus de não endurecerem o coração para com Deus e a salvação que Ele oferece. A geração de Moisés se recusou a crer que Deus supriria suas necessidades no deserto (Ex 17.1-7), e os leitores desta carta estariam igualmente em perigo não crendo na salvação oferecida por Deus mediante Seu Filho. Para que permanecessem firmes até ao final (v. 6), não poderiam endurecer o coração para com Deus (v. 8,13,15). Pelo contrário, teriam de renovar sua fé na Palavra de Deus (v. 12,19), depositá-la em Cristo e obedecer a Ele (v. 18).

Repouso é um conceito fundamental em Hebreus. No Antigo Testamento, a conquista da Terra Prometida e o fim das lutas na terra eram vistos como uma forma de repouso (Dt 3.20; 12.9; 25.19; Js 11.23; 21.44; 22.4; 23.10. No Novo Testamento, significa o lar eterno do cristão e a alegria que há de experimentar na presença de Jesus (Hb 4.1).

7 — Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz,
8 — não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto,
9 — onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras.
10 — Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos.
11 — Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso.

12-14 -> homem mau: aquele que deseja as coisas para si. Infiel: que não mantém firme a fé, a glória da esperança (vs 6) e o princípio da confiança até o fim (vs 14). Se quisermos participar de Jesus, ao invés de nos apartarmos do Deus que vive (vs 12), nos separando daqueles que são Dele quando pecamos (vs 10,24,25), devemos animá-los a manter um coração bom e fiel (vs 12) de modo que nenhum deles venha a endurecer pela ilusão de que o pecado pode dar fim aos seus problemas (vs 13). Eles devem se manter confiantes de que o princípio de sua confiança (o amor) não falha. Quem se afasta da Igreja de Jesus é porque não quer servi-la. Neste caso, a quem ele deseja servir? Se não é para ajudar os irmãos a permanecerem na fé (vs 12,13), então qual a nossa razão de ser?

3.12 — O autor fala claramente a legítimos cristãos. Dirige-se a eles como irmãos (gr. adelphoi; compare com irmãos santos no versículo 1), que é o tratamento padrão em todo o livro. Não existe a menor sugestão, em parte alguma da epístola, de que se tratasse apenas de cristãos nominais, e não genuínos, como tem sido por vezes suposto. Um coração mau e infiel. Refere-se a um sério problema espiritual. Um coração descrente é mau porque a incredulidade é má.

Apartar (gr. aphistemi). Esta palavra dá a ideia de manter-se à distância do Deus vivo. Os incrédulos, aqueles que se recusam a ouvir e são indiferentes a Deus, sofrem com isso sérios prejuízos. Aqui se trata, naturalmente, da descrição de uma recaída do cristianismo para o judaísmo. Jesus é Deus. Afastar-se dele é afastar-se do Deus vivo, o que certamente contraria o conservar-se firme no versículo 6.

12 — Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo.

3.13, 14 — Exortarmo-nos uns aos outros para permanecermos na fé é importante. Os cristãos devem permanecer firmes na fé até o fim de sua vida para que sejam participantes de Cristo (v. 15-19). Participantes é a mesma palavra traduzida por companheiros em Hebreus 1.9. Os fiéis serão participantes com Cristo do Seu Reino futuro (Ap 2.26,27).

13 — Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado.
14 — Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.
15 — Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação.

15-19 -> Deus se indignou contra aqueles que, apesar de terem ouvido a voz de Deus, ainda assim o provocavam com as obras das suas mãos (Nm 14.11; Dt 32.21; 1Rs 14.22; Sl 106. 29; Ez 16.43; Jr 8.19; 25.6). Eles acabaram caindo e morrendo no deserto (vs 17), sem entrarem na terra onde eles teriam condições de servir a Deus sem nada para restringi-los, onde todas as leis favoráveis para se viver o amor. Eles não puderam entrar neste lugar onde Deus poderia repousar nos corações porque não queriam crer no poder da piedade (1Tm 3.16; 2Tm 3.5).

3.15-19 — O autor de Hebreus fala da incredulidade dos israelitas como sendo pecado (v. 17) e desobediência (v. 18). Muitos israelitas não entraram no repouso de Deus, a Terra Prometida (v. 11), porque não creram nas promessas de Deus para eles (Nm 1.1-34). Deixaram de possuir a herança reservada para eles porque não creram em Deus (Dt 12.9; Js 13.7).

Cristãos a quem esta carta foi endereçada estavam provavelmente em perigo de seguir os passos dos israelitas. Estavam tentados certamente a duvidar das palavras de Jesus. Ao apresentar questões retóricas nestes versículos, o autor da carta os encoraja a depositar firmemente toda a sua fé em Cristo (Hb 10.26; 12.1,2).

16 — Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que saíram do Egito por meio de Moisés.
17 — Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi, porventura, com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto?
18 — E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes?
19 — E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade.

Hebreus 3

Comentário de Hebreus 3:1-6

Cristo deve ser considerado o Apóstolo de nossa confissão, o Mensageiro enviado aos homens por Deus, o grande Revelador da fé que professamos, e da esperança que confessamos ter. como Cristo, o Messias, é o ungido para o ofício de Apóstolo e Sacerdote. Como Jesus, é nosso Salvador, nosso Curador, o grande Médico das almas. Seja assim considerado. Considere-se o que é em sim, o que é para nós e o que será para nós no além e para sempre. pensar íntima e seriamente em Cristo nos conduz a saber mais dEle. Os judeus tinham uma elevada opinião da fidelidade de Moisés, porém sua fidelidade era um tipo da de Cristo.

Cristo foi o Senhor desta casa, de sua Igreja, que é seu povo, e seu Criador. Moisés foi um servo fiel; Cristo, como o eterno Filho de Deus, é o dono legal e o Rei Soberano da Igreja. Não só devemos estabelecer-nos bem nos caminhos de Cristo, senão que devemos seguir e perseverar firmemente até o fim. Toda meditação em sua Pessoa e sua salvação sugere mais sabedoria, novos motivos para amar, confiar e obedecer.

3.1 IRMÃOS SANTOS. Hebreus provavelmente foi escrito a um grupo de cristãos judeus que, depois da sua conversão a Cristo, foram submetidos à perseguição e ao desânimo (10.32-39). Que os destinatários de Hebreus eram verdadeiros cristãos, nascidos de novo, fica claro pelas referências abaixo: (1) Hb 2.1-4 fala do perigo de se desviarem da salvação; (2) em Hb 3.1, os leitores são chamados “irmãos santos, participantes da vocação celestial”; e (3) em Hb  3.6, onde são chamados a casa de Deus. Para mais evidências de que os destinatários eram salvos por Cristo, ver Hb 3.12-19; 4.14-16; 6.9-12,18-20; 10.19-25,32-36; 12.1-29; 13.1-6,10-14,20,21.

3.1 APÓSTOLO E SUMO SACERDOTE. Segundo o antigo concerto, Moisés (vv. 2-5) era o apóstolo (i.e., pessoa enviada por Deus, com a sua autoridade) e, Arão (5.1-5), o sumo sacerdote do povo de Deus. Agora, sob o novo concerto, esses dois ofícios, apostólico e sacerdotal estão reunidos na pessoa de Jesus.

1 POR isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, 2 Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa.
3 Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.
4 Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus.
5 E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar;

3.6 SE... CONSERVARMOS FIRME... ATÉ AO FIM. As declarações condicionais de Hebreus merecem atenção especial (ver Hb 2.3; 3.6,14; 10.26) porque advertem que a salvação é condicional. (1) A segurança do crente em Cristo é mantida somente enquanto ele coopera com a graça de Deus perseverando na fé e na santidade até o fim da sua existência terrena. Essa verdade foi enfatizada por Cristo (Jo 8.31; Ap 2.7,11,17,25,26; 3.5,11,12,21) e é uma admoestação repetida em Hebreus (Hb 2.1; 3.6,14; 4.16; 7.25; 10.34-38; 12.1-4,14). (2) A salvação assegurada aos membros da igreja que deliberadamente pecam nas igrejas, hoje tão em voga nalguns círculos, não tem lugar no NT (Ap 3.14-16; ver Lc 12.42-48 nota; Jo 15.6 nota).

6 Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.

Comentário de Hebreus 3:7-13 

Os dias de tentação costumam ser os dias de provocação. Sem dúvida é uma provocação tentar a Deus quando Ele nos deixa que vejamos que dependemos e vivemos por inteiro dEle. O endurecimento do coração é a fonte de todos os outros pecados. Os pecados alheios, especialmente os de nossos parentes, devem ser alarme para nós.

Todo pecado, especialmente o pecado cometido pelo povo privilegiado que professa a Deus, não só provoca a Deus, senão o contrista. Deus detesta destruir a ninguém em ou por seu pecado; espera muito para ser bondoso com eles. Mas o pecado em que se persiste por longo tempo faz com que a ira de Deus se revele ao destruir o impenitente; não há repouso sob a ira de Deus.

"Cuidado": todos os que irão chegar a salvo ao céu devem cuidar-se; se uma vez nos permitimos desconfiar de Deus, logo poderemos desertar dEle. Os que pensam que estão firmes, olhem que não caiam. Já que o amanhã não nos pertence, devemos aproveitar até o máximo o dia de hoje. Não há, nem sequer entre os mais fortes do rebanho, quem não necessite da ajuda de outros cristãos. Tampouco há alguém tão baixo e desprezível cujo cuidado na fé e sua segurança não pertençam a todos. o pecado tem tantos caminhos e cores que necessitamos mais olhos que os próprios. O pecado parece justo, porém é vil; parece agradável, mas é destruidor; promete muito, mas não cumpre nada. O enganoso do pecado endurece a alma; um pecado permitido dá lugar a outro; e cada ato de pecado confirma o hábito. Que cada qual se cuide do pecado.

3.7 DIZ O ESPÍRITO SANTO. Assim como os demais escritores do NT, o escritor de Hebreus considera as Escrituras, no sentido final e pleno, como as palavras do Espírito Santo e não como meras palavras dos homens (cf. Hb 9.8; 10.15; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21; ver o estudo A INSPIRAÇÃO E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS). Ao lermos a Bíblia, não devemos pensar que estamos lendo simplesmente com dificuldade na penosa estrada deste mundo. Ao morrermos no Senhor, entramos no seu repouso perfeito no céu (ver a nota seguinte)

7 Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, 8 Não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto.
9 Onde vossos pais me tentaram, me provaram, E viram por quarenta anos as minhas obras.
10 Por isso me indignei contra esta geração, E disse: Estes sempre erram em seu coração, E não conheceram os meus caminhos.
11 Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso.
12 Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo.
13 Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;

Comentário de Hebreus 3:14-19

O privilégio dos santos é que são feitos participes de Cristo, isto é, do Espírito, a natureza, as virtudes, a justiça e a vida de Cristo; estão interessados em todo o que Cristo é, em todo o que Ele tem feito e fará. O mesmo espírito com que os cristãos empreendem o caminho de Deus é o que devem manter até o fim. A perseverança na fé é a melhor prova da sinceridade de nossa fé. Ouvir a palavra amiúde é um médio de salvação, porém se não se escuta, exporá mais a ira divina. A alegria de sermos participes de Cristo e de sua salvação completa, e o temor à ira de Deus e à miséria eterna, devem estimular-nos a perseverar na vida da fé obediente. Cuidemo-nos de confiar nos privilégios ou profissões externas e peçamos ser contados com os crentes verdadeiros que entram no céu quando todos os outros falham a causa da incredulidade. Como nossa obediência continua conforme ao poder de nossa fé, assim os nossos pecados e a falta de cuidado se conformam ao predomínio da incredulidade em nós.


14 Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.
15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações, como na provocação.
16 Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que saíram do Egito por meio de Moisés.
17 Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi porventura com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto?
18 E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes?
19 E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade.










Significado de Hebreus 1 
Hebreus 1
1.1 — A expressão muitas vezes se refere a períodos da história do Antigo Testamento, e muitas maneiras se refere aos diferentes métodos que Deus usou para se comunicar, entre os quais visitações, sonhos, sinais, parábolas e acontecimentos (Is 28.10).

Pelo Filho. Essa expressão poderia ser traduzida como por uma pessoa tal como um Filho. A ênfase
aqui se dá no caráter da revelação. É uma revelação do Filho, nem tanto sobre o que Ele disse, mas sobre quem Ele é e o que fez.

1.2 — Herdeiro de tudo. Jesus é o herdeiro de todas as coisas, pois é o próprio eterno Filho de Deus (Is 9.6,7; Mq 5.2). Sua herança é o domínio universal. Há de reinar sobre todos e tudo (Rm 4.13; Ap 11.15).

Fez também o mundo. A palavra grega para mundo pode significar também séculos. Assim, mundo indica aqui tanto todo o universo criado quanto o tempo todo ao longo de todas as épocas. O Filho é o Senhor de toda a história. Controla o universo ao longo de toda a história como o Mediador junto ao Pai.

1.3 — O Filho é o resplendor da sua glória, da glória de Deus. Isso significa ser o Seu brilho emanado da glória essencial de Deus (Jo 1.14; 2 Co 4-4,6). O autor de Hebreus enfatiza que esse brilho não é refletido, como da luz da lua, mas sim um brilho inerente, como dos raios do sol. O brilho glorioso de Jesus se deve ao fato de ser Ele essencialmente divino.

A locução expressa imagem ocorre somente nesta passagem do Novo Testamento, significando representação exata ou exata natureza. Em grego, era usada para se referir à imagem gravada em uma moeda. O Filho é a representação exata de Deus porque é o próprio Deus (Cl 1.15). Na verdade, a palavra grega traduzida aqui por pessoa significa natureza ou ser. Como disse Jesus, quem me vê a mim, vê o Pai (Jo 14.9).

Sustentando significa suportando ou carregando, em alusão ao movimento ou progresso em direção ao fim. O Filho não somente criou o universo, mediante Sua poderosa Palavra, mas também mantém e dirige seu curso. E Ele o Governante do universo. As leis da natureza são Suas e operam sob Seu comando.

Purificar significa limpar ou purgar. A glória da redenção é muito maior do que a glória da criação:
o Filho de Deus não veio para nos ofuscar com Seu esplendor, mas para a purificação dos nossos pecados.

Assentou-se sugere o ato formal de assumir o ofício de Sumo Sacerdote, em contraste com o sacerdote levítico, que jamais poderia dar por terminado seu trabalho, e então se assentar (Hb 10.11-13). Encontramos no Antigo Testamento um santuário sem assentamento; mas no Novo Testamento, um Salvador assentado.

1.4 — O Filho é mais excelente do que os anjos, ou seja, detém posição mais elevada, por estar assentado à direita de Deus Pai (v. 3) e devido à Sua herança eterna. O Filho obteve um nome maior do que dos anjos. Este retrato majestoso fortalece o dramático convite em Hebreus 4.16 para que cheguemos com confiança ao trono da graça, à presença do Filho.

1.5-14 — O autor de Hebreus usa sete citações do Antigo Testamento para explicar por que o Filho é superior aos anjos.

1.5 — Anjos são filhos coletivamente, no sentido de que foram criados por Deus (Jó 1.6). Mas Cristo é, única e eternamente, o Filho. Ele é superior aos anjos. Hoje te gerei provavelmente se refere ao dia em que Cristo assentou-se à direita do Pai, após consumado Seu trabalho na terra como Messias. Nesse dia, o Filho eterno participou da plena experiência de Sua filiação. Eu lhe serei por pai. Esta passagem cita 2 Samuel 7.14, sendo uma profecia de Cristo como Pessoa eterna em quem a linhagem e o reino davídico culminam.

1.6 — E quando outra vez introduz no mundo é uma referência à volta de Cristo. Primogênito se refere à Sua posição, significando Aquele que está acima de todos os outros (SI 89.27). O Filho não adora, mas é adorado pelos anjos. A citação neste versículo é da versão Septuaginta de Deuteronômio
32.43 ou do Salmo 97.7, onde corretamente é usado o termo anjos no texto hebraico. Que os anjos adorem o Filho quando for coroado como Rei sobre toda a terra (Hb 2.5-9), depois de levar a vingança sobre Seus inimigos e restaurar Seu povo!

1.7 — O Filho é superior aos anjos porque é o Soberano que é adorado, enquanto os anjos são ministros, ou seja, servos de Deus. O autor de Hebreus cita o Salmo 104 porque esse salmo relaciona
os anjos em uma longa lista da criação que Deus, soberanamente, controla.

1.8 — Ó Deus. Jesus Cristo recebeu o grau de divindade plena. O Filho tem um trono eterno, o que significa que possui um Reino eterno.

1.9 — Companheiros provém de uma palavra que quer dizer amigos próximos ou parceiros. O conceito de os crentes como companheiros de Cristo é fundamental em Hebreus (3.1,14; 6.4; 12.8). O termo se refere àqueles que serão participantes com Cristo em Seu Reino. Assim como o Filho, que obteve o direito de reinar e jubilar graças à Sua vida íntegra, assim também o obterão os Seus companheiros — os crentes que vivam vida santa e que hão de reinar com o Filho em Seu Reino.

1.10-12 — O contexto do Salmo 102, de onde esses versos foram extraídos, indica claramente que o Senhor é Aquele que haveria de vir para Israel e as nações (SI 102.12-16). O salmo só pode estar se referindo, portanto, a Jesus, a Segunda Pessoa da Trindade, o Único que veio em carne. Jesus é um ser divino feito humano. O universo perecerá (2 Pe 3.10-13; Ap 21.1), mas o Filho permanecerá para sempre. O universo mudará, mas o Filho permanecerá o mesmo (Hb 13.8).

1.13 — Cristo se assentou à destra de Deus até a vitória final sobre todos os Seus inimigos (1 Co 15.25-28).

1.14 — Os anjos são meros servos (v. 7), atuando em favor daqueles que hão de herdar a salvação. Salvação aqui não se refere à justificação, porque o verbo está no futuro, não no passado. Refere-se à condição dos crentes quando vierem e herdar o Reino e a reinar com Cristo, como recompensa por seu serviço ao Filho (Hb 9.28; Cl 3.24). O autor está falando sobre o mundo futuro (Hb 2.5). Outras referências à salvação, em Hebreus 2.3,10; 5.9; 6.9, provavelmente também dizem respeito ao futuro.

Significado de Hebreus 2 
Hebreus 2
2.1 — O autor emite a primeira de cinco exortações (Hb 2.1-4; 3.1—4-16; 5.11—6.20; 10.19-39; 12.1-29). Nós, cristãos, temos ouvido o Senhor Deus, porque ouvimos a mensagem do evangelho. A majestade de Deus requer que ouçamos com toda a atenção o que Ele nos diz. Desviar. O público destinatário da epístola era certamente marcado, em grande parte, por imaturidade e negligência espiritual (Hb 5.11,12).

O autor alerta seus leitores para que não sejam levados pela opinião popular dos que os rodeiam; deveriam, pelo contrário, apegar-se às palavras de Cristo, por serem as palavras de Deus. E fácil se deixar levar pela corrente. Lembre-se de como foi fácil para o justo Ló se afastar de Abraão e dirigir seus olhos para Sodoma. Estamos todos expostos continuamente às correntes de opinião, aparentemente razoáveis e confortáveis, se comparadas à tarefa de lutar contra a correnteza, tendo os olhos voltados para o nosso Comandante (Rm 12.12).

2.2 — A palavra falada pelos anjos. Deus entregou a Lei a Moisés por intermédio de Seus anjos (Dt 33.2; At 7.38,53; G1 3.19). A desobediência ou obediência à Lei era punida ou recompensada. Em Hebreus 12.5-11, tal disciplina é discutida detalhadamente (Dt 28—30). Se a pessoa transgredisse a Lei, sua punição não era a perda da justificação ou regeneração, mas sim das bênçãos temporais e ela era disciplinada. Compare Deuteronômio 28—30 com Hebreus 12.5-11.

2.3 — Como escaparemos. Se o povo que ouviu a mensagem entregue pelos anjos era justamente punido quando desobedecia à Lei, como acham os cristãos que podem escapar da punição se negligenciarem a mensagem, maior ainda, entregue pelo mais importante Mensageiro, o Filho? O pronome nós é referido cinco vezes nos versículos 1 a 3. O autor adverte a nós, cristãos, incluindo a si mesmo, sobre o erro de descuidarmos da salvação e perdermos a oportunidade de reinar com Cristo.

A grande salvação (Fp 2.12,13) não se refere, aqui, propriamente, à justificação, já que, no caso, a salvação começou a ser anunciada pelo Senhor. A justificação é apresentada desde o Antigo Testamento (Gn 15.6), mas é o Senhor Jesus quem primeiro fala a respeito de Seus seguidores herdarem o Seu Reino e reinarem com Ele (Hb 2.10; Lc 12.31,32; 22.29,30).

Pelos que a ouviram. O autor inclui a si mesmo entre aqueles que não ouviram do Senhor pessoalmente a respeito da salvação. O fato de a terceira geração ter tido a mensagem confirmada pela segunda geração, a qual, por sua vez, ao que parece, realizou milagres, indica que muitos milagres podem ter cessado na terceira geração. O tempo verbal de confirmada, no passado, pode levar a essa suposição. Os primeiros leitores podem até ter presenciado milagres, mas não os ter realizado.

2.4 — Sinais e maravilhas se referem aos milagres realizados pelo Espírito Santo por intermédio do Senhor e de Seus apóstolos, em cumprimento das antigas promessas relativas à vinda do Messias (At 2.22,43; 4-30; 5.12; 6.8; 14.3; 15.12; 2 Co 12.12).

2.5 — O autor retorna ao tema do capítulo 1: o Filho é superior aos anjos. De que conecta esta passagem com Hebreus 1.4-14, como indicam a menção dos anjos e a alusão ao Salmo 110 (v. 8), neste versículo. O mundo futuro é o Reino futuro do Filho e de Seus companheiros (Hb 1.9) na terra.

2.6-8 — Como se a humanidade do Filho pudesse representar um aparente empecilho para a declaração de Sua superioridade, o autor de Hebreus cita o Salmo 8, uma reflexão lírica sobre Gênesis 1, para provar que Deus colocou a humanidade acima de toda a criação, o que inclui o mundo angelical.

2.8 — Mas agora. O domínio dos seres humanos sobre a criação de Deus foi adiado por causa do pecado (v. 15). A conivência da humanidade com Satanás levou-a a entrar em conflito com Deus. Ainda não indica que essa demora, porém, é apenas temporária.

2.9 — Os seres humanos dominarão a criação, mas mediante Jesus Cristo. Vemos, porém [...] aquele Jesus. O autor usa o nome humano de Cristo, Jesus, pela primeira vez nesta carta. Citando passagens do Salmo 8, chama a atenção para o fato de que Cristo, por Sua humilhação e exaltação, recuperou o que Adão havia perdido — o chamado original para que os seres humanos reinem sobre a criação de Deus (Fp 2.6-11; Ap 5.1-14).

2.10 — Trazendo muitos filhos à glória não é propriamente uma referência a conduzir os cristãos ao céu, mas sim a levar os companheiros sofredores à glória futura (2 Co 4-17). Ao sofrerem, os cristãos se tornam filhos, no sentido de que se identificam com Cristo. Jesus usou também a palavra filhos nesse sentido (Mt 5.44,45). A palavra grega aqui para príncipe significa, na verdade, capitão, comandante, chefe, criador ou autor. Descreve um pioneiro ou desbravador. A aceitação de Jesus das aflições na terra faz dele nosso líder. Ele experimentou os sofrimentos a que estamos sujeitos a passar. E não somente os suportou, como também, por intermédio deles, triunfou sobre o pecado, a morte e Satanás. Sua vida sem pecado marcou o caminho até Deus, caminho que devemos seguir.

Jesus é o nosso modelo, nosso líder, nosso Comandante. Entende nossa dor porque Ele mesmo a sentiu e vivenciou. Salvação, aqui, se refere à nossa salvação futura, à nossa glorificação no Reino vindouro de Cristo.

2.11-13 — Com uma declaração seguida de três citações de apoio do Antigo Testamento, o escritor demonstra a unidade entre o Filho e os muitos filhos de Deus.

2.11 — Todos de um. Esta expressão se refere à humanidade que Jesus compartilha com todos os cristãos, ou ao fato de Jesus e os cristãos pertencerem todos a Deus. Por serem os filhos de um mesmo Pai (Jo 20.17), Jesus pode chamar todos os cristãos de Seus irmãos.

2.12 — O Salmo 22, aqui citado, descreve a agonia de um justo sofredor. O salmo, em última análise, é messiânico. Descreve os sofrimentos de Cristo. Jesus cita o Salmo 22.1 na cruz (Mt 27.46). Nele, o salmista, como o próprio Messias, se refere a meus irmãos, identificando-se com todos aqueles que depositam sua fé em Deus.

2.13 — As citações aqui são de Isaías 8.17,18 e dizem respeito a um profeta, que, tal como Jesus, é perseguido e rejeitado, mas se torna uma referência para o fiel.

2.14-16 — Tendo estabelecido a unidade entre o Filho e os cristãos, o autor conclui que existem dois propósitos nessa identificação. O Filho se tornou humano para que, por Sua morte, pudesse destruir o diabo (v. 14) e libertar todos os que estavam presos ao pecado (v. 15).

2.14 — Participou das mesmas coisas. Jesus Cristo compartilhou de nossa humanidade, humilhando-
se para tornar-se igual a nós (Fp 2.5-11). Império da morte. O diabo tenta as pessoas ao pecado e depois as acusa de rebelião contra Deus (Gn 3; Jó 1). Ao induzi-las ao pecado, Satanás entrega as pessoas à morte, pena devida pelos seus pecados (Rm 5.12). O diabo está ativo ainda hoje (1 Pe 5.8), mas seu poder sobre a morte lhe foi tirado. A morte de Cristo pagou por nós a penalidade do pecado. Podemos, assim, ao depositarmos nossa confiança em Cristo, ficar livres do perverso domínio de Satanás (Lc 10.18; 2 Tm 1.10; Ap 1.18). O julgamento de Satanás foi feito na cruz, mas sua execução será no futuro (1 Co 15.54-57; Ap 20.10).

2.15 — O diabo usa o medo da morte para nos escravizar. O Filho de Deus, porém, mediante Sua morte na cruz (v. 14), eliminou o medo e quebrou nossa servidão ao pecado e à morte.

2.16 — A descendência de Abraão se refere tanto aos descendentes humanos do patriarca quanto a seus filhos espirituais — aqueles que, como Abraão, depositam sua fé em Deus (G1 3.7,29). O autor pode ter usado essa expressão por serem os destinatários dessa carta principalmente judeus cristãos. O autor ressalta que Cristo veio para ajudar os filhos de Abraão, e não os exércitos angelicais.

2.17 — Em tudo inclui a humanidade de Jesus (v. 14) e Seu sofrimento (v. 18). Jesus partilhou de nossa natureza e nossos sofrimentos para que pudesse ser um Mediador compassivo entre Deus e a humanidade. Ele entende nossa fraqueza e intercede por nós na presença de Deus Pai. É, assim, um misericordioso [compassivo] e fiel [confiável] sumo sacerdote. Esta é a primeira vez em que o título de sumo sacerdote aparece em Hebreus e a primeira vez em que é aplicado a Jesus Cristo na Bíblia.

Expiar, ou seja, fazer expiação, significa satisfazer as exigências de um Deus santo e justo contra os pecadores que violaram Sua lei. Cristo aplacou a justa ira de Deus ao morrer na cruz em nosso lugar (Rm 3.21-26). Embora inteiramente perfeito e sem pecado, Ele voluntariamente se submeteu à penalidade do pecado, ao experimentar a agonizante morte na cruz. Esse sacrifício voluntário do próprio Filho em nosso favor satisfez a justiça e santidade de Deus. E os benefícios de Seu sacrifício são para todos aqueles que nele depositarem sua fé.

2.18 — Sendo tentado. O sofrimento de Cristo incluiu a tentação. Ele experimentou a sedução do pecado, mas jamais se rendeu a ele. Cristo conhece o que é ser tentado; sabe, então, como ajudar aqueles que caem em tentação.

Significado de Hebreus 3 
Hebreus 3
3.1—4.16 — É esta a segunda exortação na epístola (Hb 2.1-4). Irmãos santos a interliga ao conceito de santificação em Hebreus 2.11.

3.1,2 — Participantes é a mesma palavra grega traduzida por companheiros em Hebreus 1.9. A vocação celestial desses companheiros é a de herdar a salvação (Hb 1.14) e a glória futura em Cristo (Hb 2.10). O autor de Hebreus convida os cristãos judeus a considerar a fidelidade de Jesus Cristo. Apóstolo significa aquele que é enviado. Essa é a única passagem no Novo Testamento que designa Jesus como o Apóstolo. O título indica que Jesus foi enviado por Deus para revelar o Pai (Jo 4.34; 6.38; 7.28,29; 8.16).

A frase em toda a sua casa é retirada de Números 12.7, onde casa se refere à Casa de Deus, ao tabernáculo, centro da adoração israelita. Moisés havia obedecido fielmente às instruções de Deus em relação ao tabernáculo. Da mesma forma, Jesus obedeceu em tudo à missão que o Pai lhe dera. Como resultado de Sua obediência, Deus pôde estabelecer Sua nova casa, a igreja.

3.3 ,4 — Mas o que edificou todas as coisas é Deus. O autor iguala Jesus a Deus. Deste modo, Ele, certamente, é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés (Hb 1.2,8,10). Conclui-se que o concerto estabelecido mediante a morte de Jesus é mais glorioso do que o estabelecido no monte Sinai.

3.5 — O autor de Hebreus continua a comparação entre Moisés e Jesus. Enquanto Moisés foi fiel como servo, a fidelidade de Cristo foi maior porque exercida pelo Filho. Coisas que se haviam de anunciar indica que o trabalho de Moisés apontava para Cristo (Hb 9.10; 10.1-3). Os preceitos da Lei de Moisés chamam a atenção tanto para o pecado humano quanto para a necessidade de um sacrifício perfeito, a fim de reconciliar o povo com o seu santo Criador.

3.6 — Como Filho sobre a Sua própria casa. O Filho se assentará no trono no Reino vindouro (Hb 1.8). No momento, reina sobre a Igreja. Reinará sobre toda a criação quando Seus oponentes forem completamente derrotados. Sua habitação consiste em todos os que nele creem. Conservarmos firme a confiança [...] até ao fim. Aqueles que perseverarem até o fim, colocando sua esperança firmemente no Filho, viverão com Ele na eternidade.

3.7-11 — O autor de Hebreus cita Salmo 95.7-11 para alertar os cristãos judeus de não endurecerem o coração para com Deus e a salvação que Ele oferece. A geração de Moisés se recusou a crer que Deus supriria suas necessidades no deserto (Ex 17.1-7), e os leitores desta carta estariam igualmente em perigo não crendo na salvação oferecida por Deus mediante Seu Filho. Para que permanecessem firmes até ao final (v. 6), não poderiam endurecer o coração para com Deus (v. 8,13,15). Pelo contrário, teriam de renovar sua fé na Palavra de Deus (v. 12,19), depositá-la em Cristo e obedecer a Ele (v. 18).

Repouso é um conceito fundamental em Hebreus. No Antigo Testamento, a conquista da Terra Prometida e o fim das lutas na terra eram vistos como uma forma de repouso (Dt 3.20; 12.9; 25.19; Js 11.23; 21.44; 22.4; 23.10. No Novo Testamento, significa o lar eterno do cristão e a alegria que há de experimentar na presença de Jesus (Hb 4.1).

3.12 — O autor fala claramente a legítimos cristãos. Dirige-se a eles como irmãos (gr. adelphoi; compare com irmãos santos no versículo 1), que é o tratamento padrão em todo o livro. Não existe a menor sugestão, em parte alguma da epístola, de que se tratasse apenas de cristãos nominais, e não genuínos, como tem sido por vezes suposto. Um coração mau e infiel. Refere-se a um sério problema espiritual. Um coração descrente é mau porque a incredulidade é má.

Apartar (gr. aphistemi). Esta palavra dá a ideia de manter-se à distância do Deus vivo. Os incrédulos, aqueles que se recusam a ouvir e são indiferentes a Deus, sofrem com isso sérios prejuízos. Aqui se trata, naturalmente, da descrição de uma recaída do cristianismo para o judaísmo. Jesus é Deus. Afastar-se dele é afastar-se do Deus vivo, o que certamente contraria o conservar-se firme no versículo 6.

3.13, 14 — Exortarmo-nos uns aos outros para permanecermos na fé é importante. Os cristãos devem permanecer firmes na fé até o fim de sua vida para que sejam participantes de Cristo (v. 15-19). Participantes é a mesma palavra traduzida por companheiros em Hebreus 1.9. Os fiéis serão participantes com Cristo do Seu Reino futuro (Ap 2.26,27).

3.15-19 — O autor de Hebreus fala da incredulidade dos israelitas como sendo pecado (v. 17) e desobediência (v. 18). Muitos israelitas não entraram no repouso de Deus, a Terra Prometida (v. 11), porque não creram nas promessas de Deus para eles (Nm 1.1-34). Deixaram de possuir a herança reservada para eles porque não creram em Deus (Dt 12.9; Js 13.7).

Cristãos a quem esta carta foi endereçada estavam provavelmente em perigo de seguir os passos dos israelitas. Estavam tentados certamente a duvidar das palavras de Jesus. Ao apresentar questões retóricas nestes versículos, o autor da carta os encoraja a depositar firmemente toda a sua fé em Cristo (Hb 10.26; 12.1,2).

Significado de Hebreus 4 
4.1-11 — Em Hebreus 3.12-19, o fracasso de muitos de Israel em entrar no repouso que Deus lhes concedera serve de séria advertência aos cristãos. O autor explica o que esse repouso significa para os cristãos e mostra por que e como se encontra disponível para nós hoje.

4.1 — A trágica incredulidade de uma geração inteira de israelitas no deserto (Hb 3.7-19) age como um aviso aos cristãos de hoje para que possam entrar no repouso de Deus, ainda oferecido a Seu povo fiel (v. 6-11).

4.2 — Foram pregadas as boas novas é tradução de uma única palavra grega, que significa que as boas novas foram anunciadas. As boas novas do repouso de Deus (v. 1) foram proclamadas aos israelitas. A geração mais antiga, liderada por Moisés, falhou em entrar no repouso, a Terra Prometida (Dt 12.9), por causa de sua falta de fé. Do mesmo modo, o evangelho de Cristo foi proclamado aos leitores da carta, e o autor os convoca então para o repouso de Deus, antes que sua incredulidade venha a impedi-los, também, de nesse descanso entrar.

4.3 — Desde a fundação do mundo. O repouso da criação de Deus é o arquétipo e tipo de todas as experiências de repouso posteriores.

4.4 — E repousou Deus. O tema tem início no repouso do próprio Deus logo após a criação. O fato de Gênesis não fazer menção à noite do sétimo dia da criação forneceu a base para alguns comentaristas judeus concluírem que o repouso de Deus há de durar por toda a eternidade.

4.5,6 — Aqueles. Havia um repouso esperando pelo povo de Deus, mas grande parte da geração do Êxodo não conseguiu entrar nele.

4.7,8 — Assim como muitos israelitas não haviam entrado no repouso de Deus, na Terra Prometida, Davi, longos anos depois de Josué haver liderado os israelitas a ingressarem na terra, advertia sua geração para não endurecer seu coração, a fim de que pudesse entrar no repouso de Deus (Hb 3.7-11). E tal como Davi, o autor de Hebreus convoca a geração atual a responder a Deus hoje (Hb 3.13), que é o dia do arrependimento.

4.9 — A palavra grega para repouso, neste versículo, é diferente da palavra usada em Hebreus 4-1,3,5,10,11; 3.11,18. A palavra, aqui, significa descanso do sábado e somente nesta passagem é encontrada no Novo Testamento. Os judeus geralmente ensinavam que o Sábado prenunciava o mundo vindouro, falando de um dia que seria sempre sábado.

4.10 — Repousou de suas obras. Pode ser que se refira ao repouso no qual os cristãos entrarão quando terminarem seu trabalho para o Reino de Deus na terra (Ap 14.13).

4.11 — Procuremos. Ao incluir a si mesmo junto com seus leitores, o autor quer exortar os crentes a serem diligentes, a fazer todo o esforço para entrar naquele repouso. Pois o repouso não é automático; exige empenho e dedicação. O perigo está em que os cristãos de hoje, como os israelitas do passado, não persistam, mas caiam em desobediência.

4.12 — A palavra de Deus é o padrão de medida que Cristo usará no juízo (2 Co 5.10). A mensagem de Deus é viva e eficaz, penetrando as partes mais íntimas do ser. Diferencia o que é natural do que é espiritual, assim como os pensamentos (as reflexões) e as intenções (desejos) de cada pessoa. A palavra de Deus, enfim, expõe as motivações naturais e as espirituais do coração do crente (Hb 4.7; 3.8,10,12,15; 8.10; 10.16,22; 13.9).

4.13 — A expressão nuas e patentes significa uma completa exposição e clareza diante de Deus. Todos terão de prestar contas a Deus, que tudo vê e tudo conhece (Rm 14.10-12; 2 Co 5.10).

4.14—10.18 — Esta parte, que discorre sobre o sumo sacerdócio de Cristo, é o âmago de Hebreus. O assunto, mencionado em Hebreus 2.17, é reintroduzido, aqui, em Hebreus 4-14-16, discutido resumidamente em Hebreus 5.1-10 e considerado detalhadamente em Hebreus 7.1—10.18. Nosso Sumo Sacerdote é exatamente tal como dele precisamos: Ele pode purificar o pecaminoso coração humano.

4.14 — Visto que significa voltar ao assunto do sumo sacerdócio de Cristo (Hb 2.17—3.6). Temos indica propriedade. No Antigo Testamento, o sumo sacerdote de Israel atravessava o pátio e o véu, no tabernáculo, para então penetrar no Santo dos Santos. Nosso Sumo Sacerdote penetrou nos céus, na presença de Deus, onde se assentou à destra do Pai (Hb 1.3). Seu nome e título, Jesus, Filho de Deus, enfatizam Suas duas naturezas — Sua humanidade e divindade.

4.15 — Compadecer implica sofrer com. Expressa o sentimento por outro de quem já experimentou também sofrimento. Em tudo foi tentado. Jesus passou por todos os graus de tentação (Hb 2.18). Sem pecado (Hb 7.26; 2 Co 5.21). Somente quem não se rendeu ao pecado pode conhecer a intensidade total da tentação. Jesus não se rendeu à tentação.

4.16 — Cheguemos é a mesma palavra grega traduzida em Hebreus 10.22. Que contraste com o ficar afastado para que não morra do Antigo Testamento, que os leitores judeus da epístola e seus antepassados certamente cresceram ouvindo! João Batista resume admiravelmente essa diferença, em sua apresentação de Jesus: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Não haverá mais a morte de animais em sacrifício. Nunca mais o sumo sacerdote terá acesso exclusivo ao Santo dos Santos. Confiança é a mesma palavra traduzida por ousadia em Hebreus 10.19, significando, aqui, coragem, audácia, destemor. Os cristãos devem aproximar-se corajosamente de Deus em oração, porque dele é o trono da graça e nosso Sumo Sacerdote se assenta à Sua direita, intercedendo por nós.




Esboço e Sumário da Carta aos Hebreus
Tema: a superioridade de Cristo como impediente da apostasia, ou seja, a reversão do cristianismo ao judaísmo

I. A SUPERIORIDADE DE CRISTO SOBRE OS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO (1:1-3a)

II. A SUPERIORIDADE DE CRISTO SOBRE OS ANJOS (1:3b-2:18), E AVISO QUANTO À APOSTASIA (2:1-4)

III. A SUPERIORIDADE DE CRISTO SOBRE MOISÉS (3:1-6), E AVISO QUANTO À APOSTASIA (3:7-19)

IV. A SUPERIORIDADE DE CRISTO SOBRE JOSUÉ (4:1-10), E AVISO QUANTO À APOSTASIA (4:11-6)

V. A SUPERIORIDADE DE CRISTO SOBRE OS ARONITAS E AVISOS QUANTO À APOSTASIA (51 - 12:29)

A. A Simpatia humana de Cristo e Sua divina nomeação ao sumo sacerdócio (5:1-10)
B. Aviso quanto à apostasia com uma exortação acerca da busca pela maturidade (5:11-6:10)
C. Melquisedeque, modelo do sumo sacerdócio de Cristo (7:1-10) 
D. Caráter transitório do sacerdócio arônico (7:11-28)
E. Realezas celestiais do sacerdócio de Cristo (8:1-10:18) 
F. Advertência contra a apostasia (10:19-39)
G. Encorajamento derivado dos heróis da fé do Antigo Testamento (11:1-40) 
H. Encorajamento derivado do exemplo dado por Cristo (12:1-11)
I. Advertência acerca da apostasia, com o mau exemplo de Esaú (12:12-29) 

VI. EXORTAÇÕES PRÁTICAS (13:1-19)

CONCLUSÃO: Saudações, notícia da libertação de Timóteo, e bênção final (13:20-25)







Estudo sobre Hebreus 1 

I. A REVELAÇÃO FINAL DE DEUS (1.1-14)
1) Prólogo (1.1-4)
Os primeiros quatro versículos de Hebreus constituem uma majestosa oração gramatical no grego, que de forma apropriada serve para anunciar o grande tema do autor: a transcendência de Cristo como revelador e redentor. Sua beleza e equilíbrio são provas suficientes de que não houve uma introdução epistolar original que agora estaria perdida.
A carta começa de tal forma que contrasta fortemente a revelação anterior com a nova revelação. Ao afirmar que Deus falou muitas vezes e de várias maneiras (v. 1), o autor indica que não somente era o AT diversificado, completo e inspirado, mas também que lhe faltou o caráter decisivo e final, que em nenhum momento do passado e por meio de nenhuma pessoa, profeta ou salmista, nem por meio deles todos juntos, Deus revelou completamente a sua vontade; enquanto por meio da expressão nestes últimos dias falou-nos (o verbo traz a ideia de “de uma vez por todas”), ele destaca a completude e perfeição dessa revelação que agora veio nesse estágio final do plano de Deus para a redenção (cf. Is 2.2; Dn 10.14). E há boas razões para fazer esse contraste entre as duas revelações como o autor deixa claro em seguida: a revelação antiga veio por meio dos (lit. ”nos”) profetas, mas a nova por meio do (“no”) Filho (v. 1,2). No primeiro caso, os profetas eram meras ferramentas humanas da revelação, nada mais; no segundo, alguém que é ele mesmo o Filho de Deus, possuindo sua natureza, é o meio pelo qual essa mensagem vem. Assim a superioridade da revelação de Deus em Cristo não se deve meramente ao fato de que veio por último ao final de uma era, mas ao “caráter transcendente da pessoa, da posição, do status e da autoridade daquele por quem e em quem ela veio” (Manson, op. cit., p. 89). Duas coisas devem ser observadas nesses comentários iniciais. Em primeiro lugar, o autor sublinha a unidade e a continuidade das duas revelações, que em essência não são duas, mas uma só que culmina em Cristo. O mesmo Deus fala nestes últimos dias assim como falou Há muito tempo. E, em segundo lugar, ele sugere que sempre que Deus se revela ao homem é principalmente por meio do homem que ele faz isso. ”Nos profetas” e “no Filho” são expressões que reforçam o princípio de que Deus transmite sua verdade por meio da personalidade humana.
No entanto, não é somente por meio de alguém que é filho entre muitos que Deus oferece sua revelação definitiva. A expressão por meio do Filho (v. 2), portanto, de forma inadequada transmite a intenção do autor nesse ponto. E verdade que no grego falta o artigo definido (e o pronome possessivo que a NIV em inglês acrescenta), mas essa omissão se deve ou à exigência rítmica da frase ou ao desejo do autor de destacar a qualidade dessa palavra definitiva do Filho. O contexto exige que seja traduzida por “seu Filho”, “um que é Filho” (B. F. Westcott, The Epistle to the Hebrews, 1889, p. 7), ou “o Filho”, pois ele deve ser considerado um Filho “incomparável e singular”. Que esse é o caso é demonstrado pelas diversas expressões que seguem imediatamente. Elas descrevem o Filho como (a) autor e alvo da criação, no fato de que ele é herdeiro de todas as coisas e a causa eficiente da sua criação, e como (b) ele mesmo sendo divino, no fato de que 0 Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser (v. 3).
A palavra “esplendor” traduz o termo grego apaugasma, que também tem um significado ativo, “que irradia” (cf. tb. Sabedoria 7.24ss, em que essa palavra é usada com os significados combinados de “refletir” e ”irradiar”. O autor de Hebreus, sem dúvida, tinha conhecimento desse trecho). Por meio dessa palavra, o autor mostra a origem divina do Filho, sua semelhança com o Pai e ao mesmo tempo sua independência pessoal (Cf. Spicq, Comm. v. II, p. 7) — ele reflete ou irradia “a Glória”. [Observação: “de Deus” não está no texto grego. Visto que “a Glória” era associada particularmente a Deus na LXX, a expressão tornou-se substituta para se referir a Deus (cf. 2Pe 1.17). Talvez seja usada dessa forma aqui — “o Filho reflete (irradia) Deus”]. A construção a expressão exata do seu ser não acrescenta nenhuma ideia nova, mas amplia a anterior, definindo mais o relacionamento que existe entre o Filho e o Pai. Ele é a “exata representação do ser real de Deus”, e todas as características essenciais de Deus estão claramente focalizadas nele; quem viu o Filho viu o Pai também (cf. Jo 14.9). Isso, em conjunto com a declaração anterior, contém uma das reivindicações mais fortes da divindade de Cristo encontradas no NT (cf. tb. Jo 1.1-3; Cl 1.15). É fortalecida pela afirmação de que ele está sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa (v. 3). Não se deve retratar, no entanto, o Filho como Atlas [filho de Júpiter, na mitologia romana. O equivalente ao filho de Zeus, na mitologia grega. N. do T.] que sustenta de forma estática o peso do mundo sobre os seus ombros, pois a palavra “sustentar” (lit. “carregar”, gr. pherein) contém não somente a ideia de “apoio”, mas também a de “movimento em direção a”. Assim, o Filho é descrito como alguém que mantém “o Todo” e o carrega e leva adiante para o seu alvo final.
Na última parte do v. 3, há uma breve referência à ideia que na verdade constitui o tema principal da carta: o sacerdote que fez a purificação dos pecados. O autor de Hebreus entende que o serviço sacerdotal é a atividade essencial do Filho e a verdadeira razão da sua vinda à terra. Isso se reflete até na forma do verbo que ele usa para descrever sua obra, embora a tradução obscureça isso. Quando ele fala acerca do início das eras (dos éons; gr. tous aiônas; NVI: universo; ARC: “mundo”), ele diz que o Filho as fez (gr. epoiêsen). Quando ele trata do tema da purificação dos pecados, emprega o mesmo verbo, mas lhe dá uma forma diferente — uma forma que sugere maior interesse ou envolvimento na ação por parte do sujeito (poiêsamenos). Essa ideia é refletida corretamente na tradução da ARC: “havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados”.
Junto com os temas básicos da redenção e da ressurreição, o da exaltação de Cristo à direita de Deus era um elemento essencial na pregação e no ensino apostólicos (At 2.34; Ef 1.20; Ap 3.21). Quando o autor de Hebreus afirma que o Filho se assentou à direita da Majestade nas alturas (v. 3), mostra que concorda com essa ênfase tradicional. Mas ao mesmo tempo ele usa essa afirmação para destacar o caráter definitivo da obra do Filho (cf. comentário de 10.12), e para mostrar que o Filho é ao mesmo o Messias prometido. [Observação: Essa expressão concernente à exaltação do Filho à direita de Deus é uma citação tomada de um salmo messiânico (SI 110).]
E possível que o v. 4 tenha sido causado por adoração de anjos por parte dos destinatários, mas não necessariamente. No AT como também em muitos livros apócrifos os anjos desempenham um papel muito importante. Eram vistos como criaturas muito próximas de Deus (Is 6.2ss), possivelmente até chamados de “filhos de Deus” (cf. Gn 6.2 com Jó 1.6; 2.1. Cf. tb. E. L. Sukenik, The Dead Sea Scrolls of the Hebrew University, pl. 53, fragmento 2,1.3). Eles eram também considerados mediadores da lei (At 7.53; G1 3.19; Hb 2.2). De qualquer forma, como o autor destaca, o Filho é superior aos anjos porque, bem à parte da sua “natureza eterna”, no seu papel humano ele obteve por meio da experiência (esse é o significado da expressão tornando-se) o que já era seu por personalidade — um nome [...] superior ao deles (cf. Fp 2.5-11).

2) Provas das declarações no prólogo (1.5-14)
De forma típica desse autor, apela-se ao AT agora para dar validade às declarações que fez. Para ele, o AT é inspirado por Deus e tem autoridade completa. Suas declarações são finais, não são necessários mais argumentos. Para ele, também, há um significado mais profundo no AT do que o histórico. É o significado cristológico. O Filho, que é o Cristo, é a chave que abre os verdadeiros tesouros das antigas Escrituras. Assim, ele se sente livre, na verdade compelido, a aplicar a Cristo a linguagem exaltada do AT, embora originariamente ela tenha se referido a outro. Por meio desse método exegético, é fácil a tarefa de estabelecer a validade das suas declarações acerca de Cristo.
Ele começa a demonstrar a sua declaração acerca da superioridade de Cristo em relação aos anjos com uma citação do salmo 2: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei (v. 5). Historicamente, essas palavras podem ter sido cantadas a um monarca israelita no dia da sua coroação (cf. H. H. Rowley, ed., The Old Testament and Modern Study, 1951, p. 167). Mais tarde, porém, foram interpretadas de forma messiânica (cf. At 4.25,26; 13.33). E nesse sentido cristológico que o autor de Hebreus as usa para estabelecer o fato de que o Filho foi sempre o Filho (a expressão Tu és descreve um relacionamento essencial e contínuo com o Pai), mas que ele mesmo assim herdou esse título de Filho em algum momento na história (o hoje te gerei sugerindo um “tempo quando”. Cf. Lc 3.22; 9.35; Rm 1.4 acerca de possibilidades de quando isso ocorreu), e que ele é infinitamente superior aos anjos, Pois a qual dos anjos Deus alguma vez disse algo assim (v. 5)?
O autor continua amontoando provas ao acrescentar uma citação de 2Sm 7.14: “Eu serei seu Pai”(v. 5). Essas palavras foram dirigidas originariamente por Deus a Davi e diziam respeito a seu filho. Mas se alguma vez essas palavras foram verdadeiras em relação a Salomão, então são insuperavelmente verdadeiras acerca de Cristo. Aliás, para o autor de Hebreus elas encontram seu cumprimento definitivo nele. Essa passagem nunca foi aplicada de forma messiânica na literatura rabínica, mas agora há evidências dos rolos do mar Morto de que algumas comunidades judaicas o interpretavam dessa forma. O autor de Hebreus, no entanto, nunca se refere a Cristo como o Filho de Davi.
Ele continua sua demonstração ao combinar SI 97.7 com a leitura da Septuaginta de Dt 32.43. [Lembramos que a Septuaginta (LXX) é a tradução grega do AT hebraico, e em Dt 32.43 traz uma leitura mais longa do que a encontrada no texto massorético hebraico. Visto que não está no hebraico, não está nas versões baseadas nele, como em geral são as versões em português. Agora, no entanto, pela primeira vez há apoio para a leitura mais longa num texto hebraico pré-massorético encontrado na comunidade do mar Morto, em Cunrã (cf. F. M. Cross, The Ancient Library of Qumran, 1958, p. 182-3).] Sua combinação desses dois trechos resulta na ordem de que Todos os anjos de Deus o adorem (v. 6). A coisa interessante acerca dessa exortação é que tanto no salmo quanto no texto de Deuteronômio o “o” e o “dele” são referências ao próprio Deus. Mas, visto que o autor já deixou clara a comunhão de natureza que existe entre o Pai e o Filho, ele não tem receio algum de aplicar ao Primogênito o que foi dito originariamente acerca do Pai. A expressão “primogênito” é um termo técnico que quando aplicado aqui a Cristo pode significar que para o autor de Hebreus Cristo é anterior a toda a criação e soberano sobre ela (cf. o comentário de Lightfoot em Cl 1.15), ou pode significar que ele simplesmente queria dizer com isso o relacionamento de Cristo com os homens que também são chamados de “filhos de Deus” (2.10; cf. tb. Rm 8.29).
A prova final da superioridade de Cristo sobre os anjos vem de SI 104.4. Ao descrever os anjos como ventos e clarões reluzentes (v. 7), o autor chama atenção para sua “mutabilidade, materialidade e transitoriedade” (Westcott, Comm., p. 25), em contraste com as qualidades permanentes do Filho cujo trono subsiste para todo o sempre (v. 8). Em 2Esdras 8.21,22, se mostra por meio do paralelismo sinônimo que a interpretação da natureza dos anjos é correta: “Diante de quem as hostes angelicais estão com tremor: e diante de cuja ordem são transformados em ventos e fogo”.
O segundo conjunto de citações foi designado para fundamentar a afirmação do autor acerca do Filho como resplendor e marca da divindade (v. 8,9). Ele começa com uma citação do salmo 45 afirmando que as palavras desse salmo eram uma referência ao Filho: “O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre” (v. 8). Historicamente, é provável que esse salmo tenha sido escrito para o casamento de um rei israelita e cantado numa cerimônia dessas. Como era comum, o rei, em virtude de seu relacionamento íntimo com Deus como seu representante na terra, em certas ocasiões era transformado em recipiente na terra de atributos hiperbólicos como ’Elohim, “Deus” (cf. SI 82.6 com Jo 10.34; cf. tb. Rowley, op. cit., p. 167-8). O que era verdadeiro acerca do monarca hebreu antigo somente em virtude de seu ofício, o autor de Hebreus considera totalmente verdadeiro acerca de Cristo em virtude de sua natureza. A primeira parte dessa citação é ambígua no grego, de modo que alguns tradutores estão propensos a traduzi-la por “Deus é o teu trono” (cf. nota textual da RSV), mas está claro tanto com base no contexto de SI 45 como no de Hb 1 que o que se tem em mente aqui é o vocativo de saudação — “O teu trono, 6 Deus”. Há a mesma ambiguidade de construção no v. 9, de modo que a expressão Deus, o teu Deus [...] ungindo-te também pode ser traduzida por “Deus, o teu Deus, te ungiu” (cf. a tradução de Aquila do salmo hebraico; assim tb. a NEB). Essa unção ocorreu originariamente como recompensa pela equidade e justiça (v. 9). Visto que o autor de Hebreus agora aplica esse salmo a Cristo e porque ele entende que a vida de Cristo foi um período de “provação moral” (2.18; 5.8 etc.), é muito provável que ele identifique a unção de Cristo com sua exaltação — uma recompensa, sem dúvida, pelo cumprimento bem-sucedido da sua missão na terra (cf. 2.9). dentre os teus companheiros (v. 9) significa dentre todos os que receberam a unção real antes e desde então.
Finalmente, o autor estabelece a verdade de sua afirmação concernente à atividade criadora do Filho por meio de uma citação longa de SI 102.25-27 (v. 10-13). Originariamente, esse texto expunha o poder criador de Deus — “No princípio, Senhor, firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos (v. 10), e suas qualidades eternas em contraste com as características transitórias da criação — “Eles [os céus] perecerão, mas tu permanecerás” (v. 11). Agora, no entanto, isso é aplicado ao Filho. O autor achou que era fácil fazer essa aplicação, porque na LXX, que ele usa continuamente, havia a inserção da palavra “Senhor” no texto — “Tu, Senhor, firmaste os fundamentos da terra...” — que não aparece no texto hebraico. “Senhor”, sem dúvida, foi o título que a era apostólica mais usou com referência a Jesus Cristo.
O autor leva ao clímax sua cadeia de citações do AT ao se referir novamente ao salmo 110 (cf. 1.3). Com isso, ele descreve Deus como entrando no conflito para enfrentar os inimigos do seu Ungido:“Senta-te [...] até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés” (v. 13). Essa citação não tem a intenção de mostrar que o Filho é impotente e incapaz de travar suas próprias batalhas, mas, sim, de tornar clara a identidade de vontade que existe entre o Pai e o Filho, e o respeito que o Pai tem pelo Filho (Spicq, Comm. v. II, p. 2). Nunca se pôde dizer isso acerca de anjos, pois eles são meros espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação (v. 14). Com essa menção de “salvação”, o autor conclui a sua discussão concernente às dimensões cósmicas do Filho e avança para um novo tópico — o papel de Jesus na redenção no plano dos eventos históricos.

Estudo sobre Hebreus 2

II. O PROGRAMA DE DEUS PARA A SALVAÇÃO (2.1-18)
1) Advertência e exortação (2.1-4)
Antes de desenvolver o tema da salvação, o autor se sente impelido a parar e fazer uma advertência com base nas implicações da sua teologia exegética. Isso está em harmonia com o seu método de intercalar exortações com teologia. Essas “digressões” não devem ser consideradas um desvio que o autor faz do seu propósito principal. Antes, ele está desvelando o seu propósito principal por meio delas (cf. 13.22).
A advertência aqui pode ser a chave para a compreensão da dificuldade enfrentada por aqueles que em primeira instância receberam a carta de Hebreus. Aparentemente é uma advertência contra a negligência e a indiferença à nova revelação, contra a falha em apreciá-la e um estímulo para aproveitar todos os seus benefícios, além de ser uma advertência contra a possibilidade de nos desviarmos (v. 1). A solução do problema é o exercício moral: é preciso que prestemos maior atenção ao que temos ouvido (v. 1), o que sugere responsabilidade pessoal na aplicação da mente à nova revelação de maneira tão extraordinária a ponto de obedecer a ela completamente.
O motivo dessa exortação deve ser encontrado na natureza dessa nova revelação. A mensagemanterior foi transmitida por anjos (v. 2), e cada pecado de ação e omissão transgressão e desobediência) foi adequadamente castigado. Mas a nova mensagem de salvação foi anunciada pelo Senhor (v. 3), que se mostrou incomparavelmente superior aos anjos. Sua mensagem, portanto, é igualmente superior àquela mediada por eles, e a negligência dela tanto mais culpável. Nunca foi afirmado explicitamente no AT que a lei foi transmitida por anjos, somente sugerido (cf. Dt 33.2, LXX, e SI 68.17, LXX), não obstante era um axioma do judaísmo (v. Josefo, Ant. 15,5.3) e uma crença da Igreja (cf. At 7.53 e G1 3.19).
Visto que a nova revelação trazida pelo Filho foi-nos confirmada pelos que a ouviram (v. 3), temos a certeza de uma tradição fiel em que podemos ter total confiança. A expressão “foi-nos confirmada” traduz o grego bebaioõ com o significado de “tornar firme”, ”estabelecer”, “confirmar”. Goodspeed assim expressa mais claramente a ideia contida aqui, quando traduz: “foi garantida”. Aqui também está a pista de que o autor se considerava um dos que receberam sua “tradição autêntica” de segunda mão daqueles que tinham realmente ouvido o Salvador.
O v. 4 serve a dois propósitos: (a) mostrar o lugar e propósito dos milagres, isto é, estabelecer a autenticidade da mensagem do NT (Deus “acrescentou o seu testemunho” em milagre para mostrar que ela contava com sanção divina) e (b) “para ressaltar a tremenda autoridade das ‘coisas que foram ouvidas’ (F. D. V. Narborough, The Epistle to the Hebrews, 1930, p. 86). Essa mensagem não foi somente falada pelo Senhor, mas visivelmente aprovada por Deus e por dons carismáticos do Espírito Santo. Pai, Filho e Espírito Santo assim cooperaram para produzir essa revelação de salvação. Desviar-se dela ou tratá-la com indiferença é a maior das tolices.

2) O resumo da salvação (2.5-18)
A primeira seção (v. 5-9), que esboça a necessidade da salvação e os meios pelos quais ela é atingida, se torna mais inteligível se é conectada com 1.14. Anjos são enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação (1.14); Não foi a anjos que ele sujeitou o mundo que há de vir (2.5). Nessas palavras, o autor está dizendo que apesar do que pode ter sido uma política de ação temporária [Observação: acreditava-se que tanto os anjos (Dt 32.8, LXX; Dn 10.13; 12.1) como as estrelas e os planetas (lEnoque 60.15-21; 18.13-16; Jubileus 2.2) governavam as pessoas], não era o propósito de Deus dar aos anjos soberania sobre seu “sistema moral, organizado” (gr. oikumenè,Westcott, Comm., p. 42). Essa soberania, ele reservou somente para o homem, como mostra tão claramente o uso de SI 8 (observe a forma casual em que ele introduz sua citação, lit. “alguém testemunhou em algum lugar”, sugerindo que para o autor de Flebreus a ferramenta é insignificante; na verdade, foi Deus quem falou): Tu [...] o coroaste (o homem, o filho do homem) de glória e de honra; tudo sujeitaste debaixo dos seus pés (v. 7b,8). Isto então é o ideal divino (cf. Gn 1.26 28): o homem deve governar; o filho do homem que foi feito somente “por um pouco [...] menor do que Deus” (SI 8.5, ARA) foi destinado a ser soberano, e nada deve existir que não esteja debaixo dos seus pés (v. 8). E nesse ponto, no entanto, que a necessidade de salvação se torna completamente clara, pois não vemos que todas as coisas estão sujeitas ao homem (v. 8b). O alvo de Deus para o homem não está sendo atingido.
Contudo, os propósitos divinos não podem ser frustrados. O v. 9 revela que Deus proveu o meio para a salvação. Ele encontrou um caminho de trazer o homem de volta ao seu lugar de soberania: Jesus, aquele que por um pouco foi feito menor do que os anjos, é agora coroado de honra e de glória. [Observação: Aqui pela primeira vez temos a menção do nome “Jesus”. E uma designação favorita, usada 13 vezes pelo autor de Hebreus em sua carta.]
No presente argumento do autor, a expressão “feito menor do que os anjos”, significa, provavelmente, pouco mais do que o Eterno se tornou humano, pois se deve perceber que essa expressão foi tomada por empréstimo de SI 8 (citado anteriormente), e é o único que diz alguma coisa acerca da natureza do homem. Por isso, quando o autor de Hebreus afirma que Jesus foi feito menor do que os anjos, ele está simplesmente dizendo, por meio da fraseologia bíblica, que o Filho de Deus se tornou encarnado como homem, que ele assumiu a posição de homem. Mas essa é uma declaração tremendamente importante, mesmo assim, pois no seu pensamento foi somente nesse ato de auto-identificação com a raça humana que pela graça de Deus ele foi capacitado para queexperimentasse a morte (v. 9).
A ideia prevalecente da “solidariedade corporativa” estava, sem dúvida, na mente do autor quando ele formulou a declaração anterior: os redimidos juntos com o Redentor “constituem uma unidade, e essa unidade é concebida em termos de substância: eles e ele pertencem a um corpo [...]. O que acontece com o Redentor, ou aconteceu enquanto ele permaneceu em forma humana na terra, acontece com todo o seu corpo, i.e., não somente a ele, mas a todos que pertencem a esse corpo. Assim, se ele sofreu a morte, o mesmo é verdadeiro acerca deles (2Co 5.14). Se ele foi ressuscitado dentre os mortos, o mesmo se aplica a eles (ICo 15.20-22)” (cf. Rm 5.12,18,19; ICo 15.45,46; R. Bultmann, Theology of theNew Testament, 1951, v. 1, p. 299).
Com base nisso, fica claro agora que, quando o autor prossegue e diz que Jesus foi coroado de honra e de glória (v. 9), ele entende que esse evento foi muito mais amplo do que a exaltação da personalidade singular de Jesus. Pois, se é verdade que Jesus foi exaltado ao posto de soberania, também é verdade que aqueles que estão unidos com ele em um corpo da mesma forma compartilham dessa exaltação. Assim é que a salvação é completada, pois o que o homem não tinha sido capaz de atingir, ou seja, o seu destino divinamente apontado de ser soberano, Jesus atingiu, e o homem por meio dele também.
Mais duas coisas devem ser mencionadas: Em primeiro lugar, pouco importa se a expressão gregabrachy ti é traduzida para mostrar graus, i.e., “um pouco menor que os anjos” (NVI), ou para mostrar tempo, i.e., ”por um pouco” (ARA, para o que há apoio geral hoje), pois não acrescenta nada ao argumento principal do autor. Ele parece ter incluído isso principalmente porque era parte de uma citação de que precisava para mostrar que Cristo se tornou o que o homem era. Em segundo lugar, vale a pena chamar atenção especial para o fato de que para o autor a exaltação (incluindo também a do homem) ocorreu somente por causa do sofrimento e da morte de Jesus. Nada se diz do seu ensino como meio de salvação humana. Isso, sem dúvida, está em harmonia com a ênfase do autor no sacerdócio de Cristo e no seu auto-sacrifício pelo qual a expiação foi feita (cf. 9.14). Esta próxima seção (v. 10-18) reitera o grande conceito da identificação divina com o humano e busca oferecer razões de esse método de salvação ter sido usado por Deus.
A primeira razão é sugerida sem a prova costumeira das Escrituras, isto é, que esse método particular, que necessariamente envolveu o aperfeiçoamento do Salvador mediante o sofrimento (e morte), era conveniente para aquele por causa de quem e por meio de quem tudo existe (v. 10). E não somente é fato que esse método está em perfeita harmonia com a natureza de Deus, mas essa descrição dele como a causa final e eficiente de todas as coisas revela mais duas verdades essenciais concernentes à salvação: (a) que o sofrimento do Redentor não foi acidental, mas estava em concordância com o plano geral da providência divina (Spicq, Comm., v. 1, ad loc.), e (b) que o próprio Deus é o grande iniciador desse processo redentor; é aquele que pôs em movimento todas as coisas que determinou levar muitos filhos à glória (essa sendo a frase-chave, denotando a essência da salvação, cf. v. 7b e 9b) ao aperfeiçoar o Salvador por meio do sofrimento. O verbo “aperfeiçoar” (gr. teleiouri) significa “concluir um processo”, e com seu uso o autor mostrou que Jesus se tornou perfeitamente qualificado a ser o pioneiro da salvação do homem por meio do processo do sofrimento humano.
No v. 11, é ressaltada novamente a auto-identificação do Filho com aqueles que ele veio redimir, sua completude e sua razão de ser: tanto o que santifica quanto os que são santificados provêm de um só, i.e., estão inextricavelmente ligados. Assim, visto que o sofrimento e a morte fazem parte de forma tão significativa da humanidade, era impossível que fosse diferente com o Filho que tinha de forma graciosa assumido para si essa mesma humanidade. Ao fazer uso do verbo ”santificar”, o autor não está comentando sobre o caráter moral dos que são santificados, pois é primeiramente um termo técnico que significa simplesmente “separar”. Foi usado com frequência para se referir a Israel (cf. Ex 19.14) que, por meio de sua santificação, foi separado como povo especial de Deus. Agora os que foram redimidos pela morte de Cristo recebem a mesma designação usada para o antigo Israel — um fato que pode significar que o autor entende que os cristãos são o novo povo de Deus.
Agora o autor se volta às Escrituras para buscar suas provas (v. 12,13). A identificação do Filho com a humanidade não foi uma reflexão tardia de Deus. Ele a tinha anunciado por meio da voz profética do salmista e do vidente: Proclamarei o teu nome a meus irmãos e: Nele porei a minha confiança, e finalmente: Aqui estou eu com os filhos que Deus me deu. Quão completa era essa identificação então? A resposta das Escrituras dada a essa pergunta é que ela era tão completa quanto a que existe entre irmãos, ou a que existe entre pai e filho. Era tão completa quanto a “comunhão de natureza” a podia tornar. A primeira dessas citações do AT vem do salmo 22, um salmo que anteriormente tinha sido usado pelo Senhor acerca de si mesmo enquanto ele estava na cruz (cf. Mt 27.46). Assim era fácil para o autor aplicar mais uma parte do mesmo salmo a ele aqui. As últimas duas citações são de Is 8.17,18 (LXX), e suas palavras originariamente davam expressão à fé pessoal do profeta em Deus e à sua convicção de que ele e seus filhos simbolizavam o remanescente fiel de Israel. Quando aplicadas a Cristo, elas revelam que, ao assumir a humanidade para si, exigiu-se dele viver dentro dessas limitações na completa dependência de Deus (cf. o comentário de 12.2), e que ele e seus “filhos” constituem a nova comunidade do povo fiel de Deus.
A salvação pela identificação não estava somente em harmonia com a natureza de Deus, mas também era necessária (v. 14-18). Pois, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue (a ordem no gr., no entanto, é “sangue e carne”), vale dizer que, visto que eles são humanos, o Filho também exatamente da mesma maneira (gr. paraplêsiõs, “de forma absolutamente idêntica”) tinha de compartilhar dessa condição humana (v. 14) se ele queria chegar ao verdadeiro problema deles — a morte. [Observação: Os dois verbos usados nesse versículo {são e participou) representam dois verbos diferentes no grego, o primeiro ”marca a natureza comum compartilhada entre os homens enquanto a raça durar”; o segundo “expressa o fato singular da encarnação como aceitação voluntária da humanidade” (Westcott, Comm., p. 53).] Ao se tornar humano, o Filho Eterno se tornou suscetível à morte. Mas o grande paradoxo é que por meio da morte ele destruiu (lit. “tornou sem poder”) o Diabo que tem o poder da morte (cf. Sabedoria 2.24) e libertou de uma vez por todasaqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte (v. 14,15). O autor não deixa claro aqui como exatamente a morte de Cristo destruiu o poder do Diabo e libertou os homens do medo em que ele os escravizava, mas faz isso mais tarde. Então ele mostra que a morte de Cristo foi de tal natureza que libertou os homens da culpa dos seus pecados e sua consciência do pavor das suas consequências (cf. 9.14; 10.22).
O v. 16 é um resumo. Mostra que essa salvação é voltada para os homens, e não para os anjos. O termo ajuda traduz o verbo grego epilambanesthai, que significa “pegar” ou “tomar”. A ideia é que Deus com muita graça tomou os descendentes de Abraão, isto é, todos os que como Abraão têm fé em Deus (cf. G1 3.29), para conduzi-los da morte para a glória (cf. Jr 31.32 [38.22, LXX]; Is 41.8,9, LXX). Ele não fez isso para os anjos.
O método que Deus preparou para realizar essa salvação é o sacerdotal, pois foi como sumo sacerdote misericordioso que Cristo deveria fazer propiciação pelos pecados do povo (v.17). “Fazer propiciação” traduz o verbo grego hilaskesthai, que também tem a ideia de “satisfazer”, “apaziguar”. Aqui, no entanto, com ”pecados” como seu objeto (cf. o gr.), muito provavelmente significa “apagar”, “remover”, e não “apaziguar”. Mas, e o autor retoma a um conceito muito destacado, o Filho pode ser eficiente como sacerdote somente por meio da identificação com aqueles a quem deve representar. Por isso, era necessário que ele se tomasse semelhante a seus irmãos em todos os aspectos (v. 17).

Estudo sobre Hebreus 3

III. EXORTAÇÃO E ADVERTÊNCIA (3.1—4.13)
1) Exortação para considerar Cristo superior a Moisés (3.1-6a)
A seção anterior termina com uma descrição de Cristo como o sumo sçcerdote misericordioso. Isso agora se torna o tema da nova discussão. Mas em forma invertida o autor trata primeiro da fidelidade de Jesus e depois da sua misericórdia (4.14ss).
Do ponto de vista da verdade teológica, o autor faz seu apelo aos santos irmãos, participantes do chamado celestial (v. 1). A palavra ”santos” tem o mesmo significado básico de ”santificar” e se refere, portanto, àqueles separados por Deus e para Deus, i.e., os cristãos (cf. comentário de 2.11; Lv 20.26; IPe 2.9). A esses cristãos cujo chamado ou convite é “do céu [...] e para o céu” o autor se dirige agora pela primeira vez. Eles são encorajados a fixar os seus pensamentos em Jesus, apóstolo e sumo sacerdote, o objeto da sua confissão declarada, como sendo fiel àquele que o havia constituído (v. 1,2). E mesmo assim, não é que os cristãos devem fixar sua atenção em Jesus como fiel meramente, pois Moisés, que também foi considerado apóstolo (cf. Ex 3.10) e sacerdote (Êx 24.6-8; cf. tb. Fílon, On the Life ofMoses, 2.2-5), foi fiel (v. 2; cf. Nm 12.7). Mas eles devem dar atenção cuidadosa e demorada à pessoa e obra de Cristo porque, por sua própria natureza, ele é completamente “outro” e muito maior do que Moisés. Moisés foi um servo fiel na casa de Deus (v. 2) — uma mera testemunha, por meio das leis morais e cerimoniais que ele estabeleceu, do evangelho que seria dito no futuro (v. 5). Mas Jesus é o Filho de Deus estabelecido sobre aquela casa, “o agente criador” por meio do qual ela foi construída, que é ele mesmo o evangelho previsto por Moisés e aquele por quem ele foi primeiramente anunciado (v. 3,5,6; cf. tb. 1.2; 2.3). O v. 4 é difícil, e essa dificuldade é muito pouco aliviada por se colocar o versículo em parênteses (como na RSV), pois ele não tem todas as características de um interlúdio. Tem alguma conexão com a referência a Jesus como o construtor no v. 3. Talvez seu significado seja que toda casa é construída por alguém, mas Deus é o edificador de tudo, cujo “agente criador é Cristo”. Ou talvez seu significado seja compreendido mais facilmente ao se traduzir a palavra “Deus” por “divino”, visto que no grego o artigo definido é omitido: “o edificador (i.e., Cristo) de todas as coisas é divino”.
E digno de observação que a expressão na casa de Deus (“em sua casa”, ARA) se refere a mais do que uma construção, portanto, à “família” de Deus. Evidentemente, descreve o povo crente em Deus no AT e também no NT, pois a “casa” é a mesma em ambos os Testamentos. Moisés foi servo na casa de Deus, uma casa que Cristo fundou, sobre a qual ele governa e à qual pertencem os cristãos — e esta casa somos nós (v. 6). Esse trecho argumenta fortemente a favor da continuidade entre o antigo Israel e o novo “Israel de Deus” (cf. G1 6.16).

2) Advertência acerca de pôr a perder o descanso que Deus prometeu (3.6b—4.11)
v. 6. esta casa somos nós, se é que nos apegamos firmemente à confiança e à esperança da qual nos gloriamos: Essa advertência é dirigida àqueles que “se confessaram cristãos. Ela tem o propósito de mostrar que o verdadeiro cristianismo é demonstrado pela perseverança, pela confiança contínua em Cristo e pela lealdade para com aquele que é a nossa esperança (cf. Cl 1.27). Não pertence à casa de Deus aquele que meramente professa pertencer. Pertence aquele que continua crendo ”até o fim” (v. 6, nota textual da RSV, uma leitura que, embora paralela a 3.14, provavelmente é genuína aqui à luz de sua ampla confirmação textual). O salmo 95, que é agora citado como a voz do Espírito ainda falando aos cristãos hoje (v. 7-11), tem o propósito na mente do autor de mostrar que a perda trágica de Israel foi devida à rebeldia ou incredulidade — a falta de manter uma atitude de confiança e obediência durante toda a sua caminhada do Egito a Canaã — e foi uma advertência a cristãos professos para não cometerem o mesmo erro. Serve, assim, para ilustrar o princípio já exposto antes, isto é, de que a perseverança é de fato a demonstração da fé. A saída inicial de Israel, o seu “batismo em Moisés”, sua participação da comida espiritual (cf. ICo 10.1,2), i.e., sua observação das obras divinas (v. 9), não garantiram a sua entrada em Ganaã. Alguns continuaram a crer em Deus e entraram em Ganaã, mas alguns se rebelaram e nunca experimentaram o descanso de Deus (v. 11; cf. v. 16-19). A jornada determinou a vitalidade da sua fé.
Portanto, visto que o Espírito Santo está falando ainda e dizendo: “Hoje” (v. 7,13,15), Cuidado,irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo(v. 12). A gravidade da situação é intensificada assim por três coisas: (a) pelo autor chamando a atenção para o fato de que é Deus que está falando, e não o homem — como diz o Espírito Santo (v. 7); (b) pelo fato de ele ressaltar que esse afastar-se é do Deus vivo, uma designação predileta para Deus em Hebreus (9.14; 10.31; 12.22; cf. tb. 4.12; 11.6), que retrata Deus como “totalmente vivo, ativo em se fazer conhecido aos homens, capaz de cumprir suas promessas e determinado a executar seus juramentos” (observação: a advertência contra afastar-se do “Deus vivo” não soa como uma advertência contra recair no judaísmo), e (c) por seu uso repetido do imperativo (3.12,13; 4.1,11). A prevenção para essa condição é encorajem-se uns aos outros (gr. “a si mesmos”, destacando a ”unidade do corpo cristão”) todos os dias (v.13). Isso exige tanto responsabilidade pessoal quanto coletiva. A expressão engano do pecado (v. 13) descreve o pecado como um sedutor e pode ser uma alusão àquele primeiro pecado quando Eva foi seduzida pela serpente (Gn 3.13; cf. lTm 2.14).
Os v. 12,13 juntos descrevem esse processo que ocorre no fundo do coração de um homem quando não há o fortalecimento constante da exortação mútua — um processo que inicialmente é invisível a qualquer observador. Primeiro a semente da incredulidade tem permissão para germinar, depois pensamentos maus e desafiadores de Deus começam a se espalhar. Esses gradualmente passam a dominar toda a atitude, até que todo o caráter é mudado. Uma nova tendência está no controle da pessoa envolvida. Sua resposta básica a Deus é NÃO. Já não há agora o SIM da submissão que ele professou no seu batismo (J. Schneider, The Letter to the Hebrews, 1957, p. 31-2).
O autor reitera de forma mais intensa o que já disse anteriormente (v. 14), isto é, que há um simples teste pelo qual podemos saber se somos participantes de Cristo ou não, se somos “parceiros” dele (gr. metochoi tou christou, que em si tem um significado ambíguo): Apegamo-nos até o fim à confiança que tivemos no princípiol [Observação: O gr. para ”confiança” é hypostasis, aquele apoio firme em que “um homem se fundamenta para enfrentar o futuro” (J. Moffatt, The Epistle to the Hebrews, ad loc., p. 48). Aqui é a convicção, com que a vida cristã começou, de que Deus falou sua palavra definitiva e final em Jesus Cristo.] A experiência de Israel no deserto (v. 16-19) prova que “esse retrato da vida como um todo é o critério” pelo qual podemos ver objetivamente a realidade da sua fé. O que é fé para o autor de Hebreus? O cap. 11 é sua discussão completa desse tópico, mas ao compararmos o v. 18 com o 19 fica claro que ele entende fé como sendo algo muito semelhante a obediência ou lealdade.

Estudo sobre Hebreus 4 

O cap. 4 continua a mesma advertência iniciada em 3.6b acerca da possibilidade de se pôr a perder a entrada no descanso de Deus. Que há esse descanso o autor prova na sua forma típica de exegese por meio de uma citação de Gn 2.2: “ ‘No sétimo dia Deus descansou de toda a obra que realizara’ “ (v. 4). Que Deus deseja compartilhar esse descanso e que a promessa de entrada nesse descanso ainda é válida são fatos demonstrados por dois outros textos, ambos do salmo 95. O primeiro cita Deus como dizendo: “ ‘Jamais entrarão no meu descanso’ “ (v. 5). Essa é uma afirmação curta condensando diversas ideias em uma breve observação. Deus, que nunca deseja algo em vão, deve ter desejado compartilhar seu descanso, senão nunca teria feito o convite aos homens para se juntarem a ele nisso. Mas já que ele fez isso, e visto que os que ele convidou primeiro não entraram, por causa da desobediência (v. 6), e visto que os propósitos de Deus não podem ser frustrados, a oferta para que se entre no prazer do seu descanso ainda deve ser válida. O autor então prossegue e usa outra parte do salmo 95 para demonstrar essa conclusão. Deus ainda está fazendo o seu convite aos homens para que se juntem a ele no seu descanso: ” ‘Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração’ “ (v. 7). Com esse “hoje”, o autor entende que Deus está novamente estabelecendo determinado dia (v. 7), definindo “um novo período em que o descanso está aberto e é acessível”. Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus (v. 9). Com base nisso, aprendemos que o “descanso de Deus” não pode ser identificado com Canaã, pois o segundo e duradouro convite de Deus veio por meio de Davi que viveu muito depois de Josué (“Jesus”, VA) ter conduzido Israel à terra prometida (v. 8). [Observação: Essa atribuição do salmo 95 a Davi só é encontrada na LXX; não está no texto hebraico.] Mas se Josué lhes tivesse dado descanso, Deus não teria falado [...] a respeito de outro dia (v. 8). Assim, a tragédia do incrédulo Israel é vista como sendo bem maior do que parecia na superfície. A importância do seu fracasso não estava meramente no fato de que não puderam entrar em Canaã, mas no fato de que também foram irrevogavelmente excluídos do descanso eterno de Deus.
E contra esse pano de fundo — a possibilidade de um descanso eterno e também a possibilidade de não atingi-lo — que o autor faz seu apelo: Visto que nos foi deixada a promessa de entrarmos no descanso de Deus, que nenhum de vocês pense que falhou (v. 1). Aqui há tanto severidade quanto cuidado carinhoso — severidade na necessidade de temor; cuidado carinhoso na “forma sensível e cautelosa” com que o autor expressa a possibilidade do fracasso. Poderíamos formular a frase assim: “que nenhum de vocês pense que falhou segundo o juízo de outros”. O fracasso, o autor continua explicando, sempre está na incredulidade. O mero ouvir das boas novas não é suficiente. O evangelho precisa ser acompanhado de fé nos ouvintes (v. 2). Quando isso acontece, torna-se eficaz, pois nós, os que cremos, é que entramos naquele descanso (v. 3). Observe que o tempo do verbo é presente — “entramos”. Assim, o descanso de Deus não é totalmente um alvo futuro a ser atingido, mas uma realidade presente a ser desfrutada. O autor cunha uma palavra para descrevê-lo e o chama de descanso sabático (v. 9, gr. sabbatismos), pois todo aquele que entra no descanso de Deus, também descansa das suas obras, como Deus descansou das suas no sábado, i.e., no sétimo dia (v. 10; cf. v. 4).
O que quer dizer descansa das suas obras, como Deus descansou das suas? Visto que é impossível conceber Deus descansando de boas obras, a ideia de Deus descansando deve significar que ele trabalhava sem empecilhos ou tensões, com energia fluindo dele com tranquila constância (cf. Jo 5.17; cf. tb. A. C. Purdy, ”Hebrews”, The Interpreter’s Bible, v. XI, p. 631). Se isso estava na mente do autor, então ”descansa das suas obras” descreve a interrupção de atividade fútil feita em resistência a Deus, isto é, de obras mortas (cf. 9.14), para encontrar descanso numa vida de completa dependência dele — muito semelhante ao ”contraste entre a vida de fé em Cristo e a vida de realização de obras da lei” em Paulo (Narborough, Comm., p. 95). Embora seja verdade que Deus não pode descansar de boas obras, mesmo assim o verbo hebraico (shãbath, do qual vem “sábado”) de fato significa “cessar, desistir, descansar”. “Deus descansou”, então, deve significar que Deus desistiu do (interrompeu o) que estava fazendo, i.e., de sua atividade na criação. E, quando um homem entra no seu descanso sabático, ele também deve desistir do que estava fazendo, nesse caso tentando atingir sua própria salvação. “De forma mais positiva, temos permissão para preencher a palavra com o significado derivado do desejo predominante do autor de uma adoração satisfatória a Deus. Esse descanso é paz na certeza do acesso a Deus que não é impedido por rituais que não podem tocar a consciência, e que se torna possível somente pela obra de Cristo da ‘purificação dos pecados’ que corrompem e nos impedem de atingir o alvo final da adoração” (Purdy, Comm., p. 631). Visto que isso agora está disponível, esforcemo-nos por entrar nesse descanso (v. 11).

3) A impossibilidade de esconder de Deus a incredulidade (4.12,13)
Visto que a incredulidade com frequência é uma questão do coração, muitas vezes ela escapa da observação dos homens, mas nunca de Deus, cuja palavra é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes (v. 12). Ela tem o poder de atingir diretamente as partes mais íntimas da nossa personalidade. Tem o poder de julgar (gr. kritikos) tanto os sentimentos quanto os pensamentos do coração (cf. Sabedoria 18.15ss). E capaz de discernir e decidir acerca do valor moral de um homem. A expressão “palavra de Deus” pode ser uma referência àquela mensagem falada pelos profetas, ou por Cristo e seus apóstolos, que em si mesma possui uma dinâmica tão intensa que quando ouvida e preservada cria algo novo (cf. Rm 1.16), ou pode simplesmente ser uma circunlocução para o próprio Deus, como às vezes se fazia. Observe que no v. 13 a “palavra” é deixada para trás, e aí estamos diante do próprio Deus — completamente expostos. O que realmente somos é exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas.
Com isso, o autor conclui a sua longa advertência e chega ao tópico que é mais precioso ao seu coração e que ele já mencionou duas vezes anteriormente (1.3b; 2.17,18) — isto é, o sacerdócio de Jesus.

IV O SACERDÓCIO DE JESUS É APRESENTADO (4.14—5.10)
1) Os sofrimentos do sacerdote e seu significado (4.14-16)
Da advertência, o autor se volta agora para o consolo e encorajamento que ele associa inseparavelmente à obra sacerdotal de Cristo — um tema que de forma muito real constitui o tema principal da carta. A vida de fé, embora difícil, não está privada de apoio exterior: temos um grande sumo sacerdote (v. 14) que pode nos ajudar (v. 16). E a grandeza desse sumo sacerdote é medida (a) pelo fato de que adentrou os céus para a presença de Deus, assim como o antigo sumo sacerdote passava pelo véu para o Lugar Santíssimo — o lugar do real serviço em favor dos homens, e (b) pelos nomes atribuídos a ele aqui: Jesus, o Filho de Deus. Esses nos contam que ele é tanto homem quanto Deus, tanto “compassivo quanto poderoso”. Portanto, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos (v. 14). Essa exortação está fundamentada no fato de que o nosso sumo sacerdote também sofreu e foi tentado, pois essas experiências do Salvador têm grande importância para nós. Elas significam que há um incentivo para que perseveremos, pois embora Jesus tenha passado, como nós, [...] por todo tipo de tentação (v. 15), mesmo assim ele permaneceu fiel até o fim. Elas também significam que, porque ele sofreu e foi tentado, pode compreender de maneira compassiva o que estamos passando, pode ser sensível às nossas fraquezas e fazer algo para nos ajudar (v. 15,16). Portanto, aproximemo-nos [continuamente] do trono da graça [...] a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade (v. 16), e façamos isso com toda a confiança. Essa é a primeira afirmação, a ser repetida muitas vezes, indicando os resultados finais da obra sacerdotal de Cristo —  acesso livre à presença de Deus para todos que quiserem vir. A expressão “aproximar-se” (usada sete vezes em Hebreus) era um termo técnico empregado na LXX acerca dos sacerdotes que tinham permissão exclusiva de se aproximarem de Deus no serviço da adoração: Agora “o direito da aproximação sacerdotal é estendido a todos os cristãos” (Westcott, Comm., p. 108).
O autor de Hebreus destaca o caráter divino desse novo sumo sacerdote começando com a descrição dele no seu papel cósmico como criador e Filho de Deus, mas ele também destaca a realidade da sua humanidade como nenhum outro autor do NT. Ele insiste, por exemplo, em que as tentações de Jesus não foram tentações forjadas — foram genuínas: passou por todo tipo de tentação, como nós. Gomo isso é possível se ao mesmo tempo ele era Filho de Deus? A sua natureza divina não o protegeria da possibilidade de pecar? Essa questão da possibilidade de Cristo pecar tem sido debatida por séculos, e ainda não há uma solução satisfatória para todos. Não pode ser discutida agora. Não obstante, pressupondo que era impossível para ele pecar, em virtude da natureza da sua pessoa, há também a possibilidade de se pressupor que ele não sabia que esse era o caso. Marcos 13.32 sugere que o Filho, no seu papel encarnado, não era onisciente — há ao menos uma coisa registrada ali que ele não sabia. Se, então, havia uma coisa que ele não sabia, o desconhecimento de outros fatos também era possível, até mesmo com referência ao fato de ele saber ou não saber se podia pecar. De todo modo, embora Hebreus diga que ele viveu a sua vidasem pecado (v. 15; gr. chõris hamartias, lit. ”à parte do pecado”, não significando “sem a capacidade de pecar”, mas “sem ter de fato pecado”), isso também deixa claro que Jesus experimentou tentações exatamente da mesma maneira que nós e que sua impecabilidade foi o resultado de “decisão consciente” da sua parte em meio a intensas lutas (cf. 5.7-9). Nunca podemos supor que sua vitória sobre o pecado foi “mera consequência formal da sua natureza divina”. Qualquer interpretação da pessoa de Cristo que de alguma forma diminua a força e genuinidade das suas tentações não pode ser correta.















Hebreus 1 — Exposição da Carta aos Hebreus
Hebreus 1
1.1,2 FALOU-NOS... PELO FILHO. Estes dois primeiros versículos estabelecem o tema principal deste livro. No passado, o instrumento principal de Deus para sua revelação foram os profetas, mas agora Ele tem falado, ou se revelado pelo seu Filho Jesus Cristo, que é supremo sobre todas as coisas. A Palavra de Deus falada mediante seu Filho é final: ela cumpre e transcende tudo o que foi anteriormente falado da parte de Deus (ver o estudo A PALAVRA DE DEUS). Absolutamente nada, nem os profetas (v. 1), nem os anjos (v. 4), têm maior autoridade do que Cristo. Ele é o único caminho para a salvação eterna e o único mediador entre Deus e o homem. O escritor de Hebreus confirma a supremacia de Cristo ao enumerar dEle sete grandes revelações (vv. 2,3)
1.3 ASSENTOU-SE À DESTRA. Depois de Cristo ter efetuado o perdão dos nossos pecados mediante a sua morte na cruz assumiu o seu lugar de autoridade à destra de Deus. A atividade redentora de Cristo no céu envolve seu ministério de mediador divino (8.6; 13.15; 1 Jo 2.1,2), de sumo sacerdote (Hb 2.17,18; 4.14-16; 8.1-3), de intercessor (7.25) e de batizador no Espírito (At 2.33).
1.4 MAIS EXCELENTE QUE OS ANJOS. Jesus é superior aos anjos pela mesma razão porque Ele é superior aos profetas: Ele é o Filho (vv. 4-14). Os anjos desempenharam um papel importante na outorga do concerto do AT (Dt 33.2; At 7.53; Gl 3.19). O autor, escrevendo aos judeus crentes, estabelece a superioridade de Cristo sobre os anjos, recorrendo ao AT. Para uma maior exposição sobre os anjos, ver o estudo OS ANJOS, E O ANJO DO SENHOR
1.5 HOJE TE GEREI. Ver Jo 1.14 nota.
1.8 DO FILHO, DIZ: Ó DEUS. O escritor sacro destaca aqui a deidade de Cristo (ver Jo 1.1 nota).
1.9 AMASTE A JUSTIÇA E ABORRECESTE A INIQUIDADE. Não basta o crente amar a justiça; ele deve, também, aborrecer o mal. Vemos esse fato claramente na devoção de Cristo à justiça (Is 11.5) e, na sua aversão à iniquidade; na sua vida, no seu ministério e na sua morte (ver Jo 3.19 nota; 11.33 nota). (1) A fidelidade de Cristo ao seu Pai, enquanto Ele estava na terra, conforme Ele demonstrou pelo seu amor à justiça e sua aversão à iniquidade, é a base para Deus ungir o seu Filho (v. 9). Da mesma maneira, a unção do cristão virá somente à medida que ele se identificar com a atitude do seu Mestre para com a justiça e a iniquidade (Sl 45.7). (2) O amor do crente à justiça e seu ódio ao mal crescerá por dois meios: (a) crescimento em sincero amor e compaixão por aqueles, cujas vidas estão sendo destruídas pelo pecado, e (b) por uma sempre crescente união com o nosso Deus e Salvador, do qual está dito: “O temor do SENHOR é aborrecer o mal?? (ver Pv 8.13; Sl 94.16; 97.10; Am 5.15; Rm 12.9; 1 Jo 2.15; Ap 2.6).
1.13 DOS ANJOS. “Anjo” (hb. malak; gr. aggelos) significa “mensageiro”. Os anjos são descritos como mensageiros e servos de Deus, criados antes da terra (Jó 38.4-7). Para um estudo da atividade dos anjos em relação à nossa vida, ver o estudo OS ANJOS, E O ANJO DO SENHOR

Hebreus 2 — Exposição da Carta aos Hebreus

Hebreus 2
2.1-3 PARA QUE EM TEMPO ALGUM NOS DESVIEMOS DELAS. Uma das razões por que o escritor de Hebreus destaca a superioridade do Filho de Deus e da sua revelação sobre a dos profetas e dos anjos é enfatizar, diante dos que experimentaram a salvação em Cristo, que devem levar muito a sério o testemunho e doutrina originais de Cristo e dos apóstolos. Por isso, devemos dar muita atenção à Palavra de Deus, ao nosso relacionamento com Cristo e à direção do Espírito Santo (Gl 5.16-25). (1) A negligência, o descuido ou a falta de interesse, é desastroso. O crente que, por negligência, desconhece a verdade e os ensinos do evangelho, corre o grande perigo de ser arrastado rio abaixo além do porto seguro, onde não há mais segurança. (2) Assim como todos os endereçados de Hebreus, todo cristão é tentado a tornar-se indiferente para com a Palavra de Deus. Por causa de descuido e desinteresse, é fácil começarmos a prestar menos atenção às advertências de Deus (v. 2), cessarmos de perseverar em nossa luta contra o pecado (12.4; 1 Pe 2.11), e aos poucos desviar-nos do Filho de Deus, Jesus Cristo (vv. 1-3; 6.4-8; 10.31,32; ver Rm 8.13 nota).
2.4 TESTIFICANDO...DEUS COM ELES. O Espírito Santo, através do escritor de Hebreus, reafirma que Deus confirmou e aprovou a mensagem do evangelho com sinais, prodígios, milagres e dons do Espírito Santo (At 2.22). Depois da sua ressurreição, Cristo prometeu que a confirmação milagrosa da mensagem do evangelho acompanharia todos aqueles que cressem (ver o estudo SINAIS DOS CRENTES). Deus deseja que o testemunho do crente seja mais do que simples palavras (Mc 16.20; Jo 10.25; At 2.22,43; 1 Co 2.4,5; Gl 3.5; 1 Ts 1.5; 1 Pe 1.12; ver At 4.30 nota)
2.8 AINDA NÃO VEMOS QUE TODAS AS COISAS LHE ESTEJAM SUJEITAS. Neste mundo caído, dominado por Satanás, ainda não vemos todas as coisas sujeitas a Cristo. Porém, Jesus já está coroado de glória e de honra no céu (v. 9), e isso significa que os poderes malignos do mundo estão condenados à ruína total e ao julgamento.
2.9 PROVASSE A MORTE POR TODOS. Cristo experimentou a humilhação e o sofrimento da morte em favor de todos. Sua morte não foi uma “expiação limitada” segundo afirmam alguns. Posto que Ele suportou o castigo dos pecados de toda a humanidade, sua morte é eficaz em favor de todos quantos o aceitam (ver Rm 3.25 nota)
2.10 CONSAGRASSE PELAS AFLIÇÕES. Isso não significa que Cristo precisava tornar-se moral e espiritualmente perfeito. O que foi aperfeiçoado foi seu papel de “príncipe” ou guia - aquele que vai adiante, para abrir caminho para os outros seguirem. Ele somente poderia ser o Salvador perfeito de todos quantos crêem se primeiramente suportasse o sofrimento e a morte como ser humano. Sua obediência e morte na cruz qualificaram-no como o representante perfeito da humanidade caída e para levar sobre si a penalidade do pecado em favor deles.
2.11 O QUE SANTIFICA. O que santifica é Cristo (cf. 10.10,14,29; 13.12) e, “os que são santificados” são os que foram redimidos da culpa e do poder do pecado e separados como povo de Deus. A consagração de Cristo para morrer por nós abre o caminho para a nossa santificação (ver estudo A SANTIFICAÇÃO)
2.14 PARTICIPAM DA CARNE E DO SANGUE. Porque aqueles que Jesus veio redimir são carne e sangue (i.e., são humanos), Ele também teve que tomar sobre si a natureza humana, pois somente como ser humano genuíno Ele teria as qualificações para redimir a raça humana do poder de Satanás. Cristo morreu para destruir o poder de Satanás sobre aqueles que crêem (cf. 1 Jo 3.8) e, para livrá-los do temor da morte (Ap 1.18), ao prometer-lhes a vida eterna com Deus (Jo 17.3; Ap 21; 22).
2.17 MISERICORDIOSO E FIEL SUMO SACERDOTE. Cristo se tornou um com a humanidade a fim de se tornar sumo sacerdote e, assim, representar os crentes diante de Deus. (1) Nesse ministério, a morte do Filho faz expiação ao remover a ira de Deus contra nós por causa dos nossos pecados (cf. Rm 1.18; 5.10). Como resultado, agora podemos aproximar-nos de Deus com confiança. (2) O Filho, com misericórdia, compadece-se de nós quando somos tentados e nos socorre, porque Ele, como ser humano, experimentou sofrimento, provações e tentações, porém sem pecar (cf. Hb 4.14,15; 2 Co 6.2).
2.18 ELE... PODE SOCORRER. Quando somos tentados a afastar-nos de Deus e a nos entregar ao pecado, devemos orar a Cristo, pois Ele triunfou sobre a tentação e agora como nosso sumo sacerdote, promete que nos dará força e graça suficientes para resistirmos ao pecado. Nossa responsabilidade é nos aproximarmos dEle nos tempos de aflição; sua responsabilidade é socorrer-nos em tempos de necessidade (ver Hb 4.16 nota).

Hebreus 3 — Exposição da Carta aos Hebreus

Hebreus 3
3.1 IRMÃOS SANTOS. Hebreus provavelmente foi escrito a um grupo de cristãos judeus que, depois da sua conversão a Cristo, foram submetidos à perseguição e ao desânimo (10.32-39). Que os destinatários de Hebreus eram verdadeiros cristãos, nascidos de novo, fica claro pelas referências abaixo: (1) Hb 2.1-4 fala do perigo de se desviarem da salvação; (2) em Hb 3.1, os leitores são chamados “irmãos santos, participantes da vocação celestial”; e (3) em Hb  3.6, onde são chamados a casa de Deus. Para mais evidências de que os destinatários eram salvos por Cristo, ver Hb 3.12-19; 4.14-16; 6.9-12,18-20; 10.19-25,32-36; 12.1-29; 13.1-6,10-14,20,21.
3.1 APÓSTOLO E SUMO SACERDOTE. Segundo o antigo concerto, Moisés (vv. 2-5) era o apóstolo (i.e., pessoa enviada por Deus, com a sua autoridade) e, Arão (5.1-5), o sumo sacerdote do povo de Deus. Agora, sob o novo concerto, esses dois ofícios, apostólico e sacerdotal estão reunidos na pessoa de Jesus.
3.6 SE... CONSERVARMOS FIRME... ATÉ AO FIM. As declarações condicionais de Hebreus merecem atenção especial (ver Hb 2.3; 3.6,14; 10.26) porque advertem que a salvação é condicional. (1) A segurança do crente em Cristo é mantida somente enquanto ele coopera com a graça de Deus perseverando na fé e na santidade até o fim da sua existência terrena. Essa verdade foi enfatizada por Cristo (Jo 8.31; Ap 2.7,11,17,25,26; 3.5,11,12,21) e é uma admoestação repetida em Hebreus (Hb 2.1; 3.6,14; 4.16; 7.25; 10.34-38; 12.1-4,14). (2) A salvação assegurada aos membros da igreja que deliberadamente pecam nas igrejas, hoje tão em voga nalguns círculos, não tem lugar no NT (Ap 3.14-16; ver Lc 12.42-48 nota; Jo 15.6 nota).
3.7 DIZ O ESPÍRITO SANTO. Assim como os demais escritores do NT, o escritor de Hebreus considera as Escrituras, no sentido final e pleno, como as palavras do Espírito Santo e não como meras palavras dos homens (cf. Hb 9.8; 10.15; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21; ver o estudo A INSPIRAÇÃO E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS). Ao lermos a Bíblia, não devemos pensar que estamos lendo simplesmente com dificuldade na penosa estrada deste mundo. Ao morrermos no Senhor, entramos no seu repouso perfeito no céu (ver a nota seguinte)


Hebreus 4 — Exposição da Carta aos Hebreus
Hebreus 4
4.9 RESTA... UM REPOUSO. O repouso prometido por Deus não é somente o terrestre, mas também o celestial (vv. 7,8; cf. Hb 13.14). Para os crentes, resta ainda o repouso eterno no céu (Jo 14.1-3; cf. Hb 11.10,16). Entrar nesse repouso final significa o cessar do labor, dos sofrimentos e da perseguição, tão comuns em nossa vida nesta terra (cf. Ap 14.13); significa participar do repouso do próprio Deus e experimentar eterna alegria, deleite, amor e comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim (Ap 21,22).
4.11 PROCUREMOS, POIS, ENTRAR. À luz da bênção gloriosa do estado eterno e da terrível sorte dos que não entrarão ali, o crente deve esforçar-se diligentemente para alcançar o lar celestial do povo de Deus. Isso requer nosso esforço em direção ao alvo celestial (Fp 3.13,14), apego à Palavra (v. 12) e dedicação à oração (v. 16).
4.12 A PALAVRA DE DEUS. A palavra de Deus mostra quem vai entrar no repouso de Deus. Ela é uma espada cortante que penetra no mais íntimo do nosso ser para discernir se nossos pensamentos e motivos são espirituais ou não (vv. 12,13). Tem dois gumes e corta, ou para nos salvar ou para nos condenar à morte eterna (cf. Jo 6.63; 12.48). Por isso, nossa atitude para com a palavra de Deus deve ser achegar-nos a Jesus como nosso sumo sacerdote (vv. 14-16; ver estudo A PALAVRA DE DEUS)
4.14 TEMOS UM GRANDE SUMO SACERDOTE. Ver 8.1, nota sobre o ministério de Jesus como sumo sacerdote.
4.16 CHEGUEMOS POIS COM CONFIANÇA AO TRONO DA GRAÇA. Porque Cristo se compadece das nossas fraquezas (v. 15), podemos chegar com confiança ao trono celestial, sabendo que nossas orações e petições são bem acolhidas e ouvidas por nosso Pai celestial (cf. 10.19,20). É chamado o “trono da graça”, porque dele fluem o amor, o socorro, a misericórida, o perdão, o poder divino, o batismo com o Espírito Santo, os dons espirituais, o fruto do Espírito Santo e tudo de que precisamos em todas as circunstâncias. Uma das maiores bênçãos da salvação é que Cristo, agora, é nosso sumo sacerdote, conduzindo-nos até a sua presença pessoal, de modo que sempre podemos buscar a ajuda de que carecemos.




Hebreus 1 — Interpretação Bíblica

Hebreus 1
Jesus Cristo, a perfeita revelação de Deus 1.1-3
Usando um estilo elevado e solene, o autor começa com uma exposição teológica a respeito da pessoa e obra do Filho de Deus, Jesus Cristo. Enfatiza que o Deus Criador do Universo falou ao seu povo por meio dos profetas e enviou Jesus para cumprir a missão de purificar os seres humanos de seus pecados (v. 3). Esses versículos lembram a introdução ao Evangelho de João (Jo 1.1-5).
1.1 nossos antepassados O povo de Israel dos tempos do AT (At 7.51-52).
1.2 nestes últimos tempos ele nos falou por meio do seu Filho A vida e obra de Cristo dão início aos últimos tempos. Deus falou por meio do seu Filho, e esta é a palavra final e definitiva que Deus dirige aos seres humanos. possuir todas as coisas Isto é, por ser Filho único, ele herdará do Pai tudo o que é dele (Rm 8.17). por meio dele que Deus criou o Universo Jo 1.3; 1Co 8.6; Cl 1.16.
1.3 a perfeita semelhança do próprio Deus Cl 1.15; 2Co 4.4. purificado Ver Hb 9.14, n. sentou-se no céu Isso se refere tanto à ressurreição como à ascensão de Cristo (ver também Fp 2.9a). do lado direito A posição de honra e autoridade (Sl 110.1; Mt 22.44; At 2.34-35; 1Co 15.25; Ef 1.20; 1Pe 3.22; Hb 8.1; 10.12; 12.2).
O Filho e os anjos 1.4-14 
O autor começa a mostrar que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é superior a tudo e a todos (ver Intr. 2.3), começando pelos anjos (1.4—2.12). Para fazer isso, o autor cita sete passagens do AT. Em geral, ele cita o texto grego da Septuaginta, ao invés de fazer uma nova tradução do texto original hebraico. Isso explica a diferença entre o texto do AT citado aqui em Hebreus (por exemplo, o Sl 104.4, citado no v. 7) e o mesmo texto na tradução do AT da Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH). Acontece que, ao traduzir Sl 104.4, a NTLH traduz o texto original hebraico. Ao traduzir a citação do Sl 104.4 em Hb 1.7, a NTLH traduz o texto grego que o autor da Carta aos Hebreus tirou da Septuaginta.
1.4 lhe deu um nome O nome de “Filho” (v. 5), que nenhum anjo tem.
1.5 Você é o meu Filho Sl 2.7, onde o salmista, o rei de Israel, diz o que o Senhor Deus tinha dito isso a ele. Já em At 13.33, o Sl 2 é aplicado à ressurreição de Jesus. Eu serei o Pai dele 2Sm 7.14, onde o profeta Natã está falando com o rei Davi a respeito de Salomão, o filho de Davi, a quem Deus faz essa promessa (1Cr 17.13).
1.6 o seu primeiro Filho Rm 8.29; Cl 1.15,18; Ap 1.5. Que todos os anjos de Deus o adorem Dt 32.43 conforme a Septuaginta (ver vs. 4-14, n.). A Septuaginta traz: “Que todos os filhos de Deus o adorem”; o texto original hebraico não inclui esta ordem de Deus.
1.7 Deus disse A citação do Sl 104.4 segue o texto da Septuaginta; o texto original hebraico traz: “Fazes com que os ventos sejam os teus mensageiros e com que os relâmpagos sejam os teus servidores”. Ver vs. 4-14, n.
1.8 ele disse As palavras que seguem (vs. 8-9) são do Sl 45.6-7.
1.9 uma honra A honra de ser rei.
1.10 as Escrituras também dizem Sl 102.25-27 de acordo com o texto da Septuaginta (ver vs. 4-14, n.). Aqui, as diferenças entre o texto da Septuaginta e o texto original hebraico são de pouca importância. Tu, Senhor,... criaste a terra Mais uma vez, o autor aplica a Jesus um texto que, no AT, fala sobre Deus.
1.13 Sente-se do meu lado direito Sl 110.1. O Sl 110 aparece várias vezes no NT, quando se fala sobre a grandeza de Cristo (ver Hb 1.3, n.), e recebe destaque também aqui na Carta aos Hebreus (Hb 8.1; 10.12-13; 12.2). inimigos como estrado debaixo dos... pés Figura de derrota e humilhação.
1.14 ajudar Este texto não especifica como os anjos ajudam o povo de Deus, mas tanto o AT (Gn 24.7,40; Êx 23.20,23; 1Rs 19.5-7; Sl 91.11-12; Dn 3.28) como o NT (Mt 1.20; 2.13,19; 4.11; 18.10; 28.2-7; At 5.19; 8.26; 10.3-6; 12.6-10) dão exemplos de como Deus envia os seus anjos para ajudar o seu povo. os que vão receber a salvação Aqui, o autor está falando da salvação que acontecerá quando Cristo voltar (Hb 9.28).

Hebreus 2 — Interpretação Bíblica
Hebreus 2
A grande salvação 2.1-18
Depois de mencionar a salvação que o povo de Deus vai receber (1.14), o autor entra em maiores detalhes a respeito dessa grande salvação (2.1-4) e do grande Salvador, Jesus Cristo (2.5-18).
2.1 não nos desviarmos delas Estimular os cristãos a permanecerem firmes na fé é um dos assuntos principais desta Carta (ver Intr. 2.2.).
2.2 a mensagem que foi dada por meio dos anjos De acordo com At 7.38,53 e Gl 3.19, foram os anjos que deram a lei a Moisés no Monte Sinai. receberam o castigo que mereciam Hb 3.16-19; 10.28-31.
2.3 aqueles que a ouviram nos provaram Isso parece indicar que o autor da Carta e os seus leitores já são da segunda geração de cristãos (ver também 13.7).
2.4 sinais de poder, maravilhas Ver 2Co 12.12, n. os dons do Espírito Santo At 2—4; 10.44; 1Co 12.1-11; Gl 3.2-5.
2.5 o mundo novo que está por vir Isto é, que virá com a vinda de Jesus Cristo no Dia Final.
2.6 alguém afirma O texto dos vs. 6-8 é tirado de Sl 8.4-6.
2.7 dos anjos Assim diz o texto grego, citando Sl 8.5 conforme a Septuaginta (ver Hb 1.1-14, n.). O texto original hebraico de Sl 8.5 usa a palavra que geralmente quer dizer “Deus”, mas que pode também ser traduzida por “deuses” ou “anjos” (ver Sl 8.5, n.). a honra de um rei Alguns dos mais antigos manuscritos gregos acrescentam: “Tu lhe deste poder sobre tudo o que existe” (Sl 8.6a).
2.8 puseste todas as coisas debaixo do domínio dele 1Co 15.27-28.
2.9 ele morresse por todas as pessoas Mt 20.28; Mc 10.45; Ef 1.7; Fp 2.6-11; 1Tm 2.6; Tt 2.14.
2.10 tornou Jesus perfeito Jesus não é imperfeito, no sentido de cometer pecado (Hb 4.15). O que se quer dizer é que, por meio de seus sofrimentos e de sua morte, ele completou a missão que Deus tinha dado para ele de ser o Salvador de todos (vs. 17-18; 5.8-9; 7.28; ver também 10.14; 11.40; 12.23).
2.11 não se envergonha de chamá-los de irmãos Mc 3.35; Jo 20.17.
2.12 ele diz Jesus diz as palavras de Sl 22.22, que falam sobre sua vitória. Na cruz, Jesus disse palavras tiradas do início do mesmo Salmo (v. 1; ver Mt 27.46, n.; Mc 15.34, n.).
2.13 Diz também... E diz ainda São palavras do AT (Is 8.17-18) que, segundo o autor de Hebreus, foram ditas por Jesus.
2.14 sua morte A Carta aos Hebreus dá destaque à morte de Jesus (ver Intr. 2.3), que livra os seres humanos do medo da morte (v. 15).
2.16 os descendentes de Abraão Todos os que têm fé em Jesus (Rm 4.11,16,18; Gl 3.29).
2.17 ser o Grande Sacerdote deles, bondoso e fiel no seu serviço a Deus Esta é uma maneira de descrever a vida, morte e ressurreição de Cristo. Grande Sacerdote Um título de Jesus que aparece várias vezes neste livro (Hb 3.1; 4.14-15; 5.5,10; 6.20; 7.26-28; 8.1-3; 9.11,25).
2.18 ele mesmo foi tentado Hb 4.15.

Hebreus 3 — Interpretação Bíblica
Hebreus 3
Jesus e Moisés 3.1-6
Além de ser superior aos anjos (1.4; ver Intr. 2.3), Jesus é também mais importante do que Moisés, o homem que Deus escolheu para ser o líder de Israel e para entregar ao povo a sua lei. Moisés foi um servo que fez seu trabalho na casa de Deus (v. 5), enquanto Jesus é o Filho que dirige a casa de Deus (v. 6). Portanto, Jesus é superior a Moisés.
3.1 que Deus enviou Isso traduz a palavra grega “apóstolo”. É a única vez, no NT, em que Jesus é chamado de “apóstolo”, embora a afirmação de que Deus o enviou apareça em vários outros lugares (Mt 10.40; Jo 3.17; 4.34; 5.24,30,37; 6.38,44; Gl 4.4). Grande Sacerdote Ver Hb 2.17, n.
3.2 Moisés foi fiel Hb 11.23-28. seu trabalho em toda a casa de Deus Isto é, com o povo de Israel (Nm 12.7).
3.5 Moisés... falou das coisas que Deus ia dizer no futuro Isto é, falou sobre aquilo que Deus ia dizer através do Filho (Hb 1.2).
3.6 Cristo é fiel Hb 2.17. nós seremos a sua casa 1Co 3.16-17; Ef 2.20-22; 1Tm 3.15; Hb 10.21; 1Pe 2.5. se conservarmos a nossa coragem e a nossa confiança Ver Intr. 2.1 e 2.2.

O descanso do povo de Deus 3.7—4.13
Tomando por base o texto de Sl 95.7-11, o autor adverte contra a falta de fé (3.12,19) e estimula os leitores a que continuem firmes até o fim (3.14). Os israelitas se revoltaram contra Deus e assim não entraram no descanso da Terra Prometida. Diante disso, “há outros que vão recebê-lo” (4.6) e “ainda fica para o povo de Deus um descanso” (4.9). Esse descanso é uma figura para falar sobre a salvação por meio de Cristo (Hb 4.1, n.). Portanto, conclui o autor, façamos tudo para receber esse descanso (4.11).
3.7 como diz o Espírito Santo Hb 9.8; 10.15. Na seqüência (vs. 7b-11), o autor cita Sl 95.7-11 de acordo com o texto da Septuaginta (ver Hb 1.4-14, n.). Aqui, são de menor importância as diferenças entre o texto da Septuaginta, citado pelo autor, e o original hebraico.
3.8 no dia em que eles o puseram à prova no deserto Êx 17.1-7; Nm 20.1-13.
3.9 quarenta anos Este é o tempo que o povo de Israel levou para entrar na terra de Canaã depois de ter saído do Egito (Êx 16.35; Dt 29.5).
3.12 cuidado O autor, repetidamente, adverte os leitores contra o perigo de abandonarem a fé (ver Intr. 2.2). que nenhum de vocês tenha um coração... descrente O que ameaça o cristão é o mesmo problema do povo de Israel do AT: a falta de fé (vs. 14,19), que é revolta contra Deus (v. 18); ou, como diz no v. 12, o afastar-se do Deus vivo. Deus vivo Uma expressão que aparece várias vezes nesta Carta (Hb 9.14; 10.31; 12.22). O Deus vivo dá vida a todos e precisa ser levado a sério.
3.13 esse “hoje” O “hoje” sobre o qual fala Sl 95.7 (ver v. 7, n.); Hb 3.15; 4.7; ver também 2Co 6.2. Esse “hoje” vai até o dia da segunda vinda de Cristo (Hb 9.28).
3.14 se continuarmos firmes até o fim Ver Intr. 2.2.
3.15 as Escrituras Sagradas dizem Sl 95.7-8; Hb 3.7b-8.
3.17 caíram mortos no deserto De todas as pessoas que tinham mais de vinte anos de idade quando o povo de Israel saiu do Egito, somente Calebe e Josué entraram na terra de Canaã (Num 14.28-35).
3.18 Deus... fez este juramento Sl 95.11; Hb 3.11.

Hebreus 4 — Interpretação Bíblica
Hebreus 4
4.1 o descanso Esse descanso são as “bênçãos eternas” que Deus prometeu (Hb 9.15). É o mesmo que o Reino do Céu (Mt 4.17) ou a vida eterna (Jo 3.16) sobre a qual fala Jesus. algum de vocês tenha falhado Ver Intr. 2.1.
4.2 aquelas pessoas ouviram... a boa notícia Essa boa notícia é a mesma promessa de salvação que Deus fez a nós por meio de Cristo (Hb 1.1-2), a saber, o “descanso” na Terra Prometida.
4.3 ele mesmo disse Sl 95.11; Hb 3.11.
4.4 está escrito... em alguma parte das Escrituras Sagradas Gn 2.2.
4.5 o mesmo assunto é repetido Sl 95.11; Hb 3.11.
4.7 no trecho das Escrituras já citado Sl 95.7-8; Hb 3.7b-8,15.
4.8 Josué O sucessor de Moisés; ele comandou o povo de Israel na conquista da terra de Canaã (Dt 31.8; Js 22.4).
4.10 Deus descansou dos trabalhos dele Gn 2.2.
4.11 façamos tudo para receber esse descanso Ver Intr. 2.2.
4.12 a palavra de Deus O que Deus diz (Hb 1.1-2) é sempre poderoso e eficaz (Is 49.2; 55.11; Jr 23.20; Ef 6.17; Ap 1.16; 2.12).
4.13 tudo está descoberto e aberto diante dos seus olhos Jr 11.20; Rm 8.27; 1Co 4.5.
Cristo, o Grande Sacerdote eterno 4.14—5.10
Para que “fiquemos firmes na fé que anunciamos” (4.14), o autor apresenta Cristo como o Grande Sacerdote eterno que faz o seu trabalho na própria presença de Deus (1.3,13; 8.1-2; 9.11-12,24). O autor compara Jesus com o Grande Sacerdote da antiga aliança, mostrando as semelhanças entre eles (para as diferenças, ver (cap. 7). Duas características do Grande Sacerdote recebem destaque: o fato de ele ser capaz de compreender as nossas fraquezas (5.1-3,7-10) e o fato de ele ser chamado por Deus (5.4-6).
4.14 fiquemos firmes Ver Intr. 2.2. temos um Grande Sacerdote Hb 2.17; 3.1. Esse Grande Sacerdote, que é Cristo, compreende as nossas fraquezas (Hb 4.15a); foi tentado, mas não pecou (Hb 4.15b; 5.1-3; 7.26); foi chamado por Deus (Hb 5.4-5,10; 7.28a); é eterno (Hb 5.6; 7.20-21,24; 7.28b); é autor da salvação eterna (Hb 5.7-9; 7.25). entrou na própria presença de Deus Uma vez por ano, no Dia do Perdão, o Grande Sacerdote dos judeus entrava no Lugar Santíssimo e ali oferecia sacrifícios para tirar os pecados do povo. Mas Jesus entrou na presença de Deus no céu. Hb 9.11-14,24-26.
4.15 compreender as nossas fraquezas Hb 2.14-18. foi tentado do mesmo modo que nós Mt 4.1-11; Lc 4.1-13. não pecou Hb 7.26; Jo 8.46; 2Co 5.21; 1Pe 2.22; 3.18; 1Jo 3.5. Se isso não fosse verdade, Jesus não poderia ser o Grande Sacerdote que nos ajuda (Hb 9.14).
4.16 cheguemos perto do trono divino Por meio de Cristo, o trono divino não é mais um lugar que nos assusta (Hb 12.18-21), mas um lugar onde encontraremos graça sempre que precisarmos de ajuda.








Hebreus 1 — Explicação das Escrituras

1.1 — Hebreus começa como tese, prossegue como sermão e conclui como carta. A revelação de Deus é concedida em dois estágios: pelos profetas do At e por meio de Cristo no NT. João 1.1 afirma que Cristo é a Palavra (logos) de Deus; Hb 1.1,2 declara que Ele é a palavra final. Sua pessoa determina a interpretação da Palavra de Deus falada. Pelos profetas. Lit. “nos profetas” indicando a inspiração clara do AT.
1.2 — Últimos dias. A vinda do Messias dá inicio ao período escatológico. Falou. O uso do aoristo no grego indica finalidade. Pelo Filho. Falta o artigo no grego. Deus se revelou ”filialmente”.
1.2b-3  Sete declarações acerca de Cristo revelam Sua majestade e poder: 1) Cristo é herdeiro de todas as coisas (Ef 1.20-23). 2) Ele é o agente da Criação (cf. Jo 1.3). 3) Ele é o brilho que irradia de Deus que é luz (1 Jo 1.5). 4) Ele manifesta a verdadeira natureza de Deus (2 Co 4.4; Cl 1.5). 5) Sua palavra poderosa sustenta o universo (Cl 1.17). 6) Ele é o sacerdote que oferece a si mesmo como Sacrifício para purificar os pecados (Jo 1 29). 7) Ele ocupa o trono soberano à direita de Deus (Sl110.1; Ef 4.10). Assentou-se. Cristo, o Sumo Sacerdote, assentou-se porque Sua obra foi consumada. Os sacerdotes judaicos continuam em pé (10.11).
1.5-13 — Sete passagens citadas do AT sustentam o argumento que Cristo é superior aos anjos. • N. Hom. A Superioridade de Cristo. 1) Sendo Deus, o Filho primogênito, os anjos O adoram (5, 6), 2) Sendo Deus, onipotente Rei, os anjos Lhe obedecem (7-9). 3) Sendo Deus, eterno Criador, os anjos O servem (10-14).
1.6 — Introduzir. Pode referir-se à Segunda Vinda, ainda no futuro.
1.7  Este v. destaca o contraste entre as posições de Cristo e dos anjos ou a distinção entre a eternidade daquele e o evanescer destes.
1.9 — Companheiros. São os “muitos filhos” (2.10) conduzidos à gloria.
1.10  Há distinção de natureza entre a Criação e o Criador. Deus não necessita do universo, mas a Criação não pode existir sem Deus. Na LXX (Septuaginta), que Hebreus cita, Deus Se dirige ao Filho, chamando-O Senhor” (cf. também Sl 110.1).
1.14  O serviço dos anjos ministradores tem como objetivo o benefício dos herdeiros da salvação, i.e., os cristãos.



Hebreus 2 — Explicação das Escrituras

2.1 — Desviemos. Lit. “sermos levados pela correnteza”.
2.2 — A supremacia de Cristo sobre os anjos destaca a superioridade da segunda aliança sobre a primeira ministrada por anjos no Sinai.
2.3 — Negligenciarmos. Os hebreus, destinatários desta epístola, estavam deixando a comunhão da igreja e dos cultos (10.25). Foi-nos depois confirmada. Em contraste com Paulo, o autor de Hebreus não reivindica alguma revelação: direta de Cristo (cf. GI 1.15-17e Lc 1.2).
2.4 — Distribuições. Cf. aos dons do Espírito (1 Co 12.11; Gl 3.5).
2.5 — Mundo (gr oikoumenen, “a sociedade organizada dos homens”). Baseando-se em Dt32.8 (LXX), o autor nota que ainda que a administração deste mundo foi conferida a anjos, não foi assim corri a Nova Sociedade. O mundo novo será governado por Cristo, junto com Seus seguidores (2 Tm 2.12).
2.6-8 — O homem. A passagem citada (Sl 8.4-6) tem Adão em vista. A ele Deus deu soberania sobre tudo (Gn 1.26ss). Filho de homem. No primeiro século, sob a influência de Dn 7.13 ss e do livro apocalíptico de Enoque este título provavelmente denotava o Messias. No NT este termo é usado. exclusivamente por Jesus, referindo-Se a Si mesmo (81 vezes). Exceções: At 7.56; Ap 1.13 onde falta o artigo, “um filho de homem”.
2.8 — Ainda não. A soberania que Adão devia ter exercido, progressivamente, (com e por meio dos seus descendentes) não se realizou. Ele mesmo foi conquistado pelo diabo e a morte em castigo do pecado(14).
2.9 — Aquele. Jesus, pela Sua encarnação, Se tornou homem, o último Adão (1 Co 15.45), para poder padecer a morte substitutiva por todos.
2.10 — Cristo é o Autor (lit. “iniciador”) e condutor dos filhos de Adão à glória que Deus tencionou para a humanidade. Autor (gr archegõn) também em At 3.15, 5.31; Hb 12.2. Aperfeiçoasse. Só por meio da Sua paixão é que Cristo pode Se tornar nosso perfeito Salvador (18).
2.11 — Santifica. A salvação (3) consiste na separação de homens da natureza adâmica para Deus. De um só. Cristo e os filhos de Deus surgem do mesmo estoque, que é Deus.
2.12 — Congregação (gr ekklesia). Só “irmãos” de Cristo, participantes (14) de Sua natureza pelo Espírito, são membros da Igreja.
2.13.14 — Junto com o termo “irmãos” (11, 12) “filhos” destaca a solidariedade de Jesus com os salvos. No Seu nascimento, Ele compartilhou nossa “carne e sangue”. Na Sua morte, Ele levou nosso castigo. Destruísse. A cruz de Cristo marcou a derrota do diabo e suas pretensões (1 Jo 3.8). • N. Hom. O Redentor vinculou-Se aos Seus irmãos por: 1) parentesco; 2) substância (“carne e sangue”); 3) experiência (18).
2.15 — Pavor. O temor da morte escraviza os homens.
2.16 — Socorre. Aos anjos caídos (demônios) não é concedida, a graça salvadora de Deus. Não foram enganados como Adão. Descendência de Abraão. São todos os que se entregam a Deus pela fé (Gl 3.7).
2.17 — Propiciação. Significa “cobrir”, “apagar”; Trata-se de pecados absolvidos e comunhão restaurada com Deus.

Hebreus 3 — Explicação das Escrituras

3.1,2  Cristo é o Apóstolo (representante) perfeito de Deus entre os homens. Sumo Sacerdote. Ele é nosso perfeito representante diante de Deus. Sua fidelidade se mostrou na consumação dai obra que Deus lhe deu (Jo 17.4). Casa. Isto é, “família”.
3.4 — Aquele. O filho de Deus, agente e herdeiro da Criação, obviamente tem o direito de mandar; Moisés tinha o direito de servir.
3.5 — Testemunho. Moisés como profeta falou da vinda de Cristo.
3.6 — Até ao fim. A prova da realidade da regeneração é a fidelidade.
3.7 — Diz o Espírito Santo. Novamente encontramos a inspiração do AT. Se ouvirdes... Melhor a tradução do original heb em Sl 95.7.
3.8.9 — No original, provocação e tentação são nomes - Meribá e Massá.
3.13 — Endurecido. O engano do pecado produz endurecimento (cf. 2.8; Jr 17.9). Tanto Satanás como nosso próprio coração querem nos convencer que atitudes e práticas erradas não são pecaminosas.
3.14 — Participantes (gr entochoi; cf. 2.14). Cristo participou em nossa subjugação à morte. Pela ressurreição conquistou o poder sobre a morte por todos nós. Confiança (gr hupostasis). “Certeza” em 11.1.
3.15 — Hoje. I.e., nesta época da graça, a palavra de Deus precisa ser ouvida diariamente com coração disposto a obedecer.
3.16 — É muito perigoso concluir que a maioria está sempre certa. A democracia na igreja pode ser instrumento de Deus ou do diabo.
3.17 — Pecaram. A Bíblia encara a rebelião da incredulidade como pecado dos mais graves. O Êxodo não garantiu entrada na Terra.
3.18 — Descanso. Cf. 4.5n. Aponta para o recebimento completo dos benefícios prometidos por Deus.

Hebreus 4 — Explicação das Escrituras
4.2 — A palavra... Cf. Rm 10.16s e Is 53.1. A mensagem do evangelho exige a aceitação da fé. Acompanhada. Lit. “unida”. A fé compromete o ouvinte com a mensagem; não se pode livrar da sua obrigação. Anunciadas as boas novas. Lit. “evangelizadas”.
4.4 — Ao sétimo dia. O sábado cristão é guardado pela fé por aquele que descansa nas promessas de Deus em Cristo.
4.5 — Meu descanso. Deus compartilha conosco Seu próprio descanso (cf. Gn 2.3). Este descanso espiritual ficou à disposição dos homens desde o Éden, e o término da Criação, mas foi exposto claramente na Nova Criação.
4.7,8  Sendo que Deus oferecia Seu descanso no tempo de Davi, fica patente que Ele não fala a conquista da terra da Palestina no salmo 95.
4.9.10 — Repouso (gr sabbatismos). 1 Refere-se ao descanso de sábado providenciado na morte e ressurreição de Cristo (cf. Jo 5.19). Este repouso é celestial, mas é usufruído nesta vida pela fé (cf. Jo 14.2, 24). Descansou de suas obras. Quem confia na obra perfeita de Cristo que iniciou a Nova Criação não tentará ganhar a salvação por boas obras. • N. Hom. 4.12 O Potencial da Palavra de Deus. 1) Sendo viva, concede a vida. 2) Sendo eficaz, transforma o ouvinte fiel. 3) Tendo dois gumes, corta primeiramente quem à usa e depois aqueles que recebem seu ministério. 4) Sendo cortante, traz à luz os motivos obscuros do subconsciente (1 Co 4.5). 5) Apta para discernir (gr kritikos), julga os valores.
4.13 — Patentes. O gr tem o significado de um lutador que, tendo derrotado seu adversário, dobra o seu pescoço até a submissão total.
4.14 — Penetrou os céus. Cristo passou pelos céus para ocupar Sua suprema transcendência e autoridade (7,26; Ef 4.10; Fp 2.9-11).
4.15 — A divina majestade de Cristo, não nega em nada Sua humanidade. Ele simpatiza conosco porque sentiu o pleno poder da tentação. • N. Hom. 4.16 (vv. 1-16). A Poderosa Palavra de Deus. 1) Ela nos adverte acerca dos perigos que enfrentamos (1-11). 2) Revela o julgamento de Deus sobre a nossa natureza (12, 13). 3) É a provisão divina para nossas necessidades (14-16).




HINOS SUGERIDOS

295, 396 e 620 da Harpa Cristã.

Novo Canto de Louvor
Novo canto de louvor, Canta já meu coração;
Hino de paz a de amor, Que me traz consolação.
Ouve quão doce e o louvor,
Ao Cordeiro divinal!
Jesus, canto inspirador, Harmonia angelical
Canto hinos de louvor, Porque Cristo me salvou
Deste mundo enganador; Sobre a rocha me firmou
Este canto novo é Cada noite que passar;
Sombras dão lugar à fé, Se a Deus louvor cantar.
Quando o coração vibrar, Os acordes lá do céu,
E da rola a voz soar, No jardim do nosso Deus.
Quando meu Jesus voltar, E levar-me com os Seus,
Inda eu irei cantar, Este hino lá nos céus.
No céu, hino de louvor, Canta a grande multidão.
Vinde às bodas de amor, Ao banquete do perdão.










Além de Nosso Entendimento

Muito além do nosso entendimento,
Alto mais que todo o pensamento,
Glorioso em seu sublime intento,
É o amor de Deus, sem par.
Grande amor! Amor de Deus!
Enche a terra e enche os céus!
Grande amor! Amor que abrange
A todo o mundo e atinge a mim!
Fez um sacrifício infinito
Dum valor imenso, inaudito;
Dando-nos o Filho Seu bendito;
Calculei o amor de Deus!
Grande, foi mui grande o meu pecado;
Triste, perigoso o meu estado;
Mas o amor que nunca foi sondado
Me salvou - o amor de Deus!
Foi quem perdoou os pecadores,
Rogos atendeu de malfeitores,
Quem sarou os pobres sofredores,
Esse imenso amor de Deus!




Na Jornada Para o Céu

Na jornada para o Céu,
Vivo sempre a meditar.
Muito alegre vou cantando
E seguindo pro meu lar.
Muito alegre vou cantando
E seguindo pro meu lar.
Sei que é certa a vitória,
Que Jesus me garantiu:
Eu vou chegar à Glória (bis)
Que o mortal inda não viu.
Caminhando com Jesus,
Meu prazer sempre aumentou:
Revelou-me o amor da cruz,
Que meus crimes perdoou
Revelou-me o amor da cruz,
Que meus crimes perdoou.
Um clarão da luz do Céu
Minha alma iluminou
Então vi o abismo eterno
Do qual Deus já me salvou.
Então vi o abismo eterno
Do qual Deus já me salvou.
Nesta senda gloriosa,
Me ajude o meu Rei:
Tenho paz, e mui ditosa,
E mais paz no Céu terei.
Tenho paz, e mui ditosa.
E mais paz no Céu terei.
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Hebreus 3

1 Portanto, meus irmãos, a quem Deus separou para si e a quem chamou para participarem da vida celestial, atentem para o enviado de Deus e o supremo sacerdote da fé que proclamamos,
2 o qual cumpriu fielmente a missão que Deus lhe designou, tal como Moisés serviu fielmente na casa de Deus.
3 Mas Jesus é muito superior a Moisés, da mesma maneira que o homem que constrói uma casa tem mais mérito do que a própria casa em si.
4 Ora se é verdade que não há casa que não tenha sido construída por alguém, não menos verdade é que quem construiu tudo o que existe foi Deus.
5 É bem certo que Moisés serviu com toda a fidelidade na casa de Deus, mas o que ele fez foi um serviço, o de anunciar aquilo que havia de ser revelado mais tarde.
6 Mas Cristo é fiel e responsável como Filho sobre a sua própria casa, a qual casa somos nós próprios, se conservarmos a nossa confiança até ao fim, assim como a exultação da esperança no Senhor.
7 Portanto o Espírito Santo nos avisa, como está escrito:Se hoje ouvirem a sua voz, não endureçam os vossos corações, como fizeram na rebelião,durante o tempo de prova no desertoonde os seus pais tentaram a minha paciência li vossos pais duvidaram de mim, mesmo depois de terem visto tudo o que eu podia fazer urante quarenta anos andei desgostoso com esta geração, disse o Senhor. É um povo que erra constantemente ecusa aceitar os meus caminhos or isso jurei, na minha cólera,que não entrariam no meu descanso.
8 Tomem então cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês se afaste para longe do Deus vivo, levado pelo seu coração mau e incrédulo
9 Pelo contrário, procurem encorajar-se uns aos outros enquanto dura esse tempo de hoje, a fim de que ninguém endureça o seu coração pelo engano do pecado.
10 Porque se mantivermos firmemente até ao fim a nossa confiança no Senhor, como quando nos tornámos cristãos, participamos de tudo o que pertence a Cristo.
11 Então, não esqueçamos este aviso: Se hoje ouvirem a sua voz, não endureçam os vossos corações, como quando eles provocaram Deus.
12 E quem foram esses que, depois de ouvirem Deus falar-lhes, o provocaram? Não foram porventura os que por meio de Moisés saíram do Egipto? e
13 E não foram esses que durante quarenta anos tanto exasperaram Deus e pecaram, tendo os seus cadáveres ali ficado no deserto? d
14 E não foram eles a quem Deus declarou, com juramente, que não haviam de entrar e repousar na terra? Pois foram esses mesmos que lhe desobedeceram.
15 E não puderam entrar por causa da sua incredulidade.

Hebreus 1- Católica

1 Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas.
2 Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas.
3 Esplendor da glória {de Deus} e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus,
4 tão superior aos anjos quanto excede o deles o nome que herdou.
5 Pois a quem dentre os anjos disse Deus alguma vez: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei {Sl 2,7}? Ou então: Eu serei seu Pai e ele será meu Filho {II Sm 7,14}?
6 E novamente, ao introduzir o seu Primogênito na terra, diz: Todos os anjos de Deus o adorem {Sl 96,7}.
7 Por outro lado, a respeito dos anjos, diz: Ele faz dos seus anjos sopros de vento e dos seus ministros chamas de fogo {Sl 103,4},
8 ao passo que do Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsiste para a eternidade. O cetro do teu Reino é cetro de justiça.
9 Amaste a justiça e odiaste a iniquidade. Por isso, ó Deus, o teu Deus te ungiu com óleo de alegria, mais que aos teus companheiros {Sl 44,7s};
10 e ainda: Tu, Senhor, no princípio dos tempos fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos.
11 Eles passarão, mas tu permaneces. Todos envelhecerão como uma veste;
12 tu os envolvas como uma capa, e serão mudados. Tu, ao contrário, és sempre o mesmo e os teus anos não acabarão {Sl 103,26s}.
13 Pois a qual dos anjos disse alguma vez: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés {Sl 109,1}?
14 Não são todos os anjos espíritos ao serviço de Deus, que lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a salvação?










Hebreus 3 Estudo: Jesus é Superior a Moisés

Em Hebreus 3, o autor começa explicando porque Jesus Cristo é superior a Moisés. Isso ocorre porque o profeta dirigiu a casa terrena de Deus, Jesus, por sua vez dirige a casa eterna de Deus que somos nós.
Ao dizer isso, ele alerta mais uma vez para a necessidade de ouvirmos a voz de Deus e sermos obedientes a ela. Ele cita o exemplo dos hebreus no deserto, que ouviram a voz do Senhor mas preferiram seguir o pecado.
resistência a voz de Deus é fruto de um coração endurecido pelo ceticismo e incredulidade, algo que produz a ira de Deus e a morte.
Esboço de Hebreus 3:
Hebreus 3.1 – 6: Jesus Cristo é superior a Moisés
Hebreus 3.7 – 11: Devemos ouvir a voz de Deus
Hebreus 3.12 – 14: O perigo de um coração endurecido
Hebreus 3.15 – 19: As consequências da incredulidade

Digno de Maior Glória
“Jesus foi considerado digno de maior glória do que Moisés, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa. Pois toda casa é construída por alguém, mas Deus é o edificador de tudo”. (Hebreus 3.3,4)

Nesses versículos, temos a aplicação da doutrina esboçada no final do último capítulo com respeito ao sacerdócio de nosso Senhor Jesus Cristo.
A maneira ardente e afável com que o apóstolo exorta os cristãos a terem em alta conta esse sumo sacerdote, e fazerem dele o objeto de seu profundo e sério exame.
E certamente ninguém na terra nem no céu merece mais a nossa consideração do que Ele. Para que essa exortação se torne mais eficiente, observe a saudação honrosa usada para com aqueles a quem ele escreve: “Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial”.
Irmãos, não somente meus irmãos, mas os irmãos de Cristo, e nele irmãos de todos os santos. Todos no povo de Deus são irmãos, e deveriam se amar e viver como irmãos.
Irmãos santos; santos não só de confissão e título, mas em princípio e prática, de coração e vida. Alguns transformaram isso em motivo de zombaria: “Esses”, assim dizem eles, “são os santos irmãos”; mas é perigoso fazer gracejos com ferramentas tão afiadas; “…não mais escarneçais, para que vossas ligaduras se não façam mais fortes” (Isaías 28.22).
Deixem que os que são assim desprezados e zombados se esforcem em ser de fato irmãos santos, e se mostrem aprovados diante de Deus; e eles não precisam se envergonhar do título nem ter medo dos escárnios dos profanos.
Está chegando o dia em que os que fazem disso motivo de vergonha o considerariam sua grande honra e felicidade se pudessem ser recebidos nessa santa irmandade.

Participantes da Vocação Celestial
Participantes dos meios da graça, e do Espírito da graça, que veio do céu, e por meio do qual os cristãos são de forma eficaz chamados das trevas para a maravilhosa luz.
Esse chamado que traz o céu à alma dos homens, elevando-os a uma disposição e a conversas celestiais, e os prepara para viverem para sempre com Deus no céu.
Os títulos que ele dá a Cristo, a quem ele quer que eles considerem como o apóstolo da nossa confissão, o primeiro-ministro da igreja do evangelho, um mensageiro e o principal mensageiro enviado por Deus aos homens, com a mais importante missão.
O grande revelador daquela fé em que professamos crer e da esperança que professamos ter. Não somente como o apóstolo, mas também como o sumo sacerdote da nossa profissão de fé, o principal ministrante do Antigo Testamento. Como também do Novo, o cabeça da igreja em qualquer estado, e em cada dispensação, de cuja satisfação e intercessão confessamos depender para o perdão dos pecados e a aceitação por parte de Deus.
Como o Cristo, o Messias, o ungido e em todas as formas qualificado para a missão tanto de apóstolo quanto de sumo sacerdote.
Como Jesus, nosso Salvador, o que nos cura, o grande médico da nossa alma, tipificado na serpente de bronze que Moisés levantou no deserto, para que os que haviam sido picados pelas serpentes de fogo pudessem olhar para Ele e ser salvos. (Henry, Matthew, Comentário de Atos a Apocalipse)



OBJETIVO GERAL

Evidenciar a superioridade de Jesus em relação ao legislador Moisés.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Apresentar a superioridade da vocação, da missão e da mediação de Jesus em relação a Moisés;
II. Exprimir a autoridade maior de Jesus em relação a Moisés;
III. Esclarecer a superioridade do discurso de Jesus em relação ao de Moisés.






INTERAGINDO COM O PROFESSOR

A Antiga Aliança apresenta Moisés como “apóstolo”, isto é, o mensageiro de Deus da Aliança com o povo de Israel, e o seu irmão Arão, como sumo sacerdote do povo de Deus, respectivamente. Essa dispensação deu lugar a uma nova ordem, a um novo concerto em que Cristo Jesus se apresenta como executor desses dois ofícios. Agora, Ele é o apóstolo da Nova Aliança e o Sumo Sacerdote perfeito. Essa verdade é que permeia toda a lição.






















COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

O autor dá início ao capítulo três fazendo um contraste entre Moisés e Cristo. Ele estava consciente da grande estima que seus compatriotas tinham pela figura do grande legislador hebreu, Moisés. Em nenhum momento desse contraste o autor deprecia a pessoa de Moisés, mas sempre o coloca como um homem fiel a Deus na execução de sua obra. Entretanto, mesmo tendo assumido a grande missão de conduzir o povo rumo à Terra Prometida, Moisés não poderia se equiparar a Jesus, o Autor da nossa fé. O contraste entre Moisés e Cristo é bem definido: Moisés é visto como um administrador da casa, Jesus como Edificador; Moisés é retratado como servo, Jesus como Filho; Moisés foi enviado em uma missão terrena, Jesus numa missão celestial, eterna.


PONTO CENTRAL

A carta de Hebreus revela a superioridade de Jesus em relação a Moisés quanto à tarefa, à autoridade e o discurso.















I. UMA TAREFA SUPERIOR

1. Uma vocação superior. O autor introduz a seção vv.1-6

1 Portanto, santos irmãos, participantes do chamado celestial, fixem os seus pensamentos em Jesus, apóstolo e sumo sacerdote que confessamos.
2 Ele foi fiel àquele que o havia constituído, assim como Moisés foi fiel em toda a casa de Deus.
3 Jesus foi considerado digno de maior glória do que Moisés, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa.
4 Pois toda casa é construída por alguém, mas Deus é o edificador de tudo.
5 Moisés foi fiel como servo em toda a casa de Deus, dando testemunho do que haveria de ser dito no futuro, 6 mas Cristo é fiel como Filho sobre a casa de Deus; e esta casa somos nós, se é que nos apegamos firmemente à confiança e à esperança da qual nos gloriamos.

 tomando como ponto de partida o que havia dito anteriormente — Jesus era o autor e mediador da nossa salvação (Hb 2.14-18: 14. Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo, 15. e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte.
16. Pois é claro que não é a anjos que ele ajuda, mas aos descendentes de Abraão.
17. Por essa razão era necessário que ele se tornasse semelhante a seus irmãos em todos os aspectos, para se tornar sumo sacerdote misericordioso e fiel com relação a Deus e fazer propiciação pelos pecados do povo.
18 Porque, tendo em vista o que ele mesmo sofreu quando tentado, ele é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo tentados.).

Tomando por base esse conhecimento, seus leitores, a quem ele chama afetuosamente de irmãos santos, deveriam ficar atentos ao que seria dito agora (Hb 3.1 1. Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, 2. Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa.). Eles não eram apenas um povo nômade pelo deserto escaldante à procura da Terra Prometida, mas herdeiros de uma vocação celestial. Eles deveriam se lembrar de quem os fez aptos e idôneos dessa vocação. Nesse aspecto, os leitores de Hebreus não deveriam ter dúvida alguma de que Jesus, como Aquele que os conduzia ao destino eterno, era em tudo superior a Moisés, a quem coube a missão de conduzir o povo à Canaã terrena.

2. Uma missão superior. O autor pela primeira vez usa a palavra apóstolo em relação a Jesus (Hb 3.1). A palavra apóstolo se refere a alguém que é comissionado como um representante autorizado. Não havia dúvida de que Moisés havia sido um enviado de Deus em uma missão, todavia, ele não foi o “apóstolo da grande salvação”. A missão de Moisés foi tirar o povo de dentro do Egito e conduzi-lo à Terra Prometida, mas a missão de Jesus é a de conduzir a Igreja à Canaã celestial. A missão mosaica era daqui, a Canaã terrena; a missão de Jesus possuía uma vocação celestial. Cristo não foi apenas um enviado em uma missão, mas acima de tudo, o apóstolo da nossa confissão, alguém com autoridade na missão de nos conduzir ao destino eterno.

3. Uma mediação superior. Depois de afirmar que Jesus era “o apóstolo”, o autor também diz que Ele é o “sumo sacerdote da nossa confissão”. Jesus era superior a Moisés, não apenas em relação à missão, mas também em relação à função que exercia. O autor fará um contraste mais detalhado entre o sacerdócio de Cristo e o araônico mais adiante, mas aqui os crentes deveriam ter em mente que a mediação de Jesus era em tudo superior ao sistema mosaico e levítico. Cristo era o mediador da nossa confissão. A palavra “confissão” traduz o termo original homologia, que tem o sentido primeiro de “concordância”. Quando confessamos Jesus como Salvador, concordamos que Ele em tudo tem a primazia. Ele é o Senhor. Ele é maior do que tudo e do que todos; Ele, e somente Ele, é a razão do nosso viver.

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SÍNTESE DO TÓPICO (I)

Em relação a Moisés, a carta de Hebreus apresenta o Senhor Jesus com uma vocação superior, uma missão superior e uma mediação superior.

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SUBSÍDIO DIDÁTICO

Prezado(a) professor(a), inicie a aula desta semana fazendo as seguintes perguntas:
a) O que Moisés representou para o povo de Israel?
b) Qual foi o papel de Moisés no estabelecimento da Antiga Aliança de Deus com o seu povo?
c) Por que Moisés é uma autoridade respeitada na história de Israel?
Ouça as respostas dos alunos e em seguida faça um resumo abordando as respostas das três perguntas a fim de amarrar as informações. A ideia dessa atividade é familiarizar a classe com Moisés a fim de, a partir da importância dele para o povo judeu, destacar a magnitude de Jesus Cristo como o mediador da Nova Aliança.


CONHEÇA MAIS


A possibilidade de não chegar ao fim da caminhada
“O livro de Hebreus considera a possibilidade de permanecer firme na fé ou de abandoná-la como uma escolha real, que deve ser feita por cada um dos leitores; o autor ilustra as consequências da segunda opção referindo-se à destruição dos hebreus rebeldes no deserto após sua gloriosa libertação do Egito”. Leia mais em Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, pp.1557-59.

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II. UMA AUTORIDADE SUPERIOR

1. Construtor, não apenas administrador. O autor destaca que tanto Moisés como Jesus foram fiéis na “casa de Deus” (Hb 3.2 1. Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, 2. Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa.). Eles foram fiéis na missão que lhes foram confiada. Isso mostra o apreço que o autor possuía pelo legislador hebreu. Todavia, ao se referir a Jesus, o autor usa a palavra grega aksioô, traduzida como “digno”, “valor”, “mérito”. Duas coisas precisam ser destacadas no uso desse vocábulo pelo autor. Primeiramente ele quer mostrar que o mérito de Jesus era maior do que o de Moisés. Nosso Senhor era o construtor do edifício, da casa de Deus, e não apenas o mordomo, como fora Moisés. Os crentes precisavam enxergar isso e, assim, valorizarem mais a sua salvação. Por outro lado, ao usar o pretérito perfeito (tempo verbal grego), ele demonstra que a glória de Moisés era desvanecente, enquanto a de Jesus era permanente.

2. O perigo de ver, mas não crer. “[...] E viram, por quarenta anos, as minhas obras” (Hb 3.9 9 Onde vossos pais me tentaram, me provaram, E viram por quarenta anos as minhas obras.). Erra quem pensa que só acredita quem vê. Parece que quem muito vê, menos acredita. Acaba ficando acostumado com o sobrenatural. Para algumas pessoas o sobrenatural se “naturaliza”. É exatamente isso que aconteceu no deserto e era especificamente isso que acontecera com a comunidade dos primeiros leitores de Hebreus. Tanto Moisés como Jesus foram poderosos em obras, mas isso não era suficiente para segurar os crentes. É preocupante quando o cristão se acostuma com o sobrenatural e nada mais parece impactá-lo ou sensibilizá-lo.


3. O perigo de começar, mas não terminar. “Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos” (Hb 3.10b 10 Por isso me indignei contra esta geração, E disse: Estes sempre erram em seu coração, E não conheceram os meus caminhos.). Com essas palavras o autor mostra o perigo de começar, mas não chegar; de andar, mas se desviar. Alguns do antigo povo de Deus haviam começado bem, mas terminado mal. Muitos caíram pelo caminho, desistiram da estrada. O mesmo risco estava ocorrendo com os cristãos neotestamentários — haviam começado bem, mas corriam o risco de caírem e perderem a fé. Esse alerta é para nós hoje! Como está a tua fé?

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SÍNTESE DO TÓPICO (II)

Hebreus destaca o Senhor Jesus como o construtor da Nova Aliança; o Filho amado de Deus; o ministro excelente da Igreja de Deus.

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SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“[...] Pedro apresenta Jesus como o Profeta semelhante a Moisés (vv.22,23). Moisés havia declarado: ‘O SENHOR, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis’ (Dt 18.15). Seria natural dizer que Josué cumpriu essa profecia. Josué, o seguidor de Moisés, realmente veio depois deste e foi um grande libertador de seu tempo. Surgiu, porém, outro Josué (na língua hebraica, os nomes Josué e Jesus são idênticos). Os cristãos primitivos reconheciam Jesus como o derradeiro cumprimento da profecia de Moisés.
No final do capítulo (vv.25,26), Pedro lembra aos ouvintes a aliança com Abraão, muito importante para se entender a obra de Cristo: ‘Vós sois os filhos dos profetas e do concerto que Deus fez em nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades’. Claro está que, agora, é Jesus quem traz a bênção prometida e cumpre a aliança com Abraão — e não apenas a Lei dada por meio de Moisés” [HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 1996, pp.307,08].

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III. UM DISCURSO SUPERIOR

1. O perigo de ouvir, mas não atender. Seguindo a redação da Septuaginta (tradução grega da Bíblia Hebraica), o autor cita o Salmo 95.7-11

(6. Venham! Adoremos prostrados e ajoelhemos diante do Senhor, o nosso Criador; 7. pois ele é o nosso Deus, e nós somos o povo do seu pastoreio, o rebanho que ele conduz. Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, 8. não endureçam o coração, como em Meribá, como aquele dia em Massá, no deserto, 9. onde os seus antepassados me tentaram, pondo-me à prova, apesar de terem visto o que eu fiz.
10. Durante quarenta anos fiquei irado contra aquela geração e disse: "Eles são um povo de coração ingrato; não reconheceram os meus caminhos".
11. Por isso jurei na minha ira: "Jamais entrarão no meu descanso".)

para trazer uma série de advertências. Se o povo de Deus no Antigo Pacto precisou ser exortado, maior exortação precisava os que tinham maiores promessas. Primeiramente havia o perigo de ouvir e não atender (Hb 3.7,8 7. Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz,
8. Não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto
.). No passado, o povo de Deus tinha ouvido a mensagem divina; entendido, mas não atendido! O mesmo erro estava se repetindo. O Espírito Santo, falando profeticamente pela boca do salmista, advertia os o leitores para que seus corações não se endurecessem. É um apelo atual, porque o povo de Deus muitas vezes demonstra ser tardio para ouvir.

2. A humilhação do servo. A humilhação de Jesus teve início com o esvaziamento de sua glória para tomar a forma de servo e culminou com o sofrimento na cruz (Fp 2.7,8: 5. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, 6. que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 7. mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.
8. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!).

Sua humilhação está relacionada aos seus sofrimentos, como o ser perseguido, desprezado pelas autoridades, discriminado (Jo 1.46 46 Perguntou Natanael: "Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá? " Disse Filipe: "Venha e veja".),

silenciado diante de seus acusadores, açoitado impiedosamente, injustamente julgado diante de Pilatos e Caifás e, finalmente, crucificado e morto. Assim se cumpriu cada detalhe da profecia a respeito do Servo Sofredor (Is 53).

O sofrimento e a vitória do servo de Deus
52.13 Senhor Deus diz:
“Tudo o que o meu servo fizer dará certo; ele será louvado e receberá muitas homenagens.
14Muitos ficaram horrorizados quando o viram,
pois ele estava tão desfigurado, que nem parecia um ser humano.
15Mas agora muitos povos ficarão admirados quando o virem,
e muitos reis não saberão o que dizer.
Pois verão coisas de que ninguém havia falado, entenderão aquilo que nunca tinham ouvido.”

53.1 O povo diz: “Quem poderia crer naquilo que acabamos de ouvir?
Quem diria que o Senhor estava agindo?
2Pois o Senhor quis que o seu servo aparecesse como uma plantinha que brota e vai crescendo em terra seca.
Ele não era bonito nem simpático, nem tinha nenhuma beleza que chamasse a nossa atenção ou que nos agradasse.
3Ele foi rejeitado e desprezado por todos; ele suportou dores e sofrimentos sem fim.
Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo olhávamos para ele e o desprezávamos.
4“No entanto, era o nosso sofrimento que ele estava carregando,
era a nossa dor que ele estava suportando.
E nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo.
5 Porém ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades.
Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu.
6Todos nós éramos como ovelhas que se haviam perdido; cada um de nós seguia o seu próprio caminho.
Mas o Senhor castigou o seu servo; fez com que ele sofresse o castigo que nós merecíamos.
7“Ele foi maltratado, mas aguentou tudo humildemente e não disse uma só palavra.
Ficou calado como um cordeiro que vai ser morto, como uma ovelha quando cortam a sua lã.
8Foi preso, condenado e levado para ser morto, e ninguém se importou com o que ia acontecer com ele.
Ele foi expulso do mundo dos vivos, foi morto por causa dos pecados do nosso povo.
9Foi sepultado ao lado de criminosos, foi enterrado com os ricos, embora nunca tivesse cometido crime nenhum, nem tivesse dito uma só mentira.”
10 Senhor Deus diz:
“Eu quis maltratá-lo, quis fazê-lo sofrer.
Ele ofereceu a sua vida como sacrifício para tirar pecados e por isso terá uma vida longa e verá os seus descendentes.
Ele fará com que o meu plano dê certo.
11Depois de tanto sofrimento, ele será feliz; por causa da sua dedicação, ele ficará completamente satisfeito.
O meu servo não tem pecado, mas ele sofrerá o castigo que muitos merecem,
e assim os pecados deles serão perdoados.
12Por isso, eu lhe darei um lugar de honra; ele receberá a sua recompensa junto com os grandes e os poderosos.
Pois ele deu a sua própria vida e foi tratado como se fosse um criminoso.
Ele levou a culpa dos pecados de muitos e orou pedindo que eles fossem perdoados.”


53.1 Jo 12.38; Rm 10.16Quem creu a nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço de Jeová? 2Is 11.1Crescia diante dele, como servo e como raiz que sai de uma terra seca. Ele Is 52.14não tinha beleza nem formosura; quando olhávamos para ele, não mostrava beleza, para que nele tivéssemos prazer. 3Era Is 49.7; Sl 22.6; Lc 18.31-33desprezado e rejeitado dos homens; um varão de dores e Is 53.10que tinha experiência de enfermidades. Como um de quem os homens escondiam o rosto, era ele Mc 10.33-34desprezado, e Jo 1.10-11dele não fizemos caso.
4Verdadeiramente, foi ele quem Mt 8.17tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos como aflito, ferido de Jo 19.7Deus e oprimido. 5Mas ele foi ferido por causa das Is 53.8; Hb 9.28nossas transgressões, esmagado por causa das Is 53.10; Rm 4.25; 1Co 15.3nossas iniquidades; o Dt 11.2; Hb 5.8castigo que nos devia trazer a paz caiu sobre ele, e 1Pe 2.24-25pelas suas pisaduras fomos nós sarados. 6Todos nós temos andado desgarrados como ovelhas; temo-nos desviado cada um para o seu caminho; e Jeová fez cair Is 53.11sobre ele a iniquidade de todos nós.
7Ele foi oprimido, contudo, humilhou-se a si mesmo e Mt 26.63; 27.12-14; Mc 14.61; 15.5; Lc 23.9; Jo 19.9não abriu a boca. Como o cordeiro que é levado ao matadouro e At 8.32-33como a ovelha que é muda diante dos que a tosquiam, assim não abriu ele a boca. 8Pela opressão e pelo juízo, foi ele arrebatado, e, quanto à sua geração, quem considerou que ele foi cortado da terra dos viventes? Is 53.5,12Por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. 9Deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com Mt 27.57-60o rico esteve na sua morte, Is 42.1-3ainda que ele não tinha 1Pe 2.22cometido violência, nem havia dolo na sua boca.
10Todavia foi do agrado de Jeová Is 53.5esmagá-lo; Is 53.3-4deu-lhe enfermidades. Quando a sua alma fizer uma Is 53.6,12; Jo 1.29oferta pelo pecado, ele verá Is 54.3; 61.9; 66.22; Sl 22.30a sua semente, prolongará os seus dias, e na sua mão será próspera Is 46.10a boa vontade de Jeová. 11Ele Jo 10.14-18verá o fruto do trabalho de sua alma e ficará satisfeito; pelo seu Is 45.25; Rm 5.18-19conhecimento, o meu Servo justo justificará a muitos, e Is 53.5-6as iniquidades deles, ele as tomará sobre si. 12Por isso, lhe darei a sua Is 52.13; Fp 2.9-11parte com os grandes, e com os fortes ele partilhará os despojos; porque Mt 26.38-39,42derramou a sua alma até a morte e foi Lc 22.37contado com os transgressores. Contudo, Is 53.6,11; 2Co 5.21levou sobre si os pecados de muitos e intercedeu pelos transgressores.

3. O exemplo a ser seguido. Quando andou na Terra, Jesus nos ofereceu o melhor exemplo, fazendo a vontade do Pai e amando o próximo com um amor sem igual
(Jo 4.34; 34 Disse Jesus: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra.
Lc 4.18,19 17. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: 18. "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos 19. e proclamar o ano da graça do Senhor".).

Logo, a partir da vida do Salvador, somos estimulados a priorizar o Reino de Deus, a pessoa do Altíssimo em todas as áreas de nossa vida, não permitindo que nada tome o seu lugar em nosso coração. Assim, somos instados a amar o próximo na força do mesmo amor que o Pai tem por nós (Mc 12.30,31 30. Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’.
31. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes".).

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SÍNTESE DO TÓPICO (III)

A mensagem de Cristo faz alguns alertas: o perigo de ouvir, mas não atender ao apelo; o perigo de ver, mas não crer na revelação; o perigo de começar, mas não terminar a jornada.






SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

SE OUVIRDES HOJE A SUA VOZ Citando Salmos 95.7-11, o escritor se refere à desobediência de Israel no deserto, depois do êxodo do Egito, como advertência aos crentes sob o novo concerto. Porque os israelitas deixaram de resistir ao pecado e de permanecer leais a Deus, foram impedidos de entrar na Terra Prometida (ver Nm 14.29-43; Sl 95.7-10). Semelhantemente, os crentes do Novo Testamento devem reconhecer que eles, também, podem ficar fora do repouso divino, se forem desobedientes e deixarem que seus corações se endureçam.

NÃO ENDUREÇAIS O VOSSO CORAÇÃO

O Espírito Santo fala conosco a respeito do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11; Rm 8.11-14; Gl 5.16-25). Se formos indiferentes à sua voz, nossos corações se tornarão cada vez mais duros e rebeldes a ponto de se tornarem insensíveis à Palavra de Deus ou aos apelos do Espírito Santo (v.7). A verdade e o viver em retidão já não serão prioridades nossas. Cada vez mais, buscaremos prazer nos caminhos do mundo e não nos caminhos de Deus (v.10). O Espírito Santo nos adverte que Deus não continuará a insistir conosco indefinidamente se endurecermos os nossos corações por rebeldia (vv.7-11; Gn 6.3). Existe um ponto do qual não há retorno (vv.10,11; 6.6; 10.26)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.1902).

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CONCLUSÃO

Ao mostrar a superioridade de Jesus sobre Moisés, o autor da Carta aos Hebreus não tencionava exaltar o primeiro e desprezar o segundo, mas pôr em relevo a obra do Calvário, bem como esclarecer como os crentes devem valorizá-la. Ora, se Moisés que não era divino, que não se deu sacrificalmente em lugar de ninguém, merecia ser ouvido, então por que Jesus, o Filho do Deus bendito, Senhor da Igreja e superior aos anjos, não merecia reconhecimento ainda maior?























PARA REFLETIR

A respeito da Superioridade de Jesus em relação a Moisés, responda:

Qual o ponto de partida para o autor aos Hebreus introduzir o assunto sobre a vocação superior de Jesus?
Que Jesus era o autor e mediador da nossa salvação (Hb 2.14-18).

Em que concordamos quando confessamos Jesus como Salvador?
Quando confessamos Jesus como Salvador, concordamos que Ele em tudo tem a primazia. Ele é o Senhor. Ele é maior do que tudo e do que todos; Ele e somente Ele é a razão do nosso viver.

O que devemos destacar quando o autor usa aksioô, isto é, “digno”, “valor” e “mérito”?
Diferente de Moisés, o mérito de Jesus era maior e sua glória era permanente.

Se Moisés foi um ministro de Deus no culto da congregação do deserto, o que foi Jesus?
O ministro da Igreja, o povo de Deus na Nova Aliança, “a qual casa somos nós” (Hb 3.6).

Qual risco corria os cristãos neotestamentários?
O perigo de ouvir, mas não atender, o perigo de ver, mas não crer e o perigo de começar, mas não terminar.




SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A superioridade de Jesus em relação a Moisés

Explicando o capítulo 3

O capítulo 3 de Hebreus está na seção que aborda a supremacia do Filho de Deus: 1.4—4.13. Essa parte da carta demarca a supremacia de Jesus em relação a Moisés, o legislador de Israel. Diferentemente de Moisés, que serviu a uma casa, que “não era o tabernáculo, mas os da casa de Deus, ou o povo de Deus como a comunidade da fé” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, p.1557), Jesus Cristo é o construtor dessa casa de Deus, enquanto o legislador de Israel fazia parte dela.
Podemos retomar essa abordagem no Evangelho de Mateus, no capítulo 16, e no versículo 18: “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Atenção para o verbo “edificarei” e o pronome possessivo “minha”. É Cristo quem construiu, edificou e ergueu o povo de Deus, por isso, esse povo pertence a Ele; diferentemente de Moisés, que embora fosse uma figura proeminente entre os judeus, um líder exemplar, ele não edificou o povo de Deus, mas se achou parte dele.
Portanto, o escritor de Hebreus faz um apelo aos leitores de sua carta, que diferentemente dos judeus do deserto que não atentaram para as palavras de Moisés, os seguidores de Cristo atentem para o mandamento do Filho, o edificador do povo de Deus, e não se deixem endurecer pelo engano do pecado.




Sugestão Pedagógica
Caro professor, prezada professora, ao introduzir a lição desta semana reproduza o esquema abaixo conforme as suas possibilidades:

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Em seguida, dê um espaço de tempo para que os alunos tenham a oportunidade de expressar suas opiniões sobre a comparação entre Moisés e Jesus a partir do esquema apresentado. Depois explique a superioridade da vocação de Jesus reafirmando os pontos do esquema acima.

















 

 

 

 

 

 

 

ESTUDO DO LIVRO DE HEBREUS CAPÍTULO 03

 

Hebreus 3:1 – “Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,”.
Como vimos nos estudos anteriores, os cristãos hebreus estavam pensando em deixar o cristianismo e voltar para o judaísmo. Era um tempo de perseguição e muita dificuldade para os cristãos. Atos 8:1 – “… Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria”. Mas para os judaizantes, tudo era mais fácil, pois os romanos lhes eram favoráveis. Voltar para a velha e ineficiente religião só porque era mais fácil? Mas quem disse que o cristianismo é fácil e cômodo? Para o apóstolo, esse regresso era um absurdo, pois estariam deixando o “Tudo” para ir em direção ao vazio. Estariam deixando Terra firme para se perderem em alto mar. Ele deixou bem claro nos capítulos 1 e 2 da grandeza do Salvador Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele até adverte em 2:3 – “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”. Ele havia apresentado o Filho de Deus que é o Verbo, através de quem, Deus fala hoje. Jesus Cristo, o Herdeiro de todas as coisas, o Criador, o Resplendor da Glória, Aquele que é a expressão exata de Deus, o Sustentador de tudo e o que fez a purificação de nossos pecados. Aquele que está assentado à destra de Deus Todo Poderoso. Aquele que é superior aos anjos. Deixar o Senhor da Glória para voltar à inutilidade da religião? Que absurdo! Isto é deixar a salvação e ir para a perdição, deixar a vida para escolher a morte eterna, deixar a segurança para vagar perdidamente em um mundo mau e perverso. Ao perceber que os cristãos estavam indo nesta direção, o apóstolo conclama a que apeguem com mais firmeza às verdades ouvidas, para que delas jamais se desviem (2:1). Não deixem Cristo, pelo contrário, agarre-se a Ele com mais firmeza.
Ao estudar este livro, dá a impressão que os crentes de hoje estão em uma situação parecida. Desanimados, perdidos e até virando as costas para o único Senhor e Salvador. Precisamos fazer um exame em nossas vidas. A própria Escritura nos conclama a fazermos um exame de nós mesmos.
II Coríntios 13:5 – “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”.Estamos firmados em Cristo? Temos mantido íntima comunhão com Ele? Posso afirmar com alegria e convicção que estou crucificado com Cristo? Sua vida se manifesta em minha? Jesus Cristo é o centro da minha vida? Meu motivo para viver? Estou ouvindo Sua voz e seguindo-O como fazem suas ovelhas? João 10:27 – “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem”.
Hoje estaremos estudando o capítulo 3. Neste capítulo vemos os perigos da apostasia. Apostatar da fé é abandonar e se afastar de Cristo. Isto tem ocorrido com maior freqüência do que imaginamos nos dias de hoje. I Timóteo 4:1 – “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,”.Precisamos ouvir a Palavra de Deus, pois dela provém nossa fé. Para que os hebreus não se apostatassem, o apóstolo apresentou Jesus Cristo nos capítulos 1 e 2. Ao começar o capítulo 3 ele diz: “Por isso…”. Por tudo que foi dito até agora, por causa do Senhor Jesus apresentado na seção anterior, por causa de Cristo. À luz de tudo que foi dito até agora. Assim começa o capítulo 3 de Hebreus. O argumento único do apóstolo para convencer os hebreus a não se afastarem de Cristo foi a própria Pessoa do Salvador. A base de sua explanação é simplesmente a Pessoa de Jesus Cristo. Tudo que o apóstolo tinha para falar era Jesus Cristo, o Resplendor da Glória. Vocês não devem se apostatar por causa de Cristo. Ele é tudo o que foi falado; por isso, não abandonem a fé. Em 3:1 o apóstolo prossegue chamando-os de santos irmãos”. Ele não se refere a qualquer um, mas aos irmãos santificados; isto é, separados para Deus. Diferentes dos demais. Foram escolhidos, eleitos em Cristo e separados para Deus. Irmãos em Cristo, adotados na família de Deus. Pedro estaria dizendo: “aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (II Pedro 1:1). O apóstolo Paulo diria: “à igreja de Deus que está na [Judéia], aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (I Coríntios 1:2). Santos irmãos, isto é, irmãos escolhidos para ter fé em Jesus Cristo, tirados do mundo para viverem para a glória de Deus em Cristo Jesus. Santos irmãos que receberam a graça de Deus para serem salvos, que receberam a revelação da inclusão na morte e ressurreição de Jesus Cristo, santos irmãos que agora tem um novo coração, pois nasceram de novo. Santos irmãos da família de Deus. Efésios 2:19 – “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,”. Santos irmãos, diferente dos demais homens, pois foram eleitos e separados para Deus. Santos irmãos que um dia ouviram a voz de Deus e foram conduzidos pelo Espírito Santo para a pessoa de Cristo. SANTOS IRMÃOS! A porta é estreita e o caminho, apertado! (Mateus 7:13-14). A caminhada cristã não é fácil, por isso temos que aprender a viver vida de cruz. Este mundo perverso e tenebroso exerce grande pressão aos cristãos que querem continuar com Cristo. As deliciosas propostas para a satisfação da carne e o viver mundano rodeiam o cristão noite e dia. O inimigo procura seduzir os mais fracos e persegue os que estão firmes até que venham a esmorecer. O sofrimento faz parte da vida cristã. João 16:33 – “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. Na carta aos Hebreus o autor não esconde o sofrimento e relata o sofrimento do próprio Cristo. Hebreus 2:10 fala que Jesus foi aperfeiçoado por meio do sofrimento. Em 5:8 fala que o Filho aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu. De modo franco e transparente, o apóstolo não passa mel na cabeça dos cristãos hebreus. Ele não nega o sofrimento, ele exorta a olhar para o sofrimento de Cristo e “bola para frente”. Hebreus 12:3 – “Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma”. Está sofrendo? Olha para Jesus! Está difícil? Fixe Jesus Cristo! Está fraco, querendo desistir? Volte-se para Jesus!
Não voltem para trás! Hebreus 10:39 – “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.”.
O apóstolo Pedro dá uma idéia sobre os que retrocedem. II Pedro 2:20-22 – “Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal”. Que palavras duras não? Voltar?  Jamais!
Hebreus 3:1 continua: “Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial,…”. Por que não podemos abandonar a fé? Por que Jesus Cristo é tudo que já vimos e muito mais. Porque Deus em Cristo nos escolheu e nos separou para Ele e agora, porque somos participantes da vocação celestial. Há um chamado, uma vocação! Deus nos chamou para irmos ao céu. Nós fomos chamados! Temos uma vocação celestial. Romanos 1:6-7 – “de cujo número sois também vós, chamados para serdes de Jesus Cristo. A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Fomos chamados para Cristo e é o próprio Cristo que cumprirá o nosso chamado “celestial”. Ele nos conduzirá para a glória (Hebreus 2:10). Santos irmãos, não se esqueçam do chamado celestial!
Finalmente em Hebreus 3:1 vemos: “Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus”. A esta altura, o apóstolo está dando uma ordem: Fixem em Jesus! Olhem para Jesus! Jesus Cristo é o nosso alvo, não olhem para trás. Adiante, para Jesus somente. Ele é o Apóstolo com “A” maiúsculo. Ele é o Enviado de Deus para nós. Ele é o Sumo Sacerdote, Aquele que faz expiação por nós, que intercede diante de Deus em nosso favor. Sim, prestem atenção! É Jesus, é Jesus, é Jesus! Olhem para Ele!
Você está capengando na fé? Balança mas não cai? Parece um bêbado andando pela calçada? Sua fé está se esvaindo? OLHE PARA JESUS! ATENTE PARA JESUS! FIXE SEUS OLHOS EM JESUS! Um hino do hinário da vida cristã da Inglaterra diz: “Volve os olhos para Cristo. Contempla tua face de amor. Quando ao teu redor há perigo mil. Volve o olhar para o teu Redentor”.






Incredulidade: Um Pecado Ignorado

Texto: Hebreus 3:7-19 
Introdução: Nós não entendemos os efeitos devastadores da incredulidade sobre nossas vidas. As pessoas falam sobre pecados terríveis, e o pecado imperdoável, e nós não podemos nem falar deles perto de nossos filhos. Mas não vai ser o pecado de roubo que vai nos mandar para o inferno, nem assassinato, nem fornicação e adultério.
 
Se fizéssemos uma pesquisa em nossa congregação hoje, um deles poderia ser votado como o "pior" pecado. Mas se eu perguntasse quantos têm problemas com o pecado da incredulidade, provavelmente todos nós teríamos que vir até o altar. O verso 19 diz: "Eles não puderam..." por causa da incredulidade. 
 
Se no reino espiritual ou secular, a maioria das pessoas não pode fazer as coisas que eles querem por causa da incredulidade. Nestes versos, quatro coisas são direta ou indiretamente indicado sobre este pecado. 

I. A incredulidade nunca tem provas suficientes. 3:9-10

A. Basicamente todo nós temos a mesma informação para extrair.
1. As mesmas promessas, a mesma Palavra de Deus, os mesmos exemplos de pessoas para olhar e etc.[post_ad]
2. Mas algumas pessoas têm conseguido guardar isso, e outros não, apesar de terem a mesma prova.
3. Você está à espera de mais uma coisa? 
4. O que vai fazer você crer? 

B. Observe o exemplo dos filhos de Israel: 
1. Eles permaneceram na escravidão por 400 anos. 
2. Eles clamaram a Deus, Moisés os libertou e, em seguida, dois milhões de pessoas testemunharam todos os tipos de milagres - pragas, piolhos, toda a água se transformou em sangue, o anjo da morte...eles viram tudo isso. 
3. Eles viram os egípcios deixá-los ir, as águas rolarem em grandes paredes, e eles viram isso bem atrás deles. 
4. Eles ainda assim não acreditavam. 
5. A incredulidade nunca tem prova suficiente. 
6. Quarenta anos no deserto vendo grandes obras de Deus e ainda assim não foi suficiente. 
7. E se Deus tivesse feito mais, ainda assim não teria sido suficiente. 

C. Observe o exemplo do homem rico e Lázaro. (Lucas 16:19-31)
1. O homem rico implorou ao Senhor que enviasse alguém para falar com seus cinco irmãos ainda vivos, mas o Senhor disse ainda que se ele ressuscitasse dentre os mortos, eles ainda não acreditariam.
2. A falta de fé nunca é preenchida, mas continuamente deve ser alimentanda - deve ver algo maior, melhor. 

II. A incredulidade nos rouba oportunidades. 3:11-16

A. Os filhos de Israel e a Terra Prometida 
1. Deus sorriu para eles e chamou-os em parceria com Ele.
2. Depois que eles atravessaram o Mar Vermelho, eles viram o litoral coberto de corpos de soldados egípcios, se viraram e viram a coluna de fogo ou a nuvem - tinham tudo a favor deles.
3. Só que eles ainda permaneciam incrédulos e vagaram no deserto com isso por 40 anos. 
B. Judas Iscariotes 
1. Ele teve a oportunidade de andar e falar com o Senhor, mas uma palavra descreve a vida de Judas... desperdício! 
2. Quando não cremos que Deus vai cuidar de nós, então nós tomamos as coisas em nossas próprias mãos... 
3. E isso não nos aproxima mais dEle do que estávamos quando começamos. 

C. Os Brasileiros: 
1. Uma das razões porque não acreditamos é porque talvez a gente vê muitos milagres. 
2. Talvez estejamos acomodados demais. 
3. Enquanto cuidava dos rebanhos no lado ocidental do Monte Horebe, Moisés virou de lado para olhar para uma sarça ardente. 
4. Por causa da combustão espontânea do sol no meio dos arbustos secos do deserto, a visão era bastante comum. 
5. Ninguém prestou atenção ao que parecia um evento insignificante e comum, até que Moisés se voltou para ver, e foi então que Deus falou com ele, deu-lhe a oportunidade. 
6. Preste atenção aos pequenos fios que é preciso para fazer uma vassoura; pequenas coisas se somam. 

III. A incredulidade traz indignação a Deus. 3:17

A. É comparado à dor que sentimos quando vemos um ente querido com dor. 
1. A geração de Israel viu a obra de Deus por quarenta anos e ainda tinha a incredulidade. 
2. Esta indignação afeta Deus. 
3. Deus sempre significou bom para nós, mas ainda assim não cremos, recusamos e questionamos: "Mas... mas..." 
4. Nós na verdade, suspeitamos de Deus. 

B. Deus sente como se ele estivesse realmente nos perdendo, assim como lamentamos quando vemos os nossos entes queridos pouco antes de eles morrerem. 
1. A incredulidade é o único pecado que limita Deus e desenha um perímetro em torno do que Ele pode fazer. 
2. "Por causa de sua incredulidade..." Mateus 13:58 
3. "Por causa de vossa pouca fé..." Mateus 17:20 

IV. A incredulidade traz destruição. 3:17-18

A. Os filhos de Israel: 
1. Apenas dois dos 600 mil ficaram. 
2. Isso significa que houve uma média de 41 mortes por dia. 
3. Houve lamento, lagrimas, choro por dias a fio, por quarenta anos. 
4. Os jovens, finalmente disseram: "Isso não é bom!" e creram em Deus. 

B. Período da Tribulação: 
1. Durante este tempo, haverá muitas calamidades.
2. Uma em cada três pessoas na terra vai morrer, e ainda assim o restante ainda não vai se arrepender! Apocalipse 9:20-21 "Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras das suas mãos, para deixarem de adorar aos demônios, e aos ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar. Também não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos". 

C. Brasil: 
1. Estamos em declínio por causa da incredulidade. 
2. A destruição eventualmente acontecerá. 
 
Conclusão: A crença é uma oferta limitada. Se houver uma verdadeira pechincha na cidade, uma verdadeira boa oferta, haverá um limite para isso. É assim que é com a salvação. Deus disse que Seu espírito nem sempre vai contender com o homem. Mas não cometa o erro de pensar que a incredulidade lida apenas com a salvação. Ela vai muito mais além do que isso. Não deixe que o último verso seja o nosso epitáfio "Nós não podemos" por causa da incredulidade. 

 
O que devemos fazer com a nossa incredulidade é arrepender-se, pedir perdão ao Senhor, colocar novamente a nossa confiança nEle. A incredulidade tem um preço mais elevado do que qualquer pessoa pode pagar. Ficaríamos muito magoados se nossos filhos dissessem: "Eu não vou obedecê-lo, porque eu não acredito em você." Deus está olhando para a nossa confiança e 
 que se manifesta em nossa obediência a Ele. 

  





Como desenvolver uma fé forte
Texto: Romanos 4:17:22
Introdução: Nós temos falado sobre os sinais da fé e sobre ser cheio do Espírito Santo para estes sinais nos acompanhar.
Hoje eu quero voltar para o tema da fé e, falar sobre como desenvolver uma fé forte.
Vamos olhar para Abraão, nosso pai da fé, enquanto estudamos esse assunto.
Nosso objetivo será o de desenvolver uma fé forte que fará com que sejamos bem sucedidos na vida.
Uma fé forte...
I. Está em um Deus miraculoso. V. 17
[post_ad]1. Abraão é o nosso Pai: Ele é o nosso pai aos olhos de Deus... Deus o vê dessa maneira. Jesus descendeu de Abraão no natural. Ao nos achegarmos ao Senhor Jesus Cristo nos tornamos filhos espirituais de Abraão. Como filhos de Abraão compartilhamos das mesmas características: a sua grande fé.
2. Em quem ele cria: Abraão tinha fé em Deus. Não a fé em sua religião ou fé nos resultados. Sua fé era em um Deus pessoal e milagroso, não uma fórmula.
3. Que tipo de Deus?... O Deus que dá vida aos mortos e chama as coisas que não são como se já fossem.
a. Deus da ressurreição (Abraão demonstrou essa fé quando ofereceu Isaque sobre o altar)
b. Deus da criação da fé - traz o invisível para o visível, chamando a existência através das palavras.
Uma fé forte...
II. Está ligada a esperança sobrenatural. V. 18,19
1. Esperança natural versus esperança sobrenatural: A esperança natural é uma extrapolação das condições atuais. A esperança sobrenatural é muitas vezes contrária à esperança natural e baseia-se unicamente na Palavra de Deus.
2. A fé verdadeira baseia-se nesta esperança: Abraão acreditou em uma situação naturalmente impossível. Sua fé era baseada em uma esperança sobrenatural que a Palavra de Deus iria se cumprir. Esta esperança foi uma âncora para sua alma nas tempestades da vida. Sua fé é a corrente que segura a âncora e faz a sua fé segura, firme.

Uma fé forte...
III. Está baseada em uma promessa poderosa. V. 20,21
1. Abraão tinha uma promessa de Deus: A sua fé era baseada em uma revelação, uma palavra falada de Deus (Romanos 10:17)
2. Ele não vacilou por incredulidade: Sua fé não era um dia sim e outro não. Ele não era de coração dobre (Tiago 1:6-8)
3. Ele reforçou sua fé pelo louvor: “Ele deu glória a Deus”. 
4. Ele estava seguro (todas as dúvidas se foram) que Deus tinha poder para fazer o que prometeu: Deus é poderoso e Deus estava disposto a fazer.

Uma fé forte...
IV. Resulta em uma recompensa eterna. V. 22
1. Ele teve um filho Isaque: Ele recebeu a promessa e através de Isaque e seus descendentes veio o Senhor Jesus Cristo - o Salvador do Mundo.
2. Foi creditado a justiça: ele se manteve reto com Deus e, portanto, o perdão dos pecados e a vida eterna. A fé agrada a Deus (Hebreus 11:6).
3. A sua fé abençoou a todos nós: a fé de Abraão nos abençoa e abençoa o mundo inteiro hoje. Nossa fé tem impacto de longo alcance. 

Conclusão
1. Você tem fé em um Deus pessoal?
2. A sua fé está ligada a uma esperança verdadeira?
3. Você recebeu uma especifica palavra de Deus?
4. A sua fé será recompensada!




















Hebreus 3.1-6
Amós 5.4-7, 10-15
Marcos 10.17-27


1. Introdução
Hebreus é um escrito distinto no NT. Amarra inseparavelmente o AT ao NT. Propõe uma releitura do AT a partir de um novo eixo semântico: Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote, a pessoa mais importante na hierarquia de pessoas, seu sacerdócio é eterno (o levítico é provisório) e o seu auto-sacrifício é pleno (de uma vez por todas, não precisando de repetição). Ele não saiu de cena, mas continua intercedendo em favor dos seus (7.25; cf. também Jo 17 e Rm 8.34), assim como também, preexistente, já falou ao povo de Deus através do Sl 95 = 3.7-11 (cf. também a preexistência na figura de Melquisedeque = rei justo em Hb 7).
Hebreus é uma prédica com um final epistolar (13.19-22-25), que a denomina de palavra de exortação (13.22). O conteúdo aponta como destinatários os judeu-cristãos (reafirmação) e, por tabela, também os judeus em geral (conversão). O final epistolar (possivelmente de Paulo) insinua-se como um bilhete anexado ao sermão que virou texto e que obteve uma circulação panfletária: o sermão sacerdotal.

2. Considerações exegéticas sobre Hb 3.1-6
Os ouvintes e leitores do sermão recebem o tratamento de santos irmãos, participantes da vocação celestial, mas não precisam necessariamente fazer parte do grupo do autor, que tem uma identidade confessional: nossa confissão. É Jesus que reúne o status de enviado (Moisés) e sacerdote (Aarão) numa só pessoa. No v. 6b: a qual casa somos nós, o autor pode estar se referindo não apenas a seu grupo, mas pode estar querendo abraçar os ouvintes e leitores.
A fidelidade de Jesus e de Moisés (Nm 12.7) é exatamente igual em toda a casa de Deus. O autor não desfaz Moisés, para ressaltar Jesus; a primeira comparação é de igualdade. Deus constitui ambos, e ambos foram fiéis. A relação entre Deus e Moisés é imediata, boca a boca (Nm 12.8). Como o rosto de Jesus resplandeceu, quando de sua transfiguração (Mt 17.2), também o rosto de Moisés resplandecia depois de seus contatos imediatos com Deus (Ex 34.29-35).
Contudo, existe uma diferença: Deus os constituiu de modos diferentes; Moisés foi colocado em toda casa de Deus (vv. 2 e 5), Cristo, porém, sobre a sua casa (v. 6). Moisés foi fiel como servo; Cristo foi fiel como filho. Moisés faz parte dos móveis e utensílios da casa (v. 3), ao passo que Jesus estabeleceu a casa (v. 3) em co-autoria com Deus, que estabeleceu todas as coisas (v. 4). Hebreus não propõe a substituição de Moisés por Jesus, mas uma ideia de progressão qualitativa, hierárquica.
Em 1.2 se pressupõe que Jesus não é apenas o construtor da casa de Israel, mas o preexistente co-criador do universo (cf. a ideia da preexistência de Jesus em João l e em l Co 10.4). Jesus é ontologicamente preexistente, mas Moisés é enviado como precursor de Jesus para testemunho das cousas que haviam de ser anunciadas (v. 5; cf. também Dt 18.15,18). Entre os tesouros e prazeres do Egito e o sofrimento e os maus-tratos do povo, Moisés optou pela paixão de Cristo (11.25s.). Como precursor, Moisés já era movido por Cristo.
A casa aparece seis vezes nesse pequeno texto. Deus estabelece a casa, Jesus a co-estabeleceu, Moisés serviu na casa, foi parte da casa. Nos w. 3 e 4, casa tem o significado de uma construção qualquer, nas outras vezes significa Israel, o povo de Deus.
Cabe ainda um comentário sobre a delimitação do texto. A fidelidade de Jesus (2.17; 3.2a) parece recordar a fidelidade de Moisés (Nm 12.7). O autor usa essa brecha para advertir os ouvintes e leitores sobre o destino da geração do deserto, por causa de seu comportamento infiel. Apenas em 4.14 é retomada a ideia de 2.17s. e 3.1. Desse modo, a digressão proposital e bem pensada do autor, 3.2-4.13, forma uma unidade estrutural. Tê-la em mente na meditação ajuda; ampliar o texto-base para a pregação atrapalha.
O final do v. 6 apresenta uma condição para permanecer casa de Cristo: guardar firmemente até o fim a franqueza e a convicção da esperança. Parresía reaparece em outras passagens importantes do sermão (4.16; 10.19,35) e significa originalmente a liberdade de falar na assembleia pública da pólis, como era o direito do cidadão completo; parresía é o direito de dizer tudo abertamente. Kaúxema é o contrário de duvidar, hesitar, murmurar, é manifestação de estar firme e permanecer agarrado (Hegermann, 90). O pregador estimula a coragem civil e um comportamento livre, apesar da perseguição.


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